Oka-san Ga Suki escrita por Nuvenzinha


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Meu deus, o que eu tenho na cabeça para escrever uma fanfic yaoi para o Dia das Mães?
Sério cara, wtf .-.
Bom, como isso custou muitas horas do meu dia, eu espero que tenha ficado boa para minha pimeira fanfic de KHR ~
Espero que gostem 83



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Era uma manhã relativamente fria de primavera na cidade de Namimori. As árvores possuíam seus galhos repletos de flores vibrantes e agradáveis; uma formidável brisa carregava o cheiro destas flores até os narizes das pessoas; as ruas comerciais estavam lotadas naquela sexta-feira.


Estavam todos - ou a grande maioria - atrás de um bom presente para o Dia das Mães, que seria naquele domingo. Pena que eles não entendiam que estar também é dar.


O estridente despertador acabara de tocar. O som ecoava por todo o quarto, mas Gokudera - que definitivamente não queria acordar - continuava deitado em sua cama, enrolado em seus cobertores, tentando ignorar o barulho. Fracassou; Aquele apito infernal enlouquecia-o. Com sua brutalidade costumeira, afundou o botão de desligar do relógio com sua mão direita, enquanto a canhota tratava de ajeitar aquele maço de fios cinza que o rapaz tinha na cabeça e que chamava de cabelo, que estava de pé.


Depois de alguns minutos fitando o vazio mal iluminado, Hayato finalmente se levantou e cambaleou pelo quarto, caçando seu uniforme apenas com a pouca luz do sol que passava por sua janela como ajuda. Malditas sejam as lâmpadas vagabundas que são vendidas nos supermercados, que queimam em pouco tempo. Era quase impossível diferenciar as coisas naquelas condições e nunca que ele iria abrir a janela. Não, não. Nada de ser cegado pelo sol duas manhãs seguidas.


Procurou, procurou e procurou. Nada. Já estava ficando incontrolavelmente irritado quando acabou por tropeçar num sapato e, ao acaso, cair em cima da cadeira onde estava o uniforme limpo. Bom, não se pode ganhar todas as batalhas. Foi vestindo-se no corredor, andando desengonçado e esbarrando nas paredes, com a mala escolar pendurada no ombro, assim que terminou de subir suas calças pegando a primeira comida que viu - que não fosse feita por Bianchi - e saiu, com a mesma expressão séria de sempre no rosto.


Havia bastante gente na rua, mas Gokudera não olhava no rosto de ninguém. Não via motivos para tal ato, uma vez que não conhecia ninguém e a única pessoa com quem queria falar era seu amigo e chefe, Sawada Tsunayoshi, provavelmente uma das únicas pessoas que se deu ao trabalho de tentar entendê-lo. Essa sim era uma pessoa em quem confiar! Não havia ninguém melhor que o Décimo naquela cidade. Foi caminhando vagaroso pela calçada, enquanto lentamente o pedaço de pão que permanecia para fora de sua boca ia diminuindo e seu rosto tomava uma expressão ligeiramente mais alegre.


Mas assim que um lojista veio lhe fazer propaganda, seu sorriso sumiu.


–Eu não quero comprar nada! - exclamava Hayato, em uma fervorosa discussão com o lojista.


–Não vai mesmo comprar nada para sua mãe?! - o lojista insistia - Ela não ficará nada feliz se você não der nada no Dia das Mães!


–Não, não vou! E eu conheço minha mãe melhor que você e sei que ela ia querer é que eu fosse para a aula!


–Que tipo de filho desnaturado é você?!


–O tipo que você nunca vai ter e vai agradecer por isso!


Por mais que tenha sido difícil se controlar para não socá-lo, Gokudera soltou a gola da blusa do lojista e se foi, apressado, antes que se arrependesse da decisão de deixar passar.




