Amor Inesperado escrita por Bruninha
_ _ (21h17min) _ Casa da Magali
Dona Lili notou que Magali já havia chegado em companhia de Cascão pela janela, enquanto via TV. Foi quando ela baixou o volume, e ouviram-se gritos abafados do lado de fora. Começou a ficar preocupada pois já não estava mais ouvindo as vozes dos dois. Desligou a televisão e abriu um pouco a cortina.
Magali já não estava mais lá.
– Deve ter saído de novo... Essa menina, não para em casa. – diz por fim voltando para o seu sofá.
O homem levou Magali para um lugar meio escuro, e continuava tapando a sua boca. Ela fazia o possível para conseguir respirar.
– Calma gatinha – sorriu ele. – Eu não quero te machucar, mas você precisa colaborar comigo.
Um carro de cor escura parou em frente aos dois, e um dos homens de roupas pretas fez sinal para o cara entrar.
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Cascão andava em passos lentos para a sua casa, com as mãos no bolso, ainda meio corado com que tinha acontecido. Ela ainda podia sentir o perfume doce da comilona em seu corpo.
No caminho, sentiu um aperto no peito. Não sabia explicar, era uma angustia. Parou e respirou fundo, mas aquela sensação estranha não ia embora. Decidiu então voltar até a casa da amiga, só para constar que ela estava bem.
De frente para o portão da casa dela, ele gritou pelo seu nome, mas quem abriu a porta foi Dona Lilli.
– Cascão?
– Dona Lili, boa noite... A Magali já entrou em casa?
– A Magali? Não... Ela não estava com você agora pouco?
– Sim, mas a gente se despediu e... – Cascão começou a ficar preocupado.
– Cascão... O que foi?
– Não nada... Er... Eu vou ligar pra ela. – diz tirando o celular do bolso. – Droga! Sem bateria...
– Liga com o telefone daqui de casa – diz abrindo o portão para que ele entrasse.
Cascão assentiu com a cabeça, e foi até a sala. Pegou o celular do gancho e discou o numero da comilona, que sabia de có.
– E ai? – perguntou Dona Lili, começando a ficar apreensiva.
– Ninguém atende... Eu vou ligar pra Mônica. – diz enquanto discava.
Após alguns segundos, Mônica atende.
–Alô?
– Oi Mônica, sou eu. Você ainda tá no restaurante?
– Sim, estou... Por quê?
– A Magali apareceu por ai de novo?
– Não, Cascão... Ela não estava com você até pouco tempo?
– É… - diz angustiado. – Enfim, se encontrar com ela, me avisa.
– Tudo bem. – diz Mônica sem entender.
Cascão se senta no sofá com as duas mãos cruzadas, pensava que Magali poderia ter ido esfriar a cabeça depois daquele beijo que ele havia lhe dado, pois ela tinha ficado bastante esquisita. Ter que relembrar o que passou, não deve ter sido fácil. Ele sabia que tinha algum tipo de culpa.
– Droga... – diz se arrependendo de ter a beijado outra vez. Mesmo que tenha sido na bochecha.
– Mas Cascão - diz Dona Lili com a mão no peito. – Você acha que pode ter acontecido alguma coisa com a minha filha?
– Eu só sei que deixei ela aqui na porta, e fui pra casa. Mas no caminho senti que alguma coisa não estava bem, e resolvi voltar só pra saber se ela tinha entrado em casa... Parece que a minha intuição estava certa.
– Eu também senti algo parecido! Ai meu Deus... Minha filha! – diz Dona Lili começando a se preocupar de verdade.
– Calma Dona Lili... — Cascão tentou confortar a mulher.
– O que esta acontecendo aqui? – Seu Carlito diz descendo as escadas.
– Querido! – diz correndo para o seus braços.
– O que houve? Cascão, você aqui?
– O Cascão acha que pode ter acontecido algo com a nossa menina.
– Como assim? Vocês não estavam juntos?
– Estávamos sim, mas eu fui pra casa, e parece que ela não entrou.
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Os pais de Magali começaram a ligar pra todos os amigos de Magali. Enquanto Cascão tentava ligar para a comilona diversas vezes.
Até que no meio de uma das mil ligações, finalmente alguém atende.
– Magali?! – diz o garoto se levantando fazendo os pais arregalarem os olhos.
–Alô? – responde uma voz masculina.
– Quem tá falando?–diz Cascão aflito, ao ver ouvir aquela voz grossa.
Depois de exatos dois minutos em silêncio, ainda na linha, Cascão ouve finalmente a voz da garota.
– Cascão...? – diz Magali em tom baixinho, e de choro.
– Magali! Onde você está?! Quem era no telefone?! – pergunta o sujinho desesperado.
Os pais ao ouvirem o seu nome, quiseram de todo jeito tomar o telefone da mão de Cascão, mas ele só fazia um sinal para que eles pudessem esperar.
