Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 38
Capítulo 38 - Agência




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"As aparências enganam"

~ Provérbio popular

Capítulo 38 - Agência

 Monalisa reage confusa diante das pessoas da ao seu redor. O que Ariadne quis dizer com uma agência especial?  Estava em dúvida, mas não assustada. Já havia se acostumado com eventos estranhos e esse deveria ser apenas mais um deles. Contudo, aquele não seria apenas mais um evento. Exatamente. Monalisa estava mais perto de seus objetivos do que pensava.

- O que quer dizer com agência especial? - pergunta a loirinha para sua guia, que apenas sorri simpaticamente e responde:

- Não se preocupe. Vamos explicar tudo. Sente-se.

- Isso mesmo. Fique à vontade - reforça Ulisses, o pai de Ariadne e, ao que parecia, o moderador de toda aquela agência - Não quer alguma coisa? Água? Café?

- Não tive boas experiências com água e café - responde ela - Só quero as explicações mesmo.

- Muito bem - diz o homem, sentando-se do outro lado da mesa e pigarreando - Vamos começar do começo.

 Monalisa observa ao redor e vê todas as outras pessoas trabalhando normalmente. Sabia que elas eram tão conscientes de tudo que estava havendo como o homem à sua frente, mas parece que a presença de Monalisa ali não interferiu em nada na rotina deles. Ulisses observa a inquietação da garota.

- Relaxe. Eles não vão interferir em nada - diz ele - Ignore-os assim como eles estão nos ignorando.

- Já imaginava - fala a garota, voltando-se para Ulisses - Então...o que exatamente é esse lugar.

- Se está aqui é porque o código do deserto já foi ativado, não é?

- Que código seria esse?

- Oh, sim. Você deve ter tido um sonho em um ambiente vazio e deserto, não?

- Isso. Foi o meu sonho - confirmou Monalisa - Isso é o código do deserto?

- Exatamente. Se já sonhou com isso, é sinal de que cortou um bom caminho...

 Ariadne tinha dito algo parecido alguns momentos atrás. Isso era sinal de que estava prestes a sair do Labirinto?

- Sério mesmo? Então estou perto da saída? - pergunta a loirinha, animada.

- Acalme-se. Por favor, fique calma - pede Ulisses - Sim. Podemos dizer que você está em um cenário bem próximo à saída. Na verdade...a saída encontra-se exatamente por aqui.

 Após uma revelação dessas, é claro que Monalisa não iria se sentir calma por nada. Ela não consegue esconder sua empolgação, embora nunca fosse muito exagerada.

- Sério? É aqui? Aqui é a saída?! - exclama a mocinha, levantando-se de supetão. Era bom demais para ser verdade.

- Bem, sim - responde Ulisses - Mas, por favor, não precisa ficar tão afoita. Nossa agência pode, realmente, levá-la até a saída.

- E o que preciso fazer para sair?

- Antes...talvez seja interessante você saber o que exatamente nossa agência especial faz.

- Oh, tudo bem. Se isso for preciso para sair.

- Não se preocupe - diz Ariadne, colocando as duas mãos nos ombros da loirinha - Estou do seu lado.

 A loirinha olha para ela agradecida, mas logo Ulisses começa uma explicação. Afinal, o que era a agência especial?

- Bem, Monalisa. O que você entende como o Labirinto? - pergunta ele.

- O Labirinto? É o mundo que criaram para me enganar, não é?

- De certa forma, sim. Mas por que o mundo é desse jeito? Não poderia ser de outra forma?

- Acho que sim...

- Talvez na Idade Média ou no século XIX. Quem sabe até na Pré-História...

- Poderia? - pergunta a loirinha, não entendendo muito bem onde ele queria chegar.

- Sim. Claro que poderia! - responde Ulisses - Podemos dizer isso porque essa agência é o núcleo do Labirinto!

- O...núcleo? - repete Monalisa, com uma cara de dúvida - O que quer dizer com isso?

- É daqui que todas as informações são enviadas para o Labirinto. Pode pensar nessa agência como a central de todos os dados que permitem ao Labirinto ser do jeito que é.

