Tinha descoberto recentemente que devido á morte dos meus pais, a herança tinha ficado para mim, então quando tivesse 16 anos, iria embora, pra bem longe, ia comprar uma casa simples, iria trabalhar e estudar e assim continuar minha vida, me culpando eternamente pela morte dos meus pais....

FLASHBACK OFF

P.O.V Julieta

Eu já sentia lágrimas escorrendo pelos meus olhos... eu nunca iria imaginar que um garoto de apenas 9 anos tinha passado por aquilo tudo. Realmente me emocionei muito...

-Nossa,  eu...sinto muito mesmo... na verdade eu nem sei o que dizer... – disso ainda com as lágrimas em meus olhos, e não era a única, a cada palavra que ele dizia ele chorava mais e eu também

Nessa hora, por impulso, levantei de onde estava sentada e fui até ele, me agachei ao seu lado e o abracei... e ele novamente retribuiu chorando mais ainda...

Depois de longos minutos perguntei

-Mas não entendo por que a casa ainda está aqui.. quer dizer... assim... – disse apontando para os destroços – não era para ela não estar mais aqui?

- Era..... mas ninguém ia querer comprar um casa aqui, principalmente num lugar tão afastado... – ele disse e depois continuou – olha, espero que você não conte nada do que eu contei pra ninguém viu, porque se você contar alguma coisa...

-HEY, eu não vou contar pra ninguém, pensei que confiasse em mim...

-Acho que confio...

-Obrigada!Mas... uma coisa você não me disse, é que quando nos esbarramos e você derrubou suco em mim, você disse que tinha se mudado por causa dos seus pais e você também disse sobre a sua mãe no hospital e..

Então ele me interrompeu e disse:

-Sim, eu disse aquilo, mas agora você sabe que não é verdade, eu menti na verdade, é que eu não queria que ninguém soubesse e a parte da minha mãe no hospital.. também é mentira e...

Agora foi minha vez de o interromper 

-Hey, tudo bem, fica calmo porque ninguém vi saber ok. - disse sorrindo e mudando de assunto - Olha, você não quer sair daqui, tomar um suco, comer alguma coisa e. AHH antes que eu me esqueça... – peguei o colar e dei pra ele – isso pertence a você.

-Brigada mesmo, e sim eu quero comer alguma coisa, ou tomar um suco – ele disse pegando o colar, pondo em seu pescoço, enxugando as últimas lagrimas e levantando-se.

O que mais me impressionou no momento em que ele levantou, foi o fato dele passar por mim e pegar minha mão, me puxando pra ele e indo em direção a porta. Afinal porque ele pegou em minha mão....estranho..mas mesmo assim, foi uma sensação muito boa, me passou confiança, senti um arrepio, uma coisa boa que pela primeira vez eu senti.

Saímos de casa, entramos no carro e fomos procurar uma lanchonete ou alguma coisa do gênero por perto. Quando encontramos descemos do carro entramos em uma espécie de bar, bem bonitinho por sinal, e sentamos em uma mesa, fizemos nossos pedidos e ficamos esperando.

Nenhum do dois ousava falar nada, mas então o silêncio foi quebrado por ele:

-Agora que você já sabe da minha história, eu gostaria de saber da sua.

-Bom, não tem muito o que contar, basicamente eu moro aqui desde sempre, tenho uma irmã mais velha, meu pai e minha mãe, e tenho alguns amigos e....só

-Pelo menos você tem alguém, tem uma família e amigos né..

Ouvir aquilo me deixou muito triste, eu sempre tive tudo o que eu quisesse e agora estava na frente de uma pessoa que não tinha esse amor que eu recebia da minha família e dos meus amigos.

-Olha.. se você quiser, eu posso te apresentar aos meus amigos, ou pra outras pessoas e....

- NÃO, as pessoas me acham estranho, ninguém gostaria te ter minha companhia por perto, não mesmo...

-EI, eu to aqui com você, e eu adoraria ser sua amiga – dei meu melhor sorriso tipo “sou fofa e te acho lindo, quer ser meu amigo”

-Acho que você não gostaria de ser vista comigo

-E por que não?

-Sei lá, acho que talvez você não vai gostar do jeito que eu sou, ou da parte que eu me corto... sei lá.

-Não tenho nada contra isso, quer dizer, seria bom você parar com esse lance de se cortar e pá, mas vamos fazer o seguinte: amanhã eu vou com você para a escola ok?

-Sei lá...

-Vamos vaaaaai por favoooor!!!! *-------*

-Por que você sempre faz isso?

-Isso o que?

-Me implora por alguma coisa

-Ah.. sei la – risos- é só que eu queria saber mais sobre você, você tem algo especial...

- Ta vamo para por aqui.

-Mas você vai comigo para a escola? – perguntei

-Ta,desde que você não me peça mais nada...

-SIM! OK!

Terminamos de comer,pagamos (quer dizer ele pago, ele disse que ia se sentir melhor assim, homem e seus atos machistas...) e fomos embora. Chegando em casa me deparo com minha mãe:

-Onde você estava mocinha, não sabe como eu fiquei preocupada com você? Tentei ligar várias vezes para o seu celular e nada!! Então me diz, onde você estava? – nossa, ela tava bem braba

Chequei meu celular e vi que ele estava no silencioso, droga.

-Desculpa mãe, eu sai com.... a .... GABI!

-Não saiu com a Gabi coisa nenhuma, porque ela mesma me ligo várias vezes hoje querendo falar com você - ela disse – O que está acontecendo com você, anda meio estranha esses dias - agora ela estava mais calma, com uma expressão mais maternal

-Não houve nada mãe, eu só sai com um amigo...

-Que amigo?

-Um que eu conheci na escola...

-Então porque não me contou?

E agora? Como eu vou contar pra ela? Não posso dizer pra ela: AHH.. fui com um amigo meu pra um lugar longe daqui e ele me mostrou a casa onde ele estava no dia que os pais dele morreram num incêndio. Afinal, eu tinha prometido que não contaria nada pra ninguém, e mesmo sendo minha mãe, não teria coragem de quebrar minha promessa.

-Ah... fui na casa dele, pra terminar um trabalho de literatura! – nossa, incrível minha capacidade de inventar uma desculpa na hora...

-Ta... agora vem aqui e me dá um abraço! – ela pediu

Fui até minha mãe e dei um super abraço nela, e pedi desculpas pelo ocorrido e ela disse que estava tudo bem, contando que eu não fizesse mais aquilo. Ela disse pra que eu subisse e fosse dormi e assim fiz. Subi, tomei banho, escovei os dentes e dormi pensando na história que o Justin me contará mais cedo...