À Beira do Abismo escrita por Yue Chan, L-chan_C-chan


Capítulo 11
Conflitos pessoais.


Notas iniciais do capítulo

GRAÇAS A DEUS! Vou poder garantir pelo menos um capitulo por dia por algum tempo. Já não aguentava mais ter que fazer vocês esperarem.(bico)
Espero que gostem, farei o possível para trazer posts maiores, e a partir de agora irão surgir mais personagens.
Até mais e Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138431/chapter/11

Ainda estava um pouco tenso quando tocou a campainha.

Alguns segundos que pareciam demorar uma eternidade se passaram antes que passos pudessem ser ouvidos acompanhados pelo ruidoso som de chaves e da porta se abrindo.

_ Bom dia Hinata! Como está se sentindo. – Disse dando um enorme sorriso que fez a Hyuuga esboçar outro breve em resposta.

_ Melhorando aos poucos. Ainda sinto uns piques de depressão, mas graças aos tratamentos estou melhorando. – disse ainda fraca. – Veio ver as crianças?

_ Sim, onde eles estão?- pôs a cabeça para dentro procurando-os.

_No quarto. Por acaso não achou que eles viessem correndo quando te vissem não é?- ele sentiu um pouco de rancor na sua fala.

_ Não. – deixou o sorriso murchar. - Posso entrar?

_ Claro. – deu passagem para ele. – Qualquer coisa eu estarei na cozinha é só chamar.

Naruto a viu se afastando e colocou a mão no corrimão sentindo um pouco de incerteza gelar suas pernas, mas logo a lançou fora com um breve balançar de cabeça; precisava ser forte e provar para os filhos quanto os amava. Caminhou pelos corredores familiares deixando-se perder em meio aos retratos nas paredes, muitos deles mostrando apenas os filhos brincando ou sorrindo. Pode reparar que não estava em nenhum dos retratos, e sentiu-se vazio por dentro como se a sua presença na família pudesse ser apagada com esse simples gesto.

Mas ele sabia que havia assumido o risco de perder esse posto ao abandoná-los em busca da própria felicidade, só não estava emocionalmente pronto para suportar a indiferença dos filhos. Daito já não sorria mais para ele, ou pulava em seu colo pedindo beijos e abraços como fazia antes, ficava atrás da irmã o tempo inteiro e parecia ter profunda aversão dele.

Medo. Era isso que ele sentia.

Com certeza havia se transformado em um monstro egoísta que no passado pensou apenas na própria felicidade, e se arrependia de ter percebido isso tarde demais.

Mas o que mais doía era Yukie.

Havia transformado a sua doce princesinha em uma criança rancorosa que não sabia mais olhar em seus olhos sem demonstrar a extrema aversão que sentia pela sua presença. Queria poder abraçá-la novamente e ouvi-la dizer que o amava enquanto se pendurava em seu pescoço e depositava um beijo muito carinhoso em sua bochecha.

Era feliz e não sabia, e o tempo não iria voltar para que consertasse seus erros.

Por isso batalhava para reconquistar-lhes a confiança, mas a cada visita sentia que a distância entre eles aumentava como se estivesse à beira de um abismo onde ele tentava alcançá-la esticando os braços, enquanto a via lhe dar as costas com um sorriso desinteressado no rosto.

Essas visitas estavam lhe custando muita força de vontade e não sabia até quando iria suportar tanta pressão.

Percebeu em cima da hora que havia chegado ao fim do seu trajeto.

Deixou a mão pousar na porta antes de abri-la ao ouvir os risos de Daito ecoarem pelo quarto seguidos pelos gritos da filha mais velha, fazendo certa ponta de nostalgia surgir em seu peito. Havia anos que não os ouvia rir tão espontaneamente daquela maneira e por alguns segundos deixou a mente vagar em meio as lembranças alegres dos tempos em que eram uma família feliz e descontraída que buscava viver os dias intensamente. Momentos divertidos que ficaram esquecidos em um passado distante.

Risos soltos e espontâneos que foram substituídos por olhares amedrontados e de ódio.

Reunindo a coragem suficiente, empurrou a madeira que estava unida á sua mão, fazendo a porta se mover liberando a sua passagem.

Como se houvesse aberto os portões do desespero às crianças que brincavam alegres de guerra de travesseiros em cima da cama pararam subitamente e olhando a sua imagem como se fosse um intruso suspeito assumiram a posição de defesa deixando os travesseiros caírem aos pés abandonados.

Daito se encolheu atrás da irmã que naquele momento lhe parecia a fortaleza mais segura deixando apenas parte do rosto de lado para que pudesse encarar o pai enquanto segurava firmemente o tecido fino do Baby-doll lilás que a irmã usava. Ele vestia um pijama azul com nuvens brancas um pouco folgado para o corpo que lhe dava um aspecto de bebê nas mangas que pareciam ser mais cumpridas que os braços e nos pés parcialmente cobertos pelo pano deixando em vista apenas os pequenos dedos. Os cabelos apesar de serem lisos estavam bagunçados como os da irmã denunciando que eles haviam acabado de acordar. 

