Momentos de Percy J. e Annabeth C. [Em Revisão] escrita por Nicolle Bittencourt


Capítulo 38
Capítulo 38: A passagem secreta


Notas iniciais do capítulo

Leitores maravilhosos, tudo bem com vocês? Prontos para mais um capítulo?



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Percy’s POV

Após trocarmos de roupa, Annabeth e eu fomos para o corredor encontrar Bryan. Eu não tinha ideia do que podia ser tão importante ao ponto dele vir ao nosso quarto às cinco e meia da manhã, mas ele realmente deveria estar falando sério quando disse que poderia nos ajudar na missão.

— Diga, Bryan, o que é que você encontrou? – perguntou Annabeth. Ela usava calça jeans e uma camiseta azul limpa e, obviamente, estava tentando arrancar informações de Bryan.

— Não sei explicar, só sei que está no porão do hotel.

Agora eu fiquei confuso.

— Como você foi parar no porão do hotel? – perguntei e pude sentir minha testa se franzindo.

— Meio complicado de explicar, pois nem eu sei como fui parar lá. – respondeu-me Bryan, o que fez com que Annabeth e eu trocássemos olhares.

Descemos no elevador até a garagem e eu não conseguia evitar de olhar para Annabeth pelo canto de olho.

Eu não conseguia tirar da minha cabeça a imagem dela usando aquela camisola um tanto quanto... Provocante, e também não consegui esquecer como era macia a sua pele, como era suave e delicada, como minhas mãos percorreram sua cintura, como seus lábios ficaram vermelhos após nossos beijos. Não saía de minha mente a forma como seus dedos passaram por meu tórax, a forma como seu rosto assumira um tom extremamente vermelho quando ficou envergonhada, eu também não conseguia deixar de admirar seus cachos loiros emoldurando seu rosto e seus olhos cinzas tão penetrantes e estratégicos que eu conseguia ler tão bem. Eu estava tão apaixonado por ela e tão preocupado com a missão que estava por vir.

Quando o elevador chegou a garagem (que estava sem ninguém devido ao horário), Bryan nos guiou até um corredor próximo, nos levando até o final do mesmo, onde havia uma enorme porta de ferro. 

Paramos diante da porta, segundo Bryan, ela dava para o porão. Olhei para ele como quem diz: “Como você conseguiu abrir isso?”. Mas nem precisei perguntar, pois logo tive minha resposta, foi simplesmente Annabeth tocar na porta que ela se abriu.

— Não estava trancada. Isso é... Um pouco estranho. – disse finalmente – Hotéis costumam ser rigorosos com a segurança, até mesmo quando se tratam de porões.

Ela estava certa, como sempre, mas ali dentro poderia haver uma pista sobre nossa missão.

— Bem, seja lá o porquê do motivo de estar aberta, temos que entrar para sabermos o que tem aí dentro. – disse eu passando pela porta e entrando no porão.

Me deparei com artigos de luxo em todas as direções, quadros que pareciam ser caros, enfeites com bordados e pedras preciosas, poltronas reclináveis, tudo o que você possa imaginar. Eram muitos objetos, mas nada que parecesse ajudar na missão. Na verdade, aqueles objetos valiosos só tornavam ainda mais estranho o fato do portão que levava ao porão estão aberto.

— O que pode ter aqui de tão interessante e que pode ajudar na... – comecei a dizer, mas logo fui interrompido por Annabeth, que ficou de olhos arregalados ao olhar para algo na parede atrás de mim e logo depois exclamou:

— Di Immortales! Não pode ser! Isso é impossível! Isso não deveria mais existir!

Olhei na mesma direção que ela, um delta dourado brilhava na parede. Sem pensar duas vezes, Annie se dirigiu até ele.

— E não era pra esse delta ser dourado! Era para ser azul! Como o encontrou?

