-Mi? – Ouvi alguém gritar.

-Mione? – Outra vez.

-Hermione?- Naquele instante reconheceu a voz, e acelerou os passos.

Correu, indo em direção ao estacionamento. Rezando para ter algum táxi e que pudesse sair de lá. O mais rápido possível. Havia se arrependido completamente de ter se deixado levar pelas amigas. Iria se curar, mas não assim. Não deste jeito. A única coisa que viria assim era dor. E, isto, já sentia.

Uma mão firme segurou seu punho, movimentou-se querendo se soltar, mas ele doeu e se rendeu. Sabia perfeitamente quem era. E, por isso, pediu silenciosamente que a deixasse ir. Não queria que ele a visse chorando. Sofrendo por ele. Seu orgulho já estava no chão, e com esta cena, ele não mais existiria.

-Hermione, por favor, me escute. – Implorou com a voz embargada.

-Me solta, Draco, por favor. – Pediu baixinho.

-Não sem antes você me escutar. - Exigiu.

-Eu não quero! – Bradou irritada.

-Eu não tive culpa, foi ela. – Ele tratou logo de tentar esclarecer.

-Oh, sim, é claro. Você é um santo.

Hermione disse se esquecendo de seus olhos. Eles estavam totalmente encharcados, e entregues as lágrimas. Ela queria gritar, e xingá-lo. Dizer o quanto ele era um imbecil. Que seus amigos estavam certos. Uma vez cria de comensal, sempre comensal. E eles não tem sentimentos. E nem todo o amor do mundo iria mudar isto.

-Ela... Ela me beijou.

A cena da boate voltou diante seus olhos. Ela foi empurrada com força, e ao abrir os olhos, deparou-se com a pior cena de sua vida. Pansy Parkinson estava grudada ao pescoço de Draco, e beijando-o com afinco. Uma dor enorme invadiu seu peito, e uma lágrima teimosa rolou por seu rosto. Voltou à realidade ao sentir algo deslizar por seu rosto.

Levantou os olhos e fitou o céu. Uma chuva fina começou a cair. Fazendo muitas pessoas começarem a correr, e tratar de arrumar um lugar com teto para ficar, mas não os dois. Depois de ela abaixar os olhos, viu que ele havia virado o rosto para o céu também. Quando ele a encarou, seu coração se apertou.

Fitou os olhos dele, mas não eram irônicos ou debochados. Era um tipo de olhar que nunca imaginou ver no rosto dele. Era um olhar triste. Marcado por dor, e agonia. Ela queria aproximar-se e abraçá-lo. Tirar qualquer dor que pudesse estar o deixando assim, mas não podia. Não mais. Agora era cada um por si.

-Se queria que eu agradecesse. – Falou calma por fora, e despedaçada por dentro. – Obrigada, muito obrigada.

Deu-lhe as costas, mas as mãos dele enlaçaram-na pela cintura, chocando os corpos deles. Uma corrente elétrica percorreu o corpo de ambos, fazendo-os se fitarem nos olhos. E ali, ela viu algo que nunca imaginou. Uma lágrima, uma solitária lágrima, escorria pela pele macia e pálida de seu amor.

-Eu sei que fui idiota, mas eu tive medo. Não sabia se iria agüentar. Só que é muito, muito pior, ficar sem você. – Confidenciou.