- Então... Como você conheceu essa... – Dean consultou as anotações de Sam pela terceira vez. – Marissa mesmo?

- Ela faz o mesmo curso que eu. Não tem muitos amigos então acho que não vai ter problemas em falar comigo se eu for gentil.

 Olivia estava andando de um lado para o outro no quarto se arrumando para parecer ao menos simpática. Sam e Dean estavam parados no batente da porta já fazia quase dez minutos. Finalmente, ela se virou para os dois e sorriu.

- Okay, estou pronta. O curativo está aparecendo?

- Não, mas não acho que isso vá fazer diferença. – Sam respondeu olhando o relógio. – Você pode dizer que caiu ou se cortou.

- É, mas eu prefiro parecer simpática e incólume.

 Olivia pegou a bolsa que estava em cima da cama e se dirigiu para a porta. Sam e Dean a deixaram passar e depois desceram as escadas atrás dela.

- Tudo bem então, você já sabe o que vai perguntar? – Dean falou quando chegaram ao primeiro andar.

- Sei.

- E sabe como vai perguntar? – Sam acrescentou.

- Sei! Eu não sou uma completa inútil, sabem... Eu vou seguir o rumo da conversa, não vou chegar lá e simplesmente perguntar se ela sabe por que o fantasma de Amber McDoell ainda está por aqui. – Olivia parecia um pouco irritada ao responder e se virou para encarar os dois. – Não se preocupem, se qualquer coisa der errado, eu ligo.

- Como se você fosse ter chance de fazer telefonemas se alguma coisa der errado. – Dean sorriu com escárnio.

 Olivia o ignorou e continuou indo para a porta da frente. Ela abriu a porta, esperou os outros dois passarem e a trancou novamente. Os três se encaminharam para o elevador em silêncio.

- Eu devo estar de volta em uma hora, mais ou menos. – Olivia olhou para os dois. – Se vocês voltarem antes de mim, tem uma chave reserva atrás daquele quadro – ela apontou para um canto da parede oposta ao elevador. – e, se eu não voltar em duas horas e nem ligar, seria melhor virem atrás de mim.

 Sam e Dean se entreolharam antes de assentir.

- Tudo certo então? - Olivia perguntou, mas não esperou uma resposta. – Hora de investigar.

 Os três se viraram e entraram no elevador que havia acabado de chegar.

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 Marissa fez uma leve exclamação de surpresa quando abriu a porta e encontrou Olivia sorrindo para ela com meiguice.

- Olivia? Hmm... é... o que você está fazendo aqui?

- Desculpe aparecer sem avisar, mas eu realmente precisava me atualizar sobre a aula de hoje. Odeio faltar. Então, eu posso entrar?

- Ah, claro. – Marissa se afastou e deixou Olivia entrar.

 Sua casa era pequena, mas bem arrumada. Havia um forte cheiro floral no ar e as paredes eram cobertas por um papel de parede rosa claro. Olivia passou os olhos pelos cômodos que eram visíveis e achou que nada ali tinha realmente alguma semelhança com o que ela sabia de Marissa.

- Então, é... porque você não pediu ajuda para os seus amigos? – Marissa estava parada desconfortavelmente no mesmo lugar desde que fechara a porta.

- Bom, você sabe que nenhum deles faz o nosso curso. – Olivia se virou para ela ainda sorrindo.

- É, mas, você tem amigos do mesmo curso que a gente também.

- Não, eu não tenho. – O sorriso de Olivia se ampliou. – Tem pessoas que eu converso, é verdade, mas você é de longe a que eu mais confio para me passar informações sobre um dia perdido de aula.

 Marissa sorriu timidamente e olhou para os lados. Quando olhou novamente para Olivia, ela continuava a sorrir com a mesma expressão de meiguice esperando sua resposta.

- Eu ahn... você quer se sentar? – Marissa apontou para um sofá na sala de estar do lado esquerdo do hall. Olivia seguiu para lá e se sentou confortavelmente. – Quer beber alguma coisa ou...?

- Não, não, obrigada.

- Tudo bem então. – Marissa se sentou ao lado de Olivia e ficou em silêncio. – Eu vou é... pegar minhas anotações para você.

 Quando Marissa se levantou e se retirou da sala, Olivia escreveu uma breve mensagem dizendo que até agora estava indo tudo bem e mandou para Dean. Sem esperar uma mensagem de resposta, guardou o celular e se acomodou no sofá esperando a volta de Marissa.

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 Olivia estava na casa de Marissa olhando e copiando suas anotações já fazia vinte minutos quando finalmente surgiu uma oportunidade de entrar no assunto que ela realmente queria. Ironicamente, foi a própria Marissa que forneceu essa oportunidade.

