Death Serenade escrita por Dio


Capítulo 1
Prólogo - A menina da promessa


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, finalmente publiquei o prólogo da história! Ele é bem mais sem-graça que os outros capítulos, afinal de contas ele só apresenta a personagem principal e os seus conflitos. O capítulo 1 e 2 provavelmente também serão usados mais para apresentar personagens. A história propriamente dita deve começar pelo capítulo 2 ou 3 (ainda não decidi), eu envio quando estiver pronta :]

Espero que gostem!!!



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Prólogo - A menina da promessa

Chuva
. Dois homens conversam na porta de uma casa, enquanto duas crianças; um menino estranho, de olhos azuis e cabelos loiros, e uma menina, de cabelos e olhos negros, discutem animadamente.
        -Estados Unidos? Que legal! Sempre tive vontade de conhecer um país de fora! Disse a menina, seus olhos brilhavam mais à cada palavra.
         -Sim... eu acho. Suspirou o menino, que parecia triste - Com certeza vai ser legal para conhecer novas pessoas, mas eu vou sentir muita falta de todos daqui...
         -Por quê? Você vai voltar né? Vai ser rápido, seu pai disse que vão ser só dois anos!
         -É, ele disse, mas acho que isso vai ser bem difícil, papai disse que o trabalho novo dele vai ser muito importante, e que eu poderia começar a ajudar ele desde já. Mamãe está brava com papai, porque ele quer que eu continue por lá depois.
         -Mas como isso? O sorriso no rosto da menina sumiu imediatamente - Seu pai não pode fazer uma coisa dessas! E seus amigos? Nunca mais vamos nos ver???
O menino parecia não saber o que dizer. Os dois ficaram em silêncio por um tempo, um olhando para o rosto do outro, e de repente, o menino sorriu.
         -Já sei, eu tenho um plano! E seu rosto se iluminou novamente
         -Qual??? A menina arregalou os olhos, esperançosa.
         -Você vai continuar aqui, certo? Então quando eu fizer dezoito anos, voltarei pra te buscar!
         -Ahn? Mas por que só com dezoito anos? A menina perguntou, parecendo mais empolgada à cada instante.
         -Eu li em um livro do meu pai! É uma espécie de idade mágica, quando as pessoas ficam livres e podem fazer o que quiserem!
         -Tudo mesmo? Até mesmo contra a vontade dos pais? Finalmente a garota sorriu.
         -Sim! Então está decidido! Não vá sair de Brasília...

         Um grito cortou a frase do menino. Eram seus pais, e já era a hora dele partir. O menino abraçou a menina e saiu correndo, acenando para ela. De repente, tudo escureceu e a menina se viu sozinha em um corredor deserto, que parecia não ter fim, repleto de sangue pelas paredes. Ela conseguia escutar pessoas gritando, mas não sabia ao certo daonde elas gritavam. A garota entrou em pânico, gritou o mais alto que pode e tudo em sua volta desapareceu, sobrando apenas uma sensação estranha, que parecia algo como um beijo, um beijo muito molhado por sinal.A menina fez força e abriu os olhos, e tudo foi clareando lentamente. A medida que o mundo foi entrando em foco, ela conseguiu ver um rosto, com dois olhos brilhantes e uma boca, com vários dentes afiados e uma língua imensa e úmida.
         -Bóris, seu filho da PUTA! Gritou a menina chamada Luíza, que, enraivecida, chutou o cachorro com toda força que seu estado atual de sono permitiu. Bóris pelo jeito não tomou o chute como uma ofensa, pois saiu andando feliz da vida para fora do quarto, sem antes deixar uma grande pilha de fezes no chão do mesmo. -AAAAAAAHHHHHH, eu te mato seu desgraçado!!!

         O relógio toca sete horas.
         -Mãe, eu to atrasada! Dá pra fazer o favor de limpar a sujeira que o Bóris fez no meu quarto?
         -Eu não, foi você que não passeou com ele ontem quando eu mandei! Agora se vira!!!
         -Ahhh, hoje eu ainda mato alguém!!! Disse a menina, levantando os braços pra cima, totalmente bagunçada e com a escova de dentes na boca, parecendo alterada.

         Bem, já está mais que na hora dessa menina se apresentar. Sim, eu sou essa "tal" menina da história e sim, embora pareça ridículo, eu também sou a garota do sonho. Seria apenas um sonho normal, se eu não tivesse ele quase todos os dias desde que o que eu vejo nele realmente aconteceu, dez anos atrás. Não se preocupem, eu nunca liguei pra essas lembranças do meu tempo de criança sériamente, então não vou fazer nenhuma besteira para cumprir essa "promessa"... Na verdade, não sei nem porque lembro dessa promessa tanto assim, já que nem ao menos lembro o nome e o rosto do menino. É só mais uma promessa impossível, idiota e clichê. Bem, vamos ao que interessa.

