Time To Dance escrita por Hikaru_S_River


Capítulo 1
O início de uma história.




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Time to Dance

Ao no Exorcist

Chapter One

O início de uma história

                Entre as lindas flores do jardim da imensa mansão dos Sakuyas, uma criança de cinco anos encontrava-se escondida por entre as plantas, apenas permitindo que suas costas fossem vistas. Após se remexer um pouco, a pequena tirou a cabeça dos arbustos puxando o ar com força. Seus lindos cabelos negros tinham um corte reto e chegavam na altura dos ombros, tendo folhas e pétalas presas e espalhadas por eles. Seus olhos azuis exibiam uma alegria contagiante e inocente, brilhando por apenas estar recolhendo flores de diferentes tipos para dar a sua mãe. Lírios, margaridas, copos-de-leite e rosas vermelhas estavam arrumados de maneira desorganizada ao lado de galhos cobertos de pequeninas folhas verdes.

                Com seu vestidinho azul-escuro, estampado com bolinhas brancas e amarrado com uma faixa branca na cintura, Yomi se levantava e virava-se em direção a casa, correndo pelo jardim se esbaldando na própria felicidade. Seus pequeninos pés subiam os degraus frios da entrada, se deslocando rapidamente pelo lugar, tendo como objetivo a sala de leitura onde sabia que sua mãe estava. Parou em frente à porta branca, com detalhes dourados, semi-aberta, observando atentamente o se interior a procura da figura mais velha. Assim que viu a ponta do vestido dela que saía da poltrona de cetim marrom, seu sorriso se alargou ainda mais. Abriu a porta com cuidado para não chamar a atenção e andou lentamente em direção a mulher sentada.

                A sala era ampla, com estantes largas e altas que chegavam até o teto e de uma parede a outra, contornando assim a sala toda. Milhares de livros estavam organizados em suas prateleiras, enquanto quatro poltronas estavam arrumadas em par, de modo que ficassem de frente para a outra nas alas oeste e leste da sala, separadas apenas por uma linda mesa de centro coberta de detalhes. Um pouco mais ao fundo, na ala sul, duas mesas de madeiras bem polida estavam colocadas em uma trajetória linear, enquanto suas seis cadeiras fecham os quatro lados. Na parte norte, uma mesa grande e fina fora colocada para comportar todos os porta-retratos com fotos de todos da família Sakuya.

                A pequena andou envergonhada em direção a poltrona da mãe a observando de longe. A mulher tinha cabelos negros e sedosos, que chegavam até o seu quadril, presos por uma fita vermelha e jogado para frente do lado esquerdo. Em suas mãos um livro grosso, de capa preta e detalhes em vermelho de uma língua desconhecida, repousava. Seus olhos cinzas, eram gélidos, parecendo não demonstrar nada além de frieza. A mulher levantou o olhar para a filha e logo depois o desviou para as flores, permanecendo em silêncio por alguns minutos.

“O que é isso...?”, sua voz estava repleta de puro desdém.

“É um buquê mamãe!”, Yomi balançava intencionando-a a pegá-lo. “Eu fiz para você. Sozinha! Eu que fiz!”, sorria orgulhosa, como se tivesse feito uma coisa excepcional a qual estava simplesmente perfeita.

                A resposta a sua intenção surgira rápida e em bom som. Ao em vez de aceitar o pequeno presente da menina, Sakuya Tanaka, lhe correspondeu com um tapa em sua face esquerda. Embora tivesse sido uma reação rápida, sua intensidade fora tão alta que chegara a derrubar a pequenina no chão. As flores e folhas se espalharam sob os pés da mãe com o impacto da resposta recebida pela menina.

                Ainda surpresa pelo que a mais velha fizera Yomi apenas a fitava, ainda em choque pela situação e sem saber o que havia feito de errado. Seus olhos úmidos abaixaram em direção as plantas a qual escolhera com tanto amor e carinho para ela, mas que naquele momento estavam jogadas ao chão esquecidas completamente do seu real propósito. Ela só queria agradá-la e demonstrar o quanto gostava dela.

                Esquecendo-se do que Tanaka fizera, guiou suas pequeninas mãos em direção as flores desejavam juntá-las e refazer o buquê que tanto se orgulhara de ter feito. Entretanto, antes que as alcançasse foi impedida pelo ataque súbito de raiva da mãe.

