Nunca é tarde Demais... escrita por Shayera


Capítulo 1
One




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[(Narração em 3ª pessoa)]
Spencer Shay tinha acabado de chegar de um de seus encontros a jato. Ele vinha fazendo isso muito ultimamente. Girou a chave devagar na fechadura e abriu a porta do mesmo jeito. E lá estava o casal, sentados no sofá, com as luzes apagadas, uma música lenta ao fundo. Spencer sorriu pelo clima romântico. Achava Freddie um cara de sorte por ter encontrado sua irmã. O Shay mais velho se achava um lobo solitário. Ele já tinha tido encontros frustrados com várias mulheres. Cada uma diferente das outras, mas nenhuma delas era a certa. Ele ficou mais uns minutos observando o casalzinho e resolveu ir tomar um banho e dormir. Ele não gostaria que sua irmãzinha o ficasse espiando enquanto ele trocava amassos no sofá com suas namoradas, então... 
Sentado no sofá da casa dos Shay com Carly em seu colo. Assim era a atual situação de Freddie. Ele sempre quisera uma chance com ela e agora era ela sua nova namorada. Ele tentou interromper o beijo e afastá-la de cima dele, mas ela mantinha sua mão agarrada fortemente ao ombro dele. Tinha pouco tempo que Freddie finalmente tinha enxergado a verdade. Pequenos detalhes o fizeram notar que Carly, sua atual namorada, era só um capricho para ele. Freddie já não sentia há muito tempo aquela sensação de coração acelerado quando ela estava por perto, não sentia aquela vontade enorme de agradá-la em tudo, nem a animação nos beijos que trocava com ela. Ele já não sentia nem ao menos vontade de beijá-la.  Ela era sua amiga. Apenas sua amiga. Ele já tinha chegado ao ponto de se sentir mal de andar de mãos dadas com ela enquanto andava pelas ruas. 
Freddie pensava em um jeito de sair do aperto da sua não tão mais doce morena. Ele tinha terminado seu jantar e corrido pro apartamento da amiga determinado. O moreno havia passado o jantar todo pensando num jeito de acabar tudo com Carly sem magoá-la. Ele tinha coisas demais em mente, coisas que aquele compromisso que ele tinha com Carly empatava totalmente. Ele não via sentido em manter aquela fantasia toda de casal feliz se não havia, nem nunca houve, amor nenhum entre eles. Aquilo tudo estava acabando com ele, com o iCarly e com a amizade deles com Sam.
A cada dia Freddie via Sam mais afastada dos dois. E sempre que os olhos dos dois se encontravam ele via a mesma coisa que ele viu naquele dia do Baile da garota que escolhe quando ela o viu dançando com Carly. Sam jamais saberia que ele tinha visto ela naquele dia com seus olhos azuis brilhando mais que o normal. Pareciam estar cheios de lágrimas. Sua expressão era em todo tempo vazia demais para ele. Flashes se passavam na cabeça dele enquanto beijava a namorada a maioria eram imagens de momentos dos três juntos, o que o fazia lembrar de como ele se divertia ao lado das duas juntas, mas depois essas imagens foram substituídas por outras imagens, só dele e da loira. Como quando ela dormiu em seu ombro, agora eu podia jurar que voltara a sentir o cheiro de lavanda que vinha dos cabelos dela, quando ela estava prestes a cair do andaime de lavar vidraças, ou quando eles se beijaram...
Sem querer a mente dele se desgrudou do momento e foi parar no fundo das suas memórias. Estranho pra ele foi ver que Sam estava em todas elas. Sozinha. Ele via pequenos detalhes só dela que ele vinha reparando e colecionando durante um tempo. Coisas que não fariam diferença alguma para ela, ou jamais seriam percebidas por outras pessoas. Ele tinha gravado as marcas de expressão que ela tinha quando sorria, ou como os olhos dela brilhavam quando falavam de comida, o jeito que ela dava de ombros quando não estava nem aí, ou como ela mordia os lábios quando estava confusa e pensativa. Ninguém sabia, mas ele observava tudo nela. Na verdade Freddie era um bom observador, ele gostava de ficar em silêncio apenas reparando as coisas.  Ele divagou até as lembranças do dia de seu primeiro beijo. Em sua mente apareceu a imagem dos lábios carnudos e avermelhados de sua amiga... Freddie podia sentir a presença dela ali ao invés de Carly, mas ele simplesmente se esqueceu de que era sua namorada que estava sentada em seu colo distribuindo beijos em seus lábios e correspondeu finalmente aos beijos da morena com tanta animação e intensidade como se ele quisesse dizer tantas coisas apenas com aquele beijo. Ele a afastou e, sorrindo feito o bobo apaixonado de antes, abriu seus olhos lentamente. Seu sorriso sumiu assim que ele se deparou com a realidade em que se encontrava. Terminar. Ele a segurou pela cintura e a ergueu de cima de si colocando-a sentada ao seu lado.
— Carly eu... — ele começou cheio de dedos. — Último beijo... — ele murmurou se levantando do sofá e indo em direção da porta.

