Na mesa, uns pareciam não se importar com o que acontecia na sua frente, como era o caso de Kamus, Saga e Afrodite, mas Shura, Shaka e Mu, não desgrudavam os olhos do casal que agora pareciam tensos.

“Essa foto…” – Aldebaran pensou franzindo a testa olhando fixamente para a imagem.

--Flash Back--

A camisa negra estava sobre a cama, mas ainda envolta no cabide. A luz do Abajur, fraca de um amarelado forte iluminava mal o quarto.

Aldebaran estava sentado na cama observando o porta-retratos sobre a mesa-de-cabeceira.

Sabia que estava atrasado, mas não conseguia mover um músculo se quer. Apenas fitava a imagem de si mesmo, com 15 anos, abraçado a uma bela moça de cabelos negros compridos, pele branca e olhos cor de mel. Ela tinha um belo sorriso.

“Era verão” – se lembrou. – “Uma noite agradável.”

- Eu atravessaria um país. Eu atravessaria um continente. Eu atravessaria o Oceano e, atravessaria até mesmo o mundo para estar com você e para apenas lhe dizer o quanto eu te amo. – Disse baixo.

Já sabia de cor o que estava escrito por de trás da foto.

Balançou a cabeça negativamente, serrando os olhos. Já havia passado tanto tempo, não havia o porque de manter aquele retrato ali. Provavelmente já estaria casada com aquele homem.

Em um movimento rápido abriu a gaveta e jogou o porta retrato de qualquer jeito dentro desta, fechando-a em seguida.

Prometeu a si mesmo não pensar mais naquelas ferias e nem sobre quem havia passado pela sua vida durante elas.

Levantou, pegou na camisa tirando-a do cabide e vestiu-a enquanto caminhava para a saída.

--Fim do Flash Back--

Agora estava ali, com o mesmo retrato na sua frente. Sentiu um nó na garganta, perdendo o sorriso e agora mostrando um semblante ao qual Mu não conseguia distinguir se era tristeza ou surpresa. Viu-o mexer os lábios, duas vezes tentando falar algo, de olho fixo na foto que acabara de colocar na frente da primeira.

Ficou assim durante alguns minutos, até que de repente virou-se para copo na frente da moça, que permanecia parada lhe observando.

Em um movimento rápido passou a mão no copo e o afastou da morena. Ao ver isso a moça soltou uma risada nervosa. Era clara a sua irritação.

Aldebaran estreitou os olhos. Não conseguia olhar para a moça, apenas virou na direção dela ao ouvi-la iniciar uma afirmação.

- Eu atravessei um país. Eu atravessei um continente. Eu atravessei o oceano e, atravessaria, até mesmo o mundo, para estar aqui contigo e lhe dizer… – A moça deu um suspiro pesado, parecia querer tomar coragem, enquanto Aldebaran se surpreendia e esperava as ultimas palavras que conhecia bem. – Que sobrevivi muito bem sem você – Dito isso se levantou rapidamente e se dirigiu para a saída.

Aldebaran não tinha reação. Apenas viu-a sumir no meio das pessoas que se acumulavam na porta.

Os presentes na mesa também não sabiam o que fazer. Não perceberam nada.

Aldebaran permanecia com os olhos fixos nas pessoas na porta de saída. Mas não às via. Não conseguia nem raciocinar direito e aquela musica começava a irrita-lo profundamente.

- Aldebaran!? – Mu chamou o Cavaleiro de Touro pela segunda vez, fazendo este acordar de seu transe.

Aldebaran engoliu a seco e olhou para os presentes da mesa que não diziam nada apenas lhe fitavam, como quem pede algum tipo de explicação.

O Moreno soltou um suspiro sonoro agarrou no envelope, colocou as fotos dentro e,

sem dizer nada para ninguém, levantou o mais rápido que pode desaparecendo pela porta de saída, deixando os companheiros perplexos.

- O que foi aquilo? – Shura perguntou ao fim de alguns minutos.

- Não sei – Mu respondeu baixo.

- Coisa boa não era – Kamus franziu a sobrancelha, falando mas para si do que para os outros.

- Quem era aquela moça? – Shaka se perguntou.

- Talvez uma namorada – Shura mudou sua expressão de preocupação para algo debochado – E acho que aquilo foi um pé na bunda…

- Não fala besteira espanhol – Saga se manifestou pela primeira vez – Aldebaran não é como você, que pega tudo quanto é menina não querendo saber de onde é e nem a idade…

- Quer agora que eu peça bilhete de identidade para as garotas…

- Parem com isso – Kamus recriminou.

- Seja lá o que está acontecendo – Mu começou, se levantando – Não é aqui discutindo que iremos descobrir. Eu vou atrás do Aldebaran…

- Eu vou com você – Shaka disse se levantando.

- Eu também vou – Kamus se prontificou, seguindo atrás dos dois companheiros.

Não que tivesse algo que pudesse se chamar amizade com o brasileiro e nem que tivesse assim muito preocupado com este, pois a vida sentimental dos outros não lhe interessava muito, mas precisava urgentemente de sair daquele lugar barulhento.

Com alguma dificuldade de passar pelas pessoas, conseguiram sair da discoteca, parando no meio da rua, olhando freneticamente para todos os lados. A final não era muito difícil perder um homem de 2 metros e tal no meio da multidão. Mas estranhamente, não o avistaram.

- É melhor nos dividir – Shaka disse.

- Não – Kamus discordou – Eu sei muito pouco a cerca do brasileiro, mas do jeito que ele me pareceu estar, só pode ter voltado para o Santuário.

- É – Mu concordou – Kamus tem razão. Aldebaran estava perturbado e, se ele quisesse ir atrás da tal garota ele teria feito logo de princípio.

- Então voltamos para o Santuário – Shaka se convenceu.

Não demorou para chegar no Santuário e, rapidamente se dirigiu para a Casa de Touro.

Estava um pouco ofegante quando chegou em casa.

Caminhou muito rápido pois sabia que poucos minutos depois alguém, a quem tinha quase certeza ser o Cavaleiro de Áries viria atrás de si para questionar o que foi toda aquela cena que aconteceu.

Não, não queria ter que dar explicações para ninguém. Não queria ter que falar daquelas malditas ferias, a 15 anos atrás.

Logo hoje que estava determinado a esquecer tudo aquilo e seguir em frente aquela menina surge para faze-lo recordar da duvida que sentiu estes anos todos.

Mas porque não a conseguia odiar?!

“Porque?!”

Continua…