O Continente das Trevas escrita por Narsha


Capítulo 12
A Grande Batalha de Xênia - Epsódio 1


Notas iniciais do capítulo

Após a longa busca pelos Sete Cristais de Ashiva, a Grand Chase fica frente à frente com o Exército de Astrynat e a Oficial Narsha. E precisam vencer essa grandiosa força inimiga para que Arme invoque o Ritual das Chamas Sagradas.
Preparem-se para grandes revelações e fortes emoções dentro deste episódio, que terá no total três partes.
Espero que gostem! Boa leitura



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O Mago deu um passo à frente e, com sobriedade, ergueu os olhos na direção dos recém-chegados — não parecendo se abalar ou demonstrar surpresa.

— Quem é você? — indagou Mari fitando o homem com desconfiança e adquirindo uma postura combativa. Sieghart, porém, estava estranhamente calmo diante do Guerreiro à frente deles.

— Eu sei quem ele é. — disse, por fim, com voz séria.

— Você conhece o sétimo Guardião? — ela retrucou repleta de dúvidas, ao mesmo tempo em que fitava Sieghart e o altivo homem, que tinha nas mãos o tão almejado Sagrado Cristal de Ashiva.

— Ele não é um guardião Mari, este foi o homem que me libertou da cela onde me mantive cativo em Narazy.

 Ela olhou para o Guerreiro, verdadeiramente surpresa.

— Fico feliz em revê-lo Sieghart. — falou o Mago, com um sorriso jovial. — De certo modo eu estava realmente à sua espera.

— Não me diga... — disse fitando-o.  — É ao menos curioso encontrá-lo novamente, e justamente aqui.

— Digamos que o acaso se encarregou disso, mas não percamos tempo. Você e sua companheira têm uma missão e o tempo para tal está se esgotando. Eis o Cristal Sagrado de Ashiva que pertenceu ao demônio Vyrgan, peguem-no e o reúnam-no com os demais, antes que seja tarde para reverter o Selo. Vocês têm apenas cinquenta minutos! — ele disse depositando o Sagrado Cristal nas mãos da Guerreira de Calnat, que o fitou ainda um tanto surpresa.

— O faremos. — disse Sieghart com voz grave e muito séria. — Mas antes de irmos poderia me responder apenas duas perguntas?

— Claro. – disse ele, prontamente, olhando-o de modo sério também.

— Posso saber o nome do meu benfeitor?

O Mago sorriu, relaxando sua postura.

— Me chamo Yavos, e pertenço a Ordem da Luz de Fogo.  — Falou calmamente.

— Yavos... — repetiu Sieghart, pensativo. Ouvira falar sobre a Ordem da Luz de Fogo e somente os maiores Magos de Astrynat conseguiam fazer parte de sua restrita sociedade.

 — E o que leva um Mago de tamanha grandeza a arriscar sua vida para salvar um inimigo de seu Imperador, e a ajudar esse mesmo inimigo a impedir os intentos desse Governante?

— Não considero o Deus Atron o meu Imperador. E, assim sendo, não tenho a menor obrigação de venerá-lo ou dar continuidade aos seus intentos! Mesmo que para isso precise agir nas sombras. — ele disse de modo grave, e havia convicção em suas palavras.

Sieghart assentiu com um movimento leve de cabeça.

— Precisamos ir Sieg. — disse Mari, evidentemente preocupada. Este fitou Yavos, tendo uma expressão amigável no rosto.

— Obrigado.  — disse, e junto de Mari, voltou-se para deixar o local.

— Sieghart!  — chamou-o Yavos, fazendo este parar e tornar a fita-lo. Marí também voltou seu olhar para ele.

— Acaso entre vocês há um guerreiro de nome Jin?

— Sim, por quê?

— Tenho algo que lhe pertence. Irei com vocês. No caminho explico tudo. — disse, vendo a expressão surpresa nos rostos dos dois jovens.

— Certo. – concordou o Imortal e os três deixaram o local apressados, seguindo rumo à região pré-determinada para o encontro da Grand Chase.

