Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 41
Capítulo 41 - Adultério




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"A discrição é para a alma o que o pudor é para o corpo"

~ Francis Bacon

Capítulo 41 - Adultério

 Não havia dúvida. O carro que acabara de entrar naquele motel era mesmo o do pai de Monalisa. Pelo estilo do veículo, pela placa e pelo fato do homem dentro do carro ser mesmo o seu progenitor. A garota ainda custava a acreditar naquilo, mas as evidências eram claras. Ela morde os lábios com nervosismo, mas Ariadne a lembra do por que de estarem ali.

- Bem...vamos falar com ele - diz a guia, sem mostrar o mínimo incômodo com a situação.

- Falar com ele? Aqui? Justo num lugar como esse? - fala Monalisa, pasma com tudo - Aliás, por que me fez vir até aqui?

- Por que aqui é um lugar onde o evento vai se ativar mais rápido - responde Ariadne - Você não disse que quer sair o quanto antes do Labirinto?

- Mas...num lugar desses? E quem era aquela mulher? Eu....eu..

- Aquela mulher é a amante do seu pai. Quem mais poderia ser?

 Monalisa olha para Ariadne ainda mais pasma. Como conseguia lidar tão facilmente com aquela situação?

- Amante? 

- Ora, Monalisa. Vai me dizer que não sabe o que adultos fazem em um motel? Com doze anos você deve ter pelo menos uma noção disso, não tem?

- É claro que eu sei! Mas a situação em si já é desagradável! Como posso simplesmente flagrar o meu pai com outra mulher? Seria...seria muito constrangedor para mim e para ele!

- O casamento dos seus pais nunca esteve muito bem, esteve? - pergunta Ariadne.

- Bem, faz muito tempo que não converso com o meu pai. E minha mãe sempre dizia que ele chegava tarde...

- A explicação é simples. Seu pai tem uma amante. Aquela mulher é uma secretária do trabalho dele. Parecia bem mais jovem e bonita que a sua mãe, não parecia?

- Nunca pensei ter que passar por isso...

- Está preocupada com o quê, Mona? - fala Ariadne, encostando-se na árvore mais próxima - Sua mãe sabe muito bem sobre isso. Todos sabem. Apenas fingem que não sabem.

- Mas ainda assim é estranho... - balbucia a mocinha - ...e como vamos chegar até eles?

- Não se preocupe - responde a guia - Basta entrarmos no prédio sem ninguém perceber.

- Entrar...aí? - Monalisa fica ainda mais vermelha - Não! Não é melhor esperarmos que eles saiam?

- Precisamos falar com seu pai agora, Mona - continua Ariadne - Isso se você quiser mesmo sair do Labirinto.

- Em outras palavras...preciso enfrentar isso

- Se quiser adiantar as coisas - completa Ariadne - De acordo com o seu sonho, você terá que enfrentar seu pai cara a cara se quiser ativar o evento. Uma situação dessas certamente dará um resultado imediato. Não pode perder essa oportunidade.

- Tsc. Que horror - fala Monalisa - E como vamos subir até onde eles estão?

- Pelo lado de trás do muro - responde Ariadne - O seu pai está no quarto que fica na parte de trás do prédio. Se subirmos na árvore, chegamos até ele sem problemas.

- Subir pela árvore?

- Claro. Eles não deixariam duas meninas como nós entrar num lugar como esse. Você deve imaginar o que acontece lá dentro.

- Isso é que é o pior. E se o meu pai...

- Não vai acontecer.

- Como sabe?

- Por que o seu pai e a amante dele sabem que estamos aqui. E sabem que você irá ativar o evento. As coisas vão ocorrer exatamente como o planejado, desde que você siga as minhas instruções corretamente. Lembre-se que estamos no Labirinto. Tudo aqui segue uma harmonia pré-estabelecida de acordo com as suas ações.

- Entendi. Se não tem jeito...

- Vamos lá. É só dar a volta pelo muro.

- Duas meninas fazendo isso quando se está escurecendo...qualquer um diria que é um perigo - comenta Monalisa.

- Relaxe. Estou com você, não estou?

-Oh, claro. É verdade. 

 Estar com Ariadne de seu lado é mesmo um alívio. Monalisa sente-se mais confortável em saber o que está fazendo ao invés de agir sem nenhum norte. De alguma forma, ela também sentia que estava perto da saída. Falando com seu pai, sabia que iria dar mais um passo na direção certa. Mesmo que para isso, tivesse que encarar uma situação nada convencional.

- Não disse? É só subir essa árvore que chegaremos direto na janela do quarto onde está o seu pai, ou devo dizer, o Mestre das Chaves - diz Ariadne, apontando para a árvore que, de fato, tinha um de seus galhos apontando para uma janela.

