As paredes encardidas daquele lugar o acoplavam como uma caverna, e só ali ele conseguia colocar os pensamentos em ordem, apesar de tal ato parecer quase impossível. O cigarro posicionado em um ato charmoso entre os dedos, apenas indicava que aquele não era o melhor momento, pelo simples motivo de que apenas colocava a nicotina no corpo quando precisava da droga para entorpecer algum sentimento ou alguma dor. Puxou toda a fumaça para dentro dos pulmões em uma ação solitária e repentina, soltando-a no ar na tentativa de formar algum desenho, mas não conseguia, sempre falhava naquilo. Na verdade, Uzumaki Naruto achava que falhava em quase tudo que fazia na vida, e aquela imagem em sua cabeça apenas confirmava aquilo.

Jogou o filtro amarelo do cigarro pela janela, não se importando em sujar a rua em que morava. Era impossível ficar mais fétida do que já era. Analisou a pequena borda da lua, o único pedaço que reluzia por trás de todos aqueles prédios. Praguejou mentalmente por até aquele astro esconder-se e não clarear os pensamentos e conclusões daquele momento. Sentia-se quebrado, arrasado, no mais completo fundo do poço.

Dirigiu-se à cama e jogou-se nos lençóis brancos. Sabia que já passavam das quatro da madrugada, mas não conseguia dormir. Aquela recente memória adquirida perfurava cada órgão vital, por mais que ele tentasse interromper aquilo. Visualizar os lábios quentes e finos de Sasuke movimentando-se contra os de um ser desconhecido o atingiu mais forte do que ele imaginaria. Sentia-se um completo filho da puta por deixar se abalar tão facilmente. Mas será que o Uchiha se arrependeria caso soubesse o estrago que tinha feito no coração do louro?

Naruto mentalizava isso, mas logo dissipava os pensamentos por achar que estava delirando.

Por mais que tentasse não se sentir traído, não conseguia diminuir aquele sentimento. Então, apenas decidiu que não seria o único idiota de toda aquela história de amor das ruas violentas do subúrbio de Tóquio.

Levantou-se da cama e pegou o velho telefone do gancho, discando para um número que conhecia bem. Na verdade, nem tanto assim.

-o-o-o-

Sasuke sentia o vento gélido daquela noite cortar a face pálida com a mesma intensidade que uma faca faria. Naquele momento odiou-se por não ter comprado um carro quando o dinheiro o permitia. Chegou a indagar se todo aquele esforço valeria à pena, se realmente Naruto seria o seu único homem para sempre.

O amava. Céus, e como o amava. Amava cada pedacinho do pequeno corpo dele como se fosse uma obra de arte. Amava aquele sorriso largo e estonteante que alegrava até o mais infortunado morador da cidade. E amava com todas as forças aqueles inocentes olhos azuis, mas que continham todo o mistério do mundo, toda aquela sensualidade em um par de íris com as cores do mais belo céu sem nuvem.

Mas se o amava tanto, por que havia beijado outros lábios e sentido outro corpo?

Certas pessoas deixam a insegurança tomar conta das atitudes. Era o medo. Apenas o medo de não ser correspondido em todo aquele amor e em toda aquela paixão avassaladora. Assim, tentou procurar em outras bocas o gosto de Naruto. Mas estava enganado se achava que iria encontrar alguém tão peculiar e tão único, não há outro Uzumaki Naruto no mundo. E só ali naquele momento ele percebeu aquilo. Estava na hora de se deixar levar pelos sentimentos e de estar disposto a sofrer por amor. Afinal, todos sofrem um dia. Mas poucos têm a oportunidade de ter aquele sentimento aquecendo cada centímetro do coração. Sasuke era sortudo, mas tinha sido burro.

Chegou ao prédio desejado e subia aquelas escadas desejando ter nascido com pernas ainda mais longas, para conseguir completar o percurso rapidamente. Queria se desculpar pelo ocorrido, queria abraçar Naruto e dizer que ele era seu mundo. Estava disposto e muito feliz em imaginar ter apenas aquele corpo amorenado junto do seu pro resto da vida. Finalmente tinha deixado de ser covarde.