– Cascão... Eu não posso falar muita coisa... Passa o telefone pro meu pai...
– Magali ONDE VOCÊ ESTÁ? – diz o garoto nervoso.
– Por favor, Cascão, passa pro meu pai, agora!
Ele nega com a cabeça, incrédulo. Ele não sabia o que fazer, estava suando nas mãos, mas não tinha outro jeito. Ele passou para Seu Carlito que pegou o telefone na maior velocidade.
– Filhinha! Onde você esta meu amor?
– Pai... – diz voltando a chorar.
– Meu bem, o que está acontecendo, por que você está chorando? – pergunta o pai dando voltas no carpete enquanto Dona Lili tentava escutar o que ela dizia.
– Pai, e-eu... – a garota mal conseguia terminar a frase. Foi quando a mesma voz masculina que havia atendido aparece.
– O negocio é o seguinte meu caro... Raptamos a sua filha, e se quiser que nada de grave com ela, é melhor fazer tudinho o que eu mandar, falou?
Dona Lili e Cascão viram que a expressão de Seu Carlito havia mudado, e agora ele estava pálido, com as mãos tremendo.
– Quem está falando?! O que vocês fizeram com a minha filha?!
– Calma papai– diz o sujeito rindo. – você vai ter a sua filhinha de volta... É só nos ajudar...
– O que você quer? – pegunta frio.
–Muito simples... É só ir ao banco, pegar um dinheiro e trazer para nós aqui. Se fizer tudo direitinho entregamos a sua filhinha sã e salva.– O sequestrador olha para Magali sorrindo, e toca no seu queixo.
– E quanto você quer?
– O meu máximo é vinte e cinco mil…
– É muito. – diz ele começando a suar.
– O problema é seu. Queremos esse dinheiro até as duas da manhã. E se resolver ligar pra policia, esqueça que um dia teve uma filha!
– Tudo bem! Tudo bem! Eu dou o meu jeito! Onde entrego?
– Bairro das mangueiras. Assim que você entrar, vai ter um carro te esperando...
– Eu vou fazer o que você está mandando! Agora deixa eu falar com a minha filha!
– Você vai ter essa chance, quando pegamos o nosso dinheiro.
– Não vou fazer essa retirada até saber que a minha filha está bem!
O sujeito revira os olhos, e faz sinal com a cabeça para tirarem o lenço da boca da garota.
Ele então, coloca o telefone atrás de sua orelha, pois ela continuava amarrada.
– P-pai?
– Princesa! Você está bem? Esse monstros fizeram alguma coisa com você?!
– N-não pai… Eu to bem…
– Eu vou tirar você dai, filha... Aguenta só um pouquinho, tá? – diz Seu Carlito deixando uma lagrima cair.
– Eu to com medo...
– Eu sei meu amor, mas eu vou te buscar, prometo!
– Pai...?
– Oi...
– Eu te amo...
Seu Carlito não aguenta e cai em prantos. A ligação é encerrada, e Dona Lili, desesperada, começa as perguntas.
– O-o que ta acontecendo, querido? O que ela disse? Onde ela está?
Ele se sentou no sofa, e Dona Lili preocupo-se ainda mais.
– A Magali... Ela... Ela foi sequestrada!
– O que?! – disseram o sujinho, e Dona Lili juntos.
– C-como assim sequestrada? Onde?
– Ele só disse que só teríamos a Magali de volta, se eu pagasse.
Cascão estava pasmo. Mal podia dizer algo. Estava se sentindo tal culpado de não ter esperado a comilona entrar em casa. Se sentiu um péssimo amigo naquele momento.
– Vamos chamar a policia! – diz ela.
– Não, Lili! – Seu Carlito volta a colocar o telefone no gancho. – Se chamarmos a policia, eles vão acabar descobrindo e podem machucar a nossa filha de verdade.
– Agora, eu preciso ir ao banco.
– Espera... – diz Cascão se levantando – Eu vou com o senhor.
Carlito hesitou por um estante, mas resolveu aceitar a ajuda do garoto.
– Querido – diz Dona Lili puxando a sua camisa. – Tome cuidado...
Seu Carlito deu um beijo na testa da mulher e sorriu.
– Eu vou. E vou trazer a nossa filha de volta pra casa.
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Mônica e Cebola finalmente saíram do restaurante, pois ela tinha ficado muito preocupada com aquela ligação repentina de Cascão procurando pela comilona. Chegando lá, encontram Lili nervosa.
– Dona Lili? Aconteceu alguma coisa? – pergunta Mônica ainda na porta.
– Aconteceu, Mônica. Aconteceu sim.
Os dois entraram dentro da casa, e ela começou a andar de um lado para o outro ainda chorando.
– Levaram a minha filha!
– O que?! – perguntam os dois.