_ Bom dia!- disse tentando contornar o constrangimento por ter interrompido a brincadeira e que parecia pesar em suas palavras.

_ Estava bom até você chegar. – Yukie resmungou mais para si do que para ele.

Naruto resolveu fingir que não havia ouvido as palavras um tanto brutas da filha e puxou os presentes para o quarto.

_ Trouxe presentes para vocês!

Ficou sorrindo com os braços abertos como se esperasse que algum deles pulasse em seu colo como fazia antes, mas foi ignorado com o olhar indiferente.

_ Acho que hoje não tem abraço não é?Tudo bem. Mas abram os presentes e digam se gostaram ou não.

Nenhum movimento.

_ Não querem abrir? Vamos; eu sei que vocês adoram presentes!- tentava manter-se animado, mas estava ficando cada vez mais difícil.

_ Não precisamos disso. – Yukie ponderou tentando ser o mais formal possível.

_ Mas pelo menos veja! Se não gostar eu posso comprar outro! O que vocês quiserem.

_ O que eu quero você não pode me dar. – virou sentando na cama sendo seguida pelo irmão menor.

_ Diga o que quer e eu trarei para você minha princesa.

_ Você nunca seria capaz de comprar o que quero.

_ Nada é impossível quando se tem dinheiro e boa vontade.

_ Deixa para lá você nunca entenderia.

Ele pareceu pensar um pouco antes de voltar a falar.

_Vamos Hime diga para o papai, que você vai ter.

_Eu já disse para esquecer. - estava ficando nervosa.

_ Não antes de me contar o que quer! O meu maior desejo é vê-la feliz.

As palavras dele pareceram funcionar como um detonador em seu interior.

_ Feliz? Acha que pode me fazer feliz? Já que insiste tanto eu vou falar. Eu quero de volta a minha vida! A minha família! A minha felicidade! A minha infância que está sendo perdida porque você não soube respeitar o seu lar! Traga de volta tudo o que eu perdi por sua culpa e veremos se conseguirá me fazer feliz!

-----

Hinata ouviu os barulhos de pés que estava azucrinando os seus ouvidos desde manhã no andar superior cessarem subitamente e pode ter certeza de que Naruto havia entrado no quarto; agora era apenas questão de tempo para que percebesse que nenhum dos dois filhos estava com vontade de vê-lo e desistir da idéia de levá-los mais  uma  vez. Ela sabia que ambos detestavam a rosada tanto quanto ela e que se pudessem já teriam esganado ela a mais tempo.

Flambou as bananas e pegou uma das tigelas no armário, quando pode ver a sua imagem de relance no reflexo da panela. Estava melhorando aos poucos e já não fazia noção do porque havia tentado algo tão egoísta quanto se matar por causa de alguém que não fizera o mínimo esforço para amá-la. Precisava mais do que nunca se reerguer e mostrar para Naruto que não era mais a garota fraca com a qual havia se casado e começaria a fazer isso durante as visitas dele.

Apesar de sentir o coração reclamar um pouco, estava começando a tentar seguir em frente e encontrar um novo amor e prometeu a si mesma que antes que Yukie completasse seus oito anos já estaria curada da depressão e encontrado um novo parceiro para acabar com as suas noites frias e solitárias que preenchia dormindo ao lado dos filhos.

oOoOoOoOoOooOoOo

_ Como pode ver doutor Suijiro, esses exames mostram uma intensa atividade de impacto descomunal no hipocampo cerebral da paciente. – Ino disse apontando os resultados com um olhar preocupado.

_ Sim posso perceber, e temo que as minhas suspeitas estejam se confirmando. Yukie pode sim vir a apresentar um futuro caso de distúrbio de personalidade.

_ Gostaria que eu mercasse uma reunião com os pais dela?

_ Não será necessário doutora Yamanaka, acredito que ainda temos que realizar mais alguns exames antes de liberar uma informação assim. Caso seja apenas especulação poderemos estar gerando um alarde desnecessário.

_ Compreendo a sua posição como psicólogo, mas devo alertá-lo para o perigo de uma espera demasiada.

_ Não se preocupe tanto doutora Yamanaka, peço que tenha um pouco mais de paciência. Casos assim devem ser tratados de maneira lenta e continuada, apressar os resultados pode ser desastroso.

Ino deixou o corpo recostar na cadeira enquanto fitava os exames sobre a mesa. Não havia presumido que houvesse algo de errado com a pequena Yukie; na verdade as questões psicossomáticas continuam a ser um mistério para a sua mente, como se fosse um quebra cabeças que apenas poucos conseguem desvendar.

Durante o exame, duvidou que os resultados pudessem ser diferentes dos apresentados na primeira consulta, mas à medida que ela respondia as perguntas do médico era possível perceber alguns picos consideravelmente perigosos na área que compreende o raciocínio, como se os neurônios responsáveis vagassem a esmo sem ter um caminho certo.

O susto mesmo veio com os resultados dos encefalogramas que apontaram vários pontos outrora inexistentes operando sem controle. Não sabia exatamente qual seria o diagnostico do psicólogo, mas o seu não era animador.