Porém, quando chegou ao corredor do amado, a cena que viu fez com que um gosto completamente amargo dominasse a boca. Naruto estava com os lábios colados nos de um homem alto, com longos cabelos castanhos(1); parecia um beijo agressivo, dominante para o maior.

Este prensava o corpo do pequeno louro com certa força na parede, como se quisesse intensificar o contato corporal. Em um ato súbito, separaram-se e apenas despediram-se com um sorriso ao canto da boca.

Sasuke permaneceu ali, parado. Observava cada ato como se fosse alguma cena de filme surreal, algo que para ele não poderia ser realidade. O homem passou por ele em direção a saída do prédio, mas nem virou para olhá-lo.

A respiração permaneceu presa na garganta, tinha medo de ter certeza do ocorrido assim que o oxigênio voltasse a dominar o cérebro. Naruto notou a presença do maior apenas alguns segundos depois, e não conseguiu evitar que um discreto sorriso vitorioso se desenhasse ao canto dos lábios.

Quando tinha ligado para Sasuke visitá-lo, sabia exatamente que cena estaria preparando para ele. Sentiu-se mal por aquilo ao ver certa dor nos olhos do Uchiha. Mas ele merecia. Merecia pelo que o tinha feito sofrer.

- Sasuke, você aqui. - Perguntou o menor com certo cinismo na voz. Sentia-se vitorioso, tinha dado o troco da maneira certa. Mas algo ainda faltava dentro do coração. O buraco, que ele acusava o maior de ter causado, ainda estava lá. Mas iria fingir ao máximo que conseguia. Se Sasuke achava que iria sair por cima em toda aquela situação, estava completamente enganado.

- Você me ligou. Se estava acompanhado, por que me ligou? Queria fazer o que, um ménage? - Falou sarcasticamente com certa frieza na voz. O menor apenas mordeu o lábio inferior. Estava começando a se arrepender amargamente do que tinha feito. Mas então, lembrou-se da cena dos dias anteriores.

- Estou apenas exercendo os meus direitos, que nem você fez essa semana com um desconhecido no bar. Não temos compromisso, lembra-se? - Por mais que tentasse, não conseguia evitar lançar um olhar magoado e Sasuke logo percebeu as intenções por trás daqueles atos.

- Isso é apenas uma vingança? - Apesar da pergunta, tinha certeza do que falava. Aproximou-se de Naruto em passos largos apenas para poder encarar os olhos azuis o observando de maneira quase vulnerável. - Eu vim aqui te pedir desculpas; estou arrependido de meus atos. Mas você fodeu tudo de vez. Me diga Uzumaki, está feliz agora? - O olhar negro fuzilante que mesclava decepção, dor e raiva, fez com que o menor desejasse voltar no tempo e ter feito tudo diferente.

- Eu fui infantil, assumo. Mas que outra atitude poderia ter ao ver você agarrando outro cara? Sasuke, eu não sou feito de ferro. Eu fui idiota, um babaca, pode me chamar assim. Mas esses quatro meses ao seu lado fizeram com que eu me apaixonasse. - O olhava de maneira quase que chorosa e se odiou mentalmente por aquilo. Estava se mostrando fraco perante a Sasuke, mesmo sabendo que o maior não tinha sentimentos recíprocos. Este por sinal apenas o encarava, incrédulo, diante das palavras do louro. A felicidade que dominava o peito era indescritível.

Aproximou-se quase que instantaneamente de Naruto, fazendo com que este se assustasse devido a aquele ato repentino, assim, ao ter o menor com as costas totalmente limitadas à parede, colocou as mãos em cada lado do corpo, o prendendo contra a mesma. Sasuke encostou a testa na de Naruto, o encarando como se este fosse uma obra de arte rara.

O pequeno o encarava, sem reação, apenas como se quisesse entender o que o amado queria. Ao que sentiu a mão direita do mesmo acariciar-lhe a face, quase que fechou os olhos involuntariamente, apenas apreciando o toque. Até que o moreno começou a falar.