Mari ainda sentia-se um pouco desconfiada com relação a Yavos, no entanto a tranquilidade de Sieghart e o fato deste já o haver salvo do cárcere, fizeram com que desse um voto de confiança ao misterioso homem. Não obstante, algo muito maior a incomodava: o tempo, que minuto a minuto, esgotava-se. As condições pareciam cada vez menos favoráveis e não podiam falhar. Não agora.

O sol já se encaminhava para o Oeste e, mesmo assim, parecia pairar diretamente sobre suas cabeças; o suor escorria por seus rostos de modo intenso. E o grupo olhava para os recém-chegados com um ar de interrogação. Sem saber quem era o guerreiro que viera com Sieghart e Mari até eles, e que se mantinha mais afastado, parecendo querer ocultar-se pelos longos ramos de uma árvore.

— Quem é ele, Sieg? — perguntou Elesis, aproximando-se do Imortal e olhando para o enigmático homem.

— Sou Yavos, um General do GCA. — apresentou-se o Guerreiro de Astrynat, cuja voz sóbria e grave se fez ouvir de modo forte, antecipando a resposta do Imortal – que diante disso apenas sorriu.

Ouvindo-o, a jovem de cabelos vermelhos, junto dos demais membros da Grand Chase, se aproximou, sendo que ela já postava suas mãos por sobre os Sabres.

— Isso não será necessário, Ruivinha. Ele é um Aliado. — disse Sieghart, sem alteração na voz.

— Um aliado? — surpreenderam-se todos.

— Não há tempo para explicações, mas depois eu esclareço tudo. — prosseguiu o Imortal, com certo nervosismo em função do escasso tempo. Elesis fitou-o com seriedade, e se calou.

— Yavos, se você é um aliado, o que quer de nós? Vai se juntar à nossa causa? — questionou-o Ronan, tomando a palavra.

— De certa forma já me considero envolvido a ela. E se depender de mim, o Deus Atron será retirado do trono com muita brevidade – havia sinceridade nos olhos dele e no tom de sua voz, e todos relaxaram diante dessa constatação.

— Entendo. — disse Ronan com seriedade.

— Se é assim como diz, obrigada. — falou Elesis, estendendo a mão ao General GCA, e este a apertou forte, selando assim um pacto de cooperação.

— Qual de vocês chama-se Jin? — inquiriu então o Mago, enquanto fitava os rostos dos Guerreiros da Grand Chase, um a um.

— Sou eu. —disse o Cavaleiro da Terra de Prata, dando um passo à frente.

— Isso lhe pertence. — disse o Mago com voz serena, estendendo o objeto cilíndrico e feito de ouro, que havia lhe sido entregue por Seiforyo. O rapaz pegou o objeto e fitou-o.

— Foi o Mestre de seu Mestre em seus instantes finais quem me confiou-o para entrega-lo a você.

 Jin o olhou, com certa surpresa.

— Mestre do meu Mestre?

— Sim, ele era o último Guardião; seu nome era Seiforyo.

Jin pareceu emocionar-se. Sim, ele sabia quem era. Abriu, então, o cilindro e retirou dele um uma espécie de pergaminho. Passou rapidamente os olhos por ele e o guardou.

— O que é isso Jin? — indagou Amy, curiosa.

— Posso estar enganado, mas creio seja um grande ensinamento, meu amor. – ele falou, de modo espontâneo, lançando-a um olhar terno. E a jovem corou ao ouvi-lo chamá-la de “meu amor”.

— Muito obrigado. — disse o jovem voltando-se, e fitando Yavos com um sorriso.

Este apenas retribuiu ao sorriso. Mas os olhos do Mago estavam direcionados a Arme — que pôde sentir a intensidade da energia que o envolvia. Algo impressionantemente forte, porém suave, benéfico.

— Você é a jovem que invocará o Ritual das Chamas sagradas?

— Sim sou. — disse, sentindo o peso da missão que lhe caía por sobre os ombros, feito um grandioso fardo. E isso se refletiu na voz oscilante com que respondeu a indagação do Mago.

— Não deixe que o medo oculte seu poder. Não se deixe vencer por ele.

 Ela o olhou surpresa, parecia que Yavos havia lido sua alma.

