A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 25
Capítulo 25 - Como vai Safia?


Notas iniciais do capítulo

Este foi um capitulo intenso de se escrever, mas espero que gostem o tanto quanto eu gostei.



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- No que esta pensando? – eu acariciava seus cabelos gentilmente.

- Não se pode mudar o destino – ela virou-se para encarar meus olhos – se Said tivesse desistido de mim, quem sabe eu fosse um ocidental sem grandes perspectivas.

- Por que diz isso?

- Quando eu tinha oito anos, meus pais faleceram... – era a primeira vez que tocava nesse assunto na presença de Safia – eu fiquei sem muitas escolhas, a família da minha mãe é da Inglaterra.

- Você os conhece? – ela me interrompeu.

- Nunca os vi, os pais da minha mãe não a perdoaram por ela ter escolhido viver aqui – busquei o ar em torno daquelas paredes fechadas nas ruínas – antes do acidente... Bem, estavamos indo visitá-los, ela queria provar que estava feliz.

- Sinto muito – ela me abraçou, como era bom aspirar o seu perfume, as curvas de seu corpo a deixavam mais voluptuosa – você não sente o desejo de conhecê-los?

- Neste momento, não. – tentei beijá-la, mas ela se esquivou.

- Preciso ir! – ela se levantou.

- Como? Agora? Mas você esta aqui apenas hà trinta minutos!

- Sinto muito! – ela batia as mãos no tecido de seu vestido tentando retirar a poeira – mamãe esta de olho em mim, não esta sendo fácil manter segredo.

- Apenas um beijo!

A segurei firme em meus braços, senti seus lábios junto aos meus me deixava quente e excitado, minha pele formigava a cada toque, a cada suspiro, eu sabia que não demoraria muito até Safia se entregar, devo confessar ela conseguiu me deixar dependente em seu corpo que aparentava esta com formas mais arredondadas, meus sentindos pareciam esta mais aguçados, seus gemidos ecoavam pelas paredes enquanto, eu estava começando a crêr que haviam várias delas fazendo amor comigo a cada movimento que meu corpo fazia contra o dela estimulava ainda mais minha estrutura, eu precisava dela comigo, não apenas para minha satisfação, e sim porque meu coração cobrava, implorava pelo amor dessa mulher.

* * *

A sensação de não esta sozinha, me deixava aflita, mas continuei caminhando, passos leves e firmes, eu estava me amaldiçoando a cada segundo por ter recusado a companhia de Badi, hoje ele iria conversar com meu pai, Said iria acompanhá-lo, eu orava baixinho para que papai o aceitasse:

- Como vai Safia?

Uma voz grave e rouca me amedrontou, ele era alto e forte, uma túnica preta moldava seu corpo e antes que eu pudesse reagir, um tecido molhado foi entornado em minha face:

- Vamos acorde! Eu não tenho todo o tempo do mundo! – meus olhos continuavam pesados, tentei mover minhas mãos sem obter sucesso, elas estavam presas – vamos querida! – eu conhecia essa voz – acorde!

- Naíma?! – minha voz se mantinha pesada, ela sorriu docemente, sua pele havia recuperado a cor amêndoada, que à tornava ainda mais bonita – por que eu estou presa?

- Não se preocupe querida – ela acariciou meu rosto, suas mãos estavam geladas o que me fez esquivar, mas meu ato teve uma consequência de um tapa brutal contra minha face – me obedeça! Não seja mal criada! Pois agora quem decide seu destino sou eu!

- Por que eu estou aqui?!

- Lembra de quando lhe pedi para sumir? Você não me obedeceu, não é? Nem mesmo quando eu pensei acreditar nisso! – do que ela estava falando? – vocês continuam se encontrando – ela caminhava enquanto emetia essas palavras para si mesma – mas agora eu estou aqui, pronta para dar um fim nisso tudo!

- O que... Você... Prentende fazer? – ela sentia o pavor em minha voz.

- Meu anjo, não se preocupe eu vou manter você bem viva! Na verdade eu vendi você – ela sorria, sua face parecia serena, a ponto de me enlouquecer, tentei me mover mais não adiantava, meus pés estavam presos – acalme-se, ele é um homem bom... Bem, na verdade eu não vou mentir para você não, eu nem o conheço, mas posso dizer que ele desembolsou muito dinheiro, sorria Safia, você vale ouro!

- Badi vai me procurar!

- Tem certeza? Meu plano é infalível, tudo esta preparado, e quando notarem o seu desaparecimento, você já estará bem longe.

- Você esta louca!!! – eu me sentia desesperada e aflita, enquanto forçava minhas mãos e pés soltarem aquelas correntes.

- Não se preocupe, sua família vai ter um corpo para chorar – um homem de pele parda, carregava um saco de farinha bem grande em seus ombros, ele jogou no chão com bastante força – desculpe não ter lhe apresentado antes, este é Abdul meu fiel criado ele veio do Cairo, para cuidar de todos os preparativos – ao poucos percebi que o que os meus olhos viram não se tratava de saco, e sim de um corpo de uma jovem, minha voz ficou presa em minha garganta – olhe! – ela chutou o corpo para mais perto de mim – ela se parece muito com você, Safia não faz ideia da dificuldade que foi matá-la!

Sua face parecia ter sido cortada por uma navalha, meu estômago frágil demais para suportar aquela cena me fez voltar qualquer alimento que eu tenha comido em horas, gentilmente ela passou um lenço em minha boca:

- Abdul retire o corpo e leve para o deserto, já esta começando a cheirar mal – o homem que parecia mais um zumbi levou o corpo para longe, eu me sentia abalada demais para reagir, gritar, chorar – esta vendo? Este é o plano perfeito – sua voz era apenas um leve sussurro tão doce, tão misterioso – imagine passar a vida inteira se perguntando como seria sua vida se tivesse me obedecido? Agora eu preciso ir, deixarei você em boa companhia!

Seus passos leves e elegantes sequer emetiam som, o que esta acontecendo? Minhas lágrimas emergiam insesantemente, meu corpo soluçava, onde esta Badi? Eu me sentia sufocada com mechas do meu cabelo que grudavam em meu rosto, e então senti mãos erguerem meu rosto:

- Safia! – seu sorriso reluzia ouro, sua face redonda e velha pela barba mal crescida, me assustaram – você é linda! – meu corpo enrigeceu ainda mais de pavor – Naíma estava fiz uma bela compra – sua língua arrastou-se pela minha buchecha, foi repulsivo, eu gemi pela sensação, meu estômago voltando a revirar em meu corpo – Levem-a para o carro! – ele jogou um punhado de chaves para outro homem vestido em um terno preto.

- NÃÃÃÃOOOO!

Meu grito teria força o suficiente para ser escutado por Badi? Mantive meus olhos fechados, procurando por lembranças daquele homem, aquele que fazia meu coração ficar bem pequenininho quando me beijava, minhas lágrimas fluiam sem perspectivas, mortas, me levando para o meu destino.


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