O dia do casamento tinha chegado. Desde o episodio na porta da casa de Victoria, Ken nunca mais a beijou ou tentou aproximar-se dela pelo menos ate o dia do casamento.

A marcha nupcial é tocada e a noiva entra, todos a olham estarrecidos com a sua beleza. Victoria olha fixamente para o seu noivo parado no altar a esperando sem demonstrar nenhuma emoção. A cerimônia ocorre tranquilamente e logo é ouvido do padre.

-Pode beijar a noiva.

Ken sorri de forma misteriosa, segura Victoria pela cintura e a beija languidamente ao escutar o assobio de seu irmão a solta lentamente.

A recepção ocorreu de forma agradável, todos se divertindo. A noiva dançou com noivo logo depois com seu sogro e por ultimo com Yuki.

-Você esta linda Vicky. – Yuki disse enquanto dançavam.

-Obrigada você também.

Continuaram dançando ate serem interrompidos por Ken avisando que estava na hora de irem embora.  Victoria da um beijo no rosto de Yuki, despedi-se de todos e sai com Ken em direção ao aeroporto.

O jato particular de Ken os esperava na pista de vôo. Victoria ainda se encontrava vestida de noiva ao embarcar no avião.

-Nossa não imaginava que casamento seria cansativo – disse ao se sentar em uma das poltronas.

-Nem eu – falou sentando-se na frente dela – você esta linda Victoria.

-obrigada. – levantou-se pegando uma pequena valise – vou me trocar e já volto.

Ken a seguiu com o olhar sem entender o que estava acontecendo com ele. Há dias não conseguia parar de pensar nela sempre querendo vê-la dia após dia.

-Que droga! – disse tirando o paletó e colocando o cinto de segurança, pegou um jornal e começou a ler para tentar tirar Victoria de sua mente.

Victoria saiu do banheiro toda desarrumada. Vestiu uma calça jeans com uma blusa preta e um blazer branco saiu descalça com o vestido de noiva em sua mão. Ao se aproximar de sua poltrona colocou o vestido na poltrona vazia e sentou-se olhando o homem a sua frente esperando que ele puxasse conversa, o que não aconteceu. A viagem a Itália ocorreu no mais completo silencio.

Horas depois Victoria encontrava-se de frente para uma mansão em plena toscana. Olhou fascinada tentando se dar conta que aquilo não era um sonho.

-Esta fazendo o que parada ai? – Ken perguntou enquanto pegava umas malas. – pegue aquelas duas valises – apontando para duas malas pequenas no chão.

-Uauuu isso é lindo – disse ao entrar.

Ken estava subindo as escadas quando olhou para trás e viu Victoria parada com olhar perdido admirando a decoração da casa e riu ao ver a cena.

-Vamos Victoria, saia do mundo dos sonhos – a chamou divertido ao ver que estava sendo seguido por ela parou em uma das portas do segundo andar colocando as malas dela no chão e abrindo a porta do quarto – este quarto é o seu, o meu é aquele no final do corredor se precisar de alguma coisa – falou saindo indo em direção ao seu quarto.

Victoria entrou surpresa o quarto era lindo. Ele era pintado de branco, possuía uma cama enorme no centro do quarto, duas poltronas próximas a janela, a qual possuía uma varanda. Largou as malas no centro do quarto e ficou apreciando a vista maravilhada.

-Victoria – Ken a chamou entrando no quarto dela parando ao vê-la debruçada na varanda, aproximou-se ficando atrás dela – vim te chamar para dar uma volta.

-Oh isso não é lindo? – disse virando-se para ele e percebeu que ele tinha trocado de roupa colocando um short com uma blusa sem manga. – Uma volta? – perguntou tentando não mostrar o quanto estava abalada por vê-lo daquele jeito.

-É de bicicleta achei que você iria gostar.

-Bicicleta? Não acho uma boa idéia.

-Por quê?

-Eu não sei andar de bicicleta. – falou envergonhada.

-Hum isso é algo que vamos mudar hoje – falou segurando a mão dela e a levando para fora de casa.

Ken pegou uma bicicleta que se encontrava na garagem e a levou ate Victoria rindo diante da expressão de medo dela.

