O que mais Temia escrita por MiraftMaryFH


Capítulo 12
Seguindo Em Frente




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O fim-de-semana passou rápido. Aliás, o tempo estava a passar e eu continuava como ele me tinha deixado. Talvez eu estivesse a dramatizar. Talvez estivesse a exagerar um pouco, não? Talvez, mas ao mesmo tempo…, não me parece. Aquelas palavras não me saem da cabeça por mais que eu tente esquecê-las… “A tua irmã é fácil…”. Eu parecia uma morta-viva a andar pela casa, até o meu irmão me olhava com pena, mas ele já não se dava ao trabalho de perguntar, ele sabia que eu não iria falar, mas desconfio que ele já tenha uma noção. Os meus pais, como sempre, nem sequer repararam… supuseram que eu estivesse com roupa nova ou que tivesse feito um novo penteado. Patético. Ainda mais quando ando com uns calções e t-shirt do pijama e com o cabelo despenteado.

Eu não sei. Juro que não. Não sei onde estava com a cabeça. Afinal ele só me tinha beijado e depois disse que era uma brincadeira. Eu deveria irritar-me, mas continuar com a minha vida e jamais pensaria em fazer isto!: Estava na casa de banho e tinha um objecto cortante na minha mão direita. No que eu estava a pensar? Eu, com certeza, estava a exagerar nesta situação. Mas, por algum motivo, continuei mesmo que parecesse errado… para mim estava a fazer algum sentido.

- Maninha, eu estava aqui a pensar… – o palerma do meu irmão entrava na minha casa de banho, sem ao menos bater, muito calmamente. Até que os olhos dele se depararam com um cenário estranho e um pouco bizarro e assustador: a sua irmã, com uma espécie de lâmina perto do braço esquerdo e uma linha escarlate, que por mais fina que fosse, era notória quando alguém te vê nesta cena e procura o estrago que fizeste. – O QUE É QUE TU ESTÁS A FAZER? – Ele gritou desesperado.

- Dá para falar mais baixo? Ou melhor, dá para calar a boca? – Eu perguntei voltando os meus olhos para o espelho.

- TU PERDESTE A CABEÇA? – Ele gritou, tirando-me a lâmina e pondo-a ao lixo, ao mesmo tempo que olhava para o pequeno caixote onde ele tinha deixado o objecto com medo e desespero, parecendo que esperava que aquilo saísse dali para atacar de novo… como se tivesse vida própria. Depois olhou para mim incrédulo.

- Ainda me vez com ela, não?

- Tudo isto por causa do Josh? Eu já tratei disso…

Espera… Ele sabia o que Josh fez? E ELE FEZ O QUÊ?

- O que é que tu fizeste John Leonardi!?

- Calma… nada demais, só lhe dei um murrinho… - ele disse, fazendo-se de inocente.

- Um murrinho?

- Talvez… uns murrinhos…

- Uns murrinhos?

- Está bem… dei-lhe uns bons murros naquela “linda” cara, para aprender que mexeu com a maninha errada. – Ele sorriu, um pouco.

- Não é só por causa dele. – E de seguida olhei para uma foto, onde estávamos eu, o John e os nossos pais, numas férias no Texas. Alguns raros momentos, em que eles tinham momentos para nós. O John percebeu rapidamente.

- Mesmo assim, tu tens noção do que estavas a fazer? – Ele perguntou um pouco mais calmo.

- Desde quando é que tu te importas? – Eu perguntei indo para o quarto.

- Desde quando é que vieste morar comigo? – Ele perguntou.

- Há 15 anos… - respondi desinteressada.

- Desde essa altura… - eu sorri, ele estava importado comigo desde aí, e nem sabia quantos anos eu tinha!

Ele deitou-se na minha cama, e chamou-me para a beira dele. Eu ajeitei-me numa espécie de “colo” no meu irmão. Isto era esquisito, eu e o John sem discussões e ele a dizer que se importa.

Chorei um pouco na t-shirt nova dele… pensei que me fosse matar… mas ele ficou calado, acariciando as minhas ondas castanhas que me caiam pelos ombros.

- Esquece… não há nada que possa ser feito. Não vale a pena. - Eu sabia que ele se referia ao Josh e queria dizer: “Ele não vale a pena.” Foi então que me convenci, realmente… Ele não vale a pena. Que se lixe o palerma. Tem milhões de pessoas mais interessantes do que ele. No que é que eu estava a pensar, quando me deixei abater por um idiota como ele.

- Tens razão. – Eu disse mais descontraída e a sorrir.

- Então… o que eu estava a dizer quando cheguei, era que estava a pensar…

- Espera… - eu disse séria, e ele pareceu preocupado… - TU… PENSAS? – Perguntei incrédula, soltando uma alta gargalhada.

- Está de volta… - ele murmurou, sorrindo, e rolou os olhos. – Estive a falar com o Alex… e ele gravou-nos…

- Gravou o quê?

- Gravou todas as nossas cenas mais… malucas… Lembras-te quando eu estava a andar de cavalo e os instrutores disseram para que não atirassem nada para o cavalo, caso contrário ele iria se descontrolar…

- E eu atirei uma pedra, quando ouvi isso… - eu fiz uma pausa para me rir – e depois tu foste ao chão, numa poça de lama!

