May I Take Your Order? escrita por Kori Hime


Capítulo 2
Tudo deu errado




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Sanji estava à frente do fogão, era melhor quando trabalhava sozinho sem ninguém lhe ajudando para não atrapalhar. Assim ficou, os pratos demoravam, mas saíam e valiam a pena esperar por eles. Era sem dúvida a melhor refeição que aquelas pessoas tiveram.

Porém, o paladar afetado de Zoro não seguia a mesma linha que os demais que saiam satisfeitos dali, enquanto ele ainda esperava ficar pronto o pato assado com molho de laranjas, sem laranjas. Ele não iria misturar fruta com comida salgada, não fazia sentido.

Não gostava, que deixassem as frutas para a sobremesa, juntava tudo e fazia uma salada. Pronto.

– Esse cara tá me irritando já. – Sanji largou a frigideira, onde refogava alguns ingredientes. Foi para fora, e acendeu um cigarro, precisava relaxar. O dia estava muito atarefado e não ia ser nada bom ele se revoltar com apenas um cliente que reclamava de tudo o que ia para a mesa.

– Sanji-san. O cliente está esperando o pato. Acho que não é bom dar mais bebidas para ele. – Robin apareceu na porta, os cabelos dela caíam para o lado conforme a cabeça se inclinava para olhar o cozinheiro.

– Eu já estou indo. – Tragou mais uma vez, soltando a fumaça pesadamente para o alto. Ele mesmo iria servir esse chato.

Sanji ajeitou bem a gravata, e pegou a bandeja com o prato muito bem elaborado. Atrás dele foi Robin com o vinho para servir.

Zoro olhou meio suspeito para o homem loiro que se aproximava, as sobrancelhas dele eram meio assustadoras. E o caminhar, parecia que estava indo para uma forca, porém a cada segundo que olhava para o lado e via morena ele fazia cara de besta. É, Zoro bem observador.

– Espero que aprecie a refeição. – Sanji disse com a sobrancelha torcida, parecia engolir as verdadeiras palavras que queria dizer. – Para acompanhar, temos esse maravilhoso vinho branco e-

– Eu prefiro saquê. – Zoro afastou o copo que bebera a última dose do saque que Robin lhe trouxera, pegou o guardanapo e abriu.

– Senhor, o pato é uma carne nobre, delicada, é preferível saboreá-la com um bom vinho branco.

– Mas eu não gosto de vinho branco.

Sanji trincou os dentes, aquele homem era o quê? Um brutamontes sem educação? Francamente, quem iria recusar um vinho daqueles como cortesia?

O cozinheiro deixou o prato sobre a mesa, irritado. Mandou que Robin guardasse o vinho, ela foi.

Zoro ficou esperando o saquê vir, mas não veio. Sanji ordenou que não desse mais nenhuma bebida para aquele mal educado de cabelos verdes. Voltou para a cozinha bufando de raiva. Enquanto isso, Zoro experimentava o pato. Estava bom, sim estava muito gostoso. Só que tinham aquelas uvas passas...

Ele acabou engasgando com uma, pedindo para Usopp um copo de água.

A refeição continuou, e logo depois do pato, Zoro ainda sentia fome, porque deram a ele um pratinho enfeitado, mas sem muito o que comer. Pediu algo que enchesse o seu prato. Dessa vez uma massa.

Até que veio bastante dessa vez, mas não gostou muito daqueles temperinhos verdes enfeitando o molho branco, e aliás, ele não se lembrava de que pedira molho assim, mas foi sugestão do chef, então... Deixa assim mesmo.

– Por favor. Onde fica o banheiro? – Ele perguntou para Robin que atendia um casal logo ao lado.

– Logo ao lado do bar, se quiser posso acompanhá-lo.

– Não, tudo bem.

Zoro foi até o bar e viu um homem sair de um corredorzinho, limpava as mãos num lenço, então ele suspeitou que ali fosse o banheiro.

Quando deu por si, já havia passado todo o corredorzinho e mais uma saleta, e nada de achar uma porta de banheiro. Só parou quando ouviu a voz de alguém no telefone. Parecia zangado, mas um segundo depois ficou super calmo.

– Tem certeza? O critico já está vindo para cá? – Sanji falava no telefone, fumando o cigarro. Sentado numa poltrona de couro, com as pernas cruzadas. Zoro ficou atento àquela conversa, achou estranho. Será que outros críticos também estariam ali? Seria uma grande coincidência.

– Tenho certeza de que está indo sim, não se preocupe. Eu nunca te deixei na mão com essas informações, não é? – Do outro lado da linha, uma ruiva se divertia com a situação. Ela riu, e logo em seguida espirrou.

– Ah! Está gripada? Eu poderia lhe enviar uma sopa bem quentinha. Posso fazer também, pessoalmente. – Sanji deu um sorriso todo espertinho, fazendo Zoro estreitar os olhos, achando-o um abusado.

