A Brave New World escrita por Maria Salles


Capítulo 24
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Então, vocês devem ter lido o capítulo 23 e pensado: O QUE? ACABA ASSIM. Pois é. SIM, acaba, mas sou muito boazinha e fiz um epílogo explicando tudo o que acontece depois. Poderia ter feito um 'Cap 24' mas o efeito dramático não seria o mesmo. Espero que gostem. ;)



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Três guardiões foram mortos na batalha em Baia. Outros três tiveram que se afastar para poderem se recuperar de suas lacerações e ossos quebrados. Todos os strigois foram mortos.

E duas famílias choravam a perda de seus filhos.

A morte de Viktoria pesava em minha mente e em meu coração. Se eu tivesse torcido o punhal... Mas Dimitri não me deixava pensar nisso. Ele diz que não foi minha culpa, mas eu sabia que estava apenas sendo gentil. Embora não tenha sido proposital, eu era sim a culpada, pois não conferi se ele estava morto ou paralisado. Deveria ter acabado com ele antes de me preocupar com Viktoria, mas baguncei tudo e isso custou a vida de uma pessoa importante para Dimitri.

Com toda essa confusão, Abe conseguiu convencer Hans a me aceitar de volta. Foram quase seis meses em Baia e ele alegava que eu havia aprendido bastante e na prática. Desconfiava que Abe, assim como minha mãe e Hans, preferiam que eu voltasse para que pudessem ficar de olho em mim, já que mesmo em outro continente eu continuava me ‘metendo em problemas’.

Eu realmente gostaria de voltar para a América. Principalmente depois do acontecido. Não suportava mais a casa dos Belikov, não suportava olhar para seus rostos tristes e desamparados e saber que era a culpada por isso. Iria me separar de Dimitri mais cedo do que gostaria, mas também não conseguia encará-lo então, sim, eu estava fugindo. Meu voo estava marcado para uma semana depois da conclusão da batalha.

Lissa havia me ligado dias depois me e contado as novidades da Corte. Ela e Christian estavam noivos e queriam se casar o mais rápido possível. Tatianna continuava viva, mas um segundo atentado havia ocorrido. Desta vez conseguiram rastrear o mandante e acabou que Tasha, tia de Christian e amiga de Dimitri, estava por trás dessa traição. Tentaram prendê-la, mas Tasha teve um surto psicótico e acabou caindo de janela da corte. Em direção há um pátio de pedra. Pelo menos essa é versão oficial, e ninguém a contesta.

Os dias que sucederam até minha viagem se arrastaram. Procurei ficar fora do caminho de todos da casa, e vira e mexe acabava encontrando-me no casarão que agora estava realmente vazio. Entrava nele e andava pelos cômodos, em busca de alguma paz. Foi lá que Pavel me encontrou num dia de manhã. O dia que eu iria embora.

- Você tem passado muito tempo por aqui. – disse ele. Eu apenas dei nos ombros. – Olena acha que você está doente. Mas nunca consegue falar com você. – Não respondi novamente e Pavel desistiu te puxar assunto. – Abe está te esperando, vamos?

Dimitri não estava em casa. Ele quase não ficava em casa, na verdade. Pensei que iria pelo menos se despedir de mim, mas talvez ele não estivesse pronto. Talvez tivesse se tocado que eu havia matado sua irmã e agora me odiasse. Não poderia culpa-lo.

- Isso não combina com você, Rose. – Pavel murmurou enquanto guardávamos minhas malas no carro – Auto piedade. Você é melhor do que isso, srta. Hathaway.

Fuzilei-o com os olhos e fechei o porta-malas com força antes de me virar para me despedir das Belikova. Elas estavam em fila em frente à casa, me esperando.

- Obrigada por me acolherem. – disse sem rodeios, querendo terminar logo isso. – Gostei muito de conhecê-las e aprendi demais aqui. E... me... desculpem por qualquer coisa.

Não iria dizer “me desculpem por ter matado Viktoria”, mas estava implícito. Ai, Deus, Pavel tinha razão. Eu estava um porre!