Ficamos ali a relembrar estes momentos tão estúpidos, como dois palermas a rirem-se às gargalhadas! Mais tarde, o Alex chegou com os vídeos e pusemo-nos os três a olhar para aquelas cenas tão idiotas… já que o Alex também participava na maioria. Eu ria-me mais do que o John, porque era eu quem pegava a maioria das partidas, por exemplo quando o John estava a ensaiar o seu discurso do final do 1ºciclo no jardim e eu atirei-lhe um ovo, seguido por vários balões de água… o discurso estava horrível. Ou quando eu roubava os boxers dele e corria pela casa, e ele andava atrás de mim de toalha. Ó MEU DEUS… não acredito que o Alex gravou isto!

Foi então que, enquanto eu estava nesta fase de reedificação interior ou o que quiserem chamar, eu me dei conta que hoje era domingo. Amanhã seria segunda, e iria enfrentar o meu pior erro. Todo o mundo ainda tinha a ideia de que eu o odiava e ele a mim. Ninguém sabia o que aconteceu, muito menos o porquê do meu ódio ter mudado. Continuo a odiá-lo, mas é claro… só que por razões bem piores. Porque ele, para além de uma galinha quicante, chata, irritante, insuportável e idiota, ainda é um covarde arrogante.

Segunda, segui com a minha rotina, acordei, vesti-me, tomei o pequeno-almoço, colei um papel na camisa que o John ia usar hoje a dizer: “Sou um idiota! Beija-me!” e segui para a paragem… Conversei com o Thiago calmamente e a explicar-lhe o sucedido, ele disse-me que já sabia, pois o John não tinha ido sozinho acertar contas com o Josh… ao que parece tinham ido os dois “Defensores da paz”.

Eu já estava perfeitamente normal… mas ainda me senti abalada quando tive a pior visão do mundo. Mal coloquei os pés no passeio da escola, um rapaz e uma rapariga beijavam-se, aparentemente, muito apaixonados. Mas não era um casal comum… era ele e mais uma piriguete que o persegue constantemente, porém não uma piriguete qualquer, mas uma amiga minha! Espera… Keira!? Ele estava num “amasso” com uma rapariga que foi a minha ex-melhor amiga!? É claro que ele não sabia disso, e ela não sabia que o idiota tinha-me usado. Usado, essa palavra ecoou na minha mente, era a primeira vez que a usava para descrever a situação. De qualquer das formas, mesmo que eles soubessem o que quer que fosse, provavelmente continuariam a “engolir-se” um ao outro. Pelo menos, o olho roxo colocava a cena bem mais romântica…

- E aí? Tudo bem? – O Andrew ocupou aquele campo de visão horrível, com aqueles incríveis olhos verdes e cabelo loiro…

- Tudo e contigo?

- Também, diverti-me tanto este fim-de-semana, principalmente a por um olho roxo…

- Tu também? – Perguntei rapidamente… E QUÊ? Tinham organizado um complô de “anti-Josh” e não me tinham avisado? Pelo menos, podiam ter dito alguma coisa, assim… eu arranjava de por o olho mais roxo ainda! – Quantos vocês eram?

- Três… eu, o John e o Thiago. – De repente senti pena do Josh, por mais burro e estúpido que ele fosse, deve ter sofrido muito. Ri-me com este pensamento… que pena que eu tenho dele…

- Sabes Brea… estava a pensar… queriasaberseestasextaqueriasiraocinema… - ele disso num só fôlego o que fez com que eu entendesse… tipo… NADA!

- Podes repetir? Não entendi…

- É que… queria saber se esta sexta… sei lá… querias… bem… ir… ao cinema?

- Contigo? – Eu perguntei animada.

- Sim… - Ele disse meio envergonhado…

- CLARO! – Eu praticamente gritei. Bem, o Andrew, sim… ele, com certeza era o rapaz certo… Então dei-lhe um beijo… na bochecha, muito perto dos lábios. Como me demorei… ele teve tempo suficiente para “puxar”, de alguma forma, os meus lábios para os dele. O beijo era doce… óptimo aliás… mas ainda não me deixava nas nuvens… como o dele.

- Olhem só… a descartada… já arranjou um companheiro que a ature. – O Josh disse em alto e bom som, aproximando-se com outra rapariga diferente… Céus, com quantas é que ele fica ao mesmo tempo!? Provavelmente, já devia ter contado a meio mundo que me tinha usado…

- Josh, sabes ontem estive a ver uns cartazes de moda… e acho que o teu outro olho também deveria ficar roxo… Tipo… estás a ver, só um… não fica lá muito bem… - o Andrew falou num misto de raiva e sarcasmo…

- É, eu também concordo… Talvez se lhe puséssemos o outro olho roxo, ele ficasse mais bonitinho… - o Thiago meteu-se.

- Enfim… - O Josh estava com medo… mas não iria deixar transparecer isso… então apenas proferiu o “enfim” e marchou a sua retirada.

- E já sabes… sempre que precisares estar na moda… a gente dá um jeito de te por os olhos roxos. – Eu ri-me com esta metáfora do Andrew.

Seguimos para a escola, onde o dia transcorreu normalmente, incluindo as aulas totalmente secantes… principalmente… geologia… Por favor… Para que é que eu preciso estudar calhaus? (Tradução de calhaus: pedras; rochas xD).

Tudo está bem quando acaba bem, certo? Neste caso, errado! Porque ainda não acabou!

Como eu disse… o Andrew era o rapaz certo, com toda a certeza do mundo… no entanto, o meu coração acelerava de uma maneira doida sempre que encontrava uns certos olhos azuis, que com o tempo foram perdendo o tom arroxeado que os envolvia, do rapaz mais errado do mundo, mas o dono do meu sentimento mais profundo.


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