Estávamos sentados, eu em uma poltrona e Justin em um sofá, assistindo TV... quer dizer, ele assistia e eu só olhava para a TV, meus pensamentos estavam em outra dimensão...

-Hey!

-Ã.. a ta...é você... o que foi?

-Nada.. é que você não piscava e olhava para um ponto só... deu até medo.. – Justin disse rindo

Ri fraco e disse

-Bom... será que a chuva já passou

Assim que acabei de falar olhamos para o céu e vimos que estava bem escuro, sinal de que a noite tinha chegado depois ouvimos uma trovoada e em seguida acaba a luz

-AAAH NÃO!!! POR QUE A LUZ TINHA QUE ACABAR AGORA ??? – digo

-Pois é... espera ai que eu vou pegar uma lanterna e.. OUCTH! –

- O QUE FOI? - Eu pergunto

-Bati minha canela nessa mesa estúpida

Ri fraco e disse

-Ta ta... vai logo pegar essa lanterna... não gosto de ficar no escuro

-OK

Ele foi pegar a lanterna e depois voltou a sala com ela já ligada.

-Bem melhor... – eu digo – não acha bom acendemos umas velas... no caso de a pilha da lanterna acabar?

-Boa ideia... quer ir comigo lá na cozinha ?

-OBVIO! Não quero ficar aqui sozinha nessa escuridão

Ele riu fraco e fomos até a cozinha

Chegando lá e acendemos algumas velas. Depois voltamos para a sala, espalhamos algumas velas e nos sentamos no sofá. 

-E agora? – pergunto

-Não sei.... sem eletricidade não da pra fazer quase nada... – ele disse lamentando –se

-Ahh.. qual é... a muito tempo atrás as pessoas não tinham eletricidade e se viravam...

-Ta.. então... tem alguma ideia...

-Não... e você?

-Jogo da verdade?

-Ã? Que isso? –pergunto

-Ah.. esqueci que você perdeu a memória.... é... bom.. o nome já diz tudo... eu te pergunto alguma coisa e você tem que me responder, mas tem que dizer a verdade e somente a verdade 

-Acho que vou me arrepender de jogar mas.... ok, pode ser 

-Ta. Quer começar?

-Não, pode começar você – digo

-OK.... bom..... por que você não queria falar comigo? Digo, por que aquela sua reação quando me viu?

-É...  eu tive um sonho, no qual você estava... e você tinha um olhar meio...  sombrio... me deu medo... e quando eu te vi, automaticamente me lembrei do sonho.. e sei la... eu.. fiquei com medo

-Hum... ta... bom, sua vez

-OK.. por que você insiste tanto em falar comigo?

-Quer mesmo saber?

-Quero.

Ele respirou fundo... parecia estar com medo de falar..

-Bom...a culpa disso tudo é minha?

-Culpa de que?

-Disso tudo... você no hospital... da sua perda de memória... até da morte dos seus pais, indiretamente

Meus olhos se encheram de lágrimas

- O QUÊ? COMO? POR QUE? ME CONTA AGORA OQ EU VOCÊ FEZ

-Pera.. eu – ele disse já chorando – desculpa, eu... quer dizer, você tava no meu carro e você disse que ia sair, porque a gente tinha brigado, e eu deixei, então aqueles caras bateram em você... e o resto você sabe...olha me desculpa mesmo... se eu pudesse voltar ao tempo eu te impediria de sair daquele carro

-V-v-ocê  é... um monstro! VOCÊ ACABOU COM A MINHA VIDA! – disse gritando e chorando indo em direção a porta

-CALMA! ESPERA – ele disse indo em direção a porá também me impedindo de passar – por favor, a gente pode conversar.. eu sei o que você ta sentindo, calma.. por favor eu te imploro..

-VOCÊ NÃO SABE O QUE EU TO PASSANDO TA?! PERDA DE MEMÓRIA.. SEM PAIS, IRMÃ.... É HORRIVEL SABIA – disse já com meu rosto banhado por minhas lágrimas

-EU SEI O QUE VOCÊ TA PASSANDO TÁ! – ele disse também gritando

Sem mais delongas empurro ele , saio de sua casa e vou andando pra casa na chuva mesmo.

-TA MALUCA... VOCÊ VAI FICAR GRIPADA – ele disse gritando devido ao barulho forte da chuva

-MELHOR FICAR GRIPADA DO QUE FICAR AO SEU LADO – disse gritando também

Então ele chega mais perto de mim, puxa meu braço me fazendo parar de andar e me vira pra ele, fazendo com que nossos corpos ficassem juntos..

-O que você quer? – disse chorando novamente – Já não acabou com a minha vida o bastante

-Eu já disse que se eu pudesse eu voltava no tempo e isso não estaria acontecendo... – ele disse mais próximo ainda

-Olha só eu quero que saiba qu.. – mas fui impedida de continuara falar, pois quando vi Justin já tinha grudado nossos lábios iniciando um beijo...

