Quando Voa a Borboleta escrita por Aki Nara
_ Por que está chorando Yuki? – Haruki afagou os cabelos da irmã.
_ Eu não quero mais que você me defenda – ela afastou a mão de Haruki com um safanão.
_ Ah! Aquele imbecil vai pensar duas vezes antes de mexer com a minha irmã.
_ Eu sei me cuidar! – encarou com coragem.
_ Sabe? – ele a encurralou contra a parede do mesmo
modo que vira o garoto fazendo – então, o que iria fazer?
_ Você já pensou que talvez eu estivesse querendo ser beijada?
Sim. Haruki havia pensado nessa possibilidade, mas ele jamais permitiria isso.
_ E era isso que estava acontecendo?
Yuki engoliu em seco perturbada demais com a proximidade do irmão, então ela desviou os olhos.
_ Não – confessou num fio de voz.
_ Foi o que pensei – Haruki respondeu aliviado. – ARGHHH!
Yuki havia pisado no pé dele com força.
_ Era isso que aquele imbecil teria recebido antes de você bancar o herói – ela fugiu enquanto Haruki pulava de dor.
Haruki não conseguia se concentrar em nada, sua mente sempre voltava para Yuki e à noite passada. Dez anos de relacionamentos superficiais e bastou revê-la para que terminasse mais um. Ele não conseguiu evitar o beijo, pois queria muito saber o quanto ela havia mudado.
Foi um alívio e ao mesmo tempo uma tortura descobrir que entre eles nada havia mudado. Agora que o destino havia trazido Yuki novamente para ele, não estava disposto a abrir mão.
Enfrentaria o pai, Natsuki, seus demônios, o que fosse preciso para ficar com ela. Ele mudou a direção do carro em direção ao hotel onde Yuki estava hospedada.
Yuki tinha o dia livre, mas a noite insone a mantinha em letargia. Fazer turismo já não era uma opção agradável, mas poderia se animar a fazer compras. Pensou no sobrinho e isso a animou a sair da cama. Resolvida a não pensar em Haruki, ela se vestiu e
obrigou-se a descer.
O elevador se abriu, mas ela precisava ser advinha para saber quem era a pessoa que detinha sua passagem e sentiu-se imensamente feliz por seus olhos estarem escondidos sob os óculos escuros.
_ Bom dia. Você já tomou o café da manhã, Yuki?
Ela desviou-se dele e o ignorou dirigindo-se para a saída.
_ Onde quer que a deixe? – Haruki segurou-a pelo ombro.
_ Você vai me deixar recusar? – ela disse indignada.
_ Você me conhece. Não. O carro está estacionado logo ali.
Yuki caminhou resignada até o carro e aguardou que ele abrisse a porta para entrar. A partida do carro foi dada sem que ela dissesse onde queria ir e o caminho todo foi percorrido em silêncio. Haruki a levava para o Parco Sempione.
_ Precisamos conversar.
Ela desceu do carro a guisa de rebeldia, fazendo-o sair também.
_ Não temos mais nada a dizer – ela disse percorrendo a vista pelo lindo parque ao retirar o óculos.
_ Como preferir... – ele a trouxe para perto, mas antes que os lábios se encontrassem Yuki pôs a mão entre eles.
_ Por favor, não. Já passamos por isso. Naquele dia você escolheu o caminho que queria seguir e partiu, lembra? – a voz era suave, porém soou triste aos ouvidos de Haruki.
_ Juro que tentei esquecer... Passei por muitos relacionamentos passageiros.
_ É. Eu vi a linda morena com meus próprios olhos. Creio que você não deveria tê-la dispensado.
_ Estou sentindo cheiro de ciúme? – ele sorriu deixando as covas evidentes.
_ Não sabia que ciúme tinha um odor específico – disse com desdém.
_ Apesar de não ter encontrado ninguém ontem, isso não significa que não tenha tido amantes... – ele engoliu em seco ao perceber que o feitiço virava contra o feiticeiro. Ele não queria imaginá-la com nenhum outro homem.
_ É óbvio. Não sou mais virgem – ela corou por estar abordando um assunto tão íntimo. – Eu nem sei porque estou lhe contando algo que não lhe diz respeito.
_ Me diz sim. Ontem... Eu senti...
_ Ontem estávamos saudosos... É isso! – Yuki se abraçou dando as costas para ele.
_ Olhe pra mim e diga que não sente mais nada, então eu acredito.
O toque gentil, mas firme em seus ombros para que se virasse teve o poder de desestabilizar mais ainda as emoções já abaladas pelo beijo do dia anterior.
_ Acredite no que quiser... – ela se forçou a encará-lo com dureza, porém nada a havia preparado para aqueles olhos suplicantes, de promessas veladas e amor... Sublime amor.
_ Não quero mais viver pensando no que poderia ter sido.
_ Então, simplesmente aceite que não era para ter sido.
_ Eu quero muito mais. Preciso viver esse momento.
_ Querer nem sempre é poder.
_ Ah! Você vai descobrir que eu sempre consigo o que quero.
Haruki não desistiria desta vez e como as palavras pareciam não surtir efeito, ele partiu para a ação. Com uma das mãos na cintura de Yuki e a mão livre na nunca dela trouxe-a para tomar posse daquilo que mais ansiava.
_ Nos dê essa chance.
_ Por favor... Leve-me de volta.
_ Não – disse por entre os dentes colando os lábios nos dela.
_ Eu tenho medo... – Yuki estremeceu antecipando o prazer. – De não sobreviver ao tumulto que nos envolve sempre que estamos juntos.
_ Um dia de cada vez até você partir.
Não havia como resistir, a barreira que ela havia colocado acabava de ruir como se fosse feito de areia e ela se moldou cedendo em tudo, no beijo, na vontade de estar em seus braços, nos sonhos de amá-lo e ser feliz.
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