- Sério? - Monalisa se admira - Então...aqui é o núcleo de tudo?

- Quase tudo

- Quase? Como assim?

- Embora aqui seja a central de todos os dados...não é aqui que podemos dar a saída que você deseja.

- Mas...você disse que a saída estava aqui..

- E está. Mas é a saída dessa camada do Labirinto.

 Agora ela começa a ficar confusa de verdade. Como assim camada? Então o Labirinto não se resumia aquele mundo?

- Sei que parece confuso - fala o pai de Ariadne, com as mãos cruzadas, como se adivinhasse os pensamentos cheios de dúvidas ecoando na mente de Monalisa - Mas o mundo que você vê não é o Labirinto de verdade. É apenas uma camada. O verdadeiro Labirinto é bem diferente de tudo isso. Tudo à sua volta é realmente uma ilusão....embora talvez tenham dito que é apenas uma mentira, não é?

- Então...quer dizer que..

- Sim. Esse Labirinto à sua volta também é falso.

 Espere um instante. Então, no fim das contas, o Labirinto que a enganava também era falso? Era uma mentira dentro da outra? Era isso que havia entendido?

- Você...não pode estar falando sério, está? - pergunta Monalisa, esboçando um certo descontentamento (com razão) - Então tudo que estou fazendo aqui é em vão?

- Claro que não. Se quer sair do Labirinto de verdade, vai ter que sair do falso Labirinto primeiro.

- Então...minha jornada ainda está só no começo - reconheceu ela, praticamente se desmanchando desanimada na cadeira - E eu achando que estava perto da saída.

- Mas está - corrige Ariadne - Eu também estarei do seu lado no Labirinto de verdade.

- Mesmo assim...mesmo assim é frustrante - retruca ela - Esse Labirinto que já achei ser desumano é só um disfarce do verdadeiro.

- Sim. Sei que parece frustrante - reconhece Ulisses - Mas se quer mesmo chegar à verdade última, terá que passar por isso. Claro, você sempre tem a opção de ignorar tudo e continuar com sua vida como antes. O que vai querer?

 Para ter chegado tão longe, a resposta era óbvia. 

- Eu vou até as últimas consequências, é claro! - responde ela rapidamente - Só estou brava por achar que estava perto da verdade, mas só descobri que ela está mais escondida do que antes. Tsc.

- Mesmo assim é possível chegar lá - comenta Ariadne, sem perder a calma - Pai, pode explicar a ela o que fazer?

- Oh, claro - Ulisses também sorri simpaticamente - Bem, Monalisa, como disse, essa agência é a responsável por transmitir os dados que forma essa camada do Labirinto.

- Isso quer dizer que...vocês também podem parar de transmitir esses dados?

- Exato - responde ele, sem tirar seu sorriso terno do rosto - Nossa agência pode remover todos os dados de disfarce e tirar a máscara desse Labirinto, mostrando o verdadeiro para você, mas...

- Claro, sempre tem um "mas", não é? - adianta-se a loirinha - O que eu vou precisar fazer? Seja direto.

- É. Você pega rápido as coisas - sorri ele - Bem, mesmo que quiséssemos, não poderíamos revelar a verdadeira face do Labirinto.

- Por quê?

- Porque não temos a chave que desativa a camada - responde ele - Pense em um sistema de computadores. O administrador da rede precisa de uma senha para entrar, certo? No entanto, nenhum de nós aqui possui essa senha.

- Senha? Como essas que ativam os eventos? - pergunta a loirinha.

- Algo assim...mas dessa vez é algo bem mais protegido - respondeu o homem - Esse é o tipo de senha que não vai ser fácil de pegar.

- E ao que tudo indica, eu vou ter que pegar essa senha, não é?

- Na verdade, é mais uma chave do que uma senha. Não é algo que podemos tentar aleatoriamente e nem mesmo reproduzir uma igual. Só tem uma chave capaz de desativar a camada do Labirinto.

- E...vocês não tem ideia de onde eu possa achar essa chave, não é?

 Ariadne dá uma risadinha de leve. 

- Claro que temos - responde ele - Na verdade, sabemos exatamente com quem essa chave está.