- Algumas pessoas procuram amores em livros e em filmes, se projetando em cada um daqueles personagens irreais, porém, que na cabeça delas são felizes. - Ao que pronunciava cada palavra, deslizava os dedos pela pele macia do louro. Este por sua vez encarava os olhos profundo e frios de Sasuke curioso pelo que viria a seguir. - Outros procuram em pessoas perfeitas, com o corpo bonito e cabelos reluzentes. Os homens apenas querem mulheres boas para dar a eles filhos e elas ficam satisfeitas com isso. - Respirou fundo ao que se sentiu perdido em meio a aqueles traços tão perfeitos a sua frente - Outros procuram o amor nas ruas, em prostitutas que trocam uma noite de paixão por dinheiro. O amor delas é o dólar e o deles é a pura luxúria. - Manteve o carinho sobre a face corada do menor, pouco antes de concluir enquanto fixava o olhar negro nas íris azuis do mesmo. - Eu procuro o amor em seus olhos. Nessa imensidão de cores claras que se simplificam em um azul esplêndido. - Respirou fundo para continuar as palavras com a mesma calmaria na voz. - Procuro o amor em seu sorriso, que faz com que meu coração acelere cada vez que direciona um a mim. Eu procuro o amor em você, Uzumaki Naruto. Se fiz o que eu fiz, foi por medo de nunca ter esse amor correspondido. Era a única coisa que eu queria.

- Então agora, nós… - Naruto iniciou a frase ainda perdido nas milhões de sensações incríveis que as palavras de Sasuke causavam, mas este apenas cessou todos os toques, se afastando e o olhando de maneira quase que magoada.

- Não há ‘nós’, Naruto! - Concluiu simplificadamente fazendo com que o louro a sua frente se sentisse confuso novamente. O que ele queria dizer com aquilo? Após todas as palavras, todos os sentimentos tão puramente demonstrados, o que ele pretendia? - Eu apenas disse o que sentia, descrevi o mais puro amor que domina meu coração. Mas eu não te perdôo por isso. - Sabia que ele não entenderia seus atos. Com o pouco que conhecia Naruto, já o entendia completamente.

- Como assim? Não me perdoa, Sasuke? Você foi o filho da puta que me machucou primeiro! - Gritou as palavras de forma que a voz ecoou por todo o corredor vazio. Ele não entendia as ações de Sasuke. Era puro, levemente ingênuo, mas era infantil, e ninguém podia culpá-lo por aquilo. Nem mesmo o amado.

- Eu beijei outros lábios apenas por insegurança. Você fez isso por vingança. Não consigo perdoar isso, me desculpe, mas não consigo. - Concluiu de maneira serena enquanto olhava as primeiras lágrimas brotarem nos lindos olhos de Naruto. Odiou-se por aquilo, por machucá-lo. Agora sabia que ele o amava, mas quem ama não machuca alguém de propósito. E o menor fez isso.

Enquanto as lágrimas caíam sem pudores pela face, Naruto detestou-se por ter acreditado, nem que tenha sido por menos de cinco minutos, nos sentimentos de Sasuke. Chegou à conclusão de que este o havia enganado, apenas para levá-lo aos céus por alguns segundos, e fazer com que a queda fosse maior, mais dolorida. O odiava, queria odiá-lo com todas as forças. E novamente teve a infantil reação de querer machucá-lo igualmente.

- Você é um idiota, um mentiroso, Uchiha. - Secou as lágrimas enquanto cuspia as palavras sem o menor pudor. - Mas quer saber? Eu não me arrependo do que fiz. E acha mesmo que aquele cara que viu aqui foi o primeiro? Babaca. Ele é apenas mais um dos muitos que eu agarro alternadamente às nossas noites de sexo. Você é apenas um complemento. - Mentiu descaradamente.

Sasuke havia sido o único homem em sua vida nos últimos meses. E o único em seu coração por toda a vida. Mas ele merecia aquelas palavras, merecia sofrer e se sentir um lixo. Exatamente como Naruto estava agora. Pelo menos era isso que ele achava.

O maior apenas o encarou sério, mudo, sem reação nenhuma. Aquelas palavras pareciam lhe perfurar o peito como uma faca, e o louro fazia questão de atravessar o objeto pelo corpo inteiro, até que não existisse mais Uchiha Sasuke.