E antes mesmo que dissesse algo, o viu segurar o cabo de sua espada, a retirando um pouco para fora da bainha. E, nessa hora, todos puderam sentir a energia da Sagrada Espada Nyattur ao vislumbrarem sua lâmina, cujo brilho fantasmagórico a envolvia.

Yavos colocou a mão direita por sobre uma estranha pedra aderida ao talhe de Nyattur — cujo formato era de uma estrela — e retirou-a, colocando-a nas mãos da jovem Gram Maga, enquanto a fitava com seriedade.

— Tenha esta safira junto a você quando romper os Cristais de Ashiva e invocar o Ritual. Será de grande valia. — ele falou em linguagem antiga e Arme o compreendeu.

— Obrigada. — agradeceu a jovem, sentindo a grandiosidade do poder contido naquela Joia Sagrada. Algo realmente incomensurável.

— Mas agora vão! — falou o Mago com voz séria. — O tempo está se extinguindo!

— Você está certo. Vamos! — disse Elesis tomando a liderança do Grupo.

 Eles olharam mais uma vez para Yavos, e saíram apressados rumo ao seu destino.

— Que as Forças da Luz guiem seus passos! — falou o Mago vendo-os desaparecer por entre as curvas de um rochedo.

Nem três minutos de marcha e o Grupo havia chegado ao topo de uma alta colina, de onde, com certa apreensão, puderam ter uma visão ampla da planície que se estendia aos pés da mesma, e que ia até a base do elevado Pico Delevon, cujas pontas rochosas pareciam querer tocar o céu — e onde o grandioso Exército de Astrynat estava agrupado, como que a esperar por seus oponentes.

— Ah! Que calor, nem parece que o poente está tão perto! — disse Elesis, enquanto passava a mão por sua testa.

— O contingente deles é imenso. Deve haver mais de três mil soldados ali, fora as outras criaturas. Será que somos mesmo capazes de derrotá-los? — Indagou Amy, apreensiva.

— Claro que sim! — disse Jin a fitando, e segurando suas mãos. — Somos a Grand Chase, e, juntos, nada é impossível pra nós!

— Jin está certo! Somos capazes! — endossou Ronan, procurando dar apoio as palavras cheias de certeza do companheiro de equipe.

— Gostaria de crer nisso. – falou o Imortal com ar sério. Mas não é esse exército que me preocupa, e sim o fato de termos toda nossa missão sob o fio de uma ameaça.

— Que quer dizer com isso, Sieg? — inquiriu Elesis.

— Que não confio nem um pouco naquele Asmodiano, Ruivinha! E se ele não aparecer com aquele Cristal, todos nossos esforços pra chegarmos até aqui irão ralo abaixo!

— Você acha que o Dio? ...

— Acho.  Ou me digam porque diabos ele ainda não está aqui?

— Não, ele não faria isso! — disse Arme, agora bastante preocupada.

— Eu não teria tanta certeza. Não gosto daquele sujeito! — disse o Imortal, de modo seco.

Todos se olharam, tendo nos rostos uma expressão preocupada.

— General Narsha, o Inimigo se faz presente! — disse um dos Capitães que acompanhavam a Oficial de Astrynat no comando do gigantesco exército em Solo Sagrado de Xênia. Um homem corpulento, com ar rude, de pele morena, cabelos desgrenhados em tom castanho. A Oficial apenas o fitou sem nada dizer.

— Mas eu não estou vendo a presença de nenhum exército aqui. Tem certeza de que não está tendo alucinações por estar a tanto tempo nesse deserto infernal? — inquiriu outro Capitão que estava sentado no chão, por sobre a própria capa. E que possuía pele muito alva e cabelos de um louro pálido.

— Não! Não estou louco, e nem tampouco mencionei que se tratava de um exército! Referi-me ao Inimigo, e estes são apenas dez guerreiros!

— Dez guerreiros?!!! — exclamou o louro com uma risada sarcástica. — Ora, que piada! Não reunimos aqui todo esse contingente, com mais de dois mil homens, pra enfrentarmos dez soldados!

— Que ultraje! — endossou uma Capitã, cujos cabelos eram cor de prata, que tinha tez morena e corpo esguio.