"Eu até compraria uma dessas coisas idiotas se eu tivesse alguém para dá-las".


xxx


Não havia nada no colégio de Namimori que parecesse diferente aos olhos de Sawada Tsunayoshi. O movimento dos corredores era intenso; Kyoko estava meiga e delicada como de costume; o irmão desta, por sua vez, estava agitado como sempre; Yamamoto sorria como sempre sorri.


A única coisa que estava mudada ao seu redor - o que estava preocupando-o - era Gokudera Hayato, que não abrira a boca o caminho todo da casa da família de Tsuna até a escola e que permanecia com o olhar vazio fixado num ponto qualquer, longe de qualquer pessoa.


–Gokudera-kun, daijobu? - O rapaz de cabelos espetados perguntava de tempos em tempos ao amigo que estava na carteira de trás, em silêncio.


– Daijobu ka, Jyuundaime. - era o que o outro respondia toda vez, sem mudar sua expressão aérea.


E era nesse mesmo ponto que a conversa sempre terminava. Nem um nem o outro abriam a boca, sentindo uma solidão penetrar em seus ossos com mais intensidade do que quando realmente estão sozinhos. Ao menos, era assim que Tsuna se sentia.


O sinal da aula bateu e o professor entrou, com a prova de álgebra em mãos. Um arrepio correu pela espinha do franzino rapaz ao olhar na direção da janela e ver que lá estava Reborn, com mais uma de suas roupas esquisitas, observando-o do lado de fora da sala; o pressentimento ruim que abalava seu coração só fazia com que a certeza de que algo ruim aconteceria em breve se intensificasse.


Algo com relação à seu amigo, Gokudera Hayato. Algo sério, algo triste.


Mas ele tinha é que se preocupar com sua nota naquele momento.



xxx

O que Gokudera estaria fazendo? Já era final de tarde de sábado; Sawada Tsunayoshi estava sozinho em casa, deitado em sua cama, jogando uma bolinha que havia ganhado para cima e para baixo; a última coisa que o de cabelos cinza o dissera na saída fora extremamente preocupante.


–O que ele quis dizer com "dar uma sumida"?


Era um grande mistério o que tais palavras vindas de Hayato poderiam significar, uma vez que não eragrande novidade o fato de que o rapaz possuía uma linguagem própria.



–Neh neh, Tsuna-kun, - chamou Kyoko, assim que o sinal do horário do almoço bateu - O que vai dar para a sua mãe no domingo?

– E-Eu ainda não sei, Kyoko-chan... - gaguejou o rapaz, como sempre fazia quando a menina vinha falar-lhe. - Acho que vou comprar um par de sapatos novos pra ela ou algo assim... Gokudera-kun, tem alguma sujestão?

–Hm? - o de cabelos cinza ergueu um pouco seu olhar, tentando entender o que se passava, logo depois deixando o rosto cair novamente sobre sua mão e olhar para outro lado - E eu que vou saber? Não entendo nada dessa coisa de mães, sem falar que esse dia é uma bobagem. Só serve pra gente perder dinheiro.

–Nossa Gokudera, você não deveria pensar assim. - Intrometeu-se Yamamoto, que até então permanecera quieto - É uma demonstração de carinho.

–Demonstração de carinho?! Desde quando bens materiais compram a felicidade de uma mãe?! Mães não amam seus filhos pelas coisas que eles dão! Mães amam seus filhos pelo simples fato de serem seus filhos!

–Hey, também não precisa falar assim.

–Eu respondo do jeito que eu quiser, Idiota do Baseball. Agora podemos mudar de assunto? Não gosto nada de falar sobre isso...

Por fim, a pequena discussão terminou, mas uma pergunta ficou no ar: Por que esse ódio tão profundo? Claro que era porque a mãe dele já havia morrido muitos anos antes, mas essa era a única informação que possuíam e não respondia em nenhum aspecto o que Gokudera disse mais tarde, sobre sumir. Se ao menos houvesse uma maneira de descobrir o significado disto; se houvesse alguém que conhecesse o rapaz de uma maneira tão profunda que Sawada Tsunayoshi não conseguia conhecer...


