A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 5
Capítulo 5 - Um ao outro




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Velei seu sono, para mim era bastante encantador, em momentos como esse que a falta do meu próprio sono me faziam bem, meu pequeno diamante, minha criança, eu acariciava seu rosto, sem que ao menos ela esboçasse reação, o passeio da manhã havia sido cansativo demais para ela, quando finalmente chegaria o dia em que eu a tomaria em meus braços? Onde este ventre carregaria meu herdeiro, eu a ensinaria a amar, a ser uma verdadeira mulher em minha cama.

O sol brilhava em meu rosto, mas eu ainda não me sentia pronto para acordar, senti um peso sob meu corpo, enxerguei uma longa cabeleira negra em meu peito, Safia ainda dormia profundamente, virando meu rosto em direção a janela percebi que o sol estava muito acima – deveria ser tarde – não consegui alcançar meu relógio mesmo esticando meu braço, se eu me move-se mais acabaria acordando-a e sinceramente eu não desejava isso, eu estava gostando de sentir seu perfume, seu corpo, sua respiração.

Comecei a mexer em seu cabelo, eu gostava do movimento que fazia em meio as ondas e cachos que iam se formando em minhas mãos, ela parecia esta despertando, senti suas mãos geladas em meu peito, elas se afastou rapidamente e se sentou na cama, sua face amedrontada:

- Assustei você? – continuei deitado, levando apenas minhas mãos à cabeça.

- Não é que... – ela tentou ajeitar seu cabelo – eu não esperava.

- Nem eu, quando acordei você já estava nesta posição – me sentei podendo observar melhor seus olhos negros e enigmáticos, então ela se afastou mais – parecia bastante cansada, dormiu bem?

- Sim, obrigado. – ela desviou seu olhar do meu se fastando mais um pouco, porém já havia chegado no limite, a queda seria inevitável, mas eu a segurei firme.

- Cuidado. – Safia parecia um pouco zonza.

Eu a observei mais uma vez, apesar da juventude, possuía a beleza de uma mulher, me concentrei apenas nas batidas do meu coração, me aproximei de sua face, meu nariz tocou o seu – ela parecia ter prendido a respiração – gentilmente acariciei seu rosto e beijei sua buchecha, meus lábios se aproximaram de seu ouvido:

- Vamos você precisa se alimentar! – ela estremeceu.

Quando me levantei buscando uma roupa limpa, não pude evitar o sorriso que se formava em meus lábios, por mais que Safia tentasse não mostrar nenhum interesse por mim, eu sabia que ela não resistia a nenhuma investida que já havia feito.

* * *

Meu corpo sentiu uma certa agonia, desejava mais, desejava que ele não tivesse evitado, eu fiquei ali, me interrogando, não querendo aceitar aqueles estimulos, desde quando Badi passou a exercer algum poder sobre mim? Principalmente sobre meu corpo? Por mais que eu quisesse fugir, eu sempre terminaria em seus braços, respirando aquele perfume citríco que emava de sua pele, Badi estava se tornando um homem irresistível demais, para eu conseguir fugir.

Escovei meus cabelos e coloquei uma roupa confortável, torcendo poder ficar hoje por aqui, por mais que eu quisesse muito conhecer Paris, minhas pernas ainda doíam depois de andar pelo Louvre, fazia muito tempo que eu não caminhava tanto, coloquei uma calça de sarja e uma camisa de mangas compridas de algodão, escovei meu cabelo e o prendi em um rabo de cavalo, lavei meu rosto, escovei os dentes, agora teria que acompanhá-lo à mesa, quando cheguei Genevieve recolocava algumas comidas junto a bandeja, Badi estava sentado em uma escrivânia como seu notebook aberto:

- Desculpe, ter comido rápido, mas ainda tenho trabalho a fazer.

- Não vai sair? – puxei a cadeira para me sentar.

- Não, hoje vou ficar aqui, e lhe fazer um pouco de companhia

- Hum.

Havia muita comida naquela mesa, e eu ainda não sabia por onde começar, Badi apesar de não esta sentado ao meu lado, estava próximo a mim, e embora eu estivesse de costas para ele, ainda podia sentir seu olhar magnético pesando sob minha pele, mas mantive a serenidade, quando terminei fui em direção ao meu quarto:

- Será possível que até em Paris você vai permanecer em seu quarto?

- E para onde vou?

- Fique na sala, peça mais comida, vejo algum filme na televisão, leia um livro, te dei várias opções – suspirei – vamos eu escolherei um filme para você.

Ele me levou para o sofá e ficou em frente a grande prateleira observando os titulos:

- Este será um bom filme – ele me mostrou um clássico da literatura transformado em uma animação para crianças, segurei a gargalhada.

- Aladdin?

- Vamos, é apenas um filme. – ele colocou o disco no aparelho.

- É para crianças.

- E você é o quê? – fingi não ligar para suas últimas palavras – e você se paresse muito com princesa a Jasmine, para ficar mais idêntica só lhe faltaria o Rajah para afastar seus possíveis noivos. – não respondi a sua grosseria.

Ele pediu para Genevieve me fazer pipoca, ele me disse que era feita de milho, que quando se coloca alguns grãos em uma panela aquecida por óleo, o milho estoura formando a pipoca, e que esta comida era muito popular entre os ocidentais quando assistiam a um bom filme, e garantiu que o sabor é muito bom, e eu iria gostar, Genevieve me trouxe travessa de plástico, no início achei que não conseguiria dar conta de toda aquela pipoca, mas quando notei já estava na metade, o sabor realmente era muito bom:

- Não disse que gostaria do sabor?

- Você estava certo, é muito bom – ele se sentou ao meu lado pegando um punhado de pipoca colocando em sua boca – o trabalho acabou?

- Quase finalizado, mas eu tenho total direito de descansar.

- Sim, claro.

Ele se virou e deitou sua cabeça em minhas pernas, eu levantei a travessa de pipoca e a coloquei no pequeno móvel ao lado:

- Pode me dar um pouco de pipoca? – voltei a travessa em sua direção e lhe mostrei – perguntei se você poderia me dar, se eu quisesse pegar eu mesmo faria isso – ele me lançou seu olhar frio.

A medida que minha mão se aproximava de seus lábios e eu depositava a pipoca em sua boca, sentia o magnétismo indo de minhas mãos à preencher cada espaço vazio em minhas células, tentei me concentrar no filme, mas era impossível, no entanto mantinha meus olhos fixos na grande televisão, tentei imaginar como seria, se por acaso não conseguisse fugir, como seria esta presa a Badi? Apesar do meu grande sentimento de liberdade, de alcançar uma vida diferente desta que estou tendo, Badi conseguia me prender com seu olhar, conseguia fazer meu corpo reagir mesmo que eu não aceitasse, me fazendo gostar, mesmo quando eu não queria, seria o destino da minha vida assim? Presa a um homem misterioso e atraente, que me fazia perder os sentidos a cada vez que ele se aproximava de mim, viveríamos assim, tendo um ao outro?


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