— Calem-se seus idiotas! Não veem que eles não são simples guerreiros e sim aqueles que venceram Astaroth há alguns anos! — retrucou ríspido, o Capitão de aparência mais jovem dentre os oficiais ali presentes, e que mais parecia um menino de quinze anos, embora na verdade tivesse dezoito. Possuía cabelos muito negros, era alto e sua pele dourada.

— São belas palavras, meu caro, mas não superestime nosso Inimigo. Eles podem ser a Grand Chase, mas nós somos o Grupamento Continental de Astrynat, e, por séculos, muito superiores a qualquer outro Grupo criado em outro Continente. — falou Narsha, com orgulho.

— Não sei por que Vikka estava tão receosa de se afastar daqui e ir com Keran adiantar as determinações de nosso Divino Imperador com os Aliados, em Aton.  Percebi que ela realmente se inquietou com isso, e não fosse Ele ter sido incisivo nas ordens que repassara a ela duvido que se ausentasse. –— disse a Capitã de cabelos cor prata.

— Vikka é uma tola. — retrucou Narsha em tom seco. — Eu posso muito bem dar conta destes insetos, e quando ela retornar já teremos aniquilado a todos da Grand Chase.

Seus olhos possuíam um brilho frio, e ela se afastou dos demais tomando a frente do gigantesco Exército, pondo-se a visualizar os pequenos vultos mais ao longe, cuja silhueta ainda se fazia pouco visível.

— Ronan, proteja Arme! Ela não pode gastar nem um pouco de energia.  Precisará de todo o poder para invocar o Ritual e libertar os Deuses! — disse Sieghart, sério.

— Assim o farei. – respondeu o rapaz, com igual seriedade.

— Deixem que deles nos encarregamos. Não se envolvam! — Os olhos do Imortal brilharam vislumbrando o campo de batalha. Elesis abriu um largo sorriso. Jin cerrou os punhos.

— Adiante, Grand Chase!!! Hoje a vitória será nossa!!! — Bradou a Guerreira de cabelos cor de fogo, desembainhando sua espada e a apontando na direção do Inimigo.

— Primeiro Pelotão de Ataque, Avante! — Gritou Narsha com autoridade. — Demais Oficiais permaneçam aqui! Quero me divertir um pouco!

 O pequeno Regimento, composto por cem soldados, seguindo ao comando, avançou junto de sua Líder na direção da Grand Chase. Junto dos soldados, uma turba de Orcs e inúmeros Yunglus seguiram sedentos de sangue, como lobos famintos em direção à sua presa.

Havia confiança na vitória refletida no semblante da poderosa Guerreira de Astrynat, mas não era menor a perseverança por parte da Grand Chase, que seguiu sem temor para o confronto. Ronan e Arme, um pouco mais atrás, e Lire os cobrindo.

Um vento forte e repentino varreu o solo árido erguendo poeira e tocando seus rostos de modo cortante. Era quente, como o sol que agora já quase deitava por detrás do Pico Delevon.

Os guerreiros ficaram finalmente a poucos metros uns dos outros, e Narsha e Elesis trocaram olhares cortantes, de modo que foi impossível não sentir a hostilidade e a tensão entre ambas as espadachins, cujas lâminas afiadas de suas espadas reluziram feito feixes de luz ao contato do sol.

— Atacar!!!  — ordenou Narsha ao seu Regimento, e este avançou com fúria para cima dos Guerreiros da Grand Chase, gritando e empunhando suas armas.

Eram altamente treinados e, desalmados, seriam capazes de cometer carnificinas pela glória de seu Divino Imperador. A Grand Chase, por sua vez, não se intimidou, e partiu para cima dos oponentes com determinação em seus olhares, e com a força da justiça em seus corações.

Contudo, para Narsha e Elesis era como se não houvesse mais nenhum guerreiro naquele campo de batalha, para ambas só havia um inimigo a ser vencido; e a Espadachim de Vermécia e a Espadachim de Astrynat estavam determinadas a destruírem uma a outra. E foi como se os espíritos delas se entrelaçassem também em combate quando suas espadas se cruzaram, acendendo faíscas.

Ao mesmo instante, e a certa distância de onde se encontravam as duas Guerreiras, Sieghart, com sua Lâmina afiada atravessava o pescoço de um Orc.