-Ela não vai te morder Vih, venha sente-se. – falou batendo no assento – você não vai aprender parada ai. – Victoria caminhou como se estivesse indo em direção a guilhotina e se sentou olhando para ele – pronto agora se segure firme, só vou te largar quando você estiver segura. – disse segurando na parte traseira para dar apoio enquanto ela pedalava. – isso ai continue assim – falou dando apoio.

-Não me solte. – Victoria gritava para ele.

-Não se preocupe com isso apenas pedale. – depois de alguns minutos sem Victoria perceber Ken a soltou e ficou parado vendo ela andar tranquilamente – isso ai você esta indo muito bem – gritou batendo palmas.

-Estou mesmo não é? – gritou de volta ao dar-se conta que ele tinha largado a bicicleta, ela perdeu o equilíbrio e caiu sendo socorrida por ele.

-Você esta bem? – perguntou se ajoelhando ao lado dela no chão.

-Estou – olhou para ele – porque me largou hein? A culpa é sua. – reclamou fazendo bico com os lábios.

-Você estava indo bem ate perceber que estava só – disse rindo ajudando-a a se levantar – venha vamos tentar de novo.

-Não quero mais. – falou com a cara emburrada.

-Não seja criança, se você se comportar direitinho te dou sorvete.

-Eu não sou criança e não quero sorvete – olhou para trás e andou em direção a bicicleta sem dizer nada ignorando o sorriso dele, demorando alguns minutos pedalando com ele a segurando – e o...sorvete?

-O que tem? – perguntou tentando não rir.

-Ainda vou ganhar?- disse tentando parecer desinteressada.

Ken não respondeu apenas sorriu para ela. No final da tarde ele a chamou para entrar afirmando que no outro dia eles dariam uma volta de bicicleta. Ao entrar e não vê-lo deduziu enquanto subia as escadas batendo o pé que ele tinha a enganado.

-Aquele mentiroso – disse enquanto subia as escadas – me prometeu sorvete e agora some. Entrou no quarto tirando a blusa e foi para o banheiro tomar um banho ao descer não encontrou nenhum empregado em lugar algum foi ate a cozinha e encontrou Ken sentado na mesa esperando por ela.

-Você demorou – Ken disse levantando-se e indo em direção a geladeira pegar um pote de sorvete. – aqui esta. – servindo-a em uma taça.

-Pensei que ia me enganar – falou pegando a taça se sentando na mesa – você não vai querer também? Esta muito bom – colocando a colher na boca – vamos, você ate que se comportou bem também.

-Como se eu tivesse cara de criança – falou fazendo uma careta enquanto pegava outra taça onde se serviu sentando-se de frente para ela.

-Esta muito bom – Victoria elogiou com a colher na boca.

-Seja mais educada. – falou polidamente sorrindo por dentro.

-Se vai ficar me chateando eu vou pro meu quarto – disse ameaçando se levantar – você nem vai me impedir?

-Não, você não vai embora ate terminar com o pote de sorvete que eu sei – falou tentando parecer sério.

-EI eu não sou assim. – falou tentando parecer indignada, pior que eu sou assim, mas como ele sabe? Perguntou-se.

-É sim.

-E como você poderia saber algo do gênero?

-Eu simplesmente sei – sorriu.

-Você mais parece um demônio isso sim.. falando nisso – lembrando-se dos empregados – não tem nenhum empregado aqui?

-Tem dois apenas, gosto de privacidade.

-É por isso que a sua casa não tem nenhum?

-Precisamente.

-Por quanto tempo ficaremos aqui? – indagou minutos depois.

-Por volta de três ou quatro dias.

-Hum. – disse terminando com o sorvete e indo em direção a geladeira para se servir mais- você quer mais?

Ken não disse nada apenas colocou a taça discretamente ao lado dela. Victoria sorriu colocando mais sorvete na taça dele e assim continuaram ate terminarem com o pote de sorvete.

 -Eu disse que você só iria sair da cozinha quando tivesse exterminado com o sorvete – Ken disse rindo ao sair da cozinha acompanhado por Victoria – e agora o que podemos fazer? – perguntou olhando para ela.

-Estamos em lua de mel não é? Deveríamos nos divertir – parou em frente a ele – podemos sair e ir comer alguma coisa fora hoje à noite?

