Friends By Fate 2 - Enemies By Fate escrita por Mandy-Jam


Capítulo 41
A heroína


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. O fim do capítulo é emocionante...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138364/chapter/41

Amanda murmurava coisas sem sentido, enquanto Nina se mexia de um lado para o outro no banco de madeira. Ambas estavam dormindo profundamente, e não davam nenhum sinal de que acordariam tão cedo.

- Zzz... Porquinho... – Murmurava Amanda. A filha de Hermes abriu os olhos lentamente, assim que o vento frio soprou contra seu rosto descoberto. Ainda estava escuro, de modo que quase não dava para ver nada. O frio do inverno estava cobrindo toda New York, o que fazia ela se encolher cada vez mais – Quem abriu a janela do Mundo inferior?

Amanda ainda estava afetada pelo sono, pois estava mais do que claro que seu cérebro não estava funcionando direito. Ela ficou sentada no banco e passou as mãos pelos próprios braços na tentativa de esquentar-se, quando foi interrompida por uma voz.

- Ei! Eu estou aqui! Não me esmague! – Pediu Felix deslizando para fora da manga de seu casaco azul.

- Quem...? Felix. Ah, sim. Esqueci de você. Em que parte do Mundo Inferior nós estamos? – Perguntou Amanda olhando para a cobra verde com os olhos pesados de sono.

- Não estamos mais no Mundo Inferior. Você nos tirou de lá e acabou dormindo, lembra? Estamos no Central Park. – Contou ele e Amanda sorriu debilmente.

- Central Park. Que legal. Será que tem comida aqui? – Perguntou ela olhando ao redor e se levantando – Teletransporte dá fome.

- Não tem comida aqui. É um parque, e nós estamos no meio da noite. – Falou Felix, mas então a cobra pareceu ficar preocupada de repente – Ah, não. Tem um bicho ali.

- Bicho? – Repetiu Amanda. Ela olhou para frente e notou um animal do tamanho de um cachorro, parado encarando. Foi aí que ela notou o que era, mas por ainda estar afetada pelo sono, se limitou a sorrir – Olá, porquinho. Ah, quer dizer... Javali. Está perdido?

- Amanda, isso não é bom. Você precisa acordar. – Alertou Felix – É um javali. Símbolo de...

Felix não completou a frase. Amanda franziu o cenho olhando para o animal por alguns segundos, reunindo toda a lógica que encontrava no seu cérebro. Embora fosse difícil para a filha de Hermes responder até mesmo quanto é dois mais dois logo ao acordar, ela notou o que a sua cobra quis dizer e completou a fala.

- Ares. – Disse Amanda em um tom sussurrante. Ela pode notar o bicho dar um passo na direção dela. Não foi nada demais, mas aquilo mostrava que ele estava pronto para o ataque. Amanda olhou para Nina, e deu lentos e cautelosos passos na direção dela. O javali a acompanhava com os olhos, enquanto Amanda sacudia Nina – Nina... Acorda. Não se mexe rápido.

- Uhm... O que? – Perguntou Nina com uma voz de sono – Será que não dá mais para dormir? Que saco...

- Temos que ir ao Olimpo... Tipo... Agora. – Disse Amanda prestando atenção ao animal. Nina ficou sentada no banco e olhou para ela sem entender.

- Está de noite ainda. Vamos aproveitar para dormir, enquanto nenhum guardinha nos prende por vagabundear em praça pública. – Pediu Nina, mas notou que Amanda olhava fixamente para o animal á sua frente – O que é isso?

- Se não formos para o Olimpo agora... O amigo do nosso tio vai vir atrás da gente. – Disse Amanda sem tocar no nome de Ares. Nina olhou melhor para o bicho e então notou o que era.

- Ares! – Berrou ela com medo se pondo de pé.

- Ah, ótimo Nina! – Berrou Amanda para ela. O javali, ao ouvir o nome de seu Deus representante, correu na direção delas. As duas pularam encima do banco, mas foram derrubadas quando o javali chocou suas presas contra o banco de madeira.

Elas caíram no chão logo atrás do banco, mas para suas sortes, o javali ficou preso pelas presas ao banco.

- Vem! Temos que correr para o Empire State! – Exclamou Amanda se colocando de pé. Nina foi logo atrás dela, e as duas correram na direção dos portões do Central Park.

