Entrelaçadas pelo Amor escrita por Kaah_CSR
Notas iniciais do capítulo
Aí vai mais um!
Muito tempo passou e já era de manhã quando Hank abriu a porta do porão e encontrou Sara sentada na cama. Ela estava sorrindo consigo mesma. 'Talvez esteja pensando em mim', pensou Hank e fechou a porta. Com o barulho, Sara despertou de seus pensamentos e ficou em pé imediatamente. Mesmo cansada, bastava a presença ameaçadora e repugnante de Hank para mantê-la alerta.
- Oi, amor – disse Hank enquanto se aproximava e se sentava na cama.
Sara suspirou mentalmente. Pelo menos não teria que suportar os duros segundos em que a mão de Hank tocasse seu rosto, fingindo preocupação.
- Oi – ela grunhiu.
- Sabe, eu acabei de falar com um amigo seu.
Sara olhou para ele, agora com interesse.
- Quem?
- Quem não importa – Hank deu de ombros. – Mas tenho uma notícia para você.
- Para mim?
- Aham. Só não sei se você vai gostar. Mas se você realmente gosta de mim, vai adorar a notícia. – Hank sorria.
- Diga.
- Sabe a sua ex?
Sara fechou os olhos e os abriu lentamente numa tentativa de controlar a raiva que insistia em fazê-la se mexer e acabar com aquele atrevido ali mesmo.
Minha ex? Você é que vai ser um ex-vivo se continuar a falar assim.
- Então – continuou ele, como se não tivesse visto nada. – Ela foi despedida.
- Que?! – Sara disse sem pensar.
A face de Hank se endureceu. Sara desfez rapidamente sua expressão de espanto para uma inerte.
- Ela foi tentar defender aquela pirralha da filha dela e meteu um soco no Ecklie. Então ela a despediu. Não é ótimo?
Sara começou a sentir o mundo girar. Catherine? Despedida? Um soco no Ecklie. Bom, essa é a minha garota. Mas como assim defender a filha dela? O que Lindsay tinha haver com isso?
Sara olhou para Hank pedindo mais explicações.
- Não acha ótimo querida? – insistiu ele. – Agora ninguém vai poder achar você! Meu amigo me contou que tirou alguns de seus amig... ou melhor, eles eram uns idiotas. Estavam atrapalhando a nossa relação. Mas enfim, sem a sua ex-dançarina na jogada, agora ficou mais fácil para nós.
Sara ficou em silêncio. Tinha medo de que se abrisse a boca, pudesse falar alguma besteira que acabasse com suas esperanças de sair daquele lugar e pudesse ficar longe daquele imbecil que estava à sua frente sorrindo por saber que Catherine estava despedida.
- Pelo que eu sei – continuou ele. – A Cath sabe dar umas reboladas. Ela devia usar isso a seu favor, sabe? Sei lá, se o Ecklie a despediu, ela poderia dar uma alegrada nele, ou quem sabe até...
A voz de Hank foi sumindo até se tornar um completo vazio nos ouvidos de Sara. Ela não conseguia mais evitar a raiva que estava sentindo. Ela estava vendo tudo vermelho. Sara suportava os insultos e ofensas, desde que fossem sobre ela, mas perdia o controle quando alguém falava mal de sua Catherine. E Hank já passara dos limites.
Ele continuava a falar alguma coisa, algo que Sara não conseguia entender. Mas aquilo não importava mais.
- CALE A BOCA SEU IMBECIL! – gritou ela, ignorando a pontada de dor atrás de sua cabeça, que tinha parado de latejar e que agora voltava em dobro. – QUEM VOCÊ PENSA QUE É, SEU RATO?
O sorriso sumiu do rosto de Hank e ele encarou Sara com os olhos flamejantes.
- Do que você me chamou? – a voz dele estava sombria. Sara sequer se importou com isso, cautela era a última coisa que ela queria ter naquela hora.