-Seu estomago não tem fundo não é? – falou olhando para a barriga de Victoria.

-Humpf se não quer ir é só falar – disse indo embora.

-Espere ai.

-O que é? – Victoria perguntou sem virar-se para ele.

-Não vejo problema algum em ir – olhou para o relógio em seu pulso – nos encontramos ás sete no hall de entrada tudo bem?

-Sem problema – Victoria disse animada e sorrindo para Ken, saindo em direção ao seu quarto, pois faltava menos de uma hora para eles saírem.

Ken se encontrava parado no hall esperando Victoria. Ele trajava uma calça preta com um casaco igualmente preto lhe dando um ar de mistério. Estava se preparando para subir as escadas com a intenção de chamá-la quando a viu. Ela vestia um vestido floral rosa com uma delicada sandália de salto, os cabelos estavam soltos e ela lhe sorria enquanto descia as escadas.

-Vamos? – Victoria disse parada em frente a ele.

-Ir?

-É. Comer fora.

-Ah claro – falou sem jeito ainda perturbado com ela – vamos sim – disse a conduzindo para fora da casa e em direção a uma Mercedes preta estacionada na porta.

-É seu? – perguntou ao entrar no carro.

-Não, é alugado. - respondeu dando a partida.

Toscana fascinava Victoria a cada minuto ainda mais com a companhia de Ken que entendia muito sobre historia e ao passar pelos monumentos ele sempre tinha algo a dizer deixando-a maravilhada. Ken escolheu um restaurante tipicamente italiano para jantar com Victoria. Assim que se sentaram a mesa Victoria começou a puxar conversa com Ken.

-Não imaginava que sabia tanto sobre a Itália – olhou maravilhada para ele – o que você mais sabe?

-Bem sobre a Itália muitas coisas – disse sorrindo enquanto bebia um gole de vinho o qual acabara de pedir – você quer saber sobre o que exatamente?

-Ah não sei – parou para pensar um pouco – o que costuma fazer quando não esta trabalhando?

-Bem mesmo isso não tendo relação com a sua pergunta anterior – sorriu -ultimamente entrando em problemas por sua causa – sorriu – fora isso costumo nadar no clube, jogar xadrez nada muito especifico.

-Hum entendi – falou bebendo um pouco de vinho.

-E você o que costuma fazer quando não esta trabalhando ou estudando?

-Ou te colocando em problemas? – acrescentou rindo – bem saiu com meus amigos – parou para pensar – pior que é apenas isso, triste não?

-Nem tanto, pensei que você era acostumada a viajar.

-Viajar?

-É por causa da ilha de Seul.

--Ah aquela foi a minha primeira viagem sozinha e veja onde eu me meti – disse rindo.

Ken percebeu que quanto mais ela bebia mais avermelhada suas faces ficavam dando um aspecto saudável e sensual a Victoria.

-Me lembrei de uma coisa – Victoria falou tirando ele de seus devaneios – não me lembro a sua idade. Quantos anos têm?

-Tenho vinte e seis.

-Hum imaginei que tinha mais.

-Obrigado pelo elogio – falou irônico.

-Ei brincando, mas porque o seu pai acha que já esta na idade de casar tão novo?

-Porque ele conheceu a minha mãe e se casou com apenas vinte e dois anos então eu já estou velho na concepção dele – rindo – como você casa com alguém sem nem lembrar a idade?

-Ah tinha coisas mais importantes a pensar.

-Como o que?

-Em como agüentar o meu noivo com seus ataques – falou sorrindo.

Ken olhou para ela tentando se controlar, ele não queria acabar com o clima leve ao qual estavam ele queria continuar conhecendo a Victoria espirituosa e alegre. 

A lua de mel passou rapidamente, Ken levou Victoria para conhecer os lugares famosos e românticos da toscana. Ele conheceu o lado de Victoria ate então desconhecido: o gentil, amoroso e carinhoso. E ela havia conhecido um Ken gentil, atencioso e adorável.

 Eles não haviam se tocado como marido e mulher e nem se beijado apenas agiam como dois amigos íntimos e nada mais.

Ken desejava que ela continuasse a mesma quando regressassem, mas tinha a impressão que ela voltaria a ser a mesma de antes.