— O que? — a morena perguntou confusa. —Não, volta aqui. — se levantou e agarrou o pulso dele. —O que você quis dizer com isso? — indagou.

Ela não entendia nada do que vinha acontecendo com eles. Tudo era sempre tão bizarro desde o começo. Primeiro foi estranho ela acreditar que estava namorando novamente seu melhor amigo. Cerca de um mês depois foi estranho ter que contar para Sam sobre seu namoro. Foi estranho como Spencer reagiu inicialmente e era estranho o como a mãe de Freddie começou a detestá-la de uma hora para a outra . E, depois de tudo isso, agora quem estava estranho era seu namorado. Ele não parecia animado quando estava com ela, sempre desmarcava as saídas, Carly chegou a pensar que ele parecia estar a evitando. Por diversas vezes ela tentou afastar o pensamento de que aquilo tudo era coisa da cabeça dela somente, mas a cada dia ele parecia dar mais sinais de insatisfação ao lado dela. E por mais estranho que parecesse aquilo incomodava ela. 
— Acho que isso acabou... — ele murmurou para o chão sem ter coragem de encará-la. Ela franziu o cenho sentindo uma ponta de raiva surgindo de algum lugar.

— Você chama nosso amor de ‘isso’? —indagou fungando. — Não... era... amor. Não vale mais a pena. — respondeu pausadamente.— Eu não valho nada pra você... é isso? Nós não valemos nada, é?

— Não tem mais ‘nós’ há muito tempo... Você sabe, desde que você resolveu que queria trocar uns beijos comigo só porque eu salvei sua vida. —ela bufou e lhe deu um tapa. Freddie não esperava causar essa reação nela.

— Pra mim tinha seu idiota! —  Ela gritou. —Wendy tinha razão, ela tinha razão. Eu sou só um troféu pra você. Só queria que eu fosse sua namorada pra você não ficar com fama de fracassado no meio daquele monte de nerd do clube AC, mas não eu tinha que ouvir a Sam me dizendo que você me amava de verdade ainda.

— Primeiro, é AV. Clube AV. Eu nunca te vi como um troféu. Eu realmente te amava até você acabar tudo com sua piedade de merda! — disse insatisfeito. Sem perceber a mão de Carly escorregou novamente para o rosto do namorado. — Me bater não vai mudar o fato de que eu acordei pra realidade. —— Que realidade? — perguntou sarcástica. A cada segundo que se passava ele desejava mais e mais poder sair da frente dela porque ele sabia que a cada segundo a raiva e a frustração dela aumentava. Ele não queria que fosse desse jeito, mas o que tem que acontecer acontece sem você ao menos poder impedir.

 — A verdade? — perguntou e ela assentiu. — Eu não queria te magoar eu só queria me ver livre. Não de você, dessa culpa e dessa obrigação de fingir estar super contente sem nem estar conformado. Eu só descobri que não dava mais pra fingir que estava tudo bem quando não está. Não dá pra fingir amar alguém... eu não consigo. Eu realmente te amo, mas te amo como uma irmã. Crescemos juntos nesse lugar. Eu me sinto como se estivesse cometendo incesto quando te beijo. E eu acho que estou... — ele parou de falar e observou a expressão dela.

— Apaixonado por outra. — ela completou a frase dele. — Quem você vai fingir amar, magoar, partir o coração e depois abandonar dessa vez? — ela perguntou sua voz destilava veneno e sarcasmo. — Não me responda. Só tenho pena da pobre idiota