— Como nos velhos tempos... — disse para si mesmo, enquanto com brutalidade desferia golpes certeiros e precisos sobre a turba de Orcs, e também sobre os soldados que se interpunham a sua frente.

Sua roupa e seu rosto tingiram-se de sangue e ele, sem demonstrar nenhuma emoção, continuou sua investida — fazendo jus à fama que girava em torno de seu nome e que o fizera ser conhecido como um desastre natural por todo Reino de Canaban, há longos séculos. E cujos feitos heroicos, igualmente, fizeram com que houvesse se tornado uma verdadeira lenda.

Flechas cantaram, após serem lançadas por Lire, que mesmo mais para trás, não errou os alvos, e fez tombar vários inimigos com flechas enterradas em suas testas.

Pelos punhos de Jin um enorme Yunglu caiu desfalecido e pelo machado de Ryan dezenas de soldados foram dilacerados, de uma única vez; sendo que pelas Daisho de Lass outras dezenas tombaram, sem ao menos perceberam como; enquanto pelas balas do revólver de Mari, inúmeros Orcs foram abatidos, assim como os soldados de Astrynat, que foram sucumbindo ao impacto dos Chakrans de Amy.

Mas a batalha era árdua, e suas marcas também se faziam nos ferimentos nos corpos dos bravos Guerreiros da Grand Chase. Com olhos ávidos, e um sentimento forte a envolvê-lo, Ronan Erudon movimentou-se agilmente afastando de Arme a lança que a perfuraria. Cravou então seu gládio ao solo árido e lançou seu golpe “Fúria de Canaban!” - o qual enviou para a morte inúmeros soldados inimigos imediatamente.

— Por aqui Arme, venha! — gritou o jovem, a conduzindo, junto de si, para a esquerda — onde uma pequena brecha havia se aberto em meio aos enfrentamentos no campo de batalha. Lire os seguiu de perto continuando a lhes dar cobertura.

Elesis golpeou Narsha com avidez e, girando seu corpo levemente, esta bloqueou ao ataque e contra-atacou. Porém, a garota de cabelos vermelhos esquivou-se do golpe. Narsha então saltou, atacando-a de cima para baixo, mas Elesis escapou com uma cambalhota. A espada de Narsha começou a vibrar e a emitir um brilho vermelho e intenso. Ela virou-se para Elesis e erguendo sua espada gritou:

— Espada Sangrenta!  — e uma onda de energia vermelha incandescente envolveu sua espada, enquanto Narsha atingia Elesis com vários cortes precisos, à medida que girava sua lâmina diante de si, culminando num corte transversal que irrompeu incandescente por sobre a Guerreira de Canaban. Esta sentiu a intensidade da técnica de sua oponente e, com força, rapidamente ergueu sua espada, reunindo toda sua energia, a qual aflorou na lâmina através de chamas róseas arroxeadas:

— Golpe Cruzado! — gritou Elesis, movimentando sua espada de baixo para cima e lançando duas fortes ondas de chamas incandescentes, as quais se elevaram atingindo a Guerreira de Astrynat diretamente.

Esta recuou sob a força do impacto de cada um dos cortes, e revidou ao ataque com uma sequência rápida de múltiplos golpes de espada.

Mas, Elesis, com agilidade esquivava-se, e bloqueava a investida de Narsha com grande destreza, ao mesmo tempo em que também impetrava nova investida contra sua oponente.

— Cratera Meteoro! — gritou a Líder da Grand Chase, impulsionando seu corpo para o alto, e, dando um salto, girou então sua espada, lançando uma poderosa e gigantesca onda de chamas para baixo, na direção da Guerreira GCA, que culminou numa forte explosão — a qual acabou atingindo também a outros soldados de Astrynat, fulminando-os — ; ao mesmo tempo em que Narsha, em queda livre, caiu violentamente para trás e bateu o rosto contra uma rocha saliente que estava no solo árido do campo de batalha.

