Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 50
Capítulo 50: Uma flecha no ar


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Tudo bem?
Então, dedico esse capítulo para as lindas da Nara Ferreira, Victoriagaby, Gabih S2 S2 S2, GabsMellark, Katherine Black e Virocha! Obrigada por tudo!
Boa leitura!



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 Percy’s POV

Após sairmos da sala de reuniões dos deuses, decidimos que antes de deixarmos o Olimpo era melhor descobrirmos qual era a pista que tínhamos, fora que Annabeth tinha que checar como a reforma estava indo, pois era sua responsabilidade como arquiteta. 

— A pista que temos é o livro, então, deve haver algo escrito nele, alguma informação. – disse eu enquanto estávamos sentados num banco de mármore próximo ao jardim central.

— Tudo o que eu li foi o que já disse a vocês, da espada ter se divido, em provavelmente, quatro pedaços. – respondeu Bryan.

— Talvez a pista esteja escondida e você não tenha notado. – disse Annabeth tirando o livro de sua mochila.

— Mas também pode ter algo no laptop de Dédalo, não acha? – sugeriu Bryan.

Annabeth e eu trocamos olhares. Claro que podia ter algo no laptop de Dédalo, afinal, Atena disse que já tínhamos a pista e isso abrangia tudo o que carregávamos conosco.

— Pode ser... – disse Annabeth – Mas eu mexo no laptop, vocês ficam com o livro.

— Ok, Sabidinha, você mexe no laptop! Mas eu não posso nem ver com você? – perguntei à ela.

Bem, eu disse isso porque preferia ficar com ela do que lendo o livro com o Harpper.

— Pode, Cabeça de Alga, mas é só ver, nada de tocar no laptop. – como ela era possessiva com as coisas dela! – Entendido?

— Sim, senhora! – disse batendo continência, o que a fez rir e me dar um tapa no braço.

Nós três começamos a pesquisar. Bryan com o grosso livro no colo, mexia e remexia nas páginas, Annabeth com o laptop em seu colo, digitava loucamente procurando por qualquer pista, eu permanecia ao seu lado, sem mexer em nada, mas lendo tudo o que aparecia na tela (por sorte estava tudo em grego) e claro, sem deixar de reparar em minha proximidade com Annabeth.

Quando o vento batia seus cabelos, que estavam soltos, roçavam em meu braço, às vezes chegando a atingir meu rosto, mas eu não ligava, porque assim eu podia sentir o cheiro de limão que vinha deles. Quando ela reparou que seu cabelo me atingia, acabou por prendê-lo em um rabo-de-cavalo, provavelmente achava que aquilo me atrapalhava, no entanto, mal sabia ela que eu estava adorando aquilo.

Havia passado 20 minutos que estávamos ali, procurando pistas e não achamos nada!

— Definitivamente, não tem nada aqui! – disse eu enquanto Annabeth fechava a tampa do laptop.

— Eu já li várias dessas páginas e nada também! –disse Bryan – Mas eu sinto como se estivesse deixando passar alguma coisa!

Eu estava pensando em onde estaria a pista, que pista seria e para onde nos levaria, quando começamos a ouvir um falatório vindo de algum lugar próximo de onde estávamos.

— O que é isso? – perguntou Annabeth – Não me parece vir da sala dos tronos.

— É, parece vir de algum lugar mais próximo. – disse Bryan.

— Acho melhor irmos ver o que é. – foi o que pude dizer antes de ouvirmos um trovão ressoar. 

Pegamos nossas coisas e fomos em direção as vozes, na verdade, não parecia estar havendo uma discussão, o barulho parecia mais com o de uma praça de alimentação do shopping num sábado a noite, ou seja, lotada de gente e muito barulhenta.

O som nos levou em direção a uma das diversas fontes que haviam espalhadas pelo Olimpo, estávamos bem perto do barulho agora, e podíamos ver de onde ele se originava: de um monte de garotas que usavam calças prateadas e carregavam arcos na costas.