- Você é surdo? Você não passa de um porco lunático, achando que eu posso amar você e dizendo essas coisas de Catherine. Da minha Catherine! Você não chega aos pés do que ela é! E ouça bem o que vou lhe dizer, Hank. Eu não amo você. Eu amo Catherine! E nada do que você faça vai mudar isso!
Agora foi a vez de Hank perder a cabeça.
Cada palavra que ele ouvia de Sara o fazia se sentir com mais raiva ainda. Ele amava Sara! Como ela podia fazer isso com ele? Ele até a livrara de todas as pessoas que os atrapalhavam. Ele a dera uma chance. E agora ela estava dizendo coisas horrorosas para ele. Dizia que amava outra pessoa. Como ela se atrevia?
Sem pensar duas vezes, ergueu a mão e deu uma tapa no rosto de Sara, fazendo-a perder o equilíbrio e bater a cabeça na parede. O mundo ao seu redor girou por alguns segundos até se estabilizar.
- Seu desgraçado – murmurou ela, massageando o rosto e se levantou.
Mas Sara não era uma pessoa que deixava barato uma ofensa. E não deixaria naquele momento.
Sara fechou os punhos e acertou um soco no queixo dele e quando Hank não reagiu, golpeou o rosto novamente, dessa vez acertando o nariz dele, de onde começou a sair uma fina camada de sangue.
Hank segurou o pulso de Sara antes que esse o acertasse novamente e a torceu violentamente. Sara soltou um grito de dor e deu um chute no meio das pernas de Hank. Ele também gritou e recuou alguns passos. Aproveitando-se da chance, Sara deu outro chute na barriga dele, o que o fez cair no chão e bater a cabeça no canto da cama. Hank não se mexeu mais.
Sara tateou até encontrar a chave do porão, abriu a porta e disparou escada acima, parando um pouco quando chegou ao solo para recuperar o fôlego. Ela passou uma mão atrás da cabeça que estava doendo novamente.
- Merda – praguejou ela em voz baixa quando viu sangue em suas mãos.
- Sara! Volte aqui!
Sara olhou para baixo e arregalou os olhos ao ver que Hank estava acordando. Ela tinha que sair o mais rápido dali, mas como? A porta da frente estava trancada e ela não tinha a chave. Que ótimo. Havia uma grande janela, também trancada. Sara olhou em volta à procura de algo pesado. Uma cadeira.
Dando de ombros, Sara pegou a cadeira e a arremessou contra a janela e o vidro quebrou. A abertura era grande o suficiente para ela passar. Quando ia dar o primeiro passo ouviu um barulho e pulou, seu coração batendo forte. Era um celular. O celular de Hank. Ignorando as leis que ela claramente conhecia, pegou o celular e o colocou no bolso.
Verificando o lugar para ter certeza de que Hank não estava no mesmo andar, Sara pulou pela janela, arranhando braços e pernas com os pedaços de vidro que estavam na janela.
- Sara! – gritou Hank novamente.
Sara começou a correr, sem fazer ideia para onde estava indo. Tudo o que ela queria era sair daquele lugar, ficar o mais longe possível de Hank e de suas armações. Tudo o que ela queria era voltar para casa, para sua vida, para Catherine.
- Greg, estou indo – avisou Brass, passando pela sala de convivência e sem esperar pelo garoto, continuou andando.
- Estou quase aí!
Os dois entraram no carro e Brass ligou o motor, saindo com eficiência do estacionamento lotado do laboratório, seguido por duas viaturas.
- E então?
- Então o que?
- Não sei. – Greg suspirou e encostou a cabeça no banco. – Será que a Sara está lá?
- Disso eu não sei Greg, mas vou te dizer. Eu sei quando suspeitar de alguém e o Hank é um suspeito.
- Só teremos certeza quando chegarmos lá.
- É isso mesmo.
- Por que demorou tanto?