Bryan pareceu confuso, na verdade, eu estava confuso, esperava nunca mais ver aquele símbolo há não ser no laptop de Annabeth. Aquele era o símbolo de Dédalo, o símbolo do Labirinto. Logo o Harpper respondeu a pergunta:

— Eu estava dando um volta e vim parar aqui, estava vendo alguns quadros quando deixei um deles cair da parede sem querer. Atrás dele estava isso aí, pensei que fosse importante e fui chama-los. – ele olhou minha cara de assustado- Vocês conhecem esse símbolo? – perguntou ele enquanto ambos nos aproximávamos de Annabeth – Sabem o que é?

— Sim! – respondi, e como Annabeth continuava a olhar para o delta, continuei – É o símbolo do Labirinto de Dédalo, labirinto esse que...

— Que tem passagens para todos os lugares do mundo? – concluiu Bryan, que parecia maravilhado.

— Conhece a história? – perguntei.

— Sim, claro que sim! Conheço algo sobre a mitologia grega, mas na verdade, essa era uma das histórias favoritas de minha mãe. – ele pareceu ficar meio pensativo – Está me dizendo que essa é uma das passagens? Eu nem sabia que era isso, só os chamei porque senti que era importante.

Annabeth olhou para mim, trocamos olhares preocupados: “Isso não deveria existir, Dédalo está morto!”— era o que Annabeth parecia querer dizer, e através do olhar tivemos um conversa silenciosa, concordamos que aquilo era muito estranho.

— As passagens eram muito comuns, Bryan, mas não deveriam mais existir, Dédalo morreu e, sendo assim, o Labirinto deveria ter morrido com ele. – disse Annie de forma controlada.

Eu sabia que ela estava lembrando do verão que havíamos passado debaixo da terra andando pelo labirinto. Sabia disso porque eu também estava me lembrando dele. Naquele verão havíamos perdido muitos amigos e Cronos também havia se reerguido usando o corpo de Luke; Rachel havia nos ajudado na missão, Annabeth ficara cheia de ciúmes, eu ficara cheio de ciúmes por causa da forma em como ela protegia e acreditava em Luke. E no final... Era ela quem estava certa.

— Dédalo morreu? – indagou Bryan.

— No verão passado. –disse eu – Foi necessário para que pudéssemos vencer Cronos, na verdade, ele se sacrificou por isso.

Bryan ficou pensativo e meus olhos desviaram-se novamente para o símbolo na parede.

— Você abriu a passagem?

— Não! –respondeu ele- Nem sei como se faz isso, só o que fiz foi passar minha mão sobre o delta, mas não deu em nada.

A testa de Annie ficou franzida.

— Estranho, é assim que se abre uma passagem do Labirinto, é necessário um toque de um meio-sangue. Deveria ter sido aberto assim que o tocou.

Bryan deu de ombros.

— Talvez seja porque eu não sou um meio-sangue, não exatamente, sou mais uma aberração – disse ele ironicamente.

Pensei um pouco.

— Talvez se eu tentar...

Annabeth segurou meu braço, impedindo-me de seguir em direção ao meu objetivo.

— Percy, não sabemos o que a passagem vai revelar, podem sair os piores monstros, o labirinto deve estar aos pedaços.

Ela estava certa, mas tínhamos uma missão para resolver.

— Temos uma missão, e aqui- disse eu apontando para a parede - Podem haver pistas sobre o que devemos fazer a partir de agora. Deve ter um motivo para o Bryan ter vindo parar logo aqui Ou você acha que foi puro acaso?

Ela me soltou.

— Vendo por esse lado... Ok! Tudo bem! Pode ir.

Ergui uma sobrancelha.

— Não ganho um beijo por isso? – perguntei, e reparei em como Bryan parecia sem graça pelo fato de estar ali.

Annabeth sorriu e se aproximou lentamente, seus lábios a centímetros dos meus, mas ao invés de receber o beijo que queria, ela apenas em deu um beijinho no rosto, bem de leve, e que mesmo assim deixou minha pele formigando.

Feito um idiota, coloquei a mão sobre o lugar em que um segundo antes ela havia me beijado.

— Isso não foi o que eu esperava, esperava um beijo de verdade. – disse eu reclamando.

— Talvez você ganhe um, depois. – disse ela sorrindo, com um ar de inocente, e me dando esperanças – Primeiro, vamos descobrir o que existe aí dentro.