O pequeno por sua vez apenas o encarava com certo desespero nas ações. Tinha medo de toda aquela história acabar ali. Apesar do sofrimento e da rejeição, iria doer muito mais se nunca mais sentisse as mãos do moreno tocando cada parte do seu o corpo, se nunca mais sentisse o gosto dos lábios do mesmo contra os seus. Livrou-se de qualquer vestígio do choro e então, aproximou-se de Sasuke em um ato único e inusitado. Encaixou uma das mãos na nuca do maior, trazendo a boca do mesmo de encontro com a sua em um beijo completamente descompassado.

O Uchiha não resistiu, não era tão forte a ponto de ignorar os lábios de quem amava. O beijou com a mesma intensidade, movimentando a boca de maneira sincronizada com Naruto. Estavam acostumados com aquilo, com os beijos, com os toques, era tudo muito natural, como uma necessidade, como respirar ou beber água, porém, muito mais prazeroso.

As grandes mãos de Sasuke apalparam com toda a força as coxas bem torneadas do louro, impulsionando as mesmas para cima, de forma que este envolveu as pernas contra o quadril do amado. Os movimentos eram intensos, os toques, como se até nesses atos eles brigassem para demonstrar quem era o mais forte na relação. Queriam provar algo a eles mesmos.

Um murmúrio de reprovação escapou dos lábios de Naruto assim que Sasuke interrompeu o beijo bruscamente, acabando com qualquer contato entre os corpos. Tinha reunido toda a força possível para conseguir acabar com aquilo. A tentação era enorme, ele sabia. A vontade de levá-lo para a cama e terem uma ótima noite de sexo, dominava o corpo inteiro de Sasuke. Mas ele sabia que não mais iria se sentir satisfeito apenas com aquilo. E tinha quase certeza de que, apesar de dizer o contrário, Naruto não o amava. Achava que aquilo era apenas um jogo para o louro, não por maldade, mas por infantilidade.

Este por sinal acreditava que era Sasuke que jogava o tempo inteiro. Achava que o maior despejava as palavras de amor apenas para poder aumentar a dor de Naruto quando falasse a verdade. Tinha medo, sentia-se vulnerável e sabia que o coração iria quebrar em cacos ainda menores. Tinha certeza daquilo. Mas a única coisa que realmente queria era o amor do moreno, desejava aquilo com todas as forças e não sabia como fazer para consegui-lo.

- Eu vou embora. - Sasuke concluiu enquanto apenas virava-se de costas para sair do corredor. Queria deixar aquele local e ir para casa, talvez tentar esquecer o pequeno de olhos magníficos. Sabia que era algo impossível. E o odiava por saber que sempre que ele o visitasse em suas lembranças, iria vê-lo aos beijos com outra pessoa no corredor. Era justamente aquela cena que o fazia querer ir embora dali o mais rápido possível. Não se achava hipócrita. Pelo contrário, tinha suas convicções e odiava qualquer coisa relacionado a vingança(2).

Naruto entrou em desespero ao ouvir as palavras do maior. Sabia que se ele saísse dali naquele momento e descesse as escadas do prédio, seria o fim.

O fim da única grande história de amor de sua vida. Tentou ao máximo retirar qualquer desconfiança do peito, tentou acreditar em todas as palavras ditas pelo amado. Apenas porque sabia que era o único jeito de se desculpar. Mas no fundo acreditava que amava sem reciprocidade, e não ligava para aquilo, apenas queria Sasuke junto de si. Se ele fosse embora, seria o fim de Uzumaki Naruto.

Tentava ao máximo raciocinar porque tinha tomado tais atitudes tão idiotas. Porque não estava conseguindo agir como o adulto de mais de vinte anos que era. Sasuke estava certo, havia agido por pura vingança e infantilidade. Mas o maior era o culpado por aquilo, era culpado pela dor insuportável que o fez agir daquela maneira. A dor era indescritível, e por mais que dissessem que era apenas um coração quebrado, doía o corpo inteiro.

- Por favor, Sasuke. Não vai. - Implorou, recebendo como resposta apenas um olhar confuso. - Me desculpe por isso, me desculpe por tudo isso. Eu não vou conseguir continuar sem você. Tente me entender. - O desespero era visível na voz e desejava que o moreno entendesse todas as dores que o tinha causado, e que percebesse que lidar com uma dor pode fazer com que a gente aja como completos idiotas.