— Quem são? – perguntou Bryan.

— As Caçadoras de Ártemis! –respondi olhando para as garotas, procurando por sua tenente: Thalia. – O que será que elas fazem aqui? –perguntei olhando para Annabeth, que deu de ombros.

— Talvez esperando por Ártemis. – disse Annabeth dando um passo a frente e fazendo um sinal para nós – Venham, vamos falar com elas!

Bryan e eu a seguimos, nos aproximando mais da caçada.

— Hum, Percy, é verdade que Thalia, bem, minha meia-irmã, faz parte da caçada de Ártemis? – perguntou Bryan enquanto passamos pelo meio das caçadoras, que fizeram questão de se afastar de nós dois assim que passamos, nos olhando com desprezo, o que era algo esperado, já que elas não tinham apreço pelo gênero masculino. 

— Sim, na verdade, ela é a tenente delas. – respondi – Mas não se preocupe, ela não irá nos tratar que nem as outras, Thalia é legal. – “Quando não está implicando, e zoando com a sua cara, o que é boa parte do tempo, mas fora isso ela é legal” – completei mentalmente.

Nós três andamos por entre a caçada, até acharmos uma garota de cabelo preto picotado que usava uma tiara de princesa e calça prateada, o que contrastava muito com sua blusa branca com o nome na banda Green Day e sua jaqueta preta cheia de bottons.

— Thalia! – quase gritou Annabeth ao passar pelo restante das caçadoras e avistar a amiga,

— Annabeth! – Thalia parecia surpresa. Ela interrompeu a conversa com as suas amigas de caçada e fez um pequeno sinal de que continuava depois, para então caminhar em nossa direção.

Annie e ela se abraçaram forte, nesse momento eu percebi o quanto Annabeth sentia falta de Thalia, e que eu também. Ela era como uma irmã, para ambos de nós, para Annabeth uma irmã mais velha legal, para mim, uma irmã mais velha implicante.

— Faz um mês que não nos vemos, mas parece que passou muito mais tempo! – disse Thalia olhando para Annabeth e logo depois para mim e Bryan. – Percy! – disse ela me dando uma abraço, o que fez com que as outras caçadoras lhe lançassem um olhar de reprovação.

Quando me soltou, Thalia olhou para Bryan, pensei que seria bom contar a ela sobre o parentesco deles.

— Thalia, este é Bryan Harpper, seu...

— Meu irmão! Filho de Zeus e de uma semideusa filha de Atena! – disse Thalia o analisando de forma amistosa, como se pedisse permissão para abraça-lo, o que ele pareceu conceder.

Eles se abraçaram de forma desajeitada, provavelmente da mesma forma que abracei Tyson quando descobri que era meu irmão. Após se afastar ela olhou nos olhos azuis de Bryan.

— É bom te conhecer, Lady Ártemis havia me contado sobre você, e eu fiquei curiosa sobre você.

— O que você está fazendo aqui? – perguntei à ela.

— Viemos acompanhar Lady Ártemis, além de vir conhecer as novas instalações do Olimpo. Aliás, eu amei aquela estátua de Ártemis! – disse Thalia olhando para Annabeth, que sorriu com o elogio – Está tudo tão lindo, Annie! Mas... O que vocês estão fazendo aqui?

— Bem, estamos envolvidos numa missão e tivemos que vir falar com Atena. – respondeu-lhe Bryan.

Foi impressão minha ou Thalia olhou para Annabeth como se estivesse curiosa sobre algo.

— Hum... Então parece que vocês estão ocupados e cheios de novidades, não?

— É, mais ou menos. – respondeu Annabeth – Se você acha novidade ir em uma missão buscar algo que um deus nos pediu.

— Ah, mas eu aposto que tem mais novidades! – disse Thalia sorrindo maliciosamente – Vocês já estavam indo embora? Para a missão?

