Scorpions escrita por Lovefantasy


Capítulo 1
Anormalidade


Notas iniciais do capítulo

Os olhos de Camus se desviaram do amigo e ficaram distantes. Ele estava pensando. E não era necessário raciocinar muito para concluir que algo estava realmente errado.



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Ressuscitados pela deusa Athena, após o fim da última Guerra, os Santos Guerreiros negaram a proposta de uma vida normal. A lealdade à grande deusa fazia com que a chama e o desejo de servirem a mesma continuassem intactos. Assim sendo, Athena concedeu-lhes o poder das Doze Casas e o Santuário fora confiado novamente a Shion.

E um ano após o retorno dos Santos, todos estavam em paz, mergulhados em uma tranqüilidade infinita... Ou não.

- Camus! – O cavaleiro de Escorpião gritava pelo nome do aquariano, quebrando o silêncio da casa de Camus.

- Aqui, Milo... – O Santo de Aquário respondeu da biblioteca, com voz pouco animada, sussurrando em seguida. – Acabou minha paz...

O frio que se fazia presente judiava do grego escorpiano, que adentrou a casa tentando correr rumo à biblioteca.

Ao alcançar seu objetivo, escancarou a porta, chamando a atenção de Camus. Este lhe voltou os olhos imediatamente, irritado com a atitude do outro, mas algo que viu ao encará-lo o fez esquecer a raiva e rir, despreocupado e divertido.

- Tá rindo do quê, pingüim francês?! – Milo se irritou com o outro.

Era muito raro que Camus risse daquela maneira, mas a visão que tinha de Milo era hilária. O grego detestava, mais do que tudo, o frio, e isso o tornava muito friento. A atual temperatura estava baixa, mas não exageradamente aos olhos de Camus. Enquanto o francês usava de uma blusa bem fina, uma vez que era completamente apto ao frio, Milo usava de inúmeras roupas de frio, toucas e cachecóis. Estava tão agasalhado que encontrava dificuldades até para andar.

- Desculpe-me, Milo... Desculpe. – Respondeu por fim, contendo-se.

- Pode parar! – Esbravejou, adentrando a biblioteca.

Camus não entendeu, mas não se irritou com o tom do outro.

- Ok, ok. Eu já parei. Mas a que devo essa sua brusca visita?

Milo estreitou os olhos e se aproximou de Camus. O grego levou as mãos aos ombros do outro, e sua expressão tornou-se séria.

- Pelo amor que você tem a Athena! Por todos os deuses, Camus, pare!

O aquariano, sem nada compreender, apenas arqueou as sobrancelhas e continuou em silêncio.

- Você é o único que pode parar, então, se você me ama, pare! – Insistiu.

Camus revirou os olhos.

- Se você não dizer o que parar, não poderei fazer nada. E outra, não farei absolutamente nada se a condição for apenas por amor a você...

O grego arregalou os olhos e voltou a estreitá-los em seguida.

- Que cruel, Camus! Não dá valor aos amigos e às pessoas que te amam?! – Disse dando um tom manhoso à voz.

O Cavaleiro aquariano ignorou o comentário. Desvencilhou-se dos braços do outro e voltou ao livro que lia.

- O que você quer, Milo?

- Ah! É verdade! Camus, acaba logo com esse frio!

Camus chegou parar de ler seu livro. Fechou-o e olhou seriamente para grego friento.

- Perdeu o último resquício do seu cérebro?

- Não use palavras difíceis! E não, não perdi nada não! É que...

- Ah, perdeu sim! Perdeu sua pouca inteligência! Como é que eu vou parar o frio?!

Ignorando o francês, Milo puxou uma cadeira próxima a ele e se sentou.

- Oras, você “controla” o gelo, o frio! Sendo assim... – O outro balançou a cabeça negativamente, fazendo-o parar sua explicação. – Ah! Eu sei que parece estúpido, mas eu só consegui pensar nisso, com todo esse frio! Estou desesperado, não agüento mais essa temperatura tão baixa!

O Santo de Aquário deu uma leve risada e sentou-se também.

- Milo, Milo... Não está tão frio, é seu corpo que é muito quente. A temperatura está em torno de... 5°C.

O escorpiano fez uma careta de reprovação e cruzou os braços.

- 5°C na Grécia... E ainda nem estamos no Inverno! Acha mesmo que não está tão frio, pingüim francês?!

Os olhos de Camus se desviaram do amigo e ficaram distantes. Ele estava pensando. E não era necessário raciocinar muito para concluir que algo estava realmente errado. Voltou seus olhos ao homem a sua frente com uma expressão diferente.

- Tem algo errado...

- Ah, jura?! – Milo revirou os olhos e disse sarcasticamente. – Eu vim aqui pedir pra você parar porque pensei que isso era obra sua, Camus.

- E por que eu faria isso?!

Milo deu de ombros e não respondeu.

- De qualquer forma, o que é que nós podemos fazer? – Indagou Camus.

- Sei lá, oras! Supostamente inteligente aqui é você! – Camus ignorou-o novamente. – Mas tem certeza que não pode fazer nada mesmo...?

- Milo...

- Ok, ok... Vou pra casa do Deba. Ele disse que o país dele também é quente, então lá deve ter uma lareira maior e mais quente... Fui.