A única coisa que ambos não conseguiam entender era que os dois estavam errados. O amor nos deixa vulneráveis e quando não conseguimos lidar com essa exposição, bate o desespero e a irracionalidade. Talvez alguma tentativa antiga de Naruto se sentir superior, fez com a insegurança de Sasuke começasse. Queria estar junto do menor, mas achava que não poderia se apaixonar e assim, também fingia não ter sentimentos. Os dois começaram a se provocar sem nem ao menos perceberem. E assim, quando Sasuke já estava se sentindo idiota por estar completamente apaixonado pelo louro, deixou que a insegurança o dominasse e assim buscou nos lábios de outra pessoa qualquer calor que não o fizesse ficar dependente de Naruto.

Quem vai julgá-lo por ter tomado esta atitude? E quem vai julgar o outro por ter revidado? Apenas queriam se proteger, proteger o coração de ser quebrado por diversas vezes e assim, eles mesmos machucaram o próprio órgão vital.

O Deus do Amor deve ser uma pessoa sádica, deveria estar rindo naquele momento por ter conseguido confundir duas mentes que agora estavam perdidos em um caminho sem volta. Coração machucado se conserta, mas leva tempo e fica dolorido. Poucas pessoas tem o auto controle de saber lidar com o sádico Amor. E eles não são essas pessoas, ainda estavam no início. E Sasuke sabia que não daria certo, estava morrendo por dentro graças a isso.

- Está tarde. Estamos de cabeça quente, nada vai se resolver hoje. Eu vou embora. - Sabia que não voltaria. Sabia que aquela seria a última vez que veria Naruto.

- Entre, passe a noite comigo, vamos conversar, vamos esquecer todos esses acontecimentos. Eu não quero que o que temos acabe aqui, Sasuke. - Se desesperou enquanto tentava completar a frase. Já tinha mudado de opinião e atitudes diversas vezes naquele espaço de tempo de minutos. Mas o amor é assim, inconstante. -Não fique na defensiva, eu nunca mais farei algo do tipo novamente. Vamos consertar isso, por favor. - O olhava com a apreensão no olhar. Já estava no fundo do poço e não ligava de rastejar para conseguir seu amor de volta.

- Não, Naruto! - Quase gritou para convencer a si próprio de que não era certo ficar ali e deixar o coração comandar aquela situação novamente. Já tinha sofrido o suficiente por uma noite inteira e sabia que o menor era levemente rancoroso, poderia fingir que havia esquecido, mas logo iria tratar de se vingar novamente. Sasuke não podia culpá-lo, mas também não iria se submeter a aquilo. Era o fim. E o menor havia visto isso nos olhos dele.

- Você não me ama, então; realmente estava mentindo, como eu imaginava. - Concluiu magoado enquanto se afastava ainda mais do outro, como se a proximidade fosse perigosa, pois o fazia se desesperar por ficar sem ele. -Isso é divertido para você, Uchiha? Me colocar exposto nessa situação apenas para se vangloriar de que saiu dessa ‘relação’ por cima? – Sasuke revirou os olhos perante a aquilo e apenas lançou um último olhar ao amado.

O moreno virou-se de costas, indo em direção as escadas para deixar aquele ambiente o mais rápido que conseguia. Por mais que fosse sofrer por estar deixando quem amava, era necessário para que ambos não se acabassem mais ainda.

Decepcionou-se com Naruto, por este não ter tido a sensibilidade de acreditar em suas palavras. Por acreditar que ele queria magoá-lo para não sair por baixo naquela situação. Se continuasse ali, iriam ficar naquela discussão até que um destruísse o outro ao máximo, não por maldade, mas por proteção.

O menor por sua vez encontrou-se perdido em meio à solidão daquele corredor. O desespero por nunca mais ver o amado o dominou, e as lágrimas caíam incessantes pelos olhos. Um martírio. Culpou Sasuke por tudo aquilo, era orgulhoso demais para admitir que metade de todo aquele sofrimento, ele mesmo tinha causado. Sentia-se como no final de uma batalha, uma batalha que ele mesmo tinha iniciado aquele dia, mas que o fez perder toda a guerra. Imaginava se o Uchiha tinha a sensação de ter ganhado algo, mas ao contrário, este se sentia o maior perdedor do mundo. Afinal de contas, tinha perdido o grande amor da sua vida.