- Com quem? - pergunta a loirinha.

- É um dos dois tutores mais poderosos do Labirinto. Costumamos chamá-lo de Mestre das Chaves.

 Monalisa lembrou-se imediatamente de quando se encontrou com o Gato de Cheshire que disse haver dois caminhos diferentes: um que levava ao Mestre dos Relógios e outro ao Mestre das Chaves. O Mestre dos Relógios ela já conhecia, mas não o Mestre das Chaves.

- Entendo...já ouvi esse nome antes - balbucia a garota.

- Evidente que sim. Mas não podemos dar mais informações do que isso.

- Mesmo assim, já ajudou bastante.

- Como sempre...devo avisá-la de que assim que cruzar as portas desse prédio, voltaremos a ser a mesma agência bancária de sempre a menos que possua a chave certa. Se tiver mais alguma dúvida, pergunte agora.

- Bem...se essa camada é falsa, então todos os outros personagens do Labirinto também são falsos?

- Não. De forma alguma. Apenas respondem à programação dessa camada. Quando desativá-la, eles irão ser programados para agir nos termos do Labirinto desvelado. Tudo é perfeitamente projetado...se é um Labirinto, é porque alguém o construiu.

- Se eu for até o fim...poderei saber quem projetou esse Labirinto?

- Hehe. Talvez. Tudo vai depender do que você fizer. Continue jogando.

- Acho que isso é tudo.

- Também não terei permissão de falar mais nada, Mona - lembra Ariadne - Se tiver mais alguma dúvida, é melhor falar agora.

- Tá tudo bem - responde a loirinha - Vamos embora.

 As duas saem da agência. Monalisa parecia estar séria.

- Anime-se. Se conseguir essa chave, estará bem mais perto da saída.

- Não é se conseguir - corrige Mona - É quando conseguir. Eu vou conseguir achar essa chave custe o que custar!

- Bom ver que está determinada - observa a guia - Com certeza seu próximo sonho nos dará a localização do Mestre das Chaves. Fique atenta a ele.

- Ariadne...

- Sim. Pode falar.

- Quando encontrei o Gato de Cheshire, ele disse que eu deveria escolher entre o Mestre das Chaves e o Mestre dos Relógios. Se tivesse encontrado o Mestre das Chaves antes, eu estaria mais perto da saída? É isso? Ele era a escolha certa?

- Creio que não

- Não?

- Se tivesse escolhido o Mestre das Chaves, o Labirinto se modificaria de tal modo que você teria que encontrar o Mestre dos Relógios depois. Faz parte do jogo.

- Jogo é? Vou continuar jogando até o fim. Por mais que vocês tentem esconder tudo de mim.

- Hihi. Você é mesmo determinada - elogia Ariadne - Estarei ao seu lado, não se preocupe.

- Você é a única que pode me ajudar, sim, eu me sinto segura do seu lado. Mesmo assim...mesmo assim isso não muda o fato de que você também é um deles.

- Sim, eu sou - responde a ruivinha - Desculpe, Monalisa. Você é mesmo a única que não sabe da verdade. Mas faz parte das regras.

- Não cheguei tão longe para desistir - retrucou a loirinha - Esteja certa disso!

- Já vi que está determinada - repetiu Ariadne - Mas...por hora, é melhor descansarmos, né? Aliás, você terminou aquele trabalho de História? Podemos fazer juntas.

 Monalisa suspira.

- Tudo bem. Irei informá-la assim que tiver meu próximo sonho. Enquanto isso, tá legal, vamos continuar nossa vida normal.

- Beleza. Vamos lá.

- Vamos.. - concorda Monalisa, frustrada, mas ao mesmo tempo determinada para chegar até o final.

 Tão perto, porém tão longe. Hoje Monalisa descobriu que tudo à sua volta não é apenas uma mentira, mas uma mentira dentro de outra. O verdadeiro Labirinto só será desvelado se ela encontrar a chave guardada pelo Mestre. Mas quem será esse Mestre? Só o próximo sonho poderá dizer...


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Notas finais do capítulo

Parece que todo mundo desistiu dessa história. É uma pena. Mas continuarei postando com review ou não.

Até!