A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 17
Capítulo 17 - Recordar




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Eu estava doente, minha doença tinha nome, corpo, alma, olhos tão negros e profundos quanto as águas de um lago, por que Safia continuava a entrar nos meus sonhos? Ela vinha devagar, me observava de longe, depois rastejava pelo meu corpo, me beijava e me enlouquecia, ela gemia a cada toque, enquanto seu corpo se contorcia de prazer nas mais diversas posições eróticas em nossa cama:

- Quando isso vai passar? – Naíma continuava azeda.

- Nunca! – eu falava por entre os dentes.

- Devia parar de ir vê-la, você não percebe o quanto te faz mal? – ela parecia aflita e zangada.

- Meu destino, minhas decisões, minhas regras! – Safia me deixou obcecado, eu desejava seu corpo, seu amor, sua alma.

- Como alguém pode tomar meu lugar no seu coração? Eu a odeio! – Naíma se ajoelhou diante de mim.

- Você supera! – eu estava cheio de suas cobranças me levantei e peguei as chaves do carro.

- Por favor, esqueça! Por mim!? Esqueça aquela maldita! – me ajoelhei ao seu lado, segurando firme em seu rosto.

- Aquela maldita, me enfeitiçou, e invés de você tentar cuidar de mim, continua a ecoar seu nome todos os dias por esta casa, por cada cômodo, deseja culpar alguém? Culpe a se mesma, por me fazer recordar de Safia, se ao menos um dia você parasse de puní-la, por sua falta de saúde, talvez eu a esqueceria!

Dirigia para o seu encontro, eu estava um verdadeiro trapo, visualmente eu era o mesmo, forte, saudável, irredutível, mas internamente estava morto, vê-la, ao menos de longe fazia eu me sentir vivo, durante duas semanas a segui em meio a multidão do bairro comercial, uma vez eu estive tão próximo que meu corpo se chocou com o dela, que pareceu não se importar diante de toda aquela aglomeração de corpos, meu coração batia tão forte, tão doentio, tão cego.

* * *

Mais um dia eu acordava em minha antiga cama, era estranho, sentia que algo me faltava, que tudo havia mudado, fui direto ao ateliê de meu pai, há alguns dias eu o entreguei meu bracelete em pedaços, hoje ele me entregaria:

- Esta perfeito!

- Eu disse que o deixaria como era.

- Obrigado! – notei um caixa em veludo azul escuro, parecia tão familiar, abri por curiosidade – oh! – instântaneamente levei minhas mãos a boca.

- O que foi? – papai volto seu olhar em minha direção.

- O que este colar faz aqui? – minha mão tremia ao apontar para caixa.

- Eu devia tê-lo retirado daí. – papai fechou a caixa e o colocou dentro de uma gaveta.

- Por que? – eu estava atônita.

- Antes de tudo isso acontecer, Badi me encomendou um presente, ele queria um colar de diamantes para você, então eu o criei com muita satisfação sabendo que ele iria esta iluminando o rosto de uma filha minha, entretanto depois de tudo... – seu rosto entristeceu – faz uma semana que recebi pelo correio, não tinha pretenção de entregar a você, desculpe se agi para proteger você! – o que estava acontecendo? Badi mentiu? Minha cabeça doía muito!

- Você esta bem?

- Sim – afirmei com a cabeça – preciso sair um pouco.

Caminhei... Na verdade eu corria... Eu precisava esquecer aquela imagem de Badi me dizendo que aquele presente pertencia a Naíma, porque ele estava fazendo isso comigo? Porque ele mentiu? Esbarrei em alguns pessoas, eu precisava de ar, corri em direção as ruínas de um prédio centenário da nossa cidade, o silêncio daquelas grandes muralhas faziam meus pensamentos voarem até ele, arranquei meu lenço, eu queria respirar, eu queria chorar, entretanto minhas lágrimas não mais existiam, não havia mais nada para chorar, muito menos para lamentar, me sentei no chão segurando minhas mãos em volta das minhas pernas:

- Esta arrependida? – não podia ser? Meu corpo inteiro congelou, minha visão estava embaçada, mas eu reconhecia sua voz.

- Eu estou sonhando? – era isso! Eu ainda estava dormindo, ele se aproximou.

- Eu devia esta feliz por vê-la assim! – ele se ajoelhou ao meu lado – mas por que eu não estou feliz? Por que eu apenas quero diminuir o seu sofrimento? – ele afastou uma mecha de cabelo do meu rosto.

- Eu não estou sonhando? – eu o toquei... De novo... E de novo – você esta aqui?

- Eu nunca deixei você! 

Seus lábios pressionaram sob os meus, foi o suficiente para fazer meu corpo incêndiar, eu o segurava firme em minhas mãos, seu corpo pesou contra o meu, não podia ser real? Podia? Depois de tantas semanas, eu voltára a sentir aquele perfume citríco, a rever aquela imponente figura, minhas mãos rapidamente buscavam urgentemente os botões de sua camisa, enquanto Badi lentamente subia meu vestido expondo minhas pernas:

- Você é real? – uma lágrima escapou em minha face, Badi gentilmente beijou o local por onde ela havia percorrido.

- Este momento é real! Apenas seja minha, e eu prometo que serei real!

- Leve minha alma, leve meu corpo, leve meu coração.

Minhas roupas não existiam mais, tratava-se apenas de pele e uma calcinha de renda, Badi mantinha seus lábios encaixados em meu seio, a cada movimento que sua língua fazia, meu corpo arqueava desejando mais e mais, com a outra mão ele retirava a última peça de roupa do meu corpo, e então meu íntimo foi invadido pela força de seus dedos explorando cada vez mais profundo:

- Ahhh... pare de me torturar! – minha voz tornava-se apenas um gemido.

Eu desejava seu corpo dourado, seus músculos fortes e delineados, seu membro rijo pulsando a cada movimento feito por ele, nosso corpo formando um só, Badi era peça que faltava para preencher todo aquele tormento, ele se movimentou lentamente iniciando um espécie de vai e vem, tornando os movimentos cada vez mais intensos, cada vez mais dificéis de acompanhar, meu corpo estava febríl e sedento de prazer, meus músculos se expandiam e se contraiam, mais uma vez eu ouvia aquele rosnado primitivo, um gemido abafado vindo de sua garganta, todo aquela dança de movimentos rápidos e lentos nos transformava em pele, suor e calor, quando atingimos o ápice do gozo, o corpo de Badi desvaneceu sob o meu, minhas pernas se enroscaram em volta de suas nádegas:

- Porque você me deixou? – sua voz era apenas um sussurro – porque você mentiu? – suas mãos me puxaram para junto de sí, ele me conduzia gentilmente a encará-lo – porque? – ele me beijou doce e demoradamente, não havia nada para falar, apenas deixei minhas lágrimas fluirem – você pertence a mim e assim será.


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Notas finais do capítulo

*-* Gente eu nunca tenho muito o que falar a cada capitulo postado, só posso dizer que quanto mais eu escrevo, mais intenso ficam.



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