Abri os olhos com dificuldade. Os poucos raios de sol entravam pela janela entreaberta do meu quarto. Meus olhos ardiam, minha cabeça latejava de dor. Eu definitivamente precisava de um banho. Me levantei com dificuldade e fui até o banheiro. Minha aparência estava igual à de uma adolescente drogada depois de ter passado uma noite por aí no beco. Mas, claro que eu só fui até uma festa e bebi alguma coisa. Nada de mais.

Deixei a banheira encher por alguns minutos, fiz um coque mal feito em meu cabelo e logo entrei na banheira, relaxando. Tipo, eu tomava banho em uma banheira, enquanto no orfanato, como na maioria das vezes faltava água, eu tomava banho em uma bacia lá. Mas, não to a fim de relembrar coisas ridículas do orfanato. Comecei a me lembrar aos poucos da noite passada. Aconteceu algumas coisas engraçadas. Quase saí no tapa com Justin uma ou cinco vezes. E Pattie me deu uma bronca enorme por chegar hã... Um pouco bêbada em casa. [um pouco?] Mas, apesar de tudo, foi uma ótima noite.

Logo sai do banho e me enrolei em uma toalha. Fui até meu closet e escolhi uma roupa. Me vesti rápido e soltei meu cabelo, o penteando. O deixei solto e logo desci pra procurar alguém em casa.

- Oi? Pattie? Justin? – gritei descendo as escadas. – Alguém em casa? – passei pela sala, mas, não tinha ninguém. – É, acho que não tem ninguém em casa. – sussurrei a mim mesma e fui até a cozinha procurar algo pra comer.

Havia um bilhete na geladeira escrito algo como: “Queridos, eu dei uma saída, precisei resolver algumas coisas. Se comportem. Beijos, Pattie.” Dei de ombros e fui até o armário procurar algo pra comer. No fim, optei por uma tigela de cereal.

- Bom dia. – ouvi uma voz por trás de mim.

Me virei e lá estava Justin, apenas de cueca parado na minha frente normalmente. É, acho que ele estava de cueca. Era um pouco transparente e eu fiquei... Eu não sei, desconfortável eu acho. Desviei o olhar daquilo, Justin me deu um sorriso malicioso.

- Oi. – falei me sentando na banqueta perto do balcão. – Você não vai por uma roupa?

- Porque? Eu to na minha casa mesmo. – ele riu

- É, mas, tem eu aqui de garota e isso não é confortável.

- Você é minha irmã, pode me ver pelado que não tem problema. – ele riu malicioso, o que me fez revirar os olhos.

- Acredite. Eu não quero que isso aconteça.

- Eu acho que quer sim. – ele foi até minha frente, se encostando no balcão.

- De repente, perdi a fome. Vou pro meu quarto. – empurrei minha tigela de cereal e me levantei, saindo da cozinha. Justin as vezes chegava a ser insuportável.  Um irmão... Provocante e insuportável.

- Amy. Espera aí. – senti ele segurar meu braço.

Revirei os olhos e me virei para fitá-lo. Era difícil ter ele ali, semi nu parado a minha frente. Meu Deus Amy, controle seus pensamentos garota! Vamos lá... Foco.

- O que foi?

- Não suporto o fato de você me odiar pra sempre. – ele sorriu de lado, fraco.

- Justin, primeiramente... Você me usou, ficou comigo e me jogou fora, praticamente me traiu mesmo que não estivéssemos namorando oficialmente, você traiu. – parei por um instante e suspirei. – Você me usou, manipulou, mentiu, me machucou e me acidentou! O acidente foi por sua causa! – empurrei seu peito.

- Mas... Eu não menti. Não sobre tudo. Eu te amo.

- Me ama? Então demonstre, seu... Covarde. – franzi o cenho e suspirei totalmente irritada.

Logo saí dali, indo pro meu quarto. Me sentei na cadeira, perto a escrivaninha e liguei meu notebook. Estava meio irritada e eu queria... Queria chorar. De ódio, raiva, tristeza. Tantos sentimentos.

“Não me sinto bem. Mas, quem se importa?” – por distração, postei isso em meu twitter. Depois de alguns minutos, vi algumas replys perguntando o que estava acontecendo. Uma me chamou atenção. Dizendo: “Eu me importo, Amy! Muito.” – era de Justin, mas, resolvi ignorar. Ele era o motivo e sabia bem. Suspirei e deixei algumas lágrimas rolarem ao ver fotos e ler coisas que eu não queria ver, é. Era sobre Justin. Acho que com Selena. Isso ainda doía, mas, eu tinha que suportar.

- Amy? – ouvi a porta se abrir. Era Justin, logicamente. Limpei uma lagrima que escorria em minha bochecha e o fitei.

