Fantasmas do Passado escrita por GabrielleBriant


Capítulo 3
Conhecendo a Sala do Diretor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/14024/chapter/3

CAPÍTULO III. - CONHECENDO A SALA DO DIRETOR

Guinevere respirou fundo e começou a andar em direção à carruagem. À medida que ela se aproximava, se tranqüilizava mais. Afinal, ele não tinha que reconhecê-la. Já fazia muito tempo desde a última vez em que se viram e, além disso, ela estava muito diferente.

A carruagem ficava cada vez maior. A expectativa crescia. E a tranqüilidade que ela pensava estar acumulando, sumiu.

O pânico, agora, voltara, mais forte do que nunca. Quem ela estava tentando enganar? Não conseguiria fazer isso! Ela já não era aquela pessoa forte e intocável que um dia fora. Ela era apenas mais uma mulher fraca. Pateticamente fraca. E tudo fora culpa de Severo Snape... Antes de ele entrar na sua vida, ela sequer tinha coração.

Estava decidido. Nada daquilo valia a pena. Ela estava arriscando a própria vida e, o que é mais grave, a vida dos seus filhos... Ela não tinha o direito arriscar a vida dos filhos! Não seria tão irresponsável... Ele não valia isso tudo.

Ela estava posicionando a varinha para desaparatar quando Dumbledore desceu da carruagem.

- Pensando em ir a algum lugar, Gwen?

Ela apertou mais a varinha nas mãos. Ele não a faria desistir.

Tomou fôlego.

- Eu não acho que possa fazer isso, professor! Você não entende! É muito complicado para mim...

- Eu sei que é complicado...

- Não sabe! Tem muita coisa envolvida...

O velho a olhou demoradamente... E então suspirou e disse:

- Tem... Inclusive uma coisa que significou muito para você... – Agora, os olhos do diretor pareciam extremamente cansados. – Ele pode morrer, Elizabeth.

O coração dela desacelerou a ouvir esse nome. Lembrou de quem era, do que sentia. Se algo acontecesse com aquele homem... Jamais se perdoaria... E ela morreria junto.

Tinha que ficar.

Mas ainda não tinha certeza se poderia vê-lo.

- Professor, será que posso ir com os alunos?

A expressão do diretor ficou dura.

- Não. Você é professora, e deve começar a se portar como tal. Deixe a infantilidade para os seus alunos. – o sorriso voltou – E além disso cedo ou tarde você terá que ficar cara-a-cara com ele... Você tinha aceitado isso quando decidiu vir para Hogwarts.

Infelizmente, tudo que Dumbledore tinha dito era verdade. Ela, logo ela, que passara por tanto em sua vida, estava sendo extremamente infantil... Poderia agüentar mais uma prova...

Tomou fôlego e entrou na carruagem.

E isso bastou para que todos os seus medos e inseguranças fossem apagados num vendaval de emoções. Foi como se o tempo não tivesse passado... Foi como se ela estivesse na frente dele mais uma vez num dia comum... Como se ainda fossem amantes, como se o tempo tivesse parado desde o dia que ela fugira e se desligara de tudo – inclusive dele.

Os sentimentos dela continuavam os mesmos.

Sentou-se, sem conseguir tirar os olhos daquele homem.

Severo Snape carregava no rosto a impressão do tempo que tinha se passado... Ele já não guardava no rosto muito do jovem irresponsável que um dia fora. E o pouco que ainda restava estava encoberto por uma névoa de frieza e crueldade.

Por uma fração de segundo, os olhos duros se encontraram com os olhos dela. Ela sentiu o coração parar de bater por um segundo. Ela poderia jurar que ele também ficara abalado... Mas logo o rosto dele voltou a ser inexpressivo e ele desviou os olhos para a janela.

O que foi até bom porque ela não conseguiu tirar os olhos dele... Pelo menos até o professor Vectro falar com ela.

- Então, a senhorita e a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, não?

- Sim, mas é Senhora.

O professor a olhou por um tempo... E depois continuou, com um sorriso encantador.

- A senhora é bem mais jovem do que eu imaginava... E bem mais bonita também. Por que quis o cargo?

- Primeiro, obrigada! – Guinevere abaixou o rosto, na tentativa de esconder o quanto ele estava corado. – Talvez o desafio do cargo tenha me atraído. Sabe, a história de ser amaldiçoado, e o fato de que os professores nunca passam muito tempo no cargo... Eu quero mudar essa história!

Mentir ainda era uma coisa natural para ela. A sua voz sequer havia oscilado enquanto ela mentia sobre os seus motivos de estar em Hogwarts.

- Determinação dos jovens! Mas, professora, você parece um pouco cansada, para uma jovem...

- E estou! Até ontem eu estava na França... Nem tive tempo para descansar!

- Uau! França! Fazendo o que?

- Estava levando os meus filhos para a escola. – Como de costume, ela abriu um largo sorriso ao mencionar os filhos. – Como eu estudei na Beauxbatons, preferi que meus filhos também o fizessem. Meu ex-marido está até morando lá...

Ela poderia jurar que ouvira Snape bufar exasperado...

E mal sabia ela que ele estivera prestando atenção a cada palavra que ela dizia, a cada movimento que ela fazia, observando-a através do tênue reflexo no vidro da carruagem... E ele mal podia acreditar que aquela mulher – aquela senhora com filhos – era a única mulher que conhecia as suas fraquezas.

XxXxXxX

O salão principal de Hogwarts estava mais vazio e silencioso do que nos outros anos, todos os alunos, exceto os novos, percebiam isso. Poucos eram aqueles que não temiam Voldemort... E, entre eles, estava um grupo de três garotos do sexto ano da Grifinória.

