Escuta-me. escrita por Cari-chan


Capítulo 4
Capítulo quarto.


Notas iniciais do capítulo

Rezo a Deus não pedindo cargas mais leves,e sim ombros mais fortes. "



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Na-Naruto-kun…

- Quase me molhavas, hein Hinata! – sorriu calorosamente. – Estás em limpezas?!

-Hum. – corei. – Dispensei a Kioko, e decidi ser eu a cuidar da casa.

- Além de seres uma óptima ninja, estou a ver que te vais tornar uma excelente dona de casa!

-Q-Queres entrar?! – voltei-me, o braço apontando para a porta.

- Claro. – tinha ganho um semblante profundo, talvez uma mistura de seriedade com algo que já devia ter resolvido á mais tempo. – Gostava muito.

*

- Adoro este bolo! – dizia gulosamente ao juntar com os dedos húmidos as últimas migalhas. – Voltarei para o comer mais vezes!

-Q-Quando quiseres. – mastiguei o último bocado do bolo, juntamente com a ideia de como resolveria as coisas com o loiro.

- Hinata.

-S-Sim?

- Preciso de falar contigo. – aproximou-se de mim. – Preciso de te dizer uma coisa.

Um nó na garganta formava-se devido ao nervosismo.

- Eu… sobre a declaração que me fizeste. – os seus olhos estavam presos nos meus. – Não me esqueci. Não deixei de pensar nas tuas palavras. Acho que é hora de dar voz ao que o meu coração guarda, ao que o meu coração sempre guardou, mas eu não quis ver. Tenho de manifestar o que sinto…

Inclinou-se o suficiente para segurar-me com uma mão o meu rosto enquanto a outra pousava ternamente na minha cintura. Foi desajeitado ao início, devido á ansiedade dos dois, mas aos poucos, o beijo foi ganhando intensidade.

As lágrimas foram sendo derramadas mesmo que tivesse os olhos fechados.

Afastei-me um pouco de Naruto, corada, tentando arranjar as palavras certas.

“Quando seguimos o coração ele permite-nos que inúmeras possibilidades se revelem.”

-D-Desculpa. – tentei engolir um soluço do choro. – D-D-esculpa, Na-Naruto-kun.

-Hinata?! O que foi que eu fiz?! – pousou a sua mão no meu ombro, apreensivo.

Percebi finalmente.

Eu nunca amei o Naruto.

Quem sabe se nalgum tempo isso tivesse acontecido.

Mas já não. Há muito tempo que isso tinha mudado.

Percebia que não fora por causa de Kakashi, mas porque finalmente, dei voz aos meus pensamentos. Deixei de me censurar, tentei calar os pensamentos vindos da cabeça, porque eles na maioria das vezes, não têm razão.

Sentia-me infeliz e ao ver o loiro a progredir na sua vida, fazia-me crer que o que amava.

Mas não era a ele.

A maneira como encarava a vida é que me fazia acreditar estar apaixonada.

Estava apaixonada pela sua vida e não por ele.

Fui uma pessoa carente, e achei que para me sentir realizada, precisava de Naruto, quando a vida devia ser magnífica sem depender dos outros.

“Amar verdadeiramente, sem as voltas e reviravoltas da carência e da dependência.”

- Não foste tu que fizeste. – levantei o rosto sem ter coragem para o encarar. – F-Fui eu. Sempre achei que era alguém fraco, sem futuro, e que não merecia ser feliz. Enganei-me. – olhei-o finalmente com a consciência das lágrimas a deslizar. – Todos nós merecemos ser felizes. Eu mereço ser feliz! – fiz uma pausa tentando conter as lágrimas. – Mas fui demasiado egoísta. Não arranjei coragem para mudar, para investir com todo o meu coração nos planos da minha vida, para involuntariamente, colocar em ti, o dever de realizar os meus sonhos, quando sou eu que tenho de os fazer. É um fardo demasiado pesado para qualquer pessoa…

- Hinata, eu não entendo, estás a dizer-me que…

- Talvez n-nunca estive… es-estive, apaixonada por ti. – o meu coração partia-se. – Pensei que tu eras a minha verdadeira fonte de realização. Mas não era. Tudo o que eu queria era encarar a vida e lutar por ela como tu fazias. Devia ter gostado de mim primeiro, antes de tentar amar autenticamente alguém. Passei a odiar-me, por não retribuíres o meu amor. Fiquei tão obcecada por pensar que tu eras a minha única fonte de alegria… que comecei a achar que o problema era meu.