“Não. Quero. Mais. Ver. Você. ME. DANDO. PRESENTES, OUVIU?”, gritou por fim após pisar nas flores a cada palavra falada, depositando nelas toda sua raiva. “SAYA! TIRE-A DAQUI! Eu vou sair e não quero vê-la até Yamagata-san chegar.”, gritou para a governanta enquanto saía da sala deixando a criança sozinha com seu presente destroçado.

                Engatinhou até as flores lentamente, enquanto suas lágrimas repletas de mágoa e dor se misturavam ao descer pelas faces. Sentia a bochecha esquerda arder, mas não parecia ligar, pois continuava a avançar, parando sentada em frente as plantas. Com cuidado, juntou cada pétala, folha e galho num abraço apertado e terno. Abaixou o rosto e deixou que as minúsculas gotículas de água salgada caíssem sobre as pétalas coloridas em seus braços.

“Perdoem a mamãe. Ela não fez isso por querer. Ela só está um pouco cansada e chateada porque fiz algo errado de novo. Mas vocês não tiveram culpa de nada... Eu que devo pedir desculpas, plantinhas.”, sussurrou com a voz chorosa, enquanto um sorriso tristonho lhe preenchia os lábios.

                Não conseguiu mais reprimir o choro, enterrando a cabeça entre as flores e liberando todo o seu pranto carregado de dor, decepção, medo e mágoa. Ela não entendia o porque de ser tão rejeitada pela mãe, de não ser amada e sim odiada pela mesma. Dia a dia ela pensava se havia feito algo errado, mas nada que ela pensasse a fazia lembrar de alguma vez que tivesse feito algo que a outra não gostara. Pelo contrário, sempre tentara chamar a atenção da mesma, fazendo desenhos, arranjos e tocando erroneamente seu violino infantil. Ela fazia de tudo para agradá-la, mas sempre parecia que não era o suficiente. Ela só desejava se aproximar da mãe, de sentir seus braços, seus carinhos, suas palavra de conforto. Receber um beijo de boa noite ou um abraço quente quando estivesse com medo, mas não. Nada. Ela não recebia nada daquilo. Apenas olhares feios e palavras ferinas que a cada vez ditas lhe feriam não só o coração, mas também a alma.

-x-

                O sol adentrava pelas janelas, iluminando o chão claro do quarto e assim o aquecendo um pouco mesmo mergulhado na temperatura fria originada do ar-condicionado. A figura de cabelos longos e negros se remexia na cama, procurando uma posição mais aconchegante para ficar. Não se lembrava direito, mas em sua cabeça a idéia de que era domingo e não haveria aulas permanecia em alerta, mas antes que pudesse continuar a pensar de tal forma, seu corpo se encolheu abruptamente. Seu cobertor fora roubado e tirado de sua comodidade maravilhosa. O ar quente que havia criado, se dispersava a cada segundo a fazendo tremer diante a falta de proteção.

                Yomi abriu os olhos involuntariamente, revelando seus orbes safiras nenhum pouco felizes. A sua frente uma garota de cabelos brancos e olhos escarlates a olhava sem expressar muita emoção. Ela vestia uma calça legging branca, com uma blusa larga de malha fria preta com um desenho em formato de coração estampado no meio. Estava calçada com tênis e meias brancas até a altura do tornozelo. Seus cabelos estavam arrumados em um rabo-de-cavalo alto, com fios escapando pelos lados.

“Acorde Yomi.”, chamou a outra calmamente.

“Para que, Tsubaki? Não temos aula hoje...”

“Mas temos treino.”, a garota de olhos roxos encarava as duas com uma expressão de poucos amigos.

“Bom dia Kamiki-san...”, a morena suspirou cansada.

“Na verdade, temos teste de resistência hoje, então... Acho melhor se preparar, Yomi.”, Tsubaki avisou enquanto sentava-se a cama já arrumada, esperando a outra.

“AH! É mesmo!”, gritou se levantando da cama apressada.

“Ela já tinha se esquecido.”, Kamiki olhou incrédula para a jovem que acabara de acordar.