Podiam ouvir claramente o som horrível que era produzido pelo javali, e o modo como ele parecia ficar cada vez mais alto não era nem um pouco tranqüilizador.

- Ele vai nos pegar! Ares quer nos transformar em comida de javali, porque ele não agüenta perder para um hamster voador! – Exclamava Nina sem fôlego.

- É. Eu acho que é basicamente isso. – Confirmou Amanda. Assim que elas chegaram ao portão de saída do Central Park, viram que estava fechado.

- E agora?! – Berrou Nina.

- Segura. – Nina segurou o pescoço de Amanda, e a filha de Hermes fez seus sapatos criarem asas mais uma vez – Maia!

As duas passaram por cima do portão e pararam no chão bem a tempo de ver o animal dar de cara contra as grades. Ele emitia sons aterrorizantes, mas Nina começou a fazer caretas para ele.

- Se ferrou, otário! Manda essa para Ares! – Disse Nina.

- Nina... Chega disso. Você não sabe se ele está ouvindo. – Falou Amanda um pouco tensa e olhando para o céu – Se esse javali nos achou, isso quer dizer alguma coisa.

- Me admira que você use o seu cérebro inexistente pelo menos uma vez. – Disse uma voz masculina perto delas. Uma mão parou no ombro esquerdo de Amanda e outra no ombro direito de Nina.

As duas arregalaram os olhos sem a coragem de olhar para trás.

- Fuuu! – Fez Nina olhando de lado para Amanda, mas ainda sem mexer o corpo – Ahm... Tem alguma remota possibilidade desse aí não ser o Ares?

- Acho que não. – Respondeu Amanda olhando para Nina do mesmo jeito.

- É... Eu amo javalis. Tudo bem, bichinho? – Sorriu Nina tensa para o animal que ainda tentava avançar pelas barras de ferro do portão. Nina esticou o braço tentando fazer carinho em sua cabeça, mas recuou quando o javali ameaçou arrancar sua mão fora.

- Esqueçam, lesadas. – Disse Ares. Com um movimento rápido, ele bateu a cabeça de Nina e de Amanda uma contra a outra. As duas caíram no chão com uma forte dor, e Ares começou a rir um pouco.

- Ei... A missão acabou. - Gemeu Amanda – Já chega, não? Teve sua vingança. Agora deixe-nos ir ao Olimpo para...

- Você acha mesmo que isso basta para uma vingança? – Perguntou ele cruzando os braços. Amanda e Nina estavam no chão, de modo que tinham que olhar para cima para verem Ares, o que tornava ele mais assustador – Não. Não mesmo. Ela nem começou.

Nina olhou para Amanda com cara de “Estamos ferradas agora”, e Amanda retribuiu com uma cara de “Que novidade, hein?”. A filha de Hermes tentou pensar em algo, mas nenhum plano lhe vinha à cabeça.

- Faça alguma coisa, Amanda. Ele vai esmagar vocês que nem insetos. – Disse Felix, mas então a cobra pareceu animada – Ah! Deixa eu ajudar! Eu posso distrair ele, enquanto vocês fogem!

- O que?! Como? – Perguntou Amanda em um sussurro.

Ares olhou para Amanda sem entender com quem ela estava falando.

- Confie em mim. Você só tem que esticar a mão e tocar o tornozelo dele. Eu faço o resto. – Disse ele. Amanda quis protestar, dizendo que seja lá o que ele fosse fazer, era perigoso demais e ela não queria arriscá-lo, mas ele continuou – Por favor. É o mínimo que eu posso fazer por você e sua amiga hamster, por terem me tirado daquele caminhão do zoológico. Deixe eu fazer isso.

- O que você disse, cabeça de vento? – Perguntou Ares com um tom irritado.

Amanda olhou para ele imaginando uma boa chance de tocar no tornozelo do Deus sem que ele notasse que era um plano.

- Quis dizer... – Amanda fingiu um ataque histérico de choro e agarrou o tornozelo dele, dando a Felix a chance perfeita para seu plano ainda misterioso – Como?! Como pode brigar comigo, tio Ares?! Depois de todo o tempo que passamos juntos naquela missão! Você vai mesmo me matar?! É capaz disso?!