- Ei, tenha calma, Sanders. As coisas não acontecem tão rápido assim. Não foi fácil conseguir aqueles mandados de última hora.
- Como você conseguiu? – Pela primeira vez Greg havia parado para pensar nisso.
- Vamos dizer que... eu tenho uma certa influência – Brass deu uma piscadela fazendo o CSI rir.
Um longo tempo se passou em silêncio até que Greg voltou a falar.
- Ficou sabendo da Catherine?
- Que ela foi demitida? É, eu soube sim.
- Uma injustiça – murmurou o CSI.
- Greg, eu conheço Catherine há muito tempo e posso te dizer que ela não é de se descontrolar. Se ela bateu no Ecklie, é por que teve um bom motivo.
- E ela tem.
Brass levantou uma sobrancelha.
- Como assim?
- Brass, eu acho que o Ecklie tem algo a ver com o sumiço da Sara.
- Será? – Brass perguntou duvidoso.
Greg não deixou passar o jeito com que Brass fez a pergunta. Normalmente ele diria 'não, eu penso que não', mas ele parecia levemente intrigado.
- Você acredita nessa possibilidade?
Brass suspirou.
- Não sei. E por que você acredita?
Greg contou novamente toda a história do telefonema e como havia achado estranho que Ecklie comentara com alguém sobre a saída de Catherine do LVPD. Também contou sobre a sugestão de Lindsay de procurar o carro preto.
- E você achou alguma coisa? – agora Brass estava esperançoso.
- Eu ia tentar achar alguma coisa, mas você me chamou. Mas o Grissom disse que também ia ver.
- Sei – Brass sorriu. – Algo me diz que estamos no trilho certo.
- Também acho.
Mais alguns segundos se passaram, e então o celular de Greg tocou, enchendo a quietude do carro com a música Road to Nowhere, de Ozzy Osbourne. Greg estremeceu e realmente desejou que aquele momento não fosse uma premeditação.
- Sanders – disse ele.
- Greg? Aqui é o Nick, olha eu consegui descobrir de quem era aquele carro.
O CSI colocou o celular no viva-voz.
- Nick? Você não estava em um caso com o Warrick?
- É, mas... – Nick suspirou. – Eu sei como é ser sequestrado. E sei como a Sara deve estar se sentindo. Grissom me pediu para dar uma investigada. E mesmo que não pedisse, eu daria um jeito de ajudar na investigação. Não é Conrad Ecklie que vai me impedir de ajudar minha amiga.
- Ah. E de quem é o carro?
- Adivinhe.
Greg girou os olhos.
- Não faço a mínima ideia.
- Sr. Melton.
- O que? – Greg se assustou. – Não foi o cara que a Sara investigou um tempo atrás? Ele não estava sobre... sei lá... vigilância?
- O carro dele não estava.
- Mas porque ele ajudaria Hank?
- Sara provocou ele. Talvez ele ainda estivesse rancoroso.
- Talvez – Greg repetiu. – Valeu Nick.
- Sem problemas.
Greg se virou para Brass, que dizia com a expressão que sabia muito bem o que aquilo significava.
- Então até agora temos Hank, Ecklie, Gary e o Sr. Melton como suspeitos.
- Certo... – Brass pensou um pouco e de repente, começou a tatear os bolsos em busca do celular. Quando o encontrou, discou um número sem olhar no aparelho e o colocou no ouvido. Greg apenas observou, espantado.
- Detetive Brass, estou chocado. Dirigindo e falando no celular.
Brass sorriu.
- Sofia? Preciso de um favor seu. Quero que verifique as chamadas de celular ou telefone convencional de Ecklie e de Hank. Sim, sim. Ecklie também. Ah, e não diga nada a ele, por favor. Peça prioridade. Obrigado, sabia que poderia contar com você.
- Meus parabéns – disse Greg quando ele desligou. – Você tem uma mente criativa.
- Eu faço o que eu posso.
Os dois riram e continuaram seu caminho em direção à estrada.
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