“Ai meu Deus. Estou atrasada, muito atrasada!”

“Não, mas tem alguns minutos apenas.”, a voz da albina saíra baixa e calma.

“Tsubaki! Era para você ter me acordado mais cedo?”

“E quem lhe disse que não o fiz?”

“Agora ela virou sua babá?”, Kamiki respondeu cheia de desdém.

“Ela é minha amiga!”, ela deu língua à garota de cabelos roxos.

“Tsc. Vocês falam alto demais...”, reclamou.

“Se está incomodada, saia.”, Yomi respondeu curta e grossa.

“Esse quarto também é meu. Entro e saio quando quiser!”

“Parem já com isso.”, Tsubaki falou com um tom irritado. “Kamiki vá na frente e diga que já estamos indo. Yomi, banheiro agora.”

“Hai.”, responderam juntas e tomaram o seu rumo.

                A jovem Tsubaki soltou um suspiro carregado ao ficar sozinha no quarto, sentada sobre a própria cama. Seu olhar desviou para o lado, fitando o pequeno criado-mudo ao lado de sua cama, o qual comportava o abajur simples, um despertador antigo e um porta-retrato com a foto de todos da turma, tirada no mês anterior. Seu olhar se prendeu aquelas lembranças por um momento, perdendo-se ali por um determinado tempo e o qual só notara que era muito longo ao ver a amiga arrumada a sua frente, lhe chamando a atenção.

“Oe, Tsu-chan!”

“Hm?”, virou o rosto surpreso para ela.

“Vamos?”, ela perguntou colocando o bracelete de prata no braço direito.

“Sim.”

                Saíram do dormitório juntas, andando lado a lado durante todo o trajeto. Yomi comentava coisas sem sentido apenas para conseguir arrancar algum sorriso da albina, mas vendo que não estava tendo sucesso, cansou-se, permanecendo o trajeto restante calada. O dia estava ensolarado e quase sem nuvens, deixando o céu limpo e bonito para ser admirado. As duas pararam ao sentir uma brisa suave brincar com seus cabelos, fazendo cócegas nas faces lisas das mesmas, retirando risos divertidos da morena e um sorriso simples da albina apenas com aquele simples toque.

“OE! TSUBAKI! YOMI!”, a voz grave de Rin chamou-lhes a atenção.

                As duas se viraram em direção ao garoto de cabelos azul-petróleo, bagunçados como sempre. Seus olhos azuis brilhavam de excitação enquanto acenava para elas, num gesto que informasse o quanto queria que elas se apreçassem. Estava vestido com uma calça jeans escura e uma camisa preta de manga curta, enquanto carregava sua espada nas costas com o típico sorriso arteiro no rosto. Ao seu lado, o irmão mais novo, Okumura Yukio, encontrava-se com uma expressão gentil no rosto, enquanto ajeitava os óculos com o dedo indicador. Seus cabelos eram da mesma cor que o do irmão, embora seus olhos tivessem um tom puxado mais para o esverdeado.

                Atrás deles todos da sala já se encontravam reunidos, conversando e rindo de besteiras que elas não conseguiram escutar. Com passos apressados se juntaram aos demais. Yomi pediu desculpas ao professor, enquanto Tsubaki passara direto, indo para perto de três garotos. Shima, um rapaz ruivo, de olhos claros e estatura alta. Tinha uma personalidade divertida e um tanto pervertida. Koneko era um rapaz baixinho, careca e bastante prestativo. E por último Bon, um punk raivoso, de cabelos em duas tonalidades indo do marrom com uma mecha loira no meio e olhos castanhos, tinha uma cara de mal-encarado, mas parecia ter um bom coração.

“Prontos?”, Yukio perguntou olhando para todos com um olhar sutil.

“Haaaaaaai!”, todos menos Kamiki e Tsubaki gritaram.

                O professor seguia em frente, guiando os alunos para o local onde o teste aconteceria. As vozes se intensificavam à medida que andavam comentando sobre criaturas e técnicas que deveriam usar, brigando para saber quem seria o melhor no final do dia e principalmente quem pagaria a conta do jantar do vencedor. Rin, Bon e Yomi discutiam entre si, apostando que seriam os melhores do dia, enquanto Kamiki reclamava da postura dos três. Tsubaki andava um pouco atrás observando Yukio com um olhar irritado, na verdade incomodado pela postura do professor. Shiemi, Shima e Koneko apenas assistiam a tudo com risos nos lábios, divertindo-se com as confusões criadas pelos três.