Camus ficou observando Milo sair da biblioteca, desengonçado e atrapalhado devido ao tufo de roupas. “E o pingüim sou eu...” Quase voltou a rir, mas o assunto que o escorpiano lhe apresentou era intrigante o bastante para levá-lo até Shion.

Chegando ao Salão do Grande Mestre, Camus encontrou o Cavaleiro de Libra, Dohko.

- Ora, Camus! Aproveitando o friozinho para um passeio? – Brincou o amigo.

Camus balançou a cabeça, acompanhando a brincadeira.

- Milo esteve lá em casa reclamando desse “friozinho”. – Contou, fazendo sinal de aspas com os dedos.

Dohko riu, sabia da fraqueza do outro amigo em questão.

- Mas isso está mesmo estranho, não?

- Está sim, Dohko. É sobre isso que vim falar com o Mestre... – Revelou o francês.

Dohko balançou a cabeça, rindo baixinho. Parecia ter adivinhado.

- Era justamente sobre isso que Shion e eu estávamos conversando.

- E concluíram alguma coisa?

O libriano fez uma expressão tristonha, desapontado com a resposta que daria.

- Infelizmente não. Não conseguimos descobrir...

Antes que Dohko pudesse terminar a frase, o Grande Mestre chega até os dois, chamando-o.

- Ah, Dohko! Que bom que ainda está aqui. Olá Camus, como vai?

- Vou bem, Mestre. – Camus respondeu com um aceno cordial.

- Estávamos conversando sobre esse clima doido. Descobriu algo, Shion?

Voltando os olhos ao Santo de Libra, Shion respondeu-lhe com confiança.

- Descobri sim, e é por isso que vim a sua procura. E devo dizer que encontrar você aqui, Camus, é ótimo.

Camus arqueou as sobrancelhas e fez um leve aceno com a cabeça.

- E o que foi que descobriu? – Indagou o aquariano.

- Vamos até a minha sala. Com base em tudo isso, eu lhe passarei uma missão. Dohko, meu amigo, chame Milo até aqui, por favor.

Dohko riu meio sem jeito e arqueou uma das sobrancelhas.

- Acha mesmo que ele vá querer vir aqui?!

Camus soltou um riso baixo e discreto, concordando com Dohko. Shion voltou-se rumo a sua sala, balançando a cabeça.

- Arraste-o pela orelha e diga que fui eu que mandei. – Concluiu o Grande Mestre.

Dohko riu e foi em busca do escorpiano, enquanto Camus acompanhava o Mestre.

Chegando à sua sala, Shion sentou-se sem sua cadeira, enquanto Camus optou por permanecer de pé.

- Bem, Camus, depois que Dohko saiu eu continuei analisando as informações que eu tenho. Descobri que essa anomalia no tempo teve início próximo à Sibéria, em Bluegard. Porém, lá a temperatura está se elevando.

Se o Cavaleiro de Aquário já estava bastante intrigado, agora ficara pior.

- Por que isso está acontecendo?

- Isso eu não sei ao certo. As suposições que eu tenho são pouco prováveis, e é por isso que eu quero que você vá até lá e descubra o que está acontecendo.

Camus pensou por um minuto.

- E mandará Milo ir comigo?

Antes que Shion lhe desse uma resposta, Dohko abriu a porta e entrou arrastando um escorpiano furioso.

- Me solta, Dohko! Eu vou te estrangular! Anda, me solta! Solta minha orelha, seu doido!

- Dohko, eu estava brincando. – Disse o Grande Mestre, levando a mão à testa, nervoso com a situação.

O Cavaleiro de Libra soltou Milo, que se colocou de pé enrolado em um lençol.

- Oras, Shion, por que não avisou que só estava brincando? – Dohko tentava se manter sério.

O Grande Mestre os ignorou e permaneceu em silêncio.

- E por que você mandou o Dohko me trazer até aqui debaixo desse frio?! – Milo estava irritado.

Camus se manteve em silêncio, tentando ignorar a vontade imensa de rir da cena. Ele precisava manter sua postura diante do Grande Mestre.

Shion ergueu a cabeça e finalmente olhou para Milo.

- Por Athena, Milo! Pra que tudo isso?!

Dohko e Camus não suportaram a expressão que tomou o rosto sério de Shion. Aquário desviou o rosto e riu baixo. Libra abaixou a cabeça e não conteve a gargalhada. Além do tufo de roupas, Milo agora se enrolava em um lençol grosso e escuro. Até mesmo Shion achou graça.

- Eu estou com frio!! – O escorpiano estourou. – Por que diabos me chamaram aqui?!

Os três voltaram à suas expressões sérias, enquanto Shion respondia.

- Mandei te chamar porque tenho uma missão pra você.

- Certo, e qual é?

- Irá acompanhar Camus até Bluegard, perto da Sibéria.

Milo virou as costas e foi em direção a porta.

- Acho que ouvi a lareira da casa do Deba me chamando...

- Milo...! – Com sua voz de trovão, o Grande Mestre Shion fez Milo dar meia volta.

- Por favor, Mestre! Não faz isso comigo! Eu imploro!

- Já está decidido, Milo. Você e Camus irão para Bluegard e descobrirão o que está acontecendo.

(Continua...)


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Notas finais do capítulo

Críticas construtivas são sempre bem vindas!

PS.: Há um personagem que entrará no segundo capítulo. Ele também pertence ao anime, mas seu nome não está na lista de personagens.