– Não se preocupe comigo, e sim com seu restaurante. Agora tenho que ir, vocês tem muito trabalho pela frente. – Ela desligou o telefone antes mesmo que Sanji pudesse responder algo.

Zoro escondeu-se na parede ali do lado, que ficava um armário de metal, enquanto Sanji se levantava e pegava o avental solto em cima de uma mesa. Ele o colocou e saiu pelo outro lado da sala, que dava direto para a cozinha.

O repórter voltou ao salão, e sentou-se na sua mesa, como se nada tivesse acontecido. Não demorou muito para receber a ligação de Nami, no celular. Ele atendeu um pouco desanimado, estava sentindo um gosto apimentado na boca.

– Como está se saindo? – A ruiva perguntou, em meio a uma crise de espirros intermináveis. Zoro suspirou, esperando que ela não tivesse bagunçado seu apartamento.

– Estou com fome, com sede e com dor de cabeça. Já posso ir embora?

– Comeu a sobremesa?

– Não.

– Então fique ai até comer a sobremesa, e tomar um cafezinho.

– Eu não gosto de café.

– Não me importa. Beba o café. – Nami espirrou novamente, limpando o nariz com o lenço de papel. – Como estão te tratando?

– Como um cachorro sem dono. Esse lugar é pior que os botecos que eu frequento.

– Não exagera. Você que não deve tá sendo educado com as pessoas.

Zoro não respondeu, apenas desligou o celular com uma força desnecessária. Era isso ou o pescoço a colega de trabalho.

Ele fez o que Nami disse, chamou Usopp novamente, e pediu um sorvete como sobremesa, dessa vez veio o que ele desejou. Sorvete de flocos. Parecia muito bom.

Depois de comer, estava já satisfeito. Não ia pedir o café, mas Robin fez questão de trazer. A conta também chegou.

Um pouco depois, antes de pagar, Zoro viu Sanji entrar pelo salão como se tivesse pisando em nuvens, muito suspeito. Ele parou na frente de uma jovem com longos cabelos azuis, e presos num rabo de cavalo.

O chef segurou a mão da jovem e a beijou apaixonadamente, fazendo-a corar envergonhada.

Zoro já estava irritado com aquela cena melosa. Aquele cozinheiro era péssimo, merecia uma lição por tratar as pessoas diferentes daquela forma tão ridícula.

Ele se levantou e foi pagar a conta. Robin ainda pediu para ele ficar sentado que ela mesma fazia isso, mas o repórter estava com pressa para ir embora logo.

– Espero que volte sempre, senhor. – Ela sorriu, entregando o cartão de crédito dele, e um cartão do restaurante com um número de celular anotado a caneta. Porém, ele não viu.

Saiu do restaurante, e foi direto ao estacionamento buscar o carro. Chegando lá uma bela novidade, o lugar havia sido assaltado.

Beleza, era tudo o que Zoro queria.

Ele pegou o celular para ligar pra seguradora, já que a policia estava ali.

Uma discussão iniciou-se entre o dono do estacionamento, o cara que estava na guarita e havia substituído outro, e alguns clientes. Zoro não se preocupou muito porque a seguradora arcava com as despesas de algo parecido. Quando o policial pediu para ele mostrar o ticket do estacionamento, não achou nos bolsos. Deve ter deixado cair em algum lugar. Pior que ali não havia câmeras de segurança, então como é que ele ia provar pra seguradora que havia estacionado o carro ali?

Estava tudo dando errado.

Chegou em casa era quase dez horas da noite. Nami deu um salto no sofá, levando um susto quando a porta foi batida. Ela sabia que Zoro iria demorar mais, porque ele ligou para casa, e Nami atendeu como se morasse lá há anos.

– E aí? – Ela sentou-se no sofá, pegando mais lenços de papel sobre a mesinha de centro. Zoro se jogou no outro lado do sofá, cansado.

– Tive que ir fazer o boletim de ocorrências, e entrar em contato com alguém da seguradora para ir lá. Acharam o carro perto do estacionamento. Vão vistoriar e só me devolvem semana que vem.

– Idiota, eu não estou falando disso. – Nami jogou uma almofada no colega, que fez uma cara feia. – Eu preciso da matéria Zoro, você tinha que ter feito.

– Desculpe se eu tava ocupado sendo assaltado. – Ele se levantou irritado, e largou a almofada no sofá.

– Vai fazer o que agora?

– Tomar um banho, por quê? – Ele virou-se, olhando para a ruiva.

– Ah! Então quando voltar a gente faz o trabalho.

Zoro saiu batendo o pé firme no chão, mas isso não assustou Nami.

Depois de um banho bem demorado, e com roupas mais confortáveis, Zoro voltou a sala, secando o cabelo na toalha. Não encontrou Nami no sofá, e deu um suspiro aliviado, era até bom que ela tivesse ido embora para poder dormir em paz e assim acordar cedo no outro dia para resolver os seus problemas.