                Não se preocuparam muito com a andada, apenas aproveitavam todo o trajeto com calma embora não deixassem de se sentir ansiosos para o início da avaliação. Enquanto Rin e Bon continuavam a discutir, Yomi aproveitou a deixa para se aproximar da amiga albina, a qual estava com uma cara um pouco fechada. Cutucou-lhe o braço, para lhe chamar a atenção e apenas gelou ao receber o olhar frio da mesma.

“Err... Tsu-chan, tudo bem?”, perguntou aflita.

“Ahh... Sim... Só ele que me estressa.”, reclamou baixinho.

                A morena não precisou perguntar de quem ela falava para saber a verdade. Desde que entrara na Academia Vera Cruz e conhecera Tsubaki sabia que a albina se irritava com o jeito calmo e pacifico do professor, mesmo após tudo que ele e Rin já haviam passado quando menores. A jovem não conseguia entender como ele conseguia seguir em frente agindo daquela maneira e justamente por não compreender, se irritava muito fácil só de vê-lo. Já Yomi era ao contrário. Ela entendia Yukio, até por que seu passado fora ruim também. Embora fosse animada e um tanto estressada certas horas, era aquela a forma que ela encontrara para enfrentar ou não os fantasmas do passado.

“Bem, esquece isso. Temos um teste para fazer e precisa estar com a cabeça vazia. Você quer se tornar uma Aria, não é?”

“Sim.”, a albina assentiu com a cabeça.

“Então enquanto você ficar recitando as palavras, vou te proteger!”, puxou-a pelo pescoço, lhe bagunçando os cabelos.

“YOOOMI!”, gritou com a face corada, tentando sair do abraço da amiga. “Não. Faça. Isso!”, rosnou para a mesma.

                A garota parou, soltando-a a mesma hora. De repente uma lembrança de quando era pequena veio a tona, arranhando em seu ponto fraco.

‘“Não. Quero. Mais. Ver. Você. ME. DANDO. PRESENTES, OUVIU?”, gritou por fim após pisar nas flores a cada palavra falada, depositando nelas toda sua raiva.’

                Tomada pela memória violenta, as lágrimas nasceram em seus olhos, deslizando sem pressa pela sua face até que caíssem ao chão. Seus olhos estavam desfocados, como se sua mente não estivesse ali naquele lugar e naquela hora. A dor, o medo e a mágoa a acertam violentamente o coração a fazendo tremer.

“Yomi.”

“Yomi?”

“YOMI!”

Só retornou quando escutou um barulho agudo. Estava de volta ao presente com um simples estalar de dedos do jovem de cabelos escuros e olhos azuis. Piscou depressa perdida, não entendo o que estava acontecendo. Sentiu uma pontada na cabeça, levando por reflexo a mão à testa a massageando e surpreendendo-se ao sentir a pele se molhar no meio do caminho. Estava chorando? Arregalou os olhos assustada. Por que estava chorando?

“Ri-Rin?”

“Hey, tá sentindo alguma coisa?”, a voz do outro estava bem camuflada, escondendo o tom de preocupação que sentia.

“Hmm... Não. Eu estou bem, só caiu um cisco no meu olho.”, bateu na mão dele de leve a afastando de seu rosto. “Bem, vamos indo.”, deu as costas para ele, pegando na mão de Tsubaki e andando em frente, com um sorriso maroto nos lábios.

                Sem que percebesse, Tsubaki e Rin trocaram olhares preocupados e um tanto receosos pela atitude diferente da morena, a qual só fora notada pelos dois e por Yukio que os enxergava de longe, a frente de todos.

                Não entenderam muito bem o que acontecera, e para não criar um clima desconfortável, preferiram seguir a diante sem tocar no assunto, afinal, a hora do teste estava chegando e seria preciso ter total e completa atenção.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam?
Em particular, já escrevi histórias melhores, mas acho que com o tempo eu consiga me adequar ao universo de Ao no Exorcist!
Riiiin lindoooo! *-*



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