- Você está fazendo anotações furiosamente. Me lembra a Gabbe. – Marissa comentou descontraidamente, mas quando percebeu o que havia dito seu rosto endureceu.

- Ah, é, ouvi dizer que ela era uma das melhores estudantes, das mais aplicadas. – Olivia não perdeu tempo em aproveitar a chance. – Você a conhecia bem?

- É, eu conhecia... ela foi minha melhor amiga. Pelo menos até a faculdade. – Marissa fez uma careta. – Aparentemente, ela conheceu pessoas mais interessantes. Estranho que todos tenham acabado mortos.

- Realmente estranho não é? Quer dizer... quatro melhores amigos e de repente todos começam a morrer. – Olivia fingiu um arrepio.

- Sim, estranho. Mas eu não acredito em coincidências. – Uma expressão sombria atravessou o rosto de Marissa ao dizer isso.

- E em que você acredita Marissa?

- Destino. Carma, não sei... A morte de Amber eu ainda não entendo, mas foi a primeira... Já os outros, bem, eles fizeram por merecer. Até mesmo Gabbe.

- Como assim? – Olivia se empertigou no sofá para mais perto de Marissa.

- Você guardaria um segredo, se eu te contasse um? – O olhar de Marissa era quase suplicante. Olivia assentiu. – Gabbe veio na minha casa, na noite em que Amber morreu. Você sabe como ela morreu?

- Ouvi falar que foi um acidente na floresta. Ela estava acampando ou algo assim.

- É, estava... Mas você não achou estranho? Quer dizer, quem em sã consciência vai acampar sozinho? Mas de qualquer jeito, a polícia não achou estranho, então acho que é isso que importa. – Marissa sorriu hesitante antes de continuar. – Como eu estava dizendo, Gabbe veio aqui aquela noite. Eu achei estranho, ela não falava comigo havia tanto tempo, mas eu não fiz perguntas, ela estava chorando tanto! Eu fiz chá para ela, tentei acalmá-la, mas ela não conseguia parar de chorar e ficava fazendo perguntas incoerentes como “será que ela vai me perdoar?” e “como eu podia dizer não?” até que ela se acalmou e me contou a razão daquilo.

“Ela disse que seu namorado, John e o melhor amigo dele, Tyler, namorado de Amber tinham convencido-a a pregar uma peça em Amber. Uma brincadeira, foi o que ela disse. Eles a levaram para acampar e a largaram na floresta, falando que seria bom ela aprender a se virar sozinha. Aparentemente, o plano era assustá-la um pouco e depois levá-la embora, mas alguma coisa dera errado. Nesse ponto, Gabbe estava chorando novamente e não conseguiu explicar mais nada. Tudo que disse é que eles se apavoraram e fugiram. Gabbe dormiu na minha casa, e no outro dia, quando fiquei sabendo da morte de Amber, entendi que o que ela queria realmente era um álibi. Então, quando a polícia me questionou, forneci o álibi a ela. Disse que ela havia ficado na minha casa a noite inteira.”

 Quando terminou a narrativa de Marissa, o silêncio pairou no ar pesadamente. Olivia não entendia porque Marissa havia contado tanto e não sabia direito o significado daquelas palavras, mas Marissa a olhava como se estivesse muito aliviada de ter tirado esse peso de suas costas.

- Porque... – a voz de Olivia vacilou, então ela pigarreou e começou de novo. – Porque você não contou isso à polícia, nem aos federais?

- Ela pode ter sido muitas coisas, mas Gabbe ainda era minha amiga. Eu estava tentando protegê-la.

- Mas e depois que ela... se foi?

- Achei que eu devia isso a ela. Estava tentando manter intacta sua memória, sua imagem. E além do mais, não me pareceu importante. Quer dizer, Amber estava morta. Como ela poderia fazer mal a Gabbe?

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 Olivia estava andando impaciente pela sala de estar, esperando a volta de Sam e Dean. Sua cabeça estava praticamente zunindo, tentando juntar tudo o que Marissa dissera. Ela pareceu levemente arrependida de ter revelado tanto, e só deixou Olivia ir embora depois de prometer mais uma vez que não contaria nada. Quando a campainha tocou, Olivia praticamente correu até a porta.

 Sam e Dean entraram parecendo um pouco cansados. Olivia pulava de ansiedade, mas deu um tempo para eles entrarem, se sentarem na sala e descansarem um pouco. Ela continuou em pé, andando nervosamente.

- Então? – Dean perguntou observando-a andar para os lados. – Descobriu alguma coisa?

- É, descobri. – Olivia parou de andar e encarou Sam e Dean separadamente. – Os três que Amber matou? Foi justo. Visto que eles a mataram primeiro.