Em uma noite fria, rumo à sua casa, vagava , em rua escura, uma garota que havia saído tarde da casa de uma amiga e ainda faltavam 6 quarteirões até sua casa. Enquanto andava um vento gélido atravessa a rua e todo seu corpo fazendo-se arrepiar e trazendo consigo um mal pressagio, como era muito racional não se importou com o vento, não havia de ser nada. Encolheu-se no casaco e seguiu pelos 3 quarteirões que ainda faltavam. De relance viu um vulto que a solava, instintivamente deveria correr, mas mesmo assim ignorou pensando ser mais uma peça pregada por sua mente.

Seus passos, na rua deserta, ecoavam ocos no asfalto, a lâmpada do único poste de luz piscava ,como se lutasse para continuar iluminando aquela pequena área, e agora como que tudo se reunisse e viesse de uma vez só: o vento, o arrepio e o vulto, fizeram seu instinto gritar e finalmente começou a correr. Correu como nunca havia corrido, mas ao ver que o vulto havia desaparecido, acalmou-se e continuou a andar, com passos rápidos.

De cabeça baixa e avistando ,em seus relances de olhar entre a expectativa de chegar em casa e o medo de ter que correr novamente, sua casa se sentiu mais calma. Qual não foi sua surpresa ,ao ver um revoar de plumas ,negras, cercando toda sua vista e um rosto pálido ,de boca e olhos costurados, forçar aquelas costuras para abrir seus olhos e boca afim de mordê-la ,como um cão prestes a devorar um pequeno rato, sem reação a pobre moça deixou-se morder e perder a voz para aquele ser que agora havia se tornado um velho homem , que aparentava ter passado toda sua vida procurando aquele momento, que apreciava sua verdadeira forma e agora saia alegre como se tivesse nascido de novo. A moça por sua vez admirava tudo de longe enquanto tentava levantar seu novo e pesado corpo. Gritou! Mas a voz não saiu e logo se recordou das histórias que seu avô contava sobre anjos caídos que não podiam falar a língua dos homens e para sobreviver aqui precisavam falar, mas para isso tinham que silenciar uma face.