Ino estava em sua sala concentrada em analisar os exames de alguns pacientes que sofreram algum tipo de lesão cerebral. Diferente de Sakura que não Havia se especializado em nenhuma área especifica, ela havia se tornado uma médica renomada em neurocirurgia e problemas cerebrais complicados, sendo considerada pela própria Godaime uma médica importante.

Estava casada há mais de três anos, mas vivia praticamente como uma solteira, porque ela como responsável pela ala neurológica do hospital de Konoha e o marido sendo Kazekage, não podiam se ausentar por muito tempo da sua vila natal. Era uma relação muito complicada, recheada de discussões e brigas. Ele já havia pedido para que ela se mudasse para Suna, garantindo a ela um emprego na mesma área, mas Ino era uma mulher          teimosa e tinha a língua bem afiada para desafiar o líder da vila da areia.

OoOoOoOoO

_ Porque você não se muda para Konoha e abandona o seu posto?

_ Ino não é a mesma coisa, eu sou o Kazegake, não posso simplesmente sair do meu posto da noite para o dia.

_ Então peça mais tempo.

_ Tente entender que a minha posição é mais tensa, se eu abdicar do meu cargo e for para Konoha posso ser considerado um ninja desertor.

_ Mas eu tenho um nome e uma profissão a zelar, sem contar que sou constantemente requisitada pela Godaime para cuidar de alguns pacientes e ajudar em interrogatórios quando necessário, não posso simplesmente abandonar o meu cargo, a vila em que nasci e as pessoas que amo.

_ Mas não se preocupa em deixar três dessas pessoas aqui sem a sua presença não é?

Ino suspirava longamente sentindo um pouco de raiva de Gaara, ele era tranqüilo e ponderava bastante nas discussões do casal sempre tentando manter a calma, mas  sabia como afetá-la.

_ Sabe que eu não abandonei nenhum de vocês, eu só tenho muito trabalho a fazer e não tenho como ficar muito tempo, o trabalho médico é sufocante, ter que levantar e correr para o hospital no momento em que um ANBU aparece na janela para chamar é desgastante. Acha que eu não gostaria de estar do seu lado sempre que possível?

_ Não sou eu quem sente mais falta da sua presença e sim os seus filhos. Outro dia eu peguei a Rukia judiando do Yamazaki por que queria desforrar a raiva que estava sentindo em alguém.

Ino sentou na cama e pegou um bombom que estava em cima do criado mudo, deixando uma das pernas para fora da cama enquanto Gaara a observava meio irritado.

_ Sabe que a sua filha é estressada e que vive fazendo essas coisas, já devia estar acostumado, já o Yamazaki tem que aprender a se defender ele é filho de shinobis e não pode querer para sempre a nossa proteção.

­_ Me explica como que uma criança de cinco anos se defende de uma clava cheia de pregos.

_ Pregos? Aquela menina ta doida? Eu vou lá chamar a atenção dela agora.

Ia se levantando furiosa quando foi detida pelo ruivo que a segurou pelo braço.

_ As três horas da manhã? Você não pode acordar eles, principalmente ela que vai ficar com um humor insuportável de manhã.

_ Eu não quero saber como ela vai ficar de manhã, essa atitude precisa ser corrigida senão ela vai acabar matando o irmão.

Gaara tentava conter a esposa antes que ela fosse armar o maior fuzuê no quarto dos filhos. Sabia que a filha tinha a personalidade igual a da mãe e descontaria no primeiro que encontrasse na frente, ou seja, no irmão que era calmo e não gostava de discussões. Mas a Yamanaka parecia possessa e não descansaria até limpar a roupa suja ou se entreter com algo mais interessante que ele sabia bem o que era. Sem esperar por reações a puxou de uma vez e selou os lábios dela em um beijo extremamente luxurioso e cheio de desejo deixando a loira sem reação. Essa era uma das vantagens que tinha, ela sempre cedia com facilidade a tentação da carne. Segurou de leve os cabelos da nuca dela trazendo a boca mais para perto e com a outra mão passeou pelas suas curvas perfeitas. Ela era linda, mesmo com dois filhos continuava a manter o mesmo corpo atraente.

Ino quase teve um enfarto na hora que eles se separaram sentindo aboca arder provavelmente vermelha como a dele estava por causa da violência do beijo. Normalmente ela era a estressada do casal e ele o tranqüilo, mas na cama os papeis se invertiam e ela ficava mansinha esperando as investidas dele que eram sempre dominadoras e quase animalescas. Esse lado dele que só ela conhecia a deixava ainda mais desejosa e acabava sempre pedindo por mais encarando os olhos verdes esmeralda  que perdiam o brilho sereno e tornava-se possessivo, prometendo horas de interminável “sofrimento”.

Fora dessa maneira que foram obrigados a casar sem programação e as pressas.

Depois de uma festa quando todos estavam bêbados e ocupados demais se agarrando, vomitando, conversando aos berros ou caídos no chão desmaiados pelo coma alcoólico, que ele prensou a loira em uma parede e hipnotizando-a com aquele olhar sensual e dominador a possuiu ali mesmo sem se importar com nada nem ninguém...nem proteção.

Resultado.  

Gravidez. Casamento às pressas, gêmeos e o inicio dos problemas.

Mas amava aquela “problemática” como vivia repetindo o cunhado e não a trocaria por nada, mas deixaria o resto da conversa para o outro dia.