- Oh, Rose, venha cá! – Olena me puxou para um abraço apertado e materno. Ela era uma mulher especial.

Cada uma das mulheres Belikova me abraçou e desejou-me tudo de bom. Até Paul apareceu para me dar um beijo e dizer que sentira saudades. Quando chegou a vez de Yeva, não soube bem o que fazer, mas ela me poupou do trabalho e me puxou para um abraço até que gentil.

- Você é uma pessoa especial, Hathaway. – disse-me baixinho. – Vai descobrir isso mais cedo do que pensa.

Mais uma de suas frases sem sentido que sempre me pegava de surpresa. Sorri a ela e me afastei. Entrei no carro e acenei até que não pudesse mais vê-las.

A viagem até Moscou não foi tão cansativa. Talvez porque tenha dormido a maior parte do tempo e na outra parte estivesse perdida em pensamentos para notar o tempo passando. Sei que quando dei conta, estávamos rumando ao aeroporto.

- Rose, eu gostaria de ir com você... mas tenho negócios pra terminar de tratar por aqui. – Abe informou me segurando no carro, enquanto Pavel retirava as malas e as colocava num carrinho – Eu até de emprestaria meu jato, mas...

- Tudo bem, velhote, você já fez o suficiente por mim. Obrigada.

- Aqui está sua passagem. – ele me entregou um maço de papeis – Primeira classe, não é a mesma coisa que meu avião, mas melhor que a classe executiva.

Eu ri e guardei os papeis na bolsa.

- Muito obrigada, Abe. De verdade.

- Não por isso, Kiz.

Ele me olhou meio sem jeito, não sabendo o que fazer. Depois de tudo o que passei, o mínimo que poderia fazer por ele era agir como uma filha, então o abracei. E gostei do abraço. Era bom saber que eu tinha um pai. Abe e eu éramos muito parecidos.

- Eu te levaria até o portão de embarque...

- Abe, eu vou ficar bem. Preciso de um tempo pra pensar, mesmo.

- Não sei se vai conseguir pensar...

- O que? Por quê?

- Não, é que tem muito barulho, muita gente, difícil de concentrar.

Ele parecia estar dando desculpas, mas relevei.

- Mais uma vez, obrigada. – abri a porta do carro e sai. – Não se esqueça de enviar as minhas... coisas.

Como não iria usar um avião particular dessa vez, não poderia embarcar portando minha estaca. Abe me prometera que quando chegasse à América, ela já estaria esperando por mim. Eu acreditava nele.

- Até breve, Kiz.

Pavel empurrou meu carrinho até o saguão e se despediu de mim com um sorriso e aceno de cabeça.

- Até, Hathaway. E boa sorte.

A pior parte era esperar. Depois que passei pelo raio-X e pesei as malas, permaneci na área de alimentação por mais de duas horas até que decidi esperar o tempo restante próxima do meu portão de embarque.

Enquanto não embarcava, procurei ocupar minha mente com todo o tipo de futilidade e superficialidade possível. Passei pelas lojas da alfândega e comprei um perfume para Liss e um livro de culinária exótica para Christian. Encontrei algo para Adrian numa loja excêntrica de esoterismo, uns cravos de cheiro engraçado – que eu esperava que não fizessem mal – e comprei um livro sobre lobos para mim, assim na próxima hora de espera não ficasse totalmente entediada.

Finalmente, quando estava quase me atirando pela janela, ouço o chamado para meu voo. E embora tenha me mantido ocupada por quatro horas, seu nome era constantemente murmuro em minha mente, como um lembrete da dor.

Dimitri.

Eu o perdi no instante que não girei o punhal no coração do strigoi. Eu o perdi assim que Viktoria morreu.

Iria deixar Russia e não olharia para trás. Eu o amei, e provavelmente continuaria a amá-lo por toda a minha vida. Dimitri me fez crescer e amadurecer de diversas maneiras, e seria sempre grata. E nunca o esqueceria. Eu o tornaria apenas numa lembrança. Era o certo. Era a forma que eu não sentiria tanta dor e culpa.