Porém, ouviu um barulho vindo da cozinha, eram panelas caindo no chão. Ele foi lá rapidamente ver o que estava acontecendo, e encontrou a ruiva com o dedo na boca, resmungando porque queimou o dedo na frigideira quente.

Zoro fechou os olhos, contando mentalmente até cinco. Tudo bem. Ele não estava acostumado com a presença de outra pessoa no seu apartamento, mexendo nas suas coisas desse jeito, e principalmente tentando fazer um jantar para ele.

Na verdade, ele só tinha aquelas panelas para enfeite mesmo, porque sempre comprava comida no restaurante do outro lado da rua, ou fazia alguma coisa no micro-ondas. Só que justamente naquele dia, ele tinha se esquecido que ia fazer compras no supermercado.

Também, agora já era tarde demais para isso.

– Arruma as coisas, eu vou pedir uma pizza. – Ele pediu, indo pra sala pegar o telefone. Nami reclamou lá da cozinha, dizendo que não ia arrumar nada. – Idiota, você que bagunçou tudo.

Respira. Respira.

– Certo, vamos lá. – Nami mordeu um pedaço da pizza, capturando aquela parte de queijo que ficou pra trás. – Quem te recepcionou quando chegou ao restaurante? – Ela estava anotando tudo o que Zoro poderia lembrar, já que ele não teve tempo nem cabeça para fazer isso, logo depois que saiu do restaurante.

– Foi uma mulher. – Zoro respondeu.

– Que tipo de mulher?

– Alta.

Nami trincou os dentes, ele era mesmo um...

– O que mais?

– Simpática. – Ele pôs o cotovelo na mesa, e pousando a cabeça na mão, bocejando de tão cansado que estava.

– Zoro, concentre-se. Parece até que não gosta de mulher. – Ele arqueou a sobrancelha, meio irritado com o abuso de Nami falando da vida dele. – Como ela era?

– Porque isso é tão importante? – Eles discutiam, mas sempre Nami quem vencia a discussão. – Certo. Ela estava com um vestido preto, colado no corpo. Bem bonita, de cabelos pretos, e lisos.

– Como ela se chama?

– Robin, acho.

– Robin-chan, uma mulher alta e atraente. – Nami escreveu no papel.

– Hey, eu não disse isso.

– Continue. – Nami mexeu as mãos no ar, fazendo pouco caso da carranca que Zoro fazia. – Me fale mais dessa Robin-chan, ela foi gentil?

– Sim. Me levou ao bar e ofereceu um drink, acho que bebi uns dez.

– Oba. Acho que vou amanhã conhecer essa mulher. – Nami deu uma risadinha bem espertinha, piscando para Zoro. Ele não entendeu o que ela quis dizer com aquilo, e nem era da sua conta. – Como estava o lugar? O bar, a bebida. Gostou?

Zoro foi respondendo as perguntas, tentando se lembrar de tudo. Nami era incrível, queria saber qualquer pequeno detalhe, porque segundo ela, um bom restaurante não é somente feito de comidas boas. Tá certo.

– Tava tudo bem até o cozinheiro chegar e estragar meu almoço. – Zoro fez uma careta, e Nami anotou qualquer coisa lá. – A comida era ruim, eu odeio uva passa e tava cheio disso. Também tinha molho de laranja e outras frutas. Não gosto de misturar.

– Ai, Zoro. Você é muito ogro mesmo. Não tem bom paladar.

– Você quer que eu continue? Posso parar aqui agora, e ir dormir. – Ele se levantou, ameaçando, e Nami nem ligou.

– Certo, como o Sanji... quer dizer, como o cozinheiro apareceu? Ele foi ver se você gostou da refeição?

Zoro sentou-se novamente, explicando que ele mesmo fora servir o prato, até que caiu a ficha e calou-se por um segundo. Espera aí, ele não falou nenhuma vez o nome do cozinheiro.

– Você conhece o cozinheiro?

– Ahn? Não, não. – Ela desconversou. – Bebeu alguma coisa no almoço?

– Sim, saquê.

– O quê? Sanji te deu saquê pra beber? – Nami esbravejou assustada.

– Você conhece ele? – Zoro também se levantou, e esbravejou. Os dois se encararam por alguns segundos, até a ruiva virar de braços cruzados.

– E se eu conhecer? Qual o problema?

– Então você ligou pra ele. – Zoro apontou o dedo, acusando-a. – Pra avisa que eu estava lá. E ele achou que era uma mulher!

– Como é que você sabe disso?

– Ouvi uma conversa estranha, e depois ele começou a tratar uma mulher lá melhor do que qualquer outra pessoa no restaurante.

– Aquele idiota! – Ela bateu a mão na testa. – Não aprende nunca.

– O que está acontecendo aqui?

– Nada! Vamos continuar, eu preciso fazer essa matéria, e infelizmente não vai ser nada agradável ter que dar uma nota ruim para o restaurante. Mas eles não podem fazer distinção de seus clientes.

Nesse momento Nami pareceu tão profissional e séria, que até mesmo Zoro confiou no que ela dizia.


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