Se eu dissesse que estava andando pelas ruas de Londres e vi milhares de sorrisos que me fizeram sorrir eu estaria mentindo. Só o seu sorriso me fazia sorrir que nem uma boba, mas fazia tanto tempo que eu não o via que eu pensei que... Eu teria esquecido ele, ainda bem que eu estava enganada.
Dia quatorze de julho, segunda-feira, primeiro dia de aula depois das férias do meio do ano, era pra ser mais um dia de aula bobo, até o intervalo, em que eu estava, como de hábito, sentada em algum canto da escola, vendo todos passar apressados, calmos, conversando, tristes.. Simplesmente vendo as pessoas passarem, quando passa por mim aquele sorriso.
Dou graças a todos os santos por aquela pessoa idiota ao seu lado ter contado uma piada bem na hora que vocês cruzaram comigo, por mais que a piada tenha sido sobre mim, eu me senti bem te vendo sorrir. Eu ainda não tinha certeza se era você. Depois de sete anos eu não sei se poderia te ver e simplesmente concluir que era você, mas, aquele sorriso não poderia mudar, de maneira alguma. Aquele sorriso que me fez tão bem por tanto tempo não irá mudar nunca.
Na hora que eu o vi, um sorriso involuntário surgiu no meu rosto, minhas bochechas coraram, meus olhos brilharam e mesmo sentada eu consegui perder o movimento das minhas pernas.
Só poderia ser você, tinha que ser você.
Naquela hora eu nem percebi que as pessoas a minha volta pararam para ver a tal ‘menina sombria’ sorrir. Eu simplesmente me senti completa. Sabia que a sua aura estava ali, me levantando, me puxando pela mão e me segurando pelo ombro, já que minhas pernas ainda não respondiam. Mas você tinha seus amigos. Como eu poderia simplesmente me aproximar de você e falar ‘oi você lembra de mim?’ sendo que eu não tinha nem uma prova concreta de que era você? Sendo que você não tinha uma prova concreta de que era eu, ali.
Mas o destino é minucioso, e não falha.
Graças a minha bela fama de ‘menina sombria’, por simplesmente não rir, na hora que aquela contração muscular ocorreu na minha face todos me olharam, inclusive você. Sim, eu tinha uma prova concreta de que era você, os olhos.
Aqueles olhos que simplesmente me levavam ao céu, me traziam novamente e me jogavam no inferno, entre duas piscadas. Os olhos que diziam tudo sobre você, e falavam tudo para mim, que me confortavam quando eu precisava de um amigo, que me alegravam quando eu estava triste, que me diziam ‘bom dia’ nos meus dias de TPM. Os olhos que haviam feito parte da minha vida.
O mais engraçado de tudo, foi que você pareceu ter percebido que ali era aquela sua amiga, antiga, a sua primeira amiga, sua irmã mais nova, sua primeira menina, porque na época eu não poderia se chamada de mulher. Você sorriu, sorriu do jeito que você sorria quando me via. Eu detalhista como sempre sabia distinguir seus sorrisos, sorrisos simpáticos, sinceros, para os amigos, para os parentes, sorrisos desajeitados, e os melhores, os sorrisos exclusivos meus. A exclusividade parecia ter voltado para mim, mas, logo a perdi, o sinal tocou, seu amigo te puxou rapidamente, parecia que você não iria querer perder aquela aula. Novamente você simplesmente se virou e saiu, mas eu percebi, eu percebi que desta vez você havia se virado para olhar novamente.
Infelizmente à distância eu não consigo ler lábios.