OoOoOoOo

Despertou assustada da sua concentração com algumas batidas na porta.

_ Entre. - disse sem tirar os olhos do papel.

Um homem alto, com o nariz adunco, cabelos lisos e castanhos penteados elegantemente para trás e óculos redondos entrou na sala fazendo uma leve reverência ao inclinar o corpo para frente.

_ Com licença doutora Yamanaka posso roubar dois minutos do seu tempo? Eu preciso conversar um pouco sobre um paciente que temos em comum.

Ino levantou o olhar e deixando os exames que estava analisando de lado ofereceu para que ele se sentasse.

_ Sente-se, por favor, doutor Suijiro. – esperou que ele se acomodasse. – Então sobre qual paciente nós vamos conversar.

_ Uzumaki Hyuuga Yukie. – disse sem rodeios agradecendo o café que ela estava servindo.

_ Ah sim a filha do Naruto. – disse sem se importar com a maneira intima com a qual se referia ao Hokage, fazendo o médico olhá-la assustado. - A Tsunade sama pediu para que eu a examinasse, mas não achei nada de anormal nos resultados dos exames que ela fez. Pelo menos não na minha área de diagnóstico. É certo que ela apresenta uma resposta a estímulos externos mais evoluída que a dos demais, mas não vejo motivo para uma investigação mais profunda.

Suijiro sorveu mais um pouco de café e ajeitando os óculos que estavam escorregando encarou os olhos azuis de Ino.

_ De fato doutora Yamanaka, o distúrbio que ela apresenta não envolve em específico a sua área de atuação e sim a minha, mas mesmo assim gostaria de pedir o seu auxílio porque preciso que ela faça mais alguns exames enquanto eu converso com ela para saber qual a resposta que a atividade cerebral dela vai apresentar. Ela é uma menina muito arredia e apresenta um quadro preocupante.

_ Eu entendo e farei o máximo possível para ajudar, mas antes gostaria de saber quais os sintomas que ela apresenta que lhe preocupam tanto.

_ Doutora Yamanaka, a senhora sabe que ela é considerada o pequeno gênio do clã Hyuuga não?

_ Com certeza que sim, todo mundo na vila sabe disso.

_ Eu fiz um teste de conhecimentos gerais com ela e sabe qual o resultado de QI que ela apresentou?

_ Não faço idéia, 150 ou 170 talvez?

_ 280. – disse sério vendo o rosto de Ino se contorcer de incredulidade.

_ 280? Isso é absurdo! Ninguém apresentou uma inteligência tão alta em anos, tem certeza desse resultado?

_ Absoluta. Entreguei á ela um livro de técnicas ninjas de camuflagem e pedi para que lesse um dos capítulos e comentasse, pois bem, ela leu quase o livro inteiro na minha frente e soube não só falar sobre ele, mas também criar uma análise crítica sobre o assunto de maneira perspicaz.

_ Isso realmente é incrível, principalmente se levarmos em consideração quem é o pai dela, mas eu não vejo qual seria o problema doutor Suijiro. Se ela é uma criança inteligente o que haveria de mais nisso? Não seria motivo para comemoração.

O homem se ajeitou na cadeira e colocou a mão no queixo enquanto era fitado pelos curiosos olhos azuis de Ino, pensando em uma maneira mais simples de explicar a situação. Sabia que ela era uma renomada médica, a melhor da área neurológica, mas não conseguia compreender a realidade escondida por trás da fachada de normalidade.

_ Pacientes que apresentam uma atividade cerebral tão avançada tendem a ter sérios problemas em relação a sua sanidade mental quando submetidos a pressões externas muito fortes doutora Yamanaka.  Temo que o caso dela venha a se tornar algo muito complexo em um futuro não muito distante se as medidas necessárias não forem tomadas a tempo.

Ino se ajeitou e buscando os olhos do doutor tentou extrair o motivo de sua preocupação.

_ Eu não consigo compreender onde quer chegar doutor Suijiro. Está me dizendo que se ela não for tratada imediatamente vai acabar ficando loca?

_ Temo que seja algo mais complexo e prejudicial que isso.

_ Como o que doutor? Peço que seja mais incisivo nas suas respostas pois essa não é a minha área de atuação , logo se não for direto ao assunto eu provavelmente não irei conseguir entender a sua mensagem.

Ele sorveu mais um pouco de café pacientemente.

_ Então serei direto como deseja. Ela apresenta uma séria tendência a desenvolver personalidades múltiplas e vir a se tornar muito perigosa futuramente já que possui muita inteligência e habilidades ninjas.

Ino encostou-se na cadeira refletindo dobre a notícia que acabara de receber. Jogou os cabelos loiros para trás finalmente compreendendo o motivo da preocupação do psicólogo mais renomado no mundo ninja.

_ Isso realmente é muito sério.

O homem balançou a cabeça concordando enfadado.

_ Lamento confirmar que sim. O próprio Hokage me solicitou que eu  fizesse o máximo possível para impedir que isso aconteça. Mas para poder compreender melhor a situação, eu vou precisar da sua ajuda.

_ Eu vou marcar para essa semana. Esteja atento porque eu vou mandar um ANBU confirmar o dia e hora exatos.

_ Agradeço a sua preocupação doutora Yamanaka e aguardo ansiosamente a sua resposta.