Ué, como assim? Quem é ele?

- SAKURA!- Ino veio correndo ao meu encontro e me acertou em cheio, caímos no chão.- Testuda! Como você pôde me assustar desse jeito ein? Eu te disse não disse? Disse pra não ir com a Karin, mesmo que eu não tivesse te dito isso você viu nos meus olhos não é? NÃO FAÇA MAIS ISSO! Tá doendo algum lugar?- Ela não parava de falar um segundo.

- Tá, tá doendo.

- O QUE? EU VOU CHAMAR A ENFERMEIRA.

- Tá doendo você em cima de mim.- Falei a empurrando pro lado.

- Ah, sorry.- Disse se levantando e me ajudando.- Mas sério, como você está?

- Já estive melhor, mas tô legal.- Sorri fraco.

- Eu sabia que você não devia ter ido. Afinal é a Karin, ela não ia desistir do Sasuke assim.

- É, eu e minha alma caridosa.- Falei e revirei os olhos. Olhei pro lado.- Quem é?- Perguntei baixinho pra Ino, olhando pro cara de sombrancelhas grossas que me encarava sorrindo.

- Ah!- Ela deu espaço.- Sakura esse é o Lee. Foi ele quem te salvou.

Me salvou? Masoq... não foi... não foi o Sasuke? Olhei pro Sasuke que estava com as mãos nos bolsos olhando feio pra Ino e depois pro Lee.

- Prazer Sakura.- Ele disse e beijou minha mão.

- Anm. Obrigada? Acho que essa não é a palavra certa né?- Falei muito confusa, rapidamente tirando minha mão da dele.

- Não há de que.- Ele disse rindo e vindo pra mais perto.

- Então vamos indo?- Sasuke entrou rápido na minha frente e falou olhando pra mim.

- Claro!- Falei e sorri. Queria mesmo sair daquele hospital e daquele clima tenso.

-  Se quiser eu ajudo a levá-la pra casa.- Lee falou. Será que ele não sabe que eu tenho namorado?

- Não precisa, ela tem a mim.- Sasuke disse. É agora ele já sabe.

- Nunca se sabe. Ela tinha a você antes e mesmo assim quase morreu asfixiada.- Lee disse.

Foi duro ouvir aquilo. Não por mim, mas por Sasuke. Lembrei do meu sonho, talvez ele realmente tenha dito aquilo sobre não me merecer. Um clima tenso ficou no ar, ninguém falava nada, olhei pro Sasuke que encarava Lee com um olhar muito nervoso, Ino estava com as sombrancelhas franzidas e olhava pro Sasuke e pra mim. Eu não sabia o que fazer.

- Não devia ter dito isso Lee.- Ino disse.- Foi um acidente, a culpa não foi do Sasuke.

- Exatamente.- Falei.

- Foi da Sakura.- Ino disse.

- Sim. Espera, o que?- Falei e olhei pra ela.

Antes que Ino pudesse falar mais alguma coisa, um barulho de algo se chocando com alguma coisa foi extremamente alto e quando percebemos, Lee estava no chão com a mão na bochecha.

- Sasuke!- Ino gritou aterrorizada e foi até Lee.- O que foi isso?- Disse tentando o ajudar.

- Ele estava me provocando a muito tempo.- Sasuke disse. Eu pude sentir que ele estava controlando o tom de voz.

- Precisava disso?- Ino ajudava Lee a se levantar.

 Antes que Sasuke respondesse eu fui mais rápida.

- Lee não devia ter dito isso.- Falei e olhei pra ele.- Sabemos que foi sério. Mas sabemos que a culpa não foi do Sasuke, não tem nem como. Ele não estava lá nem mesmo quando eu saí do refeitório. Aposto que ele e Ino devem ter sido as pessoas que mais se preocuparam e se apressaram pra me encontrar. Você me encontrar foi coincidência. Uma coincidência que salvou minha vida. Mas não tem o direito de falar assim com ninguém, principalmente com o Sasuke.- Falei, algumas vezes aumentando o tom de voz, mas abaixando pra falar a frase toda em um timbre pra que ficasse bem claro e pra que eu ficasse com pose de " Fuck Yeah".