Apesar disso, a determinação da Oficial do GCA se mostrou surpreendente, e esta, superando a própria dor, ergueu-se rapidamente apoiando-se em sua espada. Secou com a mão o filete de sangue que escorria pelo canto de sua boca, e se impulsionou num salto, de modo que, em pleno ar, iniciou novo contra-ataque:

— Tormenta de Uryos! – clamou Narsha, girando sua espada, e uma tempestade de chamas escuras se formou e envolveu Elesis, ao mesmo tempo em que inúmeros punhais chocavam-se contra seu corpo e sua armadura. A jovem Guerreira gritou de dor e, parecendo imobilizada, nada pôde fazer para evadir-se, sendo arremessada pra trás. A Oficial de Astrynat, aproveitando-se disso, apontou sua espada para Elesis, com um brilho frio em seu olhar, determinada a pôr fim ao embate.

— Espírito do Espadachim! — Falou com firmeza, e, em torno da Guerreira GCA, labaredas rubro negras elevaram-se ao alto. Sendo que ao erguer sua espada, desta elevou-se uma grande quantidade de energia, a qual se aglutinou sob a forma de uma Serpente de Fogo, ao mesmo tempo em que sete pequenas espadas rodearam a Guerreira.

Narsha sorriu com desdém enquanto olhava para Elesis caída ao chão, e que ainda mantinha-se presa pela paralisia provocada pelo golpe “Tormenta de Uryos”, lutando de forma inglória para tentar reerguer-se.

Ciente disso, e sabendo que não conseguiria evitar o iminente ataque, Elesis colocou o braço junto ao rosto com grande dificuldade na tentativa de defender-se.

E Narsha, impiedosamente, desferiu por sobre ela toda fúria de seu golpe, de modo que a Serpente de Fogo, rodeada pelas sete espadas, mergulhou na direção da jovem de cabelos vermelhos em alta velocidade.

Foi quando um vulto intangível surgiu à sua frente desferindo uma onda de energia e chamas negras, a qual rasgou a Serpente de Fogo criada pela técnical de Narsha e fez com que e as sete espadas caíssem espalhadas ao redor da Líder dos Cavaleiros Vermelhos.

— Tome cuidado, Ruivinha! Nem sempre estarei por perto pra te proteger! — disse Sieghart, lançando lhe uma piscada.

— Idiota! — retrucou Elesis, sentindo raiva. — Eu não preciso de você! Podia muito bem sair dessa sozinha!

— Hahaha!!! Eu vi! Ele retrucou, afastando-se. — Eu vi que podia!

 Ela levantou-se, totalmente liberta do poder que a paralisara, e, com ódio de si mesma, guardou sua espada. Com velocidade, desembainhou sua Alabarda, sentindo a ira consumir-lhe por completo. Havia labaredas nos olhos de Elesis, e ala partiu com fúria na direção de Narsha.

— Lâminas da Morte! — Gritou com ódio, e os inúmeros feixes semicirculares foram lançados em velocidade surpreendente por sobre a Guerreira de Astrynat, retalhando-a — uma vez que vários cortes surgiram em seu corpo, rompendo a defesa de sua armadura, fazendo-a sangrar pelos ferimentos.

Narsha sentiu a força da habilidade de Elesis, e com esforço concentrou energia, de modo que começou a bloquear ao ataque. Usava apenas uma das mãos para firmar sua espada, e com impressionante rapidez suas forças foram revigoradas.

— Eu não gosto de perder meu tempo com oponentes fracos! — disse Narsha com ironia, fitando Elesis cara a cara e a golpeando com um forte soco no estômago, de modo que fez a Guerreira cair ao chão. Elesis rapidamente moveu-se tencionando levantar-se, mas foi surpreendida por sua adversária que, com frieza, lhe apontou a espada, colocando-a rente ao seu pescoço.

A força de outra lâmina, porém, fez a espada da General saltar alto, rodopiar e cair com força rumo ao solo, de modo que se enterrou até a metade no mesmo.

Ela recuou e, com surpresa deparou com o Shinobi Lass — que estava postado entre ela e Elesis —, e que agora, hostilmente, era quem lhe apontava suas Catanas. Em torno dele os demais se agrupavam, e na arena ali formada nenhum soldado de Astrynat se encontrava vivo.

— Desista, mulher! Se entregue! — disse Lass com um olhar gélido, que fez Narsha sentir um estranho calafrio.

— Desistir, eu? Jamais! – rebateu a General Inimiga com ar desdenhoso.

