Love Me How I Am escrita por --MaryHellyp--


Capítulo 1
Capítulo 1: Malicia




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Naruto sorriu enquanto observava sakura saindo de seu carro esporte branco e impecavelmente limpo. Era algo familiar, abrir um sorriso sempre que olhava pra ela. O que significava que ele andava sorrindo bastante ultimamente, porque a via todos os dias, a cada lugar que ia.

Trabalhavam juntos . Saíam no mesmo horário de manhã e voltavam para casa no mesmo horário a cada dia, muitas vezes dividindo o carro, como naquele dia, e, em algumas, cada um utilizando o seu.

Era bom. Rotina. Algo tão previsível quanto estar casado... mas sem as correntes em torno do pescoço dele.

E sem sexo.

Mas, ora, aquilo mantinha as coisas simples e fáceis. Além do mais, ele provavelmente poderia fazer sexo com ela se quisesse. Mas não queria. Não realmente.

Não desesperadamente, ao menos.

A brisa de primavera soprava em seus cabelos, deixando-os em completo desalinho, fazendo-os bater de encontro ao rosto até que, exasperada, largou as sacolas do supermercado no chão e segurou os cabelos com ambas as mãos.

sakura era uma contradição tão grande, tão mulher de algumas maneiras, tão alheia a sua própria feminilidade em outras.

Tendo descido anteriormente pela porta do passageiro com suas próprias sacolas, naruto aproximou-se mais dela.

— Você deveria prender os cabelos num rabo-de-cavalo.

— Vá ver se estou na esquina.

Naruto soltou um riso. A reação dela a ele enquadrava-se na categoria da quase indiferença sexual. Ela o tratava como se fosse um querido irmão. Fazendo gracejos, exasperando-se com ele às vezes por algum motivo banal ou outro. E ela jamais, jamais se arrumava e se produzia toda para ele. Não lhe lançava olhares demorados, ou sugestivos, nem se insinuava de qualquer modo que fosse. Não, ela simplesmente não o queria, ignorava-o como homem. Eram apenas bons amigos, nada mais. Ainda assim, ele poderia tê-la, conquistá-la, se quisesse.

O fato puro e simples era que não queria fazer aquilo.

Segurando suas sacolas de compras, apanhou as dela, que, logo descobriu, deviam pesar uma tonelada, oferecendo:

— Venha, Rapunzel. Ajudarei você a entrar.

Ela lançou-lhe um olhar aos bíceps avantajados, como se não os visse todos os dias no trabalho. Mas não foi um olhar de admiração, apenas foi uma mera observação. Era o mesmo tipo de olhar que ela sempre lhe lançava. Corriqueiro. Desinteressado. Sem a menor conotação sexual.

Enfim, ela desviou o olhar, prevenindo-o:

— Não vá distender nenhum músculo.

Oh, claro. Sakura sabia melhor do que ninguém que ele estava em ótima forma. Era algo imprescindível e natural no tipo de trabalho de ambos.

— O que, afinal, você comprou? — Parte da rotina deles de sexta-feira era parar no supermercado a caminho de casa. Uma vez que os hábitos alimentares de ambos diferiam como a noite e o dia, separavam-se dentro do supermercado, mas tornavam a se encontrar no estacionamento. Ele comprara apenas macarrão instantâneo, frios e pão de fôrma para sanduíches e salgadinhos para durar a semana, mas a impressão era a de que Sakura havia comprado tijolos.

Enquanto ela subia o vidro da janela e trancava a porta do carro, que deixara na área de estacionamento próxima às casas, onde poucos carros se enfileiravam sob charmosas coberturas individuais, descreveu as compras:

— Batata, espigas de milho e bifes para grelhar na churrasqueira, frutas, algumas caixas de suco e mais algumas coisas que precisarei esta semana.

— Tem grandes planos para a noite? — Naruto sabia que não era o caso. Sakura quase nunca tinha um encontro. Na verdade, ele não se lembrava de já tê-la visto saindo com alguém. Aquilo o fez parar e pensar.

— Não realmente.

Bem, a resposta foi bastante vaga. Franzindo o cenho, Naruto aguardou para ver se receberia um convite para se reunir a ela para o jantar. Mas não recebeu. Sakura nunca tomava a iniciativa. Se ele lhe perguntasse a respeito, ela sorriria e lhe diria a que horas aparecer. Mas, por que, afinal, ele sempre tinha que pedir? Ela não podia ao menos uma vez fazer um convite espontaneamente? Mais uma contradição. Sempre apreciavam a companhia um do outro, mas ela nunca procurava a dele deliberadamente.

Naruto manteve-se ao lado dela enquanto atravessavam a rua deserta até o pátio da frente da casa. Seguiram, então, pelo caminho de lajotas rústicas ladeado de grama até os três degraus que levavam à porta da frente, que era logo ao lado da dele, situada apenas uns poucos metros além.

Presumindo que ele a seguiria, ela destrancou a porta da frente, abriu-a e entrou, removendo os tênis leves com os pés e atirando-os de lado no momento em que entrou. Fora do vento, Sakura soltou os cabelos compridos, e ele observou enquanto as mechas lhe cascateavam pelas costas, chegando até a cintura e balançando acima de seus quadris bem-feitos.

Naruto sacudiu a cabeça. Ela se mantinha em ótima forma, estava sempre asseada e bem-vestida, mas não dava a menor atenção a detalhes femininos como fazer as unhas e dedicar cuidados especiais aos cabelos. Não usava maquiagem, nem perfume... não que precisasse. Sempre cheirava bem, mesmo quando transpirava ao longo de um dia de trabalho. E tinha uma compleição saudável, forte.