- É claro que eu sou capaz, sua idiota! Você e o seu pai me causaram problemas o suficiente! – Respondeu Ares com raiva – O seu grupo idiota encerrou a missão, de modo que acabaram ganhando! Vocês, seus vermes, merecem morrer. Mas... Como sou bonzinho... Podem implorar por misericórdia antes que eu esmague vocês como insetos.

Amanda olhou para Nina, e a filha de Zeus pode ver que seu olhar dizia claramente “Me ajuda”. Ela agarrou o tornozelo de Ares também e começou a fingir chorar em desespero da mesma forma.

- Não, Ares! Tenha dó do pobre hamster! – Pediu Nina tentando não rir também – Você é o motoqueiro boladão mais boladão que eu já conheci! Não me mate! Zeus ia ficar triste!

- Ah. Vamos Ares! Você sabe que não quer nos matar! No fundo você ama a gente como uma família! Não nos mate, por favor! – Pediu Amanda ainda fingindo.

Ares foi idiota o suficiente de cair no truque da filha de Hermes. O Deus da guerra deu uma risada maldosa e fez a sua espada aparecer. Ele a ergueu no ar e estava pronto para acabar com as duas com um golpe só quando...

- O que?! – Berrou ele franzindo o cenho. Ares começou a se contorcer e colocar a mão em sua perna. Nina e Amanda soltaram seus tornozelos quando ele começou a se arrastar para trás. Ele parecia incomodado por algo dentro de sua calça, e Amanda sorriu ao notar o que tinha acontecido.

Era Felix. A cobra verde estava se arrastando por dentro da calça de Ares, fazendo-o tentar tirá-lo em desespero, mas Felix era mais esperto. Ele deslizava para longe da mão do Deus da guerra o tempo todo.

Amanda e Nina se levantaram e avaliaram a situação por um momento. Nina estava olhando sem entender o que tinha acontecido, mas Amanda começou a rir histericamente. Ares olhou para ela com ira.

- Você! – Rugiu ele, mas continuou tentando inutilmente tirar a cobra das calças – Sua cabeça de vento irritante! Miserável! Eu vou...! Ah!

- O que houve? – Quis saber Nina – Por que ele está assim?

- Felix. – Disse Amanda sem ar de tanto rir – Ele... Há Há!

Nina riu também ao imaginar a cobra passando pelas calças de Ares, mas então notou que aquela era talvez a única oportunidade que teriam de fugir para o Olimpo.

- Vamos! Felix dá conta disso! – Disse Nina puxando Amanda para a direção do Olimpo. Ares rugiu de raiva tentando segui-las, mas se atrasava o tempo todo ao tentar tirar Felix de suas calças.

- Você e sua maldita cobra! Filha de Hermes e seus truques malditos! Sabia que não devia ter acreditado quando você estava chorando! Mentirosa! – Berrava ele furioso.

- Reze a Hermes para que Ares não te pegue. – Disse Nina, enquanto elas atravessavam rapidamente a rua do Empire States. Elas levaram vários minutos até chegar lá, mas quando alcançaram a porta... – Trancada?! Porra! Porque tudo dá errado com a gente?!

- Eu consigo... – Disse Amanda ainda rindo. Ela pegou seu canivete e tentou várias ferramentas para arrombar a porta. Enquanto isso, Nina segurava seus raios e olhava fixamente para a única direção que Ares poderia tomar, pronta para fuzilá-lo se fosse preciso – Pronto!

Assim que Amanda abriu a porta, uma fileira de fogo surgiu na calçada. Elas tiveram que ficar completamente imóveis para não serem queimadas. Quando o fogo diminuiu, viram Ares se aproximando.

Ele estava extremamente furioso. Seus olhos brilhavam cada vez mais, o que era bem aterrorizante.

- Nina! Vamos! – Exclamou Amanda. Nina olhou para ela e depois para o lado de dentro do prédio. Em sua mente, ela calculou que não daria tempo das duas irem.

- Amanda... O elevador. Você precisa de um passe ou coisa do tipo. – Disse ela.

- Eu consigo dar um jeito. Agora vem! – Pediu Amanda.