Ele não agüentou ficar mais tempo ali sob o olhar acusador de desprezo de  Carly. Murmurou um pedido de desculpas bem baixinho e saiu porta à fora a deixando sozinha e a mercê da vontade de chorar. Freddie deixou o Bushwell Plaza e caminhou sem destino certo. Ele queria colocar todos os pensamentos em dia. O que Carly falou estava certo? Ele tinha se apaixonado novamente? Ele ponderou todas as possibilidades de estar enganado ou estar confundindo as coisas, mas todas as suas duvidas foram embora quando ele percebeu estar na porta da casa de Sam. Ele hesitou por minutos a fio a bater em sua porta, mas depois de três respirações seguidas ele perdeu o receio e bateu. Ela simplesmente gritou um ‘Já vou.’ como resposta. Caminhou até a porta de entrada se perguntando quem seria o maluco que bateria na porta da casa dela justo na hora que ela já estava indo dormir. Abriu a porta rápido e já entrando na defensiva...
— Ah, é você... — disse. Por mais que ela parecesse desanimada com sua frase e entonação ela sentiu algo que chegada perto do alívio, tanto que saiu da defensiva assim que o viu. Ele a olhou de cima a baixo era quase impossível não reparar no que ela estava vestindo. Se vestindo aquilo ela queria fazer um teste de pureza nele, ele tinha  certeza de que não havia passado. — Está tarde... Eu já estava indo dormir. — 
Ele deu mais uma olhada nela sorriu e disse: — Eu reparei... — apontou para Sam. Ela desceu os olhos para si mesma. —Tá de camisola. — finalizou fazendo-a corar. — Vamos ficar aqui na porta a noite toda ou você vai ser educada e me convidar pra entrar? — perguntou. — Desculpa, entra, tá muito frio aí fora. — Ela se afastou um pouco o dando passagem.

— O que você veio fazer aqui? — perguntou curiosa.

— Eu estava aqui perto e decidi... — ele começou, mas ela o interrompeu: — Essa desculpa é só pra filmes de princesas. Eu não sou uma princesa e você está longe de ser algo parecido com um príncipe, me diz a verdade. — ela disse, estava tão estranhamente calma para ele.

— Eu briguei com a Carly. Na verdade eu terminei com ela. — ele desabafou. A loira o encarou com uma expressão incrédula. —Estava andando por aí pra esquecer as palavras más que ela disse pra mim... e eu estava aqui perto e resolvi ficar por aqui.

— O que aconteceu? — Ela indagou. — Quer uma xícara de chocolate quente? — ofereceu uma xícara fumegando da bebida, ele negou. — Então, o que a Carly fez?

— Ela só estava sendo muito... Carly. — ele respondeu. Tantas coisas passavam na cabeça de Sam há essas horas... ela podia estar fantasiando quando o viu encarar ela com um certo interesse no olhar? Mas era verdade, ele observava cuidadosamente cada movimento que ela fazia. 

— Explica? — ela insistiu que ele continuasse a falar. Ele percebeu que ela estava tentando agir como uma verdadeira amiga, e ela podia até ser compreensiva com ele se ele falasse o que estava pensando e sentindo. — Não é ela... é errado, eu fui enganado esse tempo todo. Entende? — Freddie tentou fazer com que ela falasse algo, mas ela só balançou a cabeça fazendo um sinal de negação. — Ok, eu não estou mais apaixonado por ela há um bom tempo. Eu percebi que não vale mais a pena ir contra a vontade da minha mãe, enfrentar ela é a pior coisa que eu já escolhi. Sam, por causa da Carly eu abri mão de muita coisa. Eu abri mão dos meus colegas do clube AV, de uma relação pacífica com a minha mãe, da amizade que eu tinha com você... — deixou a frase suspensa. Ela só escutava e assentia. Estava tentando assimilar as palavras dele e os motivos da briga, o motivo dele estar contando aquilo tudo pra ela. E o motivo dela ser tão importante pra ele a ponto dela ser um dos motivos que o separaram de sua melhor amiga. Uma razão... — E eu não sabia o que é estar apaixonado há muito tempo. Eu já tinha esquecido de como é bom andar por aí cantarolando e pensando em uma única pessoa o tempo todo... — riu com seu próprio comentário. — Diga algo.

—  Algo. —  murmurou para quebrar a tensão do momento. — Por que dizer isso tudo pra mim? Podia esperar até amanhã. Ou falar com o Gibby que é um homem também, ele podia te dar conselhos melhores que os meus. Eu nunca fui boa com conselhos nem nunca fui homem, então...

— Eu não preciso de um conselho... eu preciso de quatro palavras... — ele disse pausadamente a deixando confusa.— Que palavras? 

— ‘Eu também te amo’. — murmurou em resposta a deixando sem palavras.—  Só preciso disso. — garantiu.

— Eu... Eu não posso dizer isso! — exclamou irritada. — Não, eu não disse isso antes de tudo porque você estava cego, não disse isso quando você estava namorando com ela porque você a amava e isso ia magoar Carly, e não vou dizer agora que está só carente. Não quero isso. Carly não é um pneu. Eu não sou um step, Freddie. Eu não vou me deixar ser usada pra curar os buraquinhos do seu coração e depois ser trocada como Carly foi.