 Com um salto ágil então se desdobrou no ar e, ao cair, arrancou sua espada do solo e a ergueu alto.

 Elesis — que já havia se levantado — segurou firme sua Alabarda, já pressentindo o que isso significava. E seus temores se confirmaram ao ver que a gigantesca tropa do Exército Inimigo agora avançava rapidamente, sob o comando dos demais Oficiais ali agrupados. E no céus os dragões de três cabeças aproximavam-se numa investida de fúria e fogo.

Narsha juntou-se aos demais Líderes de seu imenso regimento e, à medida que avançavam, a terra parecia tremer sob o impacto de sua pesada marcha. Os membros da Grand Chase entreolharam-se, tinham apenas trinta e cinco minutos para romperem a barreira daquele monstruoso Exército e conduzirem Ronan e Arme até o Pico Delevon. Havia receio em seus olhos. Não dariam conta de um contingente tão grandioso.

Nesse instante, uma nuvem de flechas caiu zunindo por sobre o monumental Exército de Astrynat, acabando com boa parte de suas linhas de frente. Enquanto catapultas fizeram voar longe grandes círculos de fogo. E de duas Balistas, longas flechas forjadas de metais raros e especiais alçaram-se ao céu e, de modo preciso, atingiram seu alvo, e um grande dragão sucumbiu vitimado por elas. Sieghart e os demais olharam para os penhascos ao alto, por detrás deles, e para a colina de onde haviam partido, e viram o imenso Exército de Tropas Aliadas que ali havia se agrupado.

— É Lothos! — gritou o Imortal. — Vejam!   Uma expressão de alívio veio aos seus rostos.

— E meu pai! – disse Elesis, com um brilho repleto de emoção em seus olhos.

Depois do sofrimento que fora viver longe do pai e do grande receio que sentira ao saber que ele havia sido tragado para dentro de uma fenda dimensional — existindo, em função disso, a real possibilidade de ele haver morrido —, tê-lo reencontrado vivo foi algo que trouxe a ela uma sensação de felicidade indescritível.

E, apesar dele, por aproximadamente um mês, não conseguir recordar-se absolutamente de nada, nem mesmo dela — após ter sido resgatado por Dio, que o encontrou caído próximo a uma das inúmeras fendas dimensionais que haviam se aberto em Ernas — ela não permitiu-se entregar ao desânimo; e passou a viver junto do pai, permanecendo com ele mesmo depois deste decidir retomar sua vida ao lado de Luryen Lothos, vindo a casar-se novamente.

— Os reforços chegaram! — Ela disse, voltando-se para o Grupo, que agora preenchia-se de esperança. Embora a batalha ainda estivesse longe de ter chegado ao seu fim.

Ryan olhou para o alto e seu coração inquietou-se. Estava preocupado com Lothos, que apesar de seus cuidados havia perdido muito sangue e ainda estava enfraquecida. De modo que unir-se à guerra poderia certamente colocar sua vida novamente em risco.

A tropa avançou pelas bases do penhasco, enquanto no alto permaneceram as Catapultas e as Balistas, bem como um grande regimento composto por arqueiros. Ao lado deles, a Comandante Luryen Lothos Sieghart — nome que passara a assinar após seu casamento com Elsculd, embora de modo geral continuasse a ser chamada apenas por Lothos —, bem como a Subcomandante Elyedre Khennyel e o General Elscud Sieghart lideravam a investida das tropas Intercontinentais de Vermécia contra o Mal vindo de Astrynat.

Sendo que Elscud passava em seu semblante a força de um grande líder e a segurança de um homem experiente em situações de guerra. Seus olhos percorriam a imensidão do campo de batalha com gravidade. A situação era de fato preocupante. Com orgulho deteve seu olhar na filha Elesis e, depois, se voltou para a esposa, que ainda estava bastante enfraquecida e convalescendo.

— Você não deve se envolver num combate direto, querida. Ainda não está em condições para isso.

— Sei disso. Não se preocupe.

Eles trocaram um olhar significativo.

Fazia três anos que haviam se tornado marido e mulher, e para Luryen Lothos muitas vezes era como se isso houvesse ocorrido a poucos instantes, tamanha afinidade que possuía com Elscud.

