Pov:Sara.

Gil terminou de fazer as perguntas a Annie, ela já estava mais à vontade perto dele, até deu a ele um apelido, que era: Tio Grissom, incrível como ela tinha esse poder de cativar qualquer um assim. Depois de mais uma promessa de volta, Gil e eu saímos do quarto dela, já era de tarde, os corredores estavam sem ninguém, enquanto andávamos por ele, um silêncio machucava os meus ouvidos, isso nunca aconteceu, era acostumada a falar tudo que acontecia a ele, mas agora as coisas estão estranhas, não tenho mais o quê falar a ele, está fazendo isso há semanas, parecemos dois adolescentes ainda na escola, agindo imaturamente, se ele está chateado comigo por alguma coisa que fiz, por que não fala logo comigo sobre isso? Não seria mais fácil?

Já estávamos fora do hospital, ainda sem trocar nenhuma palavra sobre isso, estava com fome e estava prestes a ir para uma lanchonete qualquer para comer alguma coisa, estava tudo indo bem, até sentir meu braço ser segurado por alguém, me virei devagar, eu já sabia quem era, acredite ou não essas coisas podem ser percebidas por pessoas observadoras, como sou uma perita, bom, acho que já sei reconhecer o cheiro do perfume dele.

-Posso falar com você um pouco?-ele me perguntou franzindo a testa.

-Talvez.

-Vamos até a lanchonete da esquina, costumo ir lá de vez em quando.

-Claro.

Andamos até lá, posso dizer que ainda estávamos sem falar muita coisa, entramos na tal lanchonete chamada Luna’s, parecia ser muito legal, na verdade acho que sei o motivo de Grissom gostar de lá, ao entrar vi um imenso jardim, de longe pude ver alguns insetos, nada seria melhor para ele do que ficar perto de alguns enquanto come alguma coisa. Sentamos em uma mesa no fundo, perto da janela. Pedimos um café e um sanduíche.

-Então... -puxei conversa-O que queria falar comigo?

-Não sei bem, acho que apenas quero o prazer da sua companhia-ele respondeu sorrindo.

-Tem certeza? Porque esses dias você tem praticamente me evitado.

-Isso não é verdade.

-Você é péssimo mentindo...

-Eu estava só sem assunto.

-Nunca temos assunto.

-Sara...

-Me escuta, por favor, eu já passei muito tempo nisso tudo, eu só queria uma resposta sua que não seja evasiva.

-Sara, sinceramente não sei o que isso tem haver com esta conversa.

-Então me diz sobre o que você quer falar?

-Só acho que não é certo você violar as regras do departamento.

-Que regras eu violei?

-Sabe, namorar com um colega de trabalho.

-Eu não namoro um colega de trabalho.

-Acho que sim, o John.

-Não é nada disso... -respirei fundo- Se você me chamou aqui só pra dizer isso, perdeu seu tempo. Eu tenho que ir- joguei em cima da mesa dez dólares e saí da lanchonete indignada.

 Como ele pode fazer isso, será que eu fiz algo errado dessa vez? Não, eu não fiz. Já estou farta dessas conversas com ele, sempre sem uma razão, e a única vez que uma coisa boa acontece comigo, na minha triste e monótona vida, ele sempre vem e me reprime de certa forma. Mas eu já cansei de chorar por ele, já cansei de esperar por um sinal, essa foi à última gota, eu desisto de tentar ser algo a mais para Gil Grissom. Vai ser melhor assim.É dessa forma que se sai da rotina.