“  Levanto minha cabeça e meus olhos se cruzam com aqueles olhos castanhos, ficamos nos encarando por um tempo e depois percebi que ele estava se aproximando mais e mais, a chuva começava a cair, e parecia que os dois estavam em transe, ele pôs a mão na minha cintura ainda me olhando quando sinto os lábios dele encostando nos meus, e depois sinto que o mundo tinha parado, já não sentia mais minhas pernas, e meu estômago parecia estar cheio de borboletas. Então entrelaço meus braços em seu pescoço e nos aproximamos mais ainda e a chuva continuava caindo, só que dessa vez mais forte. Senti o beijo ser aprofundado e agora parecia que só havia eu e ele no mundo,eu nunca tinha sentido isso antes: prazer, felicidade, segurança nos braços dele... parecia coisa de filme.

Quando nos afastamos, pude ver um sorriso no canto da sua boca. Já eu parecia que ia rasgar meu rosto de tanto sorrir.  “

Mais uma vez... uma lembrança em minha mente....dessa vez de um beijo entre mim e Justin em uma praça... aquela mesma que Derek tinha me levado mais cedo. Eu sabia que conhecia aquela praça de algum lugar...

Depois de partir o beijo, Justin disse

-Senti fala dos seus beijos.

Já eu não sabia o que dizer, afinal tinha perdido a memória e... MAS QUE PAPO É ESSE DE SENTIR FALTA DOS MEUS BEIJOS?

-Como assim sentiu falta dos meus beijos? – digo me afastando um pouco dele

-Era sobre isso que eu queria te falar – ele disse e chegou mais perto pondo a mão em meu rosto – Ju... nós nos amávamos, éramos o casal de namorados mais felizes desse mundo. Era isso que eu queria te dizer, que nós éramos namorados, mas você nunca me dava a chance de falar..

-Namorados? – digo atordoada

-Sim... – ele disse de cabeça baixa – mas acho que depois do que soube... acho que não vai querer olhar mais na minha cara – disse se afastando um pouco

A chuva ainda caia, nós dois estávamos ensopados, eu não sabia o que fazer.. por um lado eu não queria mais olhar na cara dele... mas por outro.... queria ele ao meu lado... me senti segura nos braços dele... senti tudo aquilo.. coração disparado, borboletas no estômago, mãos suando... tudo isso quando senti seus lábios aos meus

-Justin... eu ... eu preciso pensar... – e então me virei indo em direção a minha casa.

No dia seguinte perguntei para minha avó onde meus pais tinham sido enterrados, aqui ou na Espanha e ela disse que foi aqui, então pedi a ela que me levasse no cemitério... queria ver pelo menos o túmulo de meus pais e minha irmã.

Chegando lá... minha avó me deixa um pouco sozinha enquanto eu choro... choro por não ter passado os últimos dias de vida deles com eles, choro por ter essa merda de perda de memória... choro por tudo....

Deixo uma flor em cada túmulo e saio de lá aos prantos e sou recebida por minha avó de braços abertos, que por sinal também estava chorando. Abracei ela e disse que queria ir pra casa e ala assentiu.

P.O.V Justin

Justin... eu ... eu preciso pensar....

Essas foram as últimas palavras antes dela ir embora...e ver ela indo pela 2ª vez foi pior ainda.... eu não sabia o que fazer

Faziam 6 semanas que eu não via Julieta. Eu não tinha idéia se ela ainda estava aqui, ou se tinha viajado...

No dia seguinte vi ela na sorveteria, fiquei feliz em saber que ela não tinha sumido , digo, ido pra outra cidade, ou país, mas parecia que ela estava me evitando, por que quando tentei chegar perto ela foi embora.

Todos os dias eu ia na rua da casa dela e a via sair de casa...queria tanto ela ao meu lado...

Mas foi em um dia nublado que minha campainha toca e vejo que quem estava lá era....

-JULIETA?

-Oi.... eu... posso falar com você? 

Dei espaço para ela passar, mas ela ficou parada..

-Ã.. você não vai entrar?

-Não quero conversar com você aqui... quero te levar em um lugar

Assenti e a segui. Entramos no carro e ela me pediu para usar uma venda. Não entendi aonde ela queria chegar com isso, mas mesmo assim pus a venda e ela arrancou com o carro

Acho que já fazia uma meia hora em que eu estava naquele carro sem saber para onde ia

-Pronto...chegamos, pode tirar a venda

Quando tirei a venda não pude acreditar no que via....

Descemos do carro e eu disse

-Como... quando... por que?... Eu não entendo.... como você pode lembrar disso?

-Acho que.... as memórias não se apagam eternamente né...

Foi só então que eu saquei tudo

-PERA? Você ta dizendo que... que...

-Sim Justin... eu recuperei a memória...nom, boa parte dela – ela disse e riu fraco

Na hora um sorriso brotou em meu rosto e fui até ela para abraçá-la, mas ela se afastou

-Eu recuperei boa parte da memória... isso quer dizer que eu consigo me lembrar do que aconteceu NAQUELA noite...

Uma lágrima escapou de seus olhos, e então por impulso a abracei. Ela no início recuou, mas depois cedeu e me abraçou...

-Eu senti tanto a falta desse seu abraço... – ela disse em meio de lágrimas

-E eu mais ainda de você

Depois de longos minutos nos soltamos do abraço e eu limpei seu rosto coberto de lágrimas com meus dedos...

-Bom... será que você pode me dizer por que estamos aqui?

-Porque você disse que esse lugar era especial, foi aqui que você disse que me amava...

Sim nós estávamos no meu “lugar secreto”

-Mas, eu ainda não entendi porque estamos aqui..

Foi então que Julieta se aproximou de mim e .....