“O falso amor é apenas querer alguém. O verdadeiro é querer que alguém seja feliz.”

- Sê feliz, Hinata. – o sorriso caloroso. – Obrigada. Obrigada por seres tão sincera comigo.

-Na-Naruto… - comecei a inspirar e expirar rapidamente. – Naruto-kun!

Agarrei-me fortemente ao seu peito chorando compulsivamente. As palavras desculpa não paravam de sair-me da boca. Sentia o calor da palma da sua mão sobre o meu cabelo. Não devia abusar da sua bondade daquela maneira.

- Sou feliz por ter tido o teu amor. Espero que alguém me ame com tanta entrega como tu o fizeste, Hinata. Obrigado por tudo. Não quero que te sintas culpada, porque aqui, ninguém é culpado. Foste sincera comigo, e isso, na vida, não tem preço.

“ Não há como reparar todos os relacionamentos, mas é sem dúvida, uma dádiva podermos sarar os nossos corações e criar uma relação de amor a longo prazo com a pessoa certa, mesmo que isso signifique que nem todos estão destinados a durar para sempre. Não podemos saber quem é pessoa certa, mas como tudo na vida, sem tentarmos, não temos nada.”

*

Depois daquela conversa com Naruto á duas semanas, sentia que a felicidade começava a chegar. O meu pai olhava-me de outra forma, como alguém mais adulto, as pessoas reparavam que começava a tornar-me mais independente e conseguia comer normalmente.

Estava agora perto do lago e via as carpas a nadar na pacificidade que é a vida, poderia dizer era, mas isso é passado, e o que quero é o presente, para depois pensar no futuro.

Não me esqueci que também preciso e sempre precisarei do passado, para me inspirar, e assim, ajudar-me no meu percurso de vida.

- Hinata?

Ouvir a sua voz fez-me sorrir. Voltar a ver os seus olhos que antes nunca reparara, mas que brilhavam. A sua postura descontraída. A postura de alguém que sofreu no passado, mas que estava disposto a fazer as pazes com ele, e prosseguir a vida com sabedoria.

-F-Fico feliz por ter vindo, Kakashi-san.

- Parece que já tens um rumo para ti.

- Sim, já tenho um rumo, e eu… - olhei para ele. – queria agradecer-lhe por me ter dado esse rumo.

- Tudo o que tens, e tudo o que vais ter, só podes agradecer a ti mesma. Eu só apareci na tua vida e decidiste fazer uso do que tentei transmitir, por isso, a vitória é tua.

- Kakashi… também falei com o Naruto-kun.

Consegui reparar como um arrepio de surpresa lhe percorreu o corpo, mesmo que o seu rosto estivesse como nada tivesse dito.

- E percebi que não é ele quem eu amo.

Ele olhou-me directamente nos olhos e foi a minha vez de sentir o meu corpo a arrepiar, o meu coração a encher-se, as sensações que não podemos controlar, mas que nos sabem tão bem.

- Sei quem amo verdadeiramente agora, mas preciso de aceitar-me a mim mesma, a aprender a gostar de mim, para conseguir fazer com que o amor dure.

“Ama o próximo como a ti mesmo.”

- Só não sei…

- Estarei aqui á tua espera.

Afastou a máscara delicadamente, e pensei que me beijaria, senti o coração palpitar, até ver os seus lábios direccionados á minha testa. A ternura invadiu-o por ver como era amada por Kakashi. Como ele respeitava-me e amava-me verdadeiramente.

Eu sei que ele esperaria por mim.

Sempre.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Olá meus queridos!
É até vergonhoso depois de tanto tempo vir aqui! :$
Mas finalmente aqui está o último capítulo.
Espero que tenham gostado de acompanhar como gostei de a escrever. ♥
Apesar do tempo que passou .. ficaria muito feliz em saber o que acharam do final!
Muito Obrigada a quem acompanhou! ♥
Beijinhos,
Cari.