Todos me encararam em silêncio. Claro, uma frase assim, saindo da Sakura, não é sempre que acontece. Na verdade, nunca acontece.

- Ela tem toda razão Lee.- Ino disse.- Vamos Sakura, vamos embora.- Ino disse e veio até mim me puxando pra saída.- Vamos Sasuke.- Disse enquanto já caminhava.

Depois de um tempo, ouvi os passos de Sasuke atrás de nós.

- O que foi aquilo?- Perguntei já do lado de fora junto com Ino e Sasuke.

- Aquilo foi um soco que a muito tempo eu já queria dar naquele folgado.- Sasuke disse.

Olhei pra Ino. Gente, o que eu perdi enquanto estava quase-morta?

- Nem me pergunte.- Ela disse e continuou andando.

- Ino, eu levo Sakura pra casa. Você pode ir pra sua.- Ele disse.

- Tudo bem. Você tá legal amiga?- Ino disse me encarando.

- Ta tudo bem.- Sorri.- Vamos Sasuke?- Falei e olhei pra ele.

Ele acenou com a cabeça, abracei Ino e comecei a caminhar com Sasuke. Ele ainda estava emburrado.

- E então? Vai ficar com essa cara amarrada?- Falei.

- Quer que eu fique como?- Afu, grosso.

- Sem patadas ok?- Falei e fiz careta.

Ele não disse nada, só olhou pro outro lado.

- Ah, qual é Sasuke! Agora vai ficar assim porque o Lee te provocou?

- Não é porque ele me provocou! É porque ele está certo!- Ele disse em um tom alto e cortante.

Não respondi nada, apenas franzi as sombrancelhas e parei de andar.

- Sakura, me desculpe.- Ele parou também e voltou até onde eu estava e segurou minhas mãos.- Mas não posso mentir assim. Eu sei que eu não fiz nada pra te ajudar.- Ele olhou pro chão.

- Sasuke... Não foi nada disso. Eu já disse que foi uma coincidencia cara.

- Claro que foi Sakura. Mas uma coincidencia que salvou sua vida!

- Você não sabe se quando você chegasse lá eu ainda estaria viva!

- Mesmo se estivesse! Era eu quem deveria ter resgatado você.

- PARA COM ISSO! CÊ TÁ FICANDO DOIDO!.- Estávamos discutindo na calçada e eu já estava ficando nervosa com ele.

- Doido? Sakura, acho que você não entendeu que você QUASE MORREU.

- QUASE NÃO É MORRER.

- MAS É PERTO!- Antes que eu falasse mais alguma coisa, ele me interrompeu.- Quer mesmo saber?...

Olhei pra ele e de repente estremeci. Eu já sabia o que viria.

- Não eu não quero saber.- Comecei a andar.

- Mas você tem.- Ele veio atrás de mim.

Tampei os ouvidos.

- Lalalala.- Cantarolei.

- Sakura!- Ele me segurou e tirou minhas mãos dos ouvidos.- Eu não estou sendo bom pra você.

 Ele disse e aquilo me fez sentir como se estivesse caindo. Meu estômago embrulhou.

- Que maluquice  Sasuke! Você É o melhor pra mim.- Falei já desesperada.

- Se eu fosse, você não teria ficado presa lá. Pela Karin! O que mais pode acontecer?

Olhei pro outro lado da rua e de lá vinha um carro.

- Está assim porque você não conseguiu me salvar?

- Também.

Não pensei, como sempre. Pulei na rua.

- Que foi Sakura?- Ele disse e antes que eu pudesse responder, o carro que estava vindo buzinou alto, estava vindo na minha direção.

Fechei os olhos. Não queria nem ver. Senti uma mão me agarrando e me puxando com força, acabei caindo sobre algo macio. Quando abri os olhos percebi que era Sasuke. O motorista saiu gritando algumas coisas que eu não entendi, porque estava em choque.

- Você queria se matar?- Ele disse olhando pra mim, sério.

- Você me salvou.- Falei com cara de mula.

- Só pode estar brincando comigo.- Ele levantou.

 - Eu não sabia o que fazer. Você disse que não tinha me salvado, tava se sentindo culpado...- Ele me interrompeu.

- E VOCÊ ME VEM FAZER UMA LOUCURA DESSAS?

