Shiroi Tsubasa escrita por Shiroyuki
— Naddy… você… você é…
— Do que você está falando? – Nadeshiko sorriu tranquila, tornando a amarrar os cabelos com agilidade inata. Tremia levemente, mas sabia disfarçar quando as reações do seu corpo a delatavam. Rima estreitou os olhos, com expressão desconfiada.
— Por um momento, você pareceu o… Nagi – ela murmurou corando com a própria afirmação. Aquilo parecia um pouco ridículo quando pronunciado em voz alta, mas ela continuou encarando Nadeshiko com altivez.
— Mesmo? Acho que você anda pensando demais nesse tal Nagi – Nadeshiko contrapôs, com a voz um pouco mais aguda que o normal e suor frio escorrendo pelos poros, o que indicava que ele estava mentindo descaradamente. Começou a andar em direção ao caixa, para pagar a roupa que já estava em seu corpo (é esse o jeito de comprar dos ricos). Puxou um cartão de crédito da bolsa, sem conseguir pensar no que estava fazendo – E também, eu li em algum lugar – ela continuou – quando você sonha, vê imagens de pessoas que já conhece, então, acho que você apenas usou meu rosto no seu príncipe.
— Você sabe o quanto é nojento isso que você acabou de falar, Nadeshiko? – Rima a fitou com o canto dos olhos, fazendo uma careta de repulsão logo depois – Quer ir ao café? – indagou, saindo da loja.
— Claro. Desde que a Amu começou a namorar aquele cara, os descontos vem ficando cada vez maiores… – Nadeshiko sorriu, imaginando se teria conseguido fazer Rima esquecer o assunto. É claro que não!
— Isso não explica como você e ele usam a mesma roupa de dormir – articulou, encarando Nadeshiko com seus grandes olhos especulativos, e os braços cruzados. Nadeshiko sentiu algo como uma facada na região do estômago, e por alguns poucos segundos, perdeu a fala.
— Ah… quando você… como… de onde tirou essa ideia? – se perdeu nas palavras, com os olhos visivelmente desesperados.
— Ei, onde está indo? O café é aqui. – Rima indicou, virando à direita e abrindo a porta de vidro. Depois de confirmar que Nadeshiko havia entendido, ela entrou, sentando-se junto ao balcão, visto que as mesas estavam ocupadas – Sabe, eu confio muito na minha memória, e tenho certeza do que vi.
— Você estava sonolenta e insana – argumentou, gesticulando freneticamente com as mãos – Não tem como saber o que viu ou deixou de ver… Queria até mesmo entrar na piscina!
— Como você sabe disso? – Rima bradou indignada, algumas oitavas mais alto. Nadeshiko mordeu a própria língua, sentindo sua estupidez alcançar níveis estratosféricos.
— Você me disse – ele arriscou, nem um pouco convincente. Rima acalmou-se, tentando se lembrar do que havia dito exatamente à Nadeshiko no caminho.
— O que vão querer? – Ikuto indagou subitamente, o que fez Nadeshiko pensar se ele não estava ali desde o início, ouvindo a conversa toda.
— Chocolate quente – Rima pediu em um tom entediado – E trás logo.
— Cappuccino – Nadeshiko murmurou.
— OK – Ikuto anotou os pedidos e enviou-os para a cozinha, voltando logo depois, com um pano apoiado no ombro e o bloquinho no bolso do avental.
— Tá bem cheio aqui, não é? – Nadeshiko insinuou, pensando em quanta cara de pau Ikuto havia acumulado com o passar dos anos. Havia formas mais discretas de ouvir conversas alheias.
— Pois é – ele suspirou, puxando um banco e apoiando a cabeça no cotovelo. Logo os pedidos chegaram, mas Ikuto não moveu um músculo do seu lugar, encarando os dois com evidente ar de interesse.
— Ei! – Rima apontou para algum lugar atrás de Ikuto, onde ficavam algumas bancadas – O que é aquilo?
— Hmm? – Ikuto virou a cabeça despreocupadamente – Ah! É só uma cueca.
Nadeshiko engasgou-se com o cappuccino, quase o cuspindo para fora. Como aquele lugar poderia ter cuecas espalhadas por aí? E, pior, como ela foi parar lá?
— Não parece o que você usa para dormir, Nadeshiko? – Rima perguntou, confusa.
— O que? – ela atrapalhou-se na linha de raciocínio, e a única coisa que pode fazer foi tomar mais um gole de cappuccino, sentindo um leve sabor de cueca ao fundo.
— Ah! Você usa um samba-canção pra dormir? – Ikuto especulou, interessado – É confortável, não? Deixar o bicho solto…
— Vamos embora, Rima! – Nadeshiko pegou a garota pelo braço e a arrastou para fora do estabelecimento.
— Eeeeei! O que você está fazendo?! – ela protestou, debatendo-se enquanto Nadeshiko atravessava a porta, como um furacão em atividade – O meu chocolate… - acrescentou em voz baixa.
— Naddy! – Ikuto chamou – Você esqueceu a conta!
-
— Me explica o que está acontecendo! – Rima gritou, soltando seu braço da mão de Nadeshiko. Elas estavam em uma praça, que ficava do outro lado da rua do café.
Nadeshiko estancou, fechando os olhos e suspirando, sem olhar na direção de Rima. O que faria agora?
