In Your Eyes escrita por Boo


Capítulo 6
Capítulo 6




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Tantas boas lembranças brincavam em minha mente nesses últimos meses. Já faziam três que eu te observava em silêncio, e dois que você me observava nada discreto, talvez isso fosse proposital, você sempre soube que eu era meio tapada e demorava a perceber as coisas, mas você também era tapado, e não havia percebido até hoje que quando se trata de você, para mim, todas as coisas são extremamente perceptíveis. Então, você inventa de me lembrar de coisas pequenas, aparece a poucos metros de mim com as três pulseiras que eu te dei há nove anos, eu não sabia que você as guardaria, eu realmente não sabia que elas resistiriam tanto tempo com você sem arrebentar. Aquilo fez meu dia, mais do que aquele sorriso que você me deu, pois eu imaginei que você guardasse as lembranças minhas, mas não imaginei que você guardasse as lembranças da nossa amizade.
Em casa eu lembrei que há dois anos eu havia ‘desistido’ de você, havia pegado tudo, sem exceções, que me lembrava você, e joguei em uma caixinha, a fechei com elásticos e deixei no fundo do guarda-roupa, se você tinha coragem de trazer a tona essas lembranças, por que eu teria que escondê-las? Foi um tanto quanto difícil resgatar a caixa, mas eu consegui.
Tranquei a porta e me sentei na cama, observando aquela coisinha de papel, não sei porque, me sentia impotente, incapacitada em abri-la, talvez houvesse algo ali que não me faria tão bem quanto suas pulseiras. Devo ter perdido meia hora nessa discussão comigo. Finalmente abri a pequena caixa, logo achei aquele colar que você havia me dado, no mesmo dia em que te dei as pulseiras. Eu me lembrava de todos os detalhes dele, mas vê-lo ali, na minha mão, me fez chorar. Chorei, até lembrar que havia mais coisas na caixa, coloquei o colar e resolvi voltar a mexer nela. Entre fotos e outras lembranças pequenas, encontrei um papel, meticulosamente dobrado e com um adesivo pequeno o segurando assim, percebi que eu nunca havia visto o que nele tinha escrito. Sim, era ele, aquele bilhete que eu não me lembrava da existência até então. O bilhete que você me entregou um dia antes de se mudar, você me disse que era pra abri-lo só depois que você fosse. Eu iria fazer isso, mas... Não tive forças pra quase nada depois que você virou as costas. Pode parecer exagero, mas, seu sorriso me motivava, todos os dias. Abrir a porta de casa e dar de cara com aquele sorriso e aqueles olhos brilhantes, era a única coisa que me fazia extremamente bem.
Eu logo joguei esse bilhete no fundo da gaveta, tinha medo do que poderia ter escrito, acabei por não abri-lo. Resolvi fazê-lo agora. Minhas mãos estavam trêmulas, novamente a sensação de incapacidade tomou conta de mim, mas agora, o que poderia haver naquele papel que me fizesse mal? Eu tinha seu sorriso novamente, tinha seus olhos e tinha em mente que você ainda sabia que eu existia, mas, talvez o medo de me arrepender por nunca ter tido coragem o suficiente para abrir aquele papel me impedisse de lê-lo.
Alguns minutos depois eu já chorava, você era uma pessoa que me fazia chorar. Meus dedos brincavam pelas dobras delicadas do papel, até acharem um vãozinho e ficarem posicionados perfeitamente, para que com um toque, separassem o papel do adesivo. O toque foi dado. O papel desdobrou um pouco, eu o abri completamente. Me deparei com aquela sua letra garranchada, que segundo você, era pior que letra de médico e, ainda segundo você, eu tinha desenvolvido uma habilidade ninja pra compreendê-la.
Comecei a ler, ainda tinha a minha habilidade, e em letras tortas e confundíveis eu li “Você sabe que eu vou embora, não faço isso porque quero, queria ficar aqui, com você, mas sabe que eu sou menor de idade e toda aquela história. Eu prometo que volto, prometa me esperar. E me prometa também, que toda noite me dará boa noite antes de dormir, como nós fazíamos gritando pela janela, só que agora você vai estar sem ninguém por perto, então espero que não grite, não quero te reencontrar em um manicômio. Eu prometo que toda noite vou lembrar-me de você, e vou desejar-te boa noite, espero que você sorria quando faça isso, pois, você diz que meu sorriso te faz bem. É o seu sorriso que me faz sorrir.
Nunca vou te esquecer, espero que não me esqueça, essa separação não é nada, pois só os corpos estarão longe e você vai ficar para sempre aqui dentro de mim.
Clichês a parte, te amo.”
Não conta pra ninguém, mais eu me achava louca por te desejar boa noite sempre.


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