Por isso, quando ouvi sua voz sabia que era fruto da imaginação. Que era meu lado emocional me dizendo para não ir.

Quando ele gritou meu nome, meu coração não se acelerou, pois sabia que eram lembranças.

Quando senti seu perfume, era uma armadilha do meu cérebro.

Mas seus dedos em meu braço não poderiam ser imaginação. A pressão de sua mão em minha pele não era uma lembrança. Seu rosto alarmado, seus olhos que pareciam poças de chocolate, me olhando com um misto de emoções... não poderia ser uma armadilha do meu cérebro.

- Rose...  Roza. – Sua respiração pesava e pude sentir seu hálito morno contra a minha pele, fazendo-me arrepiar. – Você não ia embora sem mim, ia?

Franzi a testa em confusão. Ele estivera sumido por uma semana, mal parando em casa ou falando com qualquer um, principalmente comigo.

- Eu não... Você sumiu esses dias e... O que você quer dizer ir embora sem você?

Ele sorriu misterioso.

- Eu estive sumido nessa última semana, sim. Estive com Abe. Ele me ajudou e conversamos bastante.

- Ajudou com o que, camarada?

- Irei para a América com você.

O tempo parou. Eu deveria sorrir, mas por que não conseguia? Por que minha garganta se fechou por medo?

- Rose, o que aconteceu em Baia... foi uma calamidade. Uma tragédia. Mas não te culpo pelo o que aconteceu à Vitkoria. Admito que fiquei confuso com meus sentimentos no início, era tristeza e raiva e outras coisas que não compreendia. Eu me culpava, por não ter sido capaz de proteger minha irmãzinha. Então percebi que nada disso faz sentido. Que estava triste pela sua morte, mas que não deveria me culpar muito menos a você. E quando Abe me disse que você voltaria para a América, a ideia de perdê-la se tornou insuportável. Seu pai entrou em contado com algumas pessoas e consegui minha transferência para a América.

- Eu achei que você me odiasse. E que queria me ver longe.

- Não, Roza. – ele sorriu e puxou uma mexa de cabelo para trás da minha orelha, deixando a mão encaixada em meu rosto – Eu te amo mais que qualquer coisa. Aonde você for eu irei atrás. Eu pertenço a você.

A essa altura, meus lábios tremiam e meus olhos encheram-se de lágrimas. O sorriso que eu tanto queria apareceu e me joguei em seus braços, não me importando com o público.

- Eu também te amo, Dimitri. Você pertence a mim assim como eu a você.

E bem ali, diante de todos que embarcavam no mesmo voo que nós, os funcionários e passantes, Dimitri me beijou. E eu me senti completa.

- Não quero me esconder, Rose. Se nós vamos fazer isso, quero que todos saibam.

Sorri em resposta, porque não havia nada que pudesse dizer. Dimitri jogou minha bolsa por cima do ombro e com a mão livre segurou a minha com firmeza.

- O que você fará na América? Será guardião? – indaguei enquanto embarcávamos.

- Ah, sim. Abe foi incrível, sabe... Serei guardião do Ozera.

- Do Christian Ozera? Noivo da Lissa? – Dimitri assentiu e eu ri. – Ah, isso será muito interessante.

Entramos no avião e nos sentamos nas poltronas destinadas a nós. Dimitri segurou meu rosto suavemente e puxou-o para si.

- Muito interessante. – ele riu. – Você que faz minha vida assim, Roza.

Então me beijou novamente.


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Notas finais do capítulo

Dramático o suficiente? haha
Agora sim, FINITE!
Mais para frente irei fazer uma postagem com o final alternativo do epílogo e juntamente, se eu me lembrar as duas cenas que havia pensado e agora esqueci porque NÃO ANOTEI #mata eu posto duas cenas deletadas. :D
Até a próxima, gente! Continuem lendo Love&Blood! Tem mais fics por vir. ;)