A mãe de Magali começa a explicar toda e historia, no final, Mônica sentou no sofá, totalmente paralisada.
– Meu Deus... – diz Cebola no mesmo estado que ela.
– E parece que foi bem aqui na frente de casa. Eu to muito preocupada.
– Cadê o Cascão? – pergunta o careca.
– Foi com Carlito até o banco...
– O cara disse onde teriam que deixar o dinheiro? – pergunta Mônica.
– Parece que... – diz ela com mão na testa. – Bairro das Mangueiras... Algo assim.
– Eu sei onde fica. – diz Monica se levantando. – Eu vou até lá.
– O que?! De jeito nenhum! – diz Cebola parando-a.
– Ele tem razão Mônica. Eles podem ser perigosos, você tem que ficar aqui. – diz Lili.
– Mas... Eu não posso esperar aqui de braços cruzados! Se eles fizerem alguma coisa com a minha amiga, eu... – Mônica deixa as suas primeiras lagrimas caírem, e Cebola a abraça imediatamente.
– Fica calma Mô... – diz lhe fazendo carinho na cabeça. – Eu vou.
– Como?!
– Pode deixar que eu vou... Mas você fica aqui!
– Não, Cebola! Você não! – diz ela se alterando.
– Mônica fica tranquila, vai dar tudo certo! Eu vou achar a Magali!
– Mas... – Cebola sai pela porta, não dando ouvidos a Lili, muito menos a Mônica.
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Enquanto Seu Carlito conversava com o dono do banco, Cascão nervoso, não aguentou e saiu de lá às pressas.
Ele não estava confiante que aquilo iria dar certo. Magali precisava muito dele, e ele não podia ficar ali parado sem fazer nada.
Como sabia o caminho até o Bairro das Mangueiras, não foi difícil.
Minutos e minutos caminhando, chegou até o tal lugar. E como já era de se esperar, havia realmente um carro preto a espera de Seu Carlito.
Ele se escondeu atrás de uma lata de lixo que tinha ali perto e ficou observando dois homens dentro de um carro, enquanto o terceiro - que estava do lado de fora - parecia estar dando algumas instruções a eles.
Cascão nem sabia por onde começar.
Após algum tempo, ainda escondido, Cascão sentiu que tinha alguém atrás dele. Ele achou que poderia ser um dos homens e tremeu na base. Quando sentiu que o ser se aproximava, lhe deu uma bela rasteira e o garoto caiu no chão gemendo baixo.
Cascão pôs a mão em seu pescoço e aos poucos a luz foi baixando e ele finalmente viu quem era.
– Cebola??!! – diz o suijinho assustado.
– Ai... Eu acho que sim... – diz o garoto com uma das mãos nas costas.
– Idiota! Quer me matar de susto? O que você tá fazendo aqui, seu imbecil?! – diz ajudando o garoto a se sentar.
– O mesmo que você, eu suponho...
– Foi mal... Achei que fosse um daqueles homens. – Cascão voltou ao seu posto, e Cebola se aproximou também se escondendo atrás dele.
– Quem são?
– Com certeza os que estão metidos no sequestro da Magali.
Cascão e Cebola continuaram de vigia, até que perceberam que um dos homens, deu a entender que estava indo embora. Essa era a chance de descobrir onde a Magali estava.
Sem muitas delongas, os dois saíram de trás da grande lata de lixo, e sem nenhum barulho, começaram a seguir o tal homem de capuz.
A cada esquina, eles se escondiam em varias coisas que lhes tinham a frente, para que o homem não percebesse que estava sendo seguido.
Ele olhava sempre para os dois lados, mas Cascão era muito bom em disfarçar. Minutos andando, e o cara finalmente entra em um beco escuro, dando passagem para uma casa abandonada. Supostamente onde Magali estava feita de refém.
Cascão e Cebola se entreolharam ao se deparar com pelo menos dois homens armados.
– Se eu não sair daqui vivo... Fala pros meus pais que eu amo eles. – diz Cebola engolindo em seco.
– Se você não sair daqui vivo, eu provavelmente também não vou sair, né bocó?
Os dois se esconderam atrás de um muro, esperando o momento certo de agir.
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Terminando de sacar todo dinheiro, Seu Carlito finalmente sai do banco, mas não encontra Cascão do lado de fora como tinha prometido.
Ele começa a se preocupar, achando que ele tinha ido sem lhe esperar.
– Sabia que não devia ter deixado esse garoto sozinho. – diz entrando no carro furioso.
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Quando os homens se distraem, Cascão dá sinal para Cebola, que já estava na hora de entrar.
Eles respiram fundo, e lentamente começam a caminhar em direção a janela que tinha atrás da casa.
Ao chegarem lá, finalmente encontram-a. Amarrada em uma cadeira, e com um lenço na boca...
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