- O que você quer? – falei meio... Rancorosa. Vamos dizer assim.

- Vou precisar sair, ir ao estúdio... E não posso te deixar aqui sozinha, então, vamos?

- Tudo bem. – disse me levantando.

Nem me troquei, achava aquela roupa totalmente fofa, e fui com ela mesma. Isso.

Ficamos por um bom tempo no estúdio, Justin estava gravando uma música nova, eu acho. E eu tive que ficar lá no tédio, pois é. Ele praticamente cantou a musica inteira me olhando como se dissesse “hey, essa musica é sobre você.” Mas, resolvi ignorar. Enfim, ficamos quase a tarde toda naquele lugar, saímos de lá era umas seis ou sete horas da noite. Eu sei lá.

Agora? Bom, agora tínhamos passado no Mc Donald pra comer alguma coisa. Compramos dois lanches e duas cocas e nos sentamos em uma mesa qualquer. Não vieram muitas pessoas nos perturbar, por enquanto, né.

- Hã... Me passa o guardanapo? – Justin apontou.

- Ta. – o passei rápido.

O clima estava um pouco... Estranho. Só falávamos um com outro se era algo de vida ou morte, importante ou... Pra pedir alguma coisa, sei lá. Palavras curtas, frases curtas. Nada mais que isso. A tarde inteira foi assim. Eu só estava cansada de aturar todas as suas desculpas. Justin não podia me ter quando ele quisesse, ele tinha que entender isso. Não sou um brinquedo que você pode usar por um tempo e depois deixar jogada na caixa.

Logo meu celular tocou e eu o atendi rápido.

- Alô? – disse. Nem deu tempo de ver quem era.

- Hey, Amy. Sou eu. Chaz. – disse do outro lado da linha.

- Ah, oi Chaz. – ri

- Ta em casa?

- Ainda não. Por quê?

- Ok. Daqui 25 minutos estou ai na sua casa, beleza?

- Chaz eu... –

- 25 minutos! – riu e desligou.

Revirei os olhos e fitei Justin. Ele me fitava com uma cara engraçada. Cara de nojo. Cara de ciúmes. O que me fez rir.

- Vamos, Chaz vai estar em casa daqui a pouco.

- Vamos ter que ir embora por causa dele?

- Sim.

Logo chegamos a casa e eu corri pro meu quarto. Ia esperar o Chaz. Tirei a roupa que estava e coloquei uma roupa simples de ficar em casa mesmo, estava um pouco cansada, depois de ter passado o dia inteiro naquele estúdio, trancada, sem ver a luz do dia por horas.

Enfim, me joguei na cama e fechei os olhos pra tentar descansar. Mas, não demorou muito, até que ouvi algumas batidas na porta.

- Amy! – era a voz de Justin do outro lado da porta.

- Vá embora, seu idiota! – praticamente gritei.

- Tem gente aqui querendo te ver. – pela voz um pouco mais baixa de Justin, percebi que era Chaz.

Caminhei até a porta e a abri rápido. Chaz me deu um sorriso largo e eu sorri de volta. Justin revirou os olhos.

- Então... – Chaz lançou um olhar ao Justin.

- Ok. Vou deixar vocês a sós. – Justin suspirou, parecia irritado.

Justin saiu e Chaz entrou em meu quarto, encostando a porta. Fiquei parada apenas o observando, mal sabia o que dizer.

- Onde ficou essa tarde inteira? – ele perguntou.

- Tive que sair com o Justin. – Fiz cara de nojo.

- O que? – riu. – Namorada minha não pode ficar sozinha por ai. – riu novamente e me encostou na parede, me pressionando contra a mesma.

- Eu não fiquei sozinha, fiquei com o Justin! E eu não sou sua... – antes que eu o terminasse colocou o dedo indicador sobre os meus lábios, me impedindo de continuar.

- Shhhhh... Agora você é. – deu um sorrisinho malandro.

Vi minha respiração ficar um pouco mais rápida agora, acho que eu estava nervosa. Talvez eu não quisesse namorar com o Chaz... Eu... Eu não sei. Apenas fiquei em silencio, fitando seu rosto.

Senti ele passar seus lábios pelo meu pescoço. Ele ‘abaixou’ a alcinha da minha blusa, deixando meu ombro livre, e deu alguns beijinhos ali. Apenas ri. Ele voltou seus lábios até os meus e os selou com um beijo rápido. Suas mãos passeavam pelo meu corpo. Senti suas mãos em minha cintura e começou a tirar minha blusa.

- Chaz. – murmurei.