De quem acabara se aproximando após este ter sido resgatado por Dio, e principalmente, após este haver abdicado definitivamente da liderança dos Cavaleiros Vermelhos em prol da filha Elesis, tendo aceitado o cargo de General do Exército Continental de Vermécia.

Uma convivência que foi revelando muitos interesses e gostos em comum, e fazendo despertar um sentimento surpreendente e forte que não conseguiram mais calar dentro de si. Mesmo assim tentaram negá-lo por bom tempo, mas sem êxito. E em menos de um mês depois de confessarem e assumirem mutuamente seus sentimentos — tendo a bênção da própria Realeza de Canaban e de Serdin, bem como o apoio de Elesis, que surpreendentemente não manifestou objeções ao matrimônio do casal— eles se casaram numa cerimônia simples, dispensando pompas, como assim quisera a Grande Líder do Exército Intercontinental de Vermécia.

Era o início de uma relação sólida, e que trouxe novo ânimo para o Alto Oficialato do Exército Intercontinental, que viu ao casamento de Lothos com o Grande ex-líder dos Cavaleiros Vermelhos como um marco no fortalecimento das Bases de seus Regimentos.

— Arqueiros!!! — Bradou a Subcomandante Elyedre ao pelotão, com voz firme, após uma troca de olhares com Lothos. — Atacar!!!  — e, assim, outra chuva de longas flechas incandescentes alçou voo caindo fulminante sobre as tropas inimigas; as quais ergueram seus largos escudos tentando defenderem-se.

Não obstante, Orcs, Trolls, Yunglus e um número muito alto de soldados de Atron foram sucumbindo rapidamente diante do repentino ataque por parte do Exército Intercontinental, e Narsha, refeita da surpresa inicial, voltou-se às suas Tropas com determinação.

— Arqueiros, Atacar!! Lanceiros e Espadachins, Avante!!! Matem todos!!!

Um violento contra-ataque teve início e os dois Exércitos avançaram com rapidez um na direção do outro. Em meio a eles, a Grand Chase lutava de modo aguerrido. Enquanto seus rostos eram também assolados por um vento morno que vinha carregado de poeira. O sol começava a descer por detrás do Pico Delevon, lembrando uma grandiosa esfera de fogo avermelhada, e anunciando que o crepúsculo logo chegaria. O tempo estava esgotando-se.

A guerra desenrolava-se sangrenta: o Exército de Astrynat — altamente treinado pela tradição de longos séculos como guerreiros – juntamente de sua turba de criaturas sombrias causavam baixas maciças no Exército Intercontinental de Vermécia – que, apesar de menos numerosos, lutavam com muita determinação.

O sangue banhava o Solo Sagrado de Xênia deixando seu odor adocicado no ar, assim como uma fumaça negra que se misturava à poeira da aridez das Terras de Periett. Do alto, a Comandante Lothos, próximo às Catapultas — cujas bolas incandescentes eram enviadas com grande brevidade e, ininterruptamente, por sobre o campo de batalha —, juntamente do pelotão de arqueiros, ficava a observar com inquietação ao combate, montada em seu belo alazão branco. Enquanto que a Subcomandante Elyedre Khennyel e o General Elscud Sieghart já haviam descido e se unido ao Exército e à Grand Chase na luta contra o poderoso Inimigo.

— Perdoe-me Elscud, mas não posso ficar aqui parada apenas assistindo... Não posso ficar sem fazer nada. Sou a Comandante destas tropas e como tal devo agir! — falou, em voz baixa a si mesma, desembainhando seu florete, e esporeando o cavalo — que empinou bruscamente por um momento, sendo facilmente dominado por ela —, e saiu em alta disparada descendo rumo ao vale onde se desenrolava o combate.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Contrariando o desejo do esposo, e indo de encontro as preocupações de Ryan, a Comandante Lothos partiu para o Campo de Batalha. Terá ela finalmente sua revanche contra Narsha? E Dio, onde estará ele? Sem falar que o tempo está se esgotando...

Conseguirá a GC chegar a tempo de Arme invocar o Sagrado Ritual? Aguardem, pois no próximo episódio as respostas para estas questões serão reveladas.



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