A vontade de contar tudo a ela quase transbordava. Ele queria muito ter sido um garoto normal, conhecido ela da maneira certa. Poderiam ter sido amigos primeiro, então ele se declararia, e eles começariam a sair. Nagihiko poderia protegê-la da maneira certa, sem precisar de disfarces ou subterfúgios, e de uma maneira que Nadeshiko nunca conseguiria. Abriu os olhos, com um vinco formando-se entre as sobrancelhas. Entreabriu a boca, com as palavras prestes a sair. Imediatamente, ele viu. Entre os arbustos, atrás do chafariz. Dois olhos afiados, encarando-o fixamente. Não, eles encaravam Rima.
— Eu prometo que vou explicar tudo pra você, Rima. – Nadeshiko pediu, desesperada, segurando a mão de Rima entre a sua – Agora, vamos logo embora daqui.
Começou a andar apressadamente, procurando espaços por entre as pessoas. Não queria demonstrar que havia notado o homem à espreita, mas sabia que ele continuaria a persegui-los aonde fosse.
— Por aqui – ela disse, puxando o corpo de Rima para virar a esquina.
Rima não dizia uma única palavra, com os olhos amedrontados ficando úmidos, e o rosto pálido suando frio. Mesmo não estando a par da situação, ela sentia a atmosfera carregada, a tensão de Nadeshiko, e era o mesmo tipo de clima que antecedia aos seus sequestros anteriores. Andava apressada, apertando a mão de Nadeshiko com o máximo de força que seus dedos finos permitiam, tremendo levemente, cada vez mais a cada passo.
Não reconhecia o caminho por onde Nadeshiko a levava, mas tinha certeza de que seria para algum lugar seguro. Seguiram por uma rua menos movimentada, sentindo o efeito de estar sendo intensamente observados formigando suas nucas, até que Nadeshiko parou em frente a um prédio.
Entrou sem pensar duas vezes, levando o corpo entorpecido da garota consigo. Avançou para os elevadores, sem passar pelo porteiro antes. Quando entraram, e as portas fecharam-se, ela apertou o botão que indicava o quinto andar, com Rima apertando seu braço com ambas as mãos, enterrando os dedos trêmulos no tecido da camisa.
O elevador parou, e abriu suas portas com um ruído vagaroso, que fez Rima sobressaltar-se. Nadeshiko tomou a dianteira, trazendo ela delicadamente para perto. Encaminhou-se até a última porta do corredor, puxando uma chave com chaveiro de bola de basquete de dentro da bolsa. Rima o fitava com medo, e uma ponta de curiosidade, mas ainda não falou uma única palavra.
Adentraram no apartamento, que era pequeno, obviamente pertencente a um solteiro. Tinha as paredes em azul, com cortinas brancas que iam até o chão. Um sofá de couro branco em frente à TV, no meio da sala, que ficava separada da cozinha somente por um balcão de mármore. Nadeshiko entrou na frente, recolhendo rapidamente as roupas espalhadas pelo local e alguns porta-retratos, jogando-os por uma porta qualquer.
— Pode entrar – ela disse, sorrindo sem graça. Apesar das circunstâncias, era a primeira vez que trazia uma garota a sua casa. Rima correu para dentro, encaixando-se nos braços de Nadeshiko, soluçando audivelmente, com lágrimas quentes molhando a camisa dela. Sentiu as mãos pequenas dela apertando com força seu corpo, tremendo compulsivamente – Shhh… - sussurrou no seu ouvido, tranquilizantemente, passando uma mão ao redor da cintura enquanto a outra acariciava os cabelos dourados, com cuidado, apoiando o queixo no topo da cabeça – está tudo bem agora.
— T-tinha alguém atrás de nós, n-não é? – ela soluçou, com mais lágrimas escorrendo pelas bochechas coradas.
— Não tem mais. Eu já disse, vou proteger você.
Rima afastou-se, secando as lágrimas com as costas das mãos.
— Você quer comer alguma coisa? – Nadeshiko indagou, coçando o rosto sem graça – eu devo ter algo na geladeira.
— Não sabia que você morava sozinha – Rima sentou no banco em frente a bancada, tentando iniciar uma conversa que a distraísse por algum tempo.
— O dojo da minha família fica em outro distrito, então eu fiquei aqui durante bastante tempo, antes de ir morar com você – ela respondeu com a cabeça dentro da geladeira aberta, procurando por pedaços de pizza ou alguma coisa comestível que não estivesse com o prazo de validade vencido.
— Você vem aqui com frequência? – Rima indagou, intrigada, ligando a TV.
— Não muito. Às vezes, quando você sai com seu pai para aqueles seminários e conferências, e eu não tenho o que fazer em casa… aliás, você deveria comprar um videogame, ia facilitar a minha vida… - Nadeshiko divagou, montando sanduíches simples com o que encontrou na geladeira.
Um celular começou a tocar, dentro da bolsa de Nadeshiko. Rima a pegou, notando que se tratava apenas de uma mensagem de promoção da operadora telefônica. Continuou a remexer nos pertences de sua segurança, curiosa para encontrar alguma coisa do namorado de quem ela havia falado algumas vezes, ou da sua família. Sorriu ao encontrar a carteira de identidade, curiosa para ver a sua foto. Fotos de identidade sempre eram constrangedoras.
— Nadeshiko… - murmurou depois de certo tempo, enquanto ela colocava a bandeja de comida na mesa de centro – Quem é Fujisaki Nagihiko?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Waa~ como que o Nagi vai enrolar a Rima agora??
Espero pelos reviews!!! :)
Aaah! Eu comecei a escrever outra fic de Shugo Chara, dessa vez uma Kutau, e espero que vocês passem lá pra dar uma olhadinha!! Eu ia adorar! O nome é Changed (neem um pouco clichê, eu seei!)
http://www.fanfiction.com.br/historia/168480/Changed
Obrigada ♥