Ele apenas riu em resposta, voltando a me beijar urgente e logo terminou de tirar minha blusa. – Droga – pensei, quando lembrei que estava sem sutiãs. Ele me olhou com um sorriso malicioso e eu me senti um pouco desconfortável ali, daquele jeito, na sua frente. Suspirei e agarrei seu pescoço, sentindo seus lábios tomarem os meus. Beijou de leve apertou carinhosamente meus seios, ri. Apenas isso. Não me sentia tão confortável. Suas mãos passeavam e acariciavam minha pele de uma forma que me deixava arrepiada. Eu até queria parar com aquilo, eu tentava, mas, acredite, eu não conseguia. O Chaz até que era bom nisso. Droga.

O empurrei, quando ouvi a porta se abrir. Achando que fosse Pattie. Ele cambaleou e quase caiu. Justin estava ali me olhando com uma cara estranha, fui ai que me toquei que estava sem nada na parte de cima. Agarrei minha blusa no chão e cobri meus seios. Eu senti uma grande vontade de rir daquela cena, mas, logo passou quando Justin me encarou de um jeito que eu juro que até me deu medo.

- Amy, não achei que você fosse assim tão... Vadia! – ele praticamente gritou e eu... Senti vontade de chorar. – E Chaz, como você pôde?

- Eu... – quando Chaz começou a se explicar, Justin deu um soco na sua cara e eu fiquei apenas ali, parada que nem idiota.

- Justin! – murmurei.

- Eu disse a você que eu a amava Chaz! – ele gritou quando o viu derrubado no chão. Eu juro que seu rosto estava quente, seus olhos vermelhos e cheios d’água. – Mentiram pra mim? Eu... Não achei que fossem... – Justin nos fitou, ainda um pouco desentendido com tudo aquilo.

- Justin, calma! Não ia acontecer nada! – tentei dizer enquanto ajudava Chaz a se levantar.

- Não ia? Olha como você está! – ele apontou pra mim.

- Ok, tudo bem... Mas, a vida é minha e eu resolvi seguir em frente, ok? – disse. Ainda segurava blusa, tentando tampar meus seios e mentalmente, eu ria disso.

- Seguir em frente? Com um dos meus melhores amigos?

- Eu te amei Justin, mas, você só me usou, me magoou quase me matou e... Agora me chamou de vadia. – apertei os olhos. Não queria chorar.

- Eu te amo, Amy.

- Não ama nada! Quem ama demonstra e até agora você não fez isso.

- Fiz isso milhões de vezes! – ele berrou. Chaz estava ali sobrando, tadinho.

- Atitudes Justin! É isso que as garotas gostam, porque, palavras o vento leva, sabia?

- Você quer atitude? – ele agarrou meu braço e fitava meu rosto que agora deveria estar mais vermelho que um pimentão.

Assenti calada, esperando o que ele ia fazer. Ele me puxou pra si rapidamente, me envolvendo em seus braços e me beijou rápido, praticamente não tive escolha. Mais que merda, Amy! Que droga. Senti ele me erguer e me jogar na cama. Justin me beijava com urgência. Eu ainda tentava segurar a blusa sobre mim, aquilo era desconfortável. Entrelacei minhas pernas ao redor de sua cintura, enquanto o senti saborear meu pescoço.

- Eu ainda to aqui. – resmungou Chaz. Como poderia ter me esquecido dele? Bom, foi ai que eu me toquei. Sou uma burra.

Empurrei Justin rápido, bem rápido. Ele me olhou um pouco desentendido, enquanto se levantava do chão.

- VOCÊ NÃO PODE ME TER QUANDO QUISER, PORRA! – gritei. Ainda me sentindo uma total idiota. – NÃO SOU UM BRINQUEDO. NÃO SOU O SEU BRINQUEDO NEM DE NINGUEM! VOCÊS SÓ VÊM ATÉ MIM QUANDO QUEREM ME USAR. SAI DAQUI AGORA! – apontei pra porta.

Justin ficou apenas me fitando sem dizer nada por um bom tempo. Acho que estava admirando meu belo corpo, porque né. Parei.

- SAI! AGORA! – gritei um pouco mais auto.

Justin logo saiu um pouco apressado, corado e cabisbaixo. Chaz ainda estava ali e sorriu pra mim um pouco malicioso.

- VOCÊ TAMBÉM SAI DAQUI! – gritei. Seu sorriso desmanchou. O vi assentir e sair dali. – E FECHA A PORTA!

Suspirei auto e me joguei pro lado, colocando minha cabeça sobre o travesseiro. Puxei meu lençol e me cobri. Amy agora iria virar brinquedinho? Claro que não. Fechei meus olhos. Eu só queria algo naquele momento: Paz. E silencio.