Olhei para ela, sabia que não iria adiantar nada ficar insistindo com Annabeth, ainda mais com Bryan nos olhando. Suspirei, a sensação de formigamento permanecia em meu rosto, e pensando no que faria a seguir, passei meus dedos por sobre o delta dourado enquanto imaginava o que teria atrás daquilo.

Para meu espanto, não ocorreu o que deveria, a passagem não se abriu, continuou fechada, o delta continuava o mesmo.

Confuso, tentei mais uma vez: nada!

— Deveria ter aberto! – disse Annabeth- É sempre assim que funciona! Só precisa de um toque de um semideus, foi o que Dédalo disse, e ele era um filho de Atena também, sabia do que estava falando.

— Certeza de que era assim? – perguntou Bryan e começou a falar, mas não prestei atenção, uma ideia se formava em minha mente.

Annabeth havia dito que Dédalo era um filho de Atena e eu sabia disso, mas ouvi-la dizendo isso me fez pensar se ali não seria algo secreto, algo que somente um filho da deusa da sabedoria poderia ter acesso...

— Annabeth, tente você!

— Eu? Por quê?

— Esse símbolo não é igual aos do labirinto, ele é dourado e não azul como os outros. Pode ser que seja algo diferente, algo especial, não sei. Você é uma filha de Atena, assim como Dédalo era, tente! Pode ser que você consiga.

Ela me olhou de forma interrogativa.

— Por mais estranho que seja, faz sentido o que você disse. No entanto, se é necessário ter algum parentesco com Atena, Bryan teria conseguido abri-la!

— Talvez seja necessário ser filho da deusa, não neto. – olhei para Bryan, ele ainda não parecia ter aceitado a ideia de ser neto da deusa- É só uma teoria.

Ela pensou e assentiu, dei um passo pro lado enquanto ela ficava de frente para a parede com o delta e passava os dedos suavemente pelo símbolo.

Assim que ela fez isso, um barulho de engrenagem chamou nossa atenção e a parede se dividiu em duas, formando uma enorme abertura no meio, um vão.

Annabeth olho para nós antes de dar de ombros e olhar para o vão que havia surgido. Dentro dele não havia nada do que eu havia imaginado, nada de ruínas, escuridão, nada de monstros, apenas...

— Uma biblioteca? – perguntamos Bryan e eu, descrentes, enquanto olhávamos mais atentamente para dentro do vão das paredes.

Nos ignorando, Annie passou pelo vão e nós a seguimos. 

O local era uma enorme biblioteca, umas dessas que lembravam as dos colégios, só que essa possuía uma vasta seleção de livros tão grande, mas tão grande que eu senti que poderia me perder ali dentro, literalmente falando.

O chão era de um piso tão branco que refletia as lâmpadas no teto, o que era bem contrastante contra o mogno das centenas de estantes que se enfileiravam pelo local. Com certeza aquele era a maior biblioteca que eu já tinha visto. 

Os olhos de Annabeth brilharam enquanto ela caminhava pelo corredor principal do enorme salão cheio de estantes, que eram tão altas que chegavam quase ao teto. Havia tantos livros em tantos idiomas que minha dislexia já atacava.

— Isso é... Fantástico!- ela exclamou, sabia que ela achava a coisa mais legal aquele monte de livros, mas eu não conseguia ver nada de fantástico ali, na verdade, eu não conseguia ler um livro sequer, pois as palavras não faziam sentido.

— Fantástico? – perguntou Bryan – Metade dos títulos estão pulando para fora das páginas e vindo na minha direção!

Annabeth deu de ombros e se virou para nos olhar.

— Não importa! Isso é fantástico, acabamos de descobrir a biblioteca de Dédalo, a maior que existe no mundo! Maior do que as que os mortais construíram! Dizem que aqui existem todos os livros e a história de todos e de tudo.

— A história de todos? Tipo, de todas as pessoas? A vida dela? Quer dizer que a história de todos está mesmo traçada? – perguntou Bryan.

Nisso eu me lembrei das parcas, de como havia me visto em seus olhos, um arrepio percorreu meu corpo.