- Não sei, não - resmunga Monalisa, ao ver que a árvore não era muito resistente - Eu...nunca fui muito de subir em árvores...

- Ah, sim, você sempre foi princesinha, né? - provoca a guia - Tudo bem. Eu te ajudo.

 A ruivinha se agarra nos primeiros galhos e sobe na árvore com uma facilidade relativa. Quando acha uma posição razoável, estende a mão para Monalisa que salta para alcançar.

- Isso! - parabeniza Ariadne - Agora é só subir

 Com um certo esforço, Monalisa chega no galho de Ariadne que, sem perder mais tempo, continua a subir.

- Cuidado - adverte a loirinha, mas Ariadne parecia saber direitinho o que estava fazendo.

- Pode ficar sossegada. Eu já fiz muita macaquice por aí - ri ela - Quem precisa tomar cuidado é você. Não olhe para baixo e me siga com cuidado.

 Monalisa se agarra fortemente nos galhos e tenta subir com cuidado. Ariadne procura subir devagar para que a garota a acompanhe, mas ao olhar para trás viu que ela estava mais atrasada do que devia.

- Eu falei pra não olhar pra baixo, não falei? Sobe com cuidado.

- E-Estou tentando - responde a loirinha, sem muita segurança.

- É só me seguir. Confie em mim!

- T-Tá. Tô te seguindo.

 Em certo momento, Ariadne para. Por sorte, o galho era resistente (e as duas eram magrinhas). Parece que agora era Monalisa quem precisava comandar.

- Sobe aqui - fala Ariadne - Essa é a janela. Você vai ter que entrar.

- Mas assim? - gagueja a garota, toda vermelha - O que eu vou falar?

- Vai ter que falar alguma coisa. Isso é necessário para ativar o evento!

- Droga. Eu nunca tive um relacionamento muito bom com os meus pais...mas falar assim.

- Se o evento for ativado, não será o seu pai e sim o Mestre das Chaves. É ele a pessoa com quem você deve conversar. Vai lá. Os dois estão só conversando.

 Monalisa acaba concordando e com alguma dificuldade troca de lugar com Ariadne. Ela olha pela janela e vê seu pai, apenas de camisa e sem gravata conversando com a amante. Era uma mulher de cabelos ondulados, castanhos, não muito alta e de olhos pretos. Usava um batom vermelho forte, mas a maquiagem compensava. Estava deitada na cama, apenas de lingerie. Nenhum dos dois parecia falar nada. Que tipo de situação era aquela? Será que sabiam mesmo que ela estava ali? Monalisa estava nervosa, mas se não falasse com seu pai agora iria perder a chance de ativar o evento. Confiava em Ariadne. Se ela disse que iria ativar o evento, tinha que ser aquilo. Embora as dúvidas ainda permeavam sua cabeça, ela se decidiu e continuou em frente. Rapidamente, Monalisa se esgueira pela janela e, por fim, entra no quarto, caindo desajeitadamente no chão e fazendo algum barulho.

- Hã? Quem está aí? - diz seu pai, mas, assim que vê sua filha, fica atônito - M-Monalisa? É você?

- P-Pai - ela fica meio sem saber o que falar, mas se lembra de seu sonho. Precisava gritar, falar, só assim poderia sair da gaiola. O simbolismo era claro. Não era hora para vergonha, mesmo estando em um quarto de motel repleto de um perfume forte e nauseante - Pai! Preciso falar com o senhor! Agora!

 O semblante de seu pai parece mudar de assustado para uma expressão indiferente. Seria o evento ativado? Monalisa esperava que sim.

- Entendo - diz ele, levantando-se da cadeira e aproximando-se da filha. Ele lhe oferece a mão e ajuda a garota a se levantar - Nunca pensei que fosse chegar a esse ponto, Monalisa.

- O-Obrigada - agradeceu ela. Ao olhar para a amante de seu pai, a mulher retribui com um sorriso simpático. Que tipo de papel ela teria? De qualquer forma, ela também devia fazer parte do Labirinto.

- Você também. Pode entrar - diz o homem para Ariadne - Foi você que a guiou até aqui, não foi?

- Sim - respondeu Ariadne sorrindo - Mas não poderia fazer isso se ela não tivesse confiado em mim.

- Sem dúvida, ela está se saindo muito bem - comentou o pai - Bem, eu sou seu pai nesse Labirinto, Monalisa, mas além disso sou o que pode chamar de Mestre das Chaves.

 - Mestre das Chaves? - repetiu a garota - Então..é o senhor mesmo?

  Parece que o evento foi ativado com sucesso. Mas o que esse Mestre das Chaves terá a dizer?


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