         Muito prazer, meu nome é Luíza Marin, só Lu para meus amigos (que já não são muitos) e "estranha" para o pessoal amigável do meu colégio. Tenho 16 anos, moro em Brasília, e falando em colégio, estudo na escola "Dón Ramon Valdez" (sim, é um nome familiar, embora ninguém consiga lembrar da onde ele vem), curso o segundo ano do ensino médio e minha vida continua a porcaria que sempre foi. Por quê? Sabe, eu nunca fui "exatamente" popular entre as outras pessoas... Talvez porque sou mais branca que um fantasma assustado, feia, estranha (pelo menos para os populares), bem baixinha em comparação às outras pessoas, e por ser bem direta, quase todas as pessoas se afastam de mim bem rápido. Não sou também nenhum exemplo de estudos, afinal nunca consegui me concentrar muito, eu juro que tento, mas simplesmente não consigo. Sou totalmente viciada em filmes de guerra e de suspense, e na maioria das vezes, prefiro passar a tarde de sábado jogando videogame do que indo para festas e outras coisas que a maioria prefere. Não tenho nenhuma característica marcante, como mostram meus olhos e cabelos pretos (que sem graça), e de acessórios, só um piercing na boca, que é chamado pelo pessoal do meu colégio carinhosamente de "Ai meu deus..." e de "Pulta que o paról". Já no campo dos amores, nunca tive muita sorte... Não consigo aguentar aqueles garotos do meu colégio, nenhum sabe como me agradar... Na verdade, nem eu mesmo sei que tipo de garoto quero, por isso, nem penso muito no assunto, prefiro deixar essa página em branco. Amigos? Bem, eu acho que só tenho dois mesmo: Raquel Fernandes e Vinícius Gonçalves. 

         A Raquel (Kel) é uma garota que se não fosse o ser humano mais preguiçoso que já vi em toda minha vida, poderia até se tornar popular. Afinal ela é alta e bonita, com aqueles olhos azuis gigantes, e com cabelos loiros lindos, que no momento estão tingidos de preto. Como eu já disse, ela é preguiçosa. Sério, esqueca o que você entendia por preguiçosa, essa definição é fraca para ela. Ela SIM é uma pessoa preguiçosa, acho que o único jeito de fazer ela levantar a cabeça dos livros no meio da aula é com o som do sinal, porque qualquer outra tentativa, mesmo vinda dos professores, não tem mais de dez segundos de efeito. Nos conhecemos desde pequenas, quando ela queria ser uma modelo e eu uma astronauta (deus, ainda bem que crescemos) e sempre que o pai dela tinha algum problema, ela sabia que podia contar comigo para ajudar. O pai dela é um alcoólatra desde que me entendo por gente (acho que a kel herdou essa mania dele). Ela geralmente fica de boca fechada, e quando fala algo, ou é muito engraçada, ou muito inconveniente (mas eu gosto disso as vezes, hehe). Resumindo, posso dizer tranquilamente que ela é uma pessoa muito importante para mim, e mesmo sendo bem diferente de mim em várias coisas, ela é uma ótima amiga!

         O Vinícius (só vinícius mesmo, não tem apelido), é o menino que nos salva. Geralmente eu e a Kel revezamos pra ver quem vai fazer os testes em dupla com ele, pois ele é um garoto muito inteligente, esforçado e organizado (à ponto de ter um quarto todo etiquetado). Ele é do tamanho da Kel, tem cabelos pretos e olhos verdes e é bem carismático. Ué, se ele é tão perfeito, por que ele é nosso amigo você pergunta? Bem, o Vinícius sempre sofreu um certo preconceito, desde que os mais populares espalharam pelo colégio que ele gosta de homens (nunca disse isso pra ele, mas eu realmente acho que ele tem um jeito meio gay). Sexualidade à parte, eu considero o Vinícius "o homem da minha vida", pois ele é o único garoto que conheci até hoje que vale a pena trocar mais que meia dúzia de palavras.

         Como você com certeza deve ter notado, minha escola não é exatamente a melhor escola do mundo. Todos nela são tão preocupados com suas próprias imagens que não vivem suas próprias vidas direito, se preocupando mais com o que os outros pensam e como eles agem, para que possam criticá-los, ao invés de respeitarem as diferenças. São poucos que não estão nessa regra, então, posso resumir todos à uma palavra: Futilidade.

         Hmm, acho que realmente sou uma idiota, disse "vamos ao que interessa" faz muito tempo e tudo que disse até agora não tem a mínima importância! O que realmente importa foi o que aconteceu no meu colégio, não importando quem sou eu ou quem são ou não meus amigos... Então sem mais enrolação, irei direto ao ponto. Bem, nosso zelador, o senhor Antônio (Tonho pro resto do colégio), foi assassinado no meio do corredor; um tiro na cabeça, dois no coração. Se me perguntassem, eu diria que foi um trabalho digno de profissional. Matar o Zelador à tiros na porta do colégio e abandonar o corpo ali mesmo sem deixar nenhuma pista de autoria não é coisa que um aluno com uma arma e revoltado com a limpeza faria. É, realmente uma tragédia. Entretanto, nada que fizesse muita diferença, afinal de contas ele já estava velho e doido de qualquer jeito, e do jeito que ele me enchia o saco, provavelmente eu já teria matado ele com minhas próprias mãos. O problema foi que, com a morte, centenas de alunos pularam fora do colégio, e centenas de alunos, que surpreendentemente conseguiam ser bem mais chatos que os anteriores, se matricularam para aproveitar o preço baixo que o colégio ofereçeu (para que todos não fossem embora). Para mim, não fazia diferença, afinal de contas só seriam mais chatos para me odiar e chamar-me de "estranha", "cruz credo" e outras coisas pelas costas (ai deles se tentassem fazer isso pela frente).

         Eu estava totalmente enganada. No segundo dia após o tal assassinato, chegou um aluno novo, aluno esse que mudou minha vida para sempre.


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