Fiquei calada, realmente eu estava errada, eu tenho MESMO que repensar minhas atitudes.Sasuke passou a mão nos cabelos.

- Não é assim que se resolve as coisas Sakura.- Ele disse agora calmo mas tenso.- Isso me faz pensar ainda mais que eu te faço mal.

- Não! É justamente isso que eu queria provar o contrário!

- Não é assim que você vai me fazer concordar com você.- Ele disse agora colocando as mãos nos bolsos.- Eu quase morri só de achar que você poderia ter sofrido alguma coisa no colégio.- Me encarou firmemente.- Agora você se joga na frente de um carro? Francamente Sakura, eu não consigo ver você fora da minha vida desse jeito, ainda mais duas vezes em um dia. 

Apenas o fiquei encarando.

- Não faça isso de novo.- Ele disse e virou, começou a caminhar.- Vamos pra casa.

Não movi um músculo, eu estava engolindo e digerindo suas palavras ainda.

- Vamos.- Ele disse e parou de andar, olhou pra mim. Não respondi.- Eu vou indo, preciso descançar, se quiser vir.- Virou e continuou andando.

Mas que idéia de girico foi essa que eu tive? Me jogar na frente de um carro e pensar que o Sasuke ficaria bem depois disso? Ele já estava mal por causa do meu acidente no colégio, mal pelo Lee, e agora por mim. Desse jeito é ele quem vai ter um ataque cardíaco. Eu sou mesmo muito idiota. Quando olhei pra frente, percebi que Sasuke já havia desaparecido, ele realmente me deixou pra trás. Olhei pro céu, estava claro ainda, mas não iria demorar para escurecer. Olhei em volta, respirei fundo e fui andando, acabei vendo um banco onde eu sentei e fiquei olhando o movimento da rua, completamente desligada do mundo. Acho que mal piscando eu estava.

- Sakura?- Ouvi alguém me chamar.

- Lee?- Falei. Eu acho que não preciso disso agora.

- Posso sentar?- Acenei com a cabeça que sim. Mesmo com uma enorme vontade de dizer " não, vira e vai embora ".- Por que você está aqui?

- Só pensando.- Falei.

- Cadê seu namorado?

Demorei um tempo a responder.

- Foi pra casa.- Respondi por fim sem encará-lo.

- E deixou você aqui sozinha?- Revirei os olhos.

- Sim.

- Que idiota.- Olhei pra ele.

- Você não sabe o que aconteceu.- Falei com arrogância.

- Calma, calma.- Ele disse levantando os braços.- Só comentei.

- Então fica calado.- Quando percebi, já tinha falado. Ele deve me achar uma grossa... Ah foda-se, me pegou num dia ruim.

- Que ingratidão por quem te salvou.

- Vai jogar na cara?

- Veneno pra todo lado.

- Daqui a pouco na sua veia.

- Língua afiada.- Ele disse sorrindo me encarando. Qual o problema dele?

- Quer saber?- Levantei.- Vou pra casa.

- Eu te acompanho.- Levantou.

- Não precisa.

- Mas a rua é perigosa.- Começou a andar comigo.

- Não precisa.

- Faço questão, você não pode andar sozinha.

- Já disse que não precisa.- Acho que já tem um veia saltando da minha testa, é.

- Claro que precisa, seu namorado deixou você aqui sozinha, então é meu dever...- O interrompi.

- Não quero que você me leve pra casa! Quero que você me deixe ir sozinha. Não precisa me acompanhar ou conversar comigo. E isso não vale só por hoje.- Falei com a voz completamente alterada.

- Sakura... Me desculpe, eu não...

- Me desculpe Lee. Mas é que hoje as coisas não estão muito boas. Eu gosto muito do meu namorado, não quero correr o risco - já correndo - de perdê-lo. Se você vier comigo, vai piorar a situação. Espero que entenda.- Falei do melhor jeito possível que eu consegui encontrar.

- Tudo bem. Eu entendo.- Ele disse ainda meio chateado.- Bom, então cuidado. A gente se vê por aí.

- É, quem sabe.- Falei e sorri, virei e comecei a andar, agora já estava escuro.

Lee não é má pessoa, só tem que controlar sua boca e personalidade de vez em quando.