Nina olhou para Ares, e seus olhos diziam claramente para ela “Isso. Fuja, medrosa!”. A filha de Zeus apertou suas mãos ao raio e estreitou os olhos. Ela tinha que agir como uma líder. Isso era a única coisa que estava em sua mente no momento.

- Ok. Vamos. – Concordou Nina, mas assim que Amanda entrou no prédio, ela trancou a porta, deixando-se do lado de fora. Amanda bateu contra a porta de vidro resistente sem entender o que tinha acontecido.

- Nina! O que houve?! Abre a porta e entra, antes que ele...! – Amanda estava quase gritando, mas Nina simplesmente negou com a cabeça.

- Eu sou a líder. Você é a mensageira. – Disse ela – Corra para o Olimpo e dê o recado para os Deuses. Eu vou ficar aqui e resolver uns assuntos pendentes.

Amanda olhou para ela incrédula. Não podia acreditar que Nina estava dizendo aquilo. Ficar ali era suicídio, e ela tinha certeza de que sua amiga sabia bem disso. Mesmo assim... Ela não se moveu. Trancou a porta não dando alternativa para Amanda.

- Nina! Ele vai te matar. Ouviu?! Matar. Não vai ter piedade porque você foi heróica ou coisa do tipo. É morte certa. – Disse Amanda tentando abrir a porta, mas sua ferramenta tinha ficado do lado de fora, e levaria tempo para que voltasse ao seu bolso – Se você vai ficar, ao menos abra a porta para eu ficar com você. Nós duas temos mais chance do que...

 - Não! – Cortou Nina – Estou cansada das pessoas dizerem que eu sou a filha de Zeus medrosa por não ficar em uma briga. Eu vou ficar, e vou ficar sozinha.

- Mas eu...!

- Se você morrer, ninguém vai poder falar para os Deuses onde estão os outros! – Exclamou Nina. Amanda ficou muda. Ela sabia que aquilo fazia sentido, mas não podia de sentir-se mal por abandonar Nina ali embaixo. Seria a última vez que a veria? Só de pensar em perder mais alguém, seu coração se apertou.

Amanda olhou para Ares, que se aproximava com passos lentos.

- Vai. É sério. Se ele passar pelas portas, você não vai mais ter chance. – Disse Nina fitando Ares se aproximar.

Amanda forçou sua palma da mão contra o vidro.

- Escuta aqui! Eu não vou deixar você morrer, ouviu?! Vou correr até o Olimpo e chamar Zeus. Ou Hermes. Ou Apolo. Ou qualquer Deus que aparecer na minha frente. Vou trazer ajuda, por isso mantenha-se viva durante o tempo em que eu estiver lá encima. – Falou Amanda em um tom apressado. A filha de Hermes virou-se e correu em direção ao elevador, mas antes olhou mais uma vez para Nina – Boa sorte, Ninão!

Nina engoliu em seco e assentiu.

Amanda entrou nos elevadores e as portas se fecharam.

- Ela te deixou para morrer. Não é lindo? – Riu Ares segurando sua espada - Não devia ficar do lado de uma filha de Hermes. Sempre passam a perna em você.

Nina sentiu os nós de seus dedos doerem por causa da força com que segurava os raios. Ao menos, se ela morresse, seria de um modo heróico. Amanda tinha ido embora com a imagem de que Nina tinha se sacrificado para que ela contasse aos Deuses sobre os amigos reféns de Cronos.

Pela aparência séria de Nina, podia se notar que ela estava ciente de sua decisão. Mas na sua mente...

- Ah... Que se ferre! Eu não quero morrer! Por que eu não deixei a Amandinha ficar?! Por quê?! Amanda, volta! Trás ajuda agora mesmo! Pai... Fuzile Ares com um raio! Não me deixa morrer, porra! – Nina estava com vontade de chorar de tanto desespero, mas se mantinha controlada para convencer Ares.

- Então? Vai lutar, ou vai ficar parada com cara de idiota? – Perguntou Ares com um rugido – A não ser que você não saiba o que fazer com os raios que o seu papaizinho te deu.

- Vou te dizer com todas as palavras o que você faz com eles. – Rebateu Nina, e com isso, lançou seu primeiro raio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que vocês acharam da Nina?

Será que ela consegue ganhar do Ares? Ou pelo menos se manter viva até a ajuda chegar novamente?

Vamos torcer.

Espero pelos reviews!