Lá, Harry, Rony e Hermione viam a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas finalmente tomar o seu lugar na mesa.

- Olha ali! – Rony apontou para a mulher – A professora Chatèau-Briant!

- Por Merlin! – Hermione exclamou. – Por que o professor Snape está olhando para ela daquela forma? Parece até estar com ódio dela!

Harry deu de ombros.

- Quem sabe odiando mais alguém ele esquece a mim...

Hermione continuou a observar a cena, sem se importar com o comentário do amigo.

- O Snape nem está tocando na comida!

- Na verdade, Mione, ele nem se deu o trabalho de fazer o prato...

- Axim é ... ‘lhor – Rony engoliu a quantidade generosa de comida que trazia na boca – Quem sabe isso não se torna um hábito e ele morre de fome?

XxXxXxX

Manter-se calada durante aquela refeição não tivera sido nada fácil... Estar do lado dele, sentindo o cheiro dele... E o pior: sentindo que o olhar dele estivera durante o tempo inteiro estacionado nela. Agradeceu aos deuses quando todos começaram a se dissipar do salão e Dumbledore foi até ela.

- Será que eu posso dar uma palavrinha com você, no meu escritório?

- Claro, professor.

O diretor deu o sorriso maroto e olhou para a professora que estivera sentada ao Alvo dele, McGonagall.

- Minerva, você também.

E os três saíram juntos.

XxXxXxX

Ele não queria pensar naquela mulher. Apenas queria chegar ao seu quarto e tentar dormir. Já estava perto das masmorras, quando sentiu que os seus passos diminuíam, até que ele parou totalmente.

Tinha que tirar essa dúvida.

Não conseguiria dormir sem saber se a tal professora era realmente quem ele pensava... Se era ela.

Sem mais pensar, fez meia-volta e rumou para o escritório de Dumbledore.

XxXxXxX

Dumbledore estava explicando a Guinevere a importância de manter o seu disfarce a qualquer custo – como se ela não soubesse – e explicando a Minerva uma parte do seu passado, dizendo que ela era uma ex-comensal e por isso precisava ter cuidado.

Mas as recomendações do diretor foram interrompidas por um som de passos largos e furiosos.

Minerva olhou severamente para o diretor.

- Você chamou mais alguém, Alvo?

A expressão do diretor, mais uma vez, ficou cansada. Ele apenas se sentou em sua mesa e suspirou.

- Não, Minerva, mas acho que sei de quem se trata.

Um visivelmente furioso Severo Snape invadiu a sala, peito arfante, olhos cruéis.

Sem dizer uma só palavra, ele se encaminhou para ela. Agarrou fortemente o seu braço esquerdo e a puxou para junto de si. Com a mão que ainda estava livre, ele apertou a sua nuca, aproximando os seus rostos... Tão próximo que um sentia a respiração do outro. Somente então, os lábios violentos de Snape procuraram os de Guinevere.

Ela até tentou reagir, mas sentir o beijo dele mais uma vez... Voltar ao passado de maneira tão intensa... Sentir a língua dele indo ao encontro da dela mais uma vez... foi muito mais do que ela poderia suportar. Todas as suas defesas caíram e ela se entregou ao beijo.

E quase imediatamente ele o interrompeu.

Olhou no fundo dos olhos dela. Ódio. Rancor. Asco... Nada do que ela esperava ver. Num movimento brusco, ele largou o braço dela. Talvez não fosse a sua intenção, a sua força a fez cair no chão. Sentiu-se humilhada. Usada. Suja. Ele se virou para Dumbledore e caminhou em direção a ele.

- Você não podia ter feito isso. – Ele falou no tom de voz mais frio que conseguiu fazer. Mas, ao ver que o diretor iria responder, ele perdeu o pouco autocontrole que lhe restava. – VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO!

Agora ele se voltou para Guinevere, estendida no chão. A meio metro de distância, ele parou. Abaixou-se.

- E você? Você estava morta para mim. Deveria continuar assim. Você não tem nada o que fazer aqui. Volte para o se marido e para os seus filhos. – Ele se levantou. A olhou com desdém. Com a cabeça erguida e de volta ao controle. – Você não vale nada!

Virou-se e deixou a sala.

O silêncio se instalou... Apenas por um momento...

Pois foi rompido pelo soluçar do choro de Guinevere.

McGonagall correu na direção dela e estendeu a sua mão.

- Levante-se professora! E não se preocupe. Nós iremos falar com Severo. Não sei o que deu nele. Normalmente não e assim.

Em voz baixa, Dumbledore interveio, enquanto Guinevere se levantava.

- Nós não vamos fazer nada sobre isso, Minerva. – Ela ficou boquiaberta. – Severo não está certo, mas esse é um assunto que não nos diz respeito. Apenas os dois podem resolver seus problemas.

Atônita, Guinevere soltou a mão de McGonagall e disse:

- É, concordo. Eu preciso ir para o meu quarto. Com licença.

Mal começou a andar, foi interrompida por McGonagall.

- Ah, não vai, não. Será que alguém poderia me explicar o que está acontecendo?

Guinevere respirou fundo. Já era ruim suficiente sem ter que falar do seu passado.

- Dumbledore, por favor, explique tudo para Minerva. Eu vou me deitar. Com licença.

Ela deixou a sala do diretor.

Lá, verdades que muitos jamais imaginariam foram reveladas. Nos quartos, duas pessoas não conseguiam dormir. Seria uma longa noite para Guinevere e Severo.

XxXxXxX


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fantasmas do Passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.