Forte? Sim, era daquele modo que homens normais deviam pensar nas mulheres. Embaraçado e desgostoso consigo mesmo, Naruto sacudiu a cabeça diante de suas estranhas reflexões.

Perguntara a Sakura uma vez a respeito de seus cabelos tão longos e descobrira que ela apenas os lavava com xampu e secava ao natural. Nada de cremes de hidratação, secador, escova no cabeleireiro, luzes. Ele nunca conhecera uma mulher que não passava horas cuidando dos cabelos. Quando o tempo ficava úmido, os cabelos dela tomavam a forma de cachos longos e lustrosos que pareciam adoráveis.

Como a própria Sakura, a casa dela era limpa e confortável, mas não enfeitada demais. Tinha muitas plantas, pôsteres e almofadas. A mobília era prática, com uma estante embutida na sala, repleta de livros e alguns porta-retratos com fotos da família, e dois sofás amplos e escuros. Naruto seguiu-a até a cozinha igualmente funcional, levando as sacolas de compras.

— Gostaria de um café, ou alguma coisa? — Ela não esperou uma resposta, mas começou a colocar pó e água na cafeteira elétrica, provando quanto ele se tornara previsível. Naruto disse a si mesmo que deveria recusar educadamente e ir para sua própria casa, talvez surpreendendo-a um pouco. Mas não o fez.

— Uma xícara seria bem-vinda. — Naruto colocou as compras de ambos no balcão da cozinha, puxou uma cadeira e sentou-se à mesa.

Deixando a cafeteira funcionando, Sakura pôs canecas e o açucareiro na mesa e virou-se na direção da porta.

— Volto num minuto.

— Aonde vai?

— Vou me trocar. Está calor esta noite.

Ela deixou a cozinha, desaparecendo pelo corredor que levava até o quarto. Naruto conhecia a planta da casa, porque era uma unidade idêntica a sua no condomínio. Mas, enquanto seu quarto dava para a esquerda no final do corredor, a partir da porta principal, o dela ficava à direita. Naruto nunca estivera no quarto de Sakura, e ela nunca fora ao seu.

Naquele dia, ela usara calça esportiva azul-marinho e tênis com a camisa pólo unissex vermelha ;

Naruto recostou-se na cadeira, esticando as pernas debaixo da mesa. Ocorreu-lhe que conhecia Sakura havia cerca de onze meses. Não que estivesse fazendo uma contagem dos meses, nem nada, mas manter um relacionamento próximo e platônico com uma mulher além de suas cunhadas durante quase um ano tinha de ser alguma espécie de recorde especial em sua vida. Geralmente, se conhecia uma mulher por qualquer período de tempo que fosse, ou saía com ela, ou eram meros conhecidos, não amigos.

A primeira coisa que notara a respeito de Sakura... depois dos cabelos fartos e naturalmente sedosos... fora a sua determinação, sua objetividade. Ambos haviam conversado por cerca de uma hora no primeiro dia dele de trabalho, e, naquela ocasião, notara que ela possuía um planejamento de vida mais orientado e equilibrado do que o de qualquer pessoa que conhecesse. Se alguém perguntasse a Sakura onde queria estar dali a cinco anos, ela poderia dizer. Sabia onde queria trabalhar, onde queria morar. Até afirmava saber o tipo de homem com quem se casaria algum dia.

Em comparação, Naruto nem sequer sabia onde queria estar dali a uma semana. Não que pretendesse deixar seu emprego, sua casa, ou a amizade de Sakura. Mas, depois de ter terminado a faculdade e trabalhado em três empregos diferentes até ter se estabilizado no centro de esportes, ele costumava se sentir inquieto, como se estivesse de algum modo perdendo algo importante em sua vida.

Mas não Sakura. Ela estabelecia novas metas diariamente e empenhava-se para atingi-las. Talvez fosse por aquela razão que não namorava... estava ocupada demais alcançando seus objetivos. Naruto franziu o cenho, pensativo, tentando se lembrar se algum dos clientes do centro esportivo já a convidara para sair, ou algo assim.

Ninguém em específico lhe veio à mente, mas, afinal, todos, jovens e velhos, homens e mulheres, adoravam Sakura e a respeitavam como dedicada profissional. Ela ria muito... era um riso sincero, não do tipo forçado, educado. Ela também tinha belos olhos. verdes e expressivos, conseguiam ser admiravelmente diretos. Sinceros, como seu riso.

Ela possuía um corpo perfeito, evidentemente. De estatura média, tinha um porte atlético, levando em conta a natureza de seu trabalho, mas seus músculos evidenciavam-se apenas discretamente, destacando-lhe a boa forma. Tinha belas curvas nos lugares certos, para não deixar dúvida quanto a sua doce feminilidade. Os seios grandes e firmes, a cintura fina e os quadris arredondados encimando pernas longas e bem torneadas, por certo, formavam um corpo escultural que não passaria despercebido a sujeito algum.

Agora que começara a pensar no corpo de Sakura, não conseguia parar. E aquilo era estranho, porque preferia as mulheres um tanto vaidosas. Adorava observar uma mulher preocupando-se com o cabelo, mantendo as unhas impecáveis e reaplicando o batom. Era algo tão extremamente feminino.

— O café está pronto.

Como se sentisse seu olhar, Sakura olhou por sobre o ombro, apanhou-o olhando para suas pernas, e tornou a desviar o olhar. Ela não dava a menor importância ao fato de ele a estar observando, como chegara a pensar por um momento. E nem se importava caso ele não olhasse.

Céus, que mulher mais indiferente e exasperante!

Movido por algum senso de malícia que até então não existira no relacionamento de ambos, Naruto recostou-se na cadeira e abriu um sorriso sugestivo.

— Suas pernas ficam ótimas nesse short.


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