–Reborn! - Bianchi entrou correndo no quarto, interrompendo o pensamento do jovem Vongola, que -depois de horas - tirou os olhos do teto para ver o que acontecia - Me desculpe, não consegui chegar mais cedo! Tive... coisas à resolver. -explicou a mulher, levando Reborn ao colo, antes dando uma ajeitada nos fios rosados de seu longo cabelo.


–Ah, Bianchi-san... - disse Tsuna, ainda com uma expressão de desentendido no rosto - Ossu.


A moça, por sua vez, não se deu ao trabalho de responder a saudação do garoto; ela estava ocupada demais se distraindo com seu estranho amor e se retirou do cômodo. Swada Tsunayoshi não quis insistir, apenas voltou a jogar sua bolinha esverdeada. Ele sabia que Bianchi era uma pessoa difícil de lidar tal como seu irmão mais novo, Gokudera.


Eles... são irmãos.

Num súbito, Tsuna levantou de sua cama e saiu de seu quarto correndo, escorregando no chão de madeira e batendo contra a parede do corredor, mas sem desacelerar seu passo. Era isso! Bianchi provavelmente teria todas as respostas de que precisava para ajudar seu tão adorado amigo.


Mas será que ela estava disposta à colaborar?



xxx



Lá estava ele: Gokudera Hayato, sentado num balanço de um parquinho qualquer, com os joelhos juntos e a cabeça abaixada, com uma profunda raiva das companhias aéreas, que não possuíam mais passagens para a Itália.


–Gomen, oka-san. - foi o que o rapaz falou, por um instante erguendo seu rosto e fitando o Sol, que já havia sumido quase que por completo, dando lugar às estrelas e à Lua - Não poderemos passar o dia juntos desta vez... Gomen.


Seu peito doía; o coração do rapaz estava tomado por uma tristeza imensa, que havia se misturado ao remorso que sentia de ter que passar aquele maldito Dia das Mães em completa solidão. Não era totalmente desagradável voltar ao país de origem, sentar-se na beira da estrada na íngreme montanha e de lá jogar uma flor à mãe, que parecia fazer-lhe um carinho na cabeça toda vez que o vento batia contra o rosto pálido do rapaz. Mas nem isto ele teria naquele domingo.


Por mais incrível que pareça, nem vontade de ver o Décimo ele tinha. Não sabia de que adiantaria fazer-lhe uma visita, se sofreria ao ver o sorriso de Nana e logo associá-lo ao da própria mãe, como acontecia toda a vez. Mas naquele dia em especial ele não seria capaz de ocultar sua perturbação. Por isso, nem se deu ao trabalho de explicar-se.


–Talvez tenha sido bobagem ter dito ao Jyuundaime que eu iria sumir...


Suspirou, levando a mão à testa; estava começando a passar mal. Talvez, em toda essa ânsia de Dia das Mães, ele pegara um resfriado de qualquer um que estivesse passando muito perto na rua, ou até mesmo daquele lojista com quem havia discutido. Depois de soltar um espirro, levantou-se do balanço e se retirou do parque, subindo a rua que o levaria para o centro, de onde iria direto para casa, na esperança de que sua irmã não estivesse lá.


A rua estava deserta; os postes de iluminação já haviam acendido, uma vez que o céu já estava escuro de vez. Uma brisa agradável vinha descendo a rua e relaxava o rosto de Hayato, que caminhava bem no meio do asfalto com as mãos no bolso da calça, chutando as pedrinhas em seu caminho.


O silêncio era completo. Tanto na rua tanto na mente de Gokudera, que permanecia neutro, apenas com a leve sensação de que havia alguém atrás dele, uma vez que ouvia passos, mas ele apenas ignorava o som. E assim permaneceu mesmo depois que terminou de subir a íngreme rua.


–Gokudera-kun!