— Não. – eu respondi – Estávamos procurando uma pista para que pudéssemos começar a missão e...

— Então perfeito, Bryan e você continuam procurando a pista enquanto eu converso com a Annie. – disse ela olhando para Annabeth, esperando que ela a apoiasse.

— Hum... Thalia, eu adoro ficar com você, mas essa missão é muito importante. – disse Annabeth meio sem jeito.

— Ai, Annabeth, eu só quero conversar um pouco com você. E tenho certeza de que nem o Bryan e nem o Cabeça de Alga vão se importar.

Lancei um olhar meio carrancudo para Thalia, eu não ligava quando a Annabeth me chamava de Cabeça de Alga, mas quando Thalia me chamava da mesma forma, me parecia um insulto. Ela pareceu notar meu olhar.

— Esqueci que você não gosta que eu te chame assim, só a Annie pode te chamar de Cabeça de Alga, não é Cabeça de Alga? – disse ela me provocando. Ah, é isso que me irrita na Thalia.

— Não, eu nem ligo de você me chamar assim, Thalia, desde que eu possa te chamar de cara-de-pinheiro!

Aqui vai um conselho: se você encontrar uma filha de Zeus que já foi pinheiro durante cinco anos, nunca, NUNCA a chame de cara-de-pinheiro, pois a primeira coisa que ela irá fazer é ir na sua direção, pronta para te dar um choque.

Tá, talvez eu tenha passado um pouquinho da conta, e isso fez Thalia quase voar para cima de mim. Eu podia sentir sua aura de poder e, sendo assim, eu fiquei com mais raiva, pois eu sabia que ela iria me eletrocutar, o que fez com que eu sentisse um repuxo no estômago, pronto para trazer a água ao meu encontro. Não fosse Annabeth se colocar no meio, eu não sei o que poderia ter acontecido. Seu toque fez com que eu me acalmasse e pareceu provocar o mesmo efeito em Thalia.

— Parem, parecem duas crianças! – disse ela – Não podem ficar juntos sem tentar se matar?

Annabeth havia conseguido acalmar Thalia, mas continuava a segurar um de seus braços.

— Eles são sempre assim? – perguntou Bryan me puxando enquanto Annabeth segurava Thalia.

— Sempre! – respondeu zangada. – Agora eu vou conversar com a Thalia e vocês dois vão ficar do outro lado, o mais distante possível, procurando as pistas no livro.

Olhei para Annabeth, e ela me lançou um olhar de: “Vai logo, senão eu não seguro mais a Thalia”.

Nisso eu saí andando, passando pelo meio das caçadoras, com Bryan atrás de mim.

É, eu não devia ter chamado ela de cara-de-pinheiro, só que eu não tenho total culpa, já que foi ela que começou me chamando por um apelido que ela sabe que eu não gosto.

Agora eu estava pensando: o que será que Thalia quer tanto falar com Annabeth? Bem, eu teria que perguntar para Annie depois, porque no momento eu tinha que fazer que nem aqueles desenhos animados: ir atrás de uma pista.

 

Annabeth’s POV

Após o episódio de quase estrangulamento, eu consegui acalmar Thalia, e a forcei se sentar em um dos bancos, ainda no meio de sua caçada.

— Aquele Jackson! Me chamar de Cara-de Pinheiro, ele vai ver já, já o que eu vou fazer com ele, vou fazer dele um churrasco de alga! – disse ela quase se levantando de novo, quando eu a impedi, empurrando-a de novo para o banco.

— Pare de agir feito criança, Thalia, o Percy pode ter falado besteira, mas foi você quem começou!

— Vai defender ele? – seus olhos azuis me acusando – Só porque agora ele é seu namorado?

— Não estou defendendo ninguém, estou apenas dizendo a verdade, fora que isso não é motivo para você querer mata-lo.

Ela revirou os olhos.