— Não é assim! – disse Annabeth – Não é o que iremos fazer, mas o que fazemos, embora eu acredite que seja um mito inventado pelos mortais. No entanto, há quem diga que tudo o que uma pessoa faz em sua vida é registrado nesse livro. Aparentemente, ele só pode ser aberto pela pessoa sobre a qual é o livro, e só poder ser lido pela própria pessoa e por filhos de Atena, já que é como se a deusa protegesse suas histórias. Mas eu não sei até que ponto essa história é realmente verdade ou não.

Minha cabeça deu um nó com as informações de Annabeth.

— Pode deixar que depois eu explico melhor! – ela voltou a olhar ao redor, seus olhos percorrendo as enormes fileiras de estantes sem fim.

— É melhor darmos uma volta por aqui, quem sabe não encontramos algo? – Bryan parecia estar certo, eu também sentia que havia algo para descobrirmos ali.

— Sim, é melhor, mas devemos ficar todos juntos, não sabemos se aqui é seguro, ou se é como no Labirinto de Dédalo.

Todos assentiram e ficamos caminhando por alguns minutos. Mesmo tendo passado pouco tempo ali dentro, eu já podia sentir meus olhos ficando pesados. Eu estava com sono e podia ver que os outros também estavam.

— É melhor irmos dormir, de manhã podemos vir aqui e...

Num movimento desajeitado, acabei esbarrando numa das estantes e derrubando algumas dezenas de livros no chão. A maioria deles caiu aberto no chão. 

— Nossa, Percy! Que bagunça! – disse Annabeth enquanto se abaixava e me ajudava a pegar os livros caídos, Bryan também fez o mesmo. – Só você mesmo para esbarrar numa estante tão grande e derrubar tanta coisa.

Ela olhava as capas dos livros que pegava e um dos que estavam abertos chamou sua atenção, ela o lia atentamente, mas não consegui ler, mesmo estando em grego, tudo porque estava ocupado guardando o resto dos livros.

— É, Percy, temos que tomar cuidado aqui dentro, essas estantes são muito grande e possuem muitos livros que devem ser bem raros e importantes. 

Bryan falou mais alguma coisa, mas não prestei atenção, pois Annabeth me lançou o olhar mais mortal que eu podia receber, um olhar de fúria.

— Você beijou a Rachel?! - disse ela se levantando, sua voz se elevando algumas oitavas.

— Hum? Oi? – perguntei sem entender o porquê de ela estar falando isso, pois eu nunca havia contado aquilo para ela justamente porque queria evitar aquela reação.

— Está escrito no seu livro! – disse ela me passando um livro com capa azul-marinho no qual o título era: “Perseu Jackson”.

Meus deuses!— pensei – Por que sempre tem que ter algo para estragar tudo?

— Meu livro? Como assim? Annabeth, deixe-me explicar!

Ela olhou nos meus olhos, os seus escuros como uma tempestade.

— Não quero suas explicações, Percy! Não preciso delas, vá falar com a Srtª. Dare Perfeita, pois ela é “mais fácil de se conviver” do que eu!– disse ela repetindo e apontando para a parte do livro em que aparecia escrito que eu havia pensado isso.

Uou, então aquilo sobre um livro com a história de cada um era  verdade, e eu era tão azarado que tinha que esbarrar justamente na estante que havia o meu e, de todas as coisas que deveria haver escrito nele, minha namorada acabara lendo justamente sobre a vez que beijei outra garota e comparei ambas. Xinguei mentalmente.

Enquanto eu lia a página do livro que Annabeth havia me dado, ela se  levantou e virou para correr pelo enorme corredor de estantes.

No mesmo instante parei de ler e comecei a segui-la, Bryan vindo logo atrás de mim.

Eu só queria falar para Annabeth o quanto a amava e tudo o que ela fazia era correr de mim. Argh.

Por que Annabeth Chase tinha que ser tão complicada? Eu não sabia, só sabia que a amava e que não queria perde-la por causa de alguns pensamentos e algumas conversas que estavam num livro e que, okay, eu havia realmente tido no passado.

Continuei correndo atrás dela, mas a perdi numa das curvas e meu coração ficou ainda mais pesado no peito. 


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