_O Naruto e a Hinata estão a par da situação?- perguntou meio desconsolada.

_ Apenas o pai. Como sou eu quem trata da sanidade da mãe, achei que não seria bom para ela saber de algo assim. Poderia por em risco o tratamento.

Ino sentia que estava caindo em um estado de compaixão e se lembrou dos filhos que estavam em Suna com o pai, sentindo crescer em seu âmago uma enorme necessidade vê-los. Não sabia como iria reagir se soubesse que um deles estivesse com o mesmo problema, provavelmente não suportaria o peso de uma notícia dessas.

_ E como foi que o Naruto reagiu ao saber desse problema?- a curiosidade se mesclava a compaixão.

Foi a vez de Suijiro se recostar na cadeira enquanto era observado pelos apreensivos olhos azulados.

_Como qualquer pai reagiria ao ouvir algo assim sobre uma filha. Entrou em desespero e por pouco não pôs tudo a perder. Foi muito difícil convencê-lo a agir naturalmente como se não soubesse de nada, mas ele está cooperando na medida do possível.

_ E a Yukie? Ela sabe sobre isso?

_ Acredito que ela desconfia de algo, mas não deu nenhum indício de que sabe do real problema. Peço que mantenha em segredo dela.

A loira suspirou brevemente sentindo tristeza pela situação dos amigos.

_ Diga doutor Suijiro, se ela chegar a desenvolver esse tipo de anomalia psiquiátrica existe alguma possibilidade de cura?

_ Infelizmente não. O que podemos fazer é apenas um controle com remédios para tentar conter e diminuir a incidência, mas receio dizer que essa patologia jamais será erradicada cem por cento e ela sempre estará correndo o risco de ter novos surtos.

_Então quer dizer que não há solução?

_ Se evitarmos as situações que colaborem com esse tipo de estado pode ser que ela a nunca venha a desenvolver esse problema, como disse antes ela tem uma alta predisposição o que não significa que já esteja sofrendo desse mal.

_ Sim, doutor eu agradeço os esclarecimentos e me coloco a disposição para qualquer necessidade, peço que não exite em me pedir auxílio caso haja necessidade. Sei que não é a minha área de atuação, mas farei o possível para ajudar no que puder.

OoOoOoOoOoOo

Naruto sentiu as palavras atingirem o seu peito como se fossem feitas de algum material pontiagudo e resistente, causando um desconforto incômodo ao coração. Os olhos de Yukie brilhavam irritadiços devido às lágrimas contidas e por um segundo ele se odiou por ter insistido, quando deveria ter respeitado a sua vontade.

Mais uma vez havia a feito chorar.

Daito pareceu se esconder ainda mais atrás dela, porém o seu olhar estava ficando mais focado, como se algo dentro dele estivesse despertando.

As palavras de Suijiro bailavam em sua mente e faziam o ar fugir aos seus pulmões como se tentasse fugir da pressão que o peito estava submetendo. Era como se estivesse vivendo em um pesadelo.

Controlando a emoção o máximo possível ele a encarou buscando uma resposta, precisava mostrar para ela o quanto a amava para ajudá-la a passar por esse momento difícil.

_ Não chore minha filha, eu nunca quis magoar vocês ou causar tanta dor. Se eu soubesse jamais teria feito algo assim.

Ela parou de encará-lo e lançou a cabeça em cima do joelho, chorando abafado.

_ Vá embora, por favor. – pediu em meio ás lágrimas.

Resistindo a enorme vontade de abraçá-los e fazer com que ela parasse de chorar como fazia antes, ele ajeitou a capa e caminhou para a porta. Apesar de não querer deixá-los daquela maneira, ele sentiu que era a decisão mais certa a ser tomada.

Saiu do mesmo jeito que entrou. Sorrateiramente. E mais uma vez não pode conversar ou ter o contato que desejava ter com os filhos.

Pensava amargurado em tudo o que tinha feito. Em tudo o que perdera e sentia o peito doer enquanto as lágrimas vinham lhe assombrar novamente.

Estava perdido e não sabia como agir para recuperar o amor dos filhos.

Na cabeça de Yukie algo começava a aflorar, como se alguém conversasse com ela pedindo para que tomasse uma nova posição. Havia tempo que estava ouvindo essas vozes e mantinha em segredo de todos acreditando ser algo contornável, porém elas estavam se tornando cada vez mais audíveis e constantes e começavam a recriar lentamente a sua personalidade.

Era o início de algo que não podia controlar e por mais que buscasse uma resposta para aquilo se achava mais perdida.

Hinata viu Naruto sair da casa apressado, e soube instintivamente que havia sido enxotado pela filha novamente.

Não se sentia feliz com isso, mas sabia que ele merecia o que estava passando e não iria interferir no relacionamento entre eles por mais que ele pedisse, ou que o coração reclamasse. Se ele arrumou os problemas que resolva sozinho, afinal não estava quando ela mais precisou dele, porque então deveria socorrer.

Seria o início de uma temporada difícil.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou ansiosa para saber quando essa fic vai ser recomendada, chego a estar roendo as unhas pela espera!

Até mais...

YueChan!!!