— Você já quis mata-lo por bem menos. – disse ela.

— Isso é outra história. Agora pare de agir feito criança e de ficar falando mal do Percy, pergunte logo o que você quer perguntar!

Sim, eu estava curiosa sobre o que Thalia queria comigo, afinal, durante toda a conversa ela me olhou como se soubesse de algo e quisesse muito rir disso.

— Me responde uma coisa: por que você usou uma camisola vermelha rendada? – perguntou ela já começando a rir, provavelmente, rindo da minha cara.

Me senti ficando pálida e corada ao mesmo tempo, não era possível que todos já sabiam daquilo, meus deuses! Será que haviam espalhado aquela notícia pelo Olimpo? Não, se não minha mãe já teria brigado comigo e com o Percy, então... Como que a Thalia sabia?

— Não sei do que você está falando. – eu parecia bem pouco convincente.

— Ah, não me venha com essa, eu sei que você está mentindo, eu sei quando você mente! Além do que, eu ouvi uma conversa entre Afrodite e Eros ainda pouco.

— Afrodite e Eros? Como assim? Você ouviu a conversa deles? Eles estavam falando sobre isso?

Meu cérebro não parava de processar, Afrodite e Eros conversando sobre minha vida? Suspeito. Ainda mais depois de eu ter falado com Afrodite sobre o sonho. Será que ela havia mentido sobre o sonho, será que...

— Sim, estavam, mas eu só ouvi porque estava sentada atrás de um arbusto polindo minha flecha, foi ainda pouco isso, no entanto, eu tive que rir, e isso fez Afrodite me ver e me dar uma bronca. – Thalia fez uma careta – Porém, não muda o fato de que eu ri, e eu quero saber por que você ficou desse jeito? Foi para impressionar o lerdo do Percy?

Thalia falava cheia de segundas intenções, mas não era o que mais me preocupava, o que me preocupava era que outra pessoa fora ela tivesse ouvido a conversa de Afrodite e Eros, e que essa pessoa contasse para minha mãe e para Poseidon, se isso acontecesse, Percy e eu estaríamos com sérios problemas.

— Quando você fala assim nem parece uma das caçadoras de Ártemis, sabia? Porque, pelo que eu saiba, as caçadoras não ficam fazendo perguntas assim e nem ficam colocando malícia em tudo. – disse eu.

Ela pensou um pouco.

— É, pode ser que elas não falem, mas eu falo, e você está muito na defensiva, então conta logo. Por que você colocou a camisola? – sua fala não passava de um sussurro.

Minhas bochechas queimaram, eu não tinha escapatória, Thalia me conhecia muito bem, era melhor contar de uma vez por todas.

— Eu estava sem pijama, ok? Os Stoll aprontaram para mim, trocaram minha roupa de dormir por uma camisola rendada. – disse sussurrando - Satisfeita?

— Pegadinha dos Stoll? Hum, sei... - ela disse como se não acreditasse em mim.

— Eu estou dizendo a verdade! – ela me analisou – Mas eu também não lhe devo explicações, Thalia!

— Ok! – ela colocou as pernas para cima do banco, parecia estar curiosa ainda, e isso era algo muito raro nela – Agora me explica, como que o Percy foi solidário?

Eu engasguei com o vento, comecei a tossir desesperadamente. Quando me recuperei Thalia não conseguia segurar a risada.

— O que você disse? – perguntei.

— Como. Percy. Foi. Solidário? – disse ela pausadamente, como se estivesse falando com uma pessoa que tivesse algum problema mental.

— Como assim?- me fiz de desentendida, sem nem ter mais esperança que ela caísse.

— Annabeth Chase, que parte do: eu ouvi uma conversa de Afrodite e Eros, você não entendeu? Mal começou a namorar aquele lerdo do Percy e já está assim. Não sabia que lerdeza é algo contagioso. – ela sorria largamente – A parte que eu ri foi quando Afrodite disse que ele foi solidário, depois que ela me descobriu, nem me contou como ele foi solidário.

Thalia fez cara de desapontada.

— Você é mesmo Thalia Grace? Ou é uma cópia? – perguntei, afinal era estranho Thalia curiosa sobre o que eu fiz ou deixei de fazer.

— Sou Thalia Grace, filha de Zeus, que te conhece desde que você tinha 7 anos de idade e que te ama como uma irmã, você sabe disso. Mas não muda o fato que eu quero saber, algo me diz que a resposta vai me fazer rir ainda mais! Então para de mudar de assunto e diz logo.

Me levantei do banco e sai andando por entre as caçadoras.

— Fala Annabeth, como assim o Percy foi solidário? – perguntou Thalia, o que fez com que eu me virasse para ela e encarasse seus olhos azuis elétricos.

— Ele apenas foi solidário Thalia, e não vem ao caso contar sobre isso agora. – eu estava tentando me desviar da conversa enquanto passava pelas caçadoras, me aproximando dos portões do Olimpo e me afastando mais de Percy e Bryan que conversavam seriamente sobre algo, provavelmente sobre o livro.

Mas mesmo assim Thalia me seguiu, parecia estar pensando em algo para dizer.

— Vai me dizer que o Percy também colocou uma camisola vermelha rendada. – disse ela após passarmos pela caçada, franzindo as sobrancelhas para logo depois começar a rir – Porque se for isso, só de imaginar as perninhas finas de saracura que ele tem... – ao dizer isso ela mexeu os dedos, como se para me mostrar que as pernas dele eram finas como gravetos.

Fuzilei-a com o olhar. Depois diz que o Percy é lerdo!

— Ué, vai me dizer que não sabe o que é saracura. – disse ela me olhando, interpretando meu olhar de forma errada – Saracura é uma ave que habita regiões pantanosas, margens de rio e lagos. Elas têm essas perninhas fininhas que parecem dois gravetos...

— ... E têm pés longos com dedos muito compridos, para facilitar a locomoção sobre a vegetação flutuante. – completei – Eu sei o que são saracuras! Eu só não gostei de você dizer que o Percy tem pernas assim, as pernas dele não são assim.

— São sim de saracura! Enfim, isso prova então que você viu as pernas dele!

Como ela distorceu tudo, e, além disso, estava exagerando as coisas! Meus deuses!

Paramos perto de uma das pequenas árvores que enfeitavam o Olimpo.

— No entanto, Thalia, não, o Percy não usou uma camisola vermelha de renda!

— Menos mal! – disse ela rindo e depois brincou – Vai me dizer que ele se transformou num golfinho?! Duvido, Percy não tem estilo. Enfim, diz o que foi então! – se ela não estivesse me pressionando a contar algo que eu não queria, poderia chegar a dizer que aquilo era engraçado, afinal, Thalia estava bastante curiosa – Quero saber, ainda mais depois de que eu ouvi Afrodite e Eros conversando e ela deixou escapar que você usou aquela tal camisola.

Encarei Thalia.

— Afrodite acha que pode mandar na vida dos outros, Thalia, que pode contar o que sabe a todos. E Eros também está indo pelo mesmo caminho. Isso é errado. Além do que, eu não quero falar sobre isso.

— Eu concordo que eles adoram se meter onde não devem, mas concordo principalmente que Afrodite é uma chata na maioria das vezes e que devia parar de ficar impregnando o ar com aquele perfume da Chanel. No entanto, você é como uma irmã para mim, Annie, e eu gostaria de saber o que houve. Porém, se não quer me contar...

Ok, talvez eu devesse contar a Thalia, ela era como uma irmã, mas pensando bem... Esquece, tem coisas que devem ser guardadas em segredo.

— Olá, garotas! – disse uma voz ao nosso lado.

— Falando do diabo... – disse Thalia quando reparamos que aquela voz pertencia a Afrodite.

— Di Immortales! Duas vezes num só dia? – disse eu olhando para o céu já tão próximo de mim.

Thalia me encarou.

— Também é a segunda vez que vê Afrodite hoje? Pois somos duas, fico me perguntando: que tipo de pecado cometemos para pagarmos um preço tão alto? – disse Thalia dramaticamente.

Nossa conversa fez Afrodite rolar os olhos.

— Parem de falar mal de mim como se eu não estivesse aqui, por favor! Prometo que não vou atrapalhar a conversa de vocês. Eu só vim ver como estavam, pois ouvi um barulho vindo desse lado do Olimpo.

Thalia a encarou, como se duvidasse que a deusa não fosse nos atrapalhar. O que eu também duvidava.

— Por que a Senhora não vai encontrar os outros deuses naquela reunião importante? Porque pelo que eu saiba, todos os olimpianos devem estar presentes.- disse Thalia de mau humor – Além do que, eu estou tendo uma séria conversa com Annabeth.

Estava calculando seriamente quais eram minha probabilidades de sair dali sem que Thalia e Afrodite me vissem, no entanto, elas pareciam não existir.

— Sobre o que vocês estão conversando? – perguntou Afrodite, já se intrometendo.

— A senhora disse que não ia atrapalhar. – olhei para Afrodite, temendo que ao descobrir sobre o que falávamos, fizesse algum comentário.

— Como se ela cumprisse o que diz. – disse Thalia fazendo uma cara engraçada.

— Cumpro sim! – foi a vez de Afrodite fazer uma careta, o que, por incrível que pareça, ainda a deixava bonita – Além do que, já esta na minha hora, parece que Zeus acabou de chegar, então... Até outro dia!

Mesmo que parecesse querer saber o que falávamos, Afrodite realmente foi embora.

— Agora que a deusa da Victoria Secret's foi embora... – disse Thalia apontando onde Afrodite estivera há 5 segundos – Me conte, como foi que aquele bobo foi solidário? Vamos, Annie, você sabe muito bem que eu não perguntaria uma coisa dessas se não estivesse tão intrigada!

— Não, Thalia, sem chance, agora não! – ao olhar em seu rosto sabia que ela não iria desistir tão fácil – Nem adianta fazer essa cara, porque mesmo que eu te conte, será só depois, quando estivermos sozinhas.

— Estamos sozinhas. – ela esticou os braços e deu um giro de 360 graus, deixando evidente que não havia ninguém muito perto.

Revirei os olhos.

— Sim, nesse metro estamos sozinhas, porque logo ali já estão suas caçadoras e depois delas têm os garotos e depois deles têm as ninfas, deuses e outros seres mitológicos.

Ela levantou as mãos se rendendo.

— Ok, não vou mais insistir! Ainda mais se você for começar a me dar lições. Então, é melhor eu esperar até depois!

Thalia e eu estávamos prontas para retornar ao encontro das caçadoras e mudar de assunto. No entanto, como Percy e Bryan fizeram um sinal para mim, eu achei melhor ir ver o que queriam, e assim Thalia aproveitou para ver o que as caçadoras planejavam fazer, já que a reunião dos deuses poderia demorar horas.

Andei em direção ao banco onde estavam sentados Bryan e Percy.

— O que houve? Descobriram algo?– perguntei ao me aproximar deles, já aliviada pelo fato de Thalia ter parado de me pressionar a contar o que eu não desejava, mas ainda preocupada com o que falaria mais tarde.

— Parece que temos uma pista de por onde começar a missão! – disse Percy – Eu estava dando uma olhada no livro e pensei no que Atena disse: de que o livro tinha uma pista. Nisso reparei que havia alguns números de páginas marcados.

— Números de páginas marcados? – perguntei.

Agora eu estava curiosa para saber sobre esses números. E algo me dizia que eram importantes.

— Sim. – disse Bryan – Seis páginas diferentes possuem marcação ao redor de seus números, eu nem tinha notado isso, quem reparou foi o Percy. – Bryan pareceu meio espantado, e eu tive que sorrir enquanto olhava para o Cabeça de Alga que estava concentrado tentando entender os números – O engraçado é que essas páginas não falam nada sobre a espada. Além do que, a própria Atena confirmou só saber isso sobre a missão, então, pensei que poderia ser algum número de telefone, não sei.

Eles continuaram conversando, mas minha mente estava muito longe dali, processando a anos luz, muito mais a frente que eles.

Peguei o livro da mão de Bryan, analisando as páginas que possuíam os números marcados.

A primeira página marcada era a 2, analisando bem de perto consegui ver que não havia só um 2, era um 2’ O.

— Percy, me passa uma folha e uma caneta, por favor. – logo que Percy retirou esses objetos da mochila e me deu, eu comecei a anotar.

A segunda folha marcada, seguindo a ordem era a 7, que também tinha algo diferente, era 7’’ O.

E assim fui anotando todos os números que estavam marcados, vendo cada detalhe. Depois do 7’’ O, veio o 22’’ N, 38 N, 53’ N e 77 O.

Na folha os números ficaram assim: 2’O; 7’’O, 22’’N, 38 N; 53’N e 77 O.

— O que você está anotando? – perguntou Bryan.

Mas eu não respondi, meu cérebro trabalhava a mil quilômetros por hora, e eu não prestava mais atenção a minha volta.

— O que é isso, Annabeth? - Percy estava ao meu lado, vendo o que eu anotava.

Após eu terminar minha anotação e organizar os números, acabei por sorrir, pois eu sabia exatamente o que eles significavam.

— Que tipo de números são esses? – perguntou Percy segurando minha folha onde os números estavam anotados - 38 53’ 22’’ N e 77 2’ 7’’ O? Definitivamente não são números de telefone.

Percy e Bryan ficaram calados, pensando, enquanto eu rapidamente pegava meu notebook dentro da mochila, e começava a digitar loucamente, em busca do que eu já tinha certeza.

— O que está fazendo, Annabeth? – perguntou Percy.

— Você está certo, não são números de telefone. São coordenadas geográficas! Latitude e longitude. – disse eu virando a tela do notebook para eles e mostrando o que eu queria dizer.

Ambos me olharam confusos.

— E de onde elas são? – perguntou Percy.

Sorri antes de responder.

— São da capital do país, Washington D.C, mais precisamente, do monumento da cidade que foi dedicado ao primeiro presidente do país: George Washington.

Percy e Bryan me olharam abismados.

— Como você sabia disso? Sobre as coordenadas geográficas? – perguntou Bryan.

— Fácil, eu amo Washington e o Monumento a Washington é um dos meus favoritos. – eu tinha certeza que meus olhos estavam brilhando.

— E não, isso não tem nada a ver com George Washington ter sido um filho de Atena. – disse Percy ironicamente.

Encarei-o e lhe dei um empurrãozinho.

— Talvez um pouco! - disse com sinceridade - Mas vamos, temos que começar a planejar a missão!

— Antes, me explica o que são todos aqueles números? A Latitude e Longitude não são apenas formadas cada uma por apenas dois números? – perguntou Bryan.

— Sim, mas são 38 graus de latitude, 53 minutos e 22 segundos, já a longitude é...

Fui interrompida por uma gargalhada que vinha de algum lugar próximo  as caçadoras, me virei naquela direção, reconhecendo a risada.

— O que foi isso? –perguntou Bryan.

— Sua meia-irmã. – dissemos Percy e eu.

Thalia estava rindo feito uma maluca, parecia que descobrira alguma coisa muito cômica, depois ela parou de rir e foi ficando séria, como se tivesse se tocado de algo, talvez tenha se dado conta que todos a olhavam. Mas então... Ela foi ficando com uma expressão de confusão, perplexidade e descrença.

Ela veio até nós, uma expressão estranha no rosto, como que de... Nojo? Desprezo? Ódio? Não sei dizer, pareciam muitos sentimentos os que passavam por seus olhos azuis elétricos.

— Olha, eu posso não a conhecer muito bem, mas ela está zangada. – disse Bryan – Os olhos delas estão mais elétricos do que nunca.

— Hum? – Percy olhou para Bryan tentando compreender o que ele queria dizer com aquilo. Era interessante como aqueles dois começaram a se entender melhor esta manhã.

Thalia, que passava no meio das caçadoras ainda vinha em nossa direção.

— Minha mãe sempre dizia que meus olhos ficavam mais elétricos do que nunca quando eu ficava com raiva, e bem, os olhos dela estão assim.

— A sua irmã não é uma pessoa muito fácil de lidar. – disse Percy cochichando, pois Thalia já estava a nossa frente.

— Podemos conversar, Annabeth? – a voz dela estava controlada, mas ela lançava um olhar estranho para Percy. Talvez ainda estivesse irritada por ele ter chamado-a de Cara-de-Pinheiro.

Eu sabia que tínhamos que planejar a missão, mas do jeito que Thalia estava, era melhor falar com ela primeiro.

— Claro que podemos, Thalia! – me virei para os garotos antes de me levantar – Encontro você daqui a pouco!

Thalia não dirigiu uma palavra a eles, ao invés disso foi andando, na minha frente, passando pelas caçadoras e indo para uma fonte afastada de todos.

— O que houve, Thalia? Você está com uma cara como se quisesse matar alguém. – me sentei na beirada da fonte, exatamente ao lado dela.

— Annabeth, você pode me responder uma coisa? – perguntou ela me olhando calmamente, seus olhos límpidos enquanto olhava para mim, assenti com a cabeça - Você e Percy... Vocês já...? – disse ela, parando a frase no meio do caminho, sugerindo algo, sua testa franzida.

Quando entendi o que ela sugerira, eu basicamente gritei:

— NÃO!

As caçadoras, que estavam mais perto de nós, viraram as cabeças em minha direção, porém, num sinal de Thalia, nos ignoraram novamente.

— Quase? – perguntou ela séria.

Eu não conseguiria mentir para Thalia, ela sempre fora como uma irmã para mim, então tudo o que eu fiz foi não dizer nada, mas desviei meus olhos dos dela, olhando para baixo, e isso era um ótimo indício de uma confirmação.

Thalia ficou com uma expressão ameaçadora no rosto, sua mão pegou o arco, enquanto outra pegava as flechas.

— Thalia...? – perguntei levantando a cabeça rapidamente, sem entender o que ela iria fazer, e eu odeio não entender – O que você vai fazer?

— Nada! – disse ela com cara de santa, e realmente não fazendo nada, a não ser girar a flecha numa mão – Mas diga, vocês realmente quase fizeram...? – ela não completou, mas tremeu, como se tal ideia lhe fosse repulsiva.

Eu me senti extremamente quente, e diante disso, não havia escapatória há não ser dizer a verdade.

— Sim! – disse eu, e logo me apressei a continuar - Mas não fizemos nada! Percy foi muito educado!

Ela revirou os olhos.

— Imagino! – disse Thalia sarcástica – Garotos são garotos, todos uns pervertidos, Annie, eles não mudam, até mesmo o Jackson!

Pela forma como ela falou, estava parecendo Ártemis.

— Thalia, pare de pensar isso, os garotos não são assim. Não todos ao menos.

— Isso é o que você acha. – e para minha surpresa, Thalia armou o arco, colocando a flecha tão rápido e lançando-a de forma tão veloz que nem tive reação. Tudo que consegui registrar foi que a flecha ia em direção a Percy.


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Notas finais do capítulo

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