O rapaz de cabelos brancos ouviu esse chamado vindo de trás, um pouco distante. Olhou ao redor mas não viu ninguém; o breu da noite não deixava que sua visão cumprisse plenamente sua função, uma vez que a luz dos postes não era suficiente para iluminar tudo. Tornou a caminhar, achando que era apenas sua imaginação.


Até o momento que sentiu alguém puxar o tecido da manga de seu agasalho com certa força.


Virou-se para trás e deparou-se com Sawada Tsunayoshi, que arfava enquanto segurava o tecido de algodão que sobrava na extremidade da manga, com as costas curvadas e a outra mão apoiada no joelho. A primeira coisa que Gokudera fez foi encarar o rapaz à sua frente sem entender nada, mas logo que Tsuna ergueu seu olhar, o de cabelos acinzentados já entendeu o que havia acontecido.


–Jyuundaime... não precisava ter vindo atrás de mim.


– Gokudera-kun...!


–Eu estou bem.


–Por que não contou nada a ninguém? Não contou... Nem para mim. Por quê?


– Eu... Eu não sei direito. Só não queria ser encontrado. Queria ficar sozinho... Com a minha mãe. Pelo menos um pouquinho...


Àquela altura, a atmosfera já estava tensa demais para se descrever em palavras. Gokudera olhava para os imensos olhos de Tsuna, depois olhava para um poste mais adiante e voltava à olhar para o amigo, que continuava com a mesma expressão de descontentamento no rosto.


Sawada Tsunayoshi olhava fixamente para o mais alto, nervoso por não saber mais o que dizer. Ele queria dizer muito, mas seu tempo era pouco; sua mãe havia, com o estímulo de Reborn, ordenado que ele voltasse cedo. Mas ele havia prometido à si mesmo que não regressaria enquanto não trouxesse o amigo junto.


Palavras não eram trocadas; Um não sabia mais o que dizer ao outro; Tudo que lhes restava era trocar olhares de emoções confusas. Já estava num ponto onde ambos estavam prontos para irem embora e abafarem o caso.



Mas, num ato impulsivo, Tsuna simplesmente lançou-se de braços abertos na direção do amigo e abraçou-o, deixando a cabeça pender para o lado e se apoiar no mais alto, que congelou por alguns instantes.


–Você não precisa ficar sozinho pra poder ficar com a sua mãe, Gokudera-kun. - disse o de cabelos espetados, com uma voz calma e serena, fechando seus olhos - Ela está sempre com você, onde quer que esteja... Eu também estarei sempre ao seu lado, Gokudera-kun.


Mais uma vez, silêncio. Hayato continuava ali, parado, sem a menor reação, deixando apenas que o sangue rubro subisse ao rosto de uma vez e que o vento batesse em seu rosto... Dando a breve ilusão de que estava sentado na beira da estrada na íngreme montanha que ele tanto cobiçara ir no dia que seguiria. Foi quando ele deixou que seus braços envolvessem Tsuna da mesma maneira que este o abraçava, apoiando a cabeça por cima dos cabelos castanhos do mais baixo, sorrindo.

–Arigatou Gozaimasu, Jyuundaime.


–Betsuni.


E assim os dois amigos permaneceram por alguns minutos, que pareceram durar longas horas. Alguns minutos de fato agradáveis, com o doce som das flores sendo carregadas pelo vento como plano de fundo. Um imenso fluxo de calor e de paz era perceptível por ambos os rapazes, que, daquele ponto, foram andando juntos pelas ruas, cumprimentando todo rosto conhecido que viam.



Era a primeira vez que Gokudera sorrira com sinceridade em um longo tempo.



"Obrigado, mãe, por permitir de algum jeito que coisas tão boas acontecessem em minha vida na hora em que mais precisei."




Oka-san ga suki.




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Notas finais do capítulo

EDIT: MALDITO ERRO!
Mas ele já morreu, u-u
enfim.



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