— Você não é ela! É difícil entender isso? Você nunca foi e nunca será igual a ela.

— Piorou. Não vou ser a sua terapeuta! Agora sai da minha casa. — ela disse altiva, pulou do sofá se erguendo e apontou pra porta com uma cara feia. 

— Você não me entende, né? Tem problema com o amor... tem medo de amar, Sammie? — ele fez questão de provocá-la

— Sai!— ela disse mais uma vez. Estava tão cega de um ódio que surgiu tão repentinamente que nem notara os olhares verdadeiramente carinhosos dele.

— Não vou sair.— se recusou, determinado. Ele bateu o pé no chão como uma criança mimada.

— Sai.— apontou novamente, bufando.

 — Já disse que não.— Ele se aproximava cada vez mais dela.

— SAI— ela gritou partindo pra cima dele com violência. A garota loira não mais queria brigas e confusões, era tudo tão sem sentido brigar com alguém que ela amava, mas aquele sentimento dentro dela de angústia e aquela ‘falta de carinho’... Ele estava tentando brincar com os sentimentos dela e ela não ia permitir. Freddie a segurou de forma firme contra seu corpo para que ela não o machucasse, a lembrando que o mais forte ali agora era ele. — Você não devia ter vindo, não devia ter terminado com a Carly e não devia brincar com os meus sentimentos assim. — ela deixou seus pensamentos escaparem, junto com as lágrimas. Agora toda aquela reação agressiva fazia sentido pra ele, ela não tinha medo de amar, ela tinha medo que ele a magoasse.Ele beijou a testa dela enquanto a ouvia soluçar e molhar a sua camisa com lágrimas: — Hey, baby. A única coisa que eu jamais quero fazer nessa vida é te magoar. Se eu estou aqui tem uma razão muito mais forte. Se fosse para usar, qualquer uma serviria. Se fosse para magoar, qualquer uma serviria. Se fosse para esquecer Carly, qualquer uma serviria e eu não estaria aqui essa noite.  Porque eu não te quero para usar, magoar. Eu te quero para amar, por isso tem de ser você. — explicou a ela, aos sussurros. Aquelas palavras entoaram como uma canção aos ouvidos dela, o que a acalmou, levou o choro e todas as dúvidas que ela tinha quanto a entregar ou não seu coração a ele.

 — Não vai me convencer tão cedo, Benson. —  ela murmurou se fazendo de difícil para manter a pose. Para Sam toda aquela situação era totalmente irreal, era irreal ele estar ali, era irreal ele a dizer que a amava, mas, mesmo assim, era quase impossível ela aceitar tão fácil o fato de que ela também o amava. — Talvez se eu tentar um pouquinho eu consiga fazer com que você fale... —   ele murmurou distribuindo beijos por toda a área do pescoço e os ombros dela, mas ela tão rápido o afastou, apenas para fitar seus olhos castanhos. Eles eram dela, só dela agora. Ela riu quando ele lhe depositou um beijinho na ponta do nariz, apenas ganhando tempo para descer os beijos e colou os lábios nos dela o que a fez entreabrir os lábios surpresa. Aquela foi a oportunidade perfeita para ele invadir a boca dela com sua língua e a beijar da forma com que tinha planejado. Freddie passou um de seus braços em volta da cintura dela, a puxando para mais perto e levou a outra mão para acariciar os cachos sedosos dos cabelos dela. Ela levou suas mãos até o cabelo dele, fechando toda a distancia que podia existir entre os dois. A intensidade do beijo não era nada comparada à quantidade de coisas que eram provadas e ditas, sem o uso de palavras nenhuma, naquele momento.  Ela sussurrou o nome dele entre os beijos. E, mais lá na frente, Freddie poderia jurar a qualquer um que aquilo foi uma das coisas mais lindas que ele já ouvira, só iria ficar para trás do primeiro chorinho de seu filho.

 — Eu preciso de uma coisa... — mesmo que estivessem sozinhos em casa, ela disse aquilo bem baixinho para que só ele escutasse. O puxou pela mão para o andar de cima, ele já sabia, mais ou menos, onde ela estava o levando então apenas se deixou ser arrastado.  Pararam em frente à porta do quarto dela, que ele abriu. Freddie a guiou de costas até a cama, onde a deitou delicadamente e fico em pé de frente pra ela.

—  Quer ser minha para sempre, princesa Puckett.? —  ele perguntou com a voz mansa. Em resposta àquela pergunta ela apenas agarrou os braços dele, o puxando para ela.   


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Notas finais do capítulo

E aí? Comentários pra eu saber quem gostou ou quem detestou? (: