Quando Voa a Borboleta escrita por Aki Nara


Capítulo 10
Capítulo 10 - Verdade Oculta




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_ É verdade? – o filho de onze anos entrou visivelmente transtornado no escritório do pai.

_ Acalme-se! – Ueno levou o filho até o assento mais próximo. – sra. Hoshino, não estarei disponível por uma hora.

_ Sim, senhor – a secretária tentou fechar a porta quando foi abordada pela entrada intempestiva de um rapaz de dezesseis.

_ Onde ele está? – Natsuki apertava os lábios apertados indicavam a contrariedade, postou-se atrás do irmão de modo protetor e calou-se.

Ueno esperou a saída da secretária para se acomodar numa cadeira à frente dos dois rapazes e inquiriu.

_ Bem... Quem vai começar? – Olhou do filho menor para o maior e aguardou.

_ Um garoto da minha sala falou pro Haruki que ele não é meu irmão...

_ E a troco de quê ele diria isso? – os olhos do pai escureceram de raiva.

_ Não importa! – Haruki explodiu interponde-se antes que o irmão mais velho respondesse. – É verdade?

Ueno condoeu-se ao notar a angústia estampada no rosto do menino que era sempre motivo de alegria e orgulho, que fosse para o inferno quem dissesse o contrário, ele era seu filho, mas decidiu-se por contar a verdade.

_ Sim.

_ Pai! – Natsuki protestava claramente sua revolta.

_ Quem são meus pais? – Haruki tremia e falou num fio de voz demonstrando o enorme esforço que fazia para controlar as emoções como um adulto.

_ Nunca soubemos. Você foi deixado em nossa porta.

_ Você disse que jamais contaria! – Natsuki chutou o tapete descontando a fúria que sentia.

Ueno gesticulou para que o filho mais velho não interferisse e falou com firmeza.

_ Prometi para Chieko, sua única mãe, que cuidaria de todos. Se for importante para você descobrir quem são seus pais biológicos, nós faremos juntos, mas independente do que for descoberto, você sempre será meu filho. Entendeu?

Haruki jogou-se nos braços do pai e finamente chorou demonstrando ser a criança que era.

O domingo no parque recebia as crianças da redondeza. Yuki passeava com o sobrinho, ele corria ativamente alternando os brinquedos, ora no balanço, ora na gangorra ou simplesmente correndo até onde ela estava. 

_ Tia Yuki! Quero ir pra casa! – Ken berrou demonstrando sua energia saudável. 

_ Okay – segurou a pequena mão estendida. 

_ Até quando você vai ficar titia? – os olhinhos vivos pousaram temporariamente nela para depois passear pela paisagem. 

_ Você já está querendo me expulsar do seu quarto? – admoestou sabendo a adoração que o sobrinho tinha por ela. 

_ Nada disso! Só quero saber pra onde vai desta vez. 

_ Vou para Itália conhecer a Torre de Pizza.

_ Uma Torre de Pizza? – o menino arregalou os olhos. – E dá para comer? 

_ É uma pena, mas não. Se não traria um pedaço pra você – o riso saiu fácil, embora não se divertisse há muito tempo.

_ Mamãe, tô com fome! 

Ken abriu o portão correndo para dentro de casa, deixando-a só para admirar o cenário que tanto amava. O tempo havia passado, dez anos desde que Haruki saíra de casa para cursar a universidade. Agora, ele tinha sua própria construtora de hotéis. 

Como o irmão mais velho, Natsuki cuidava do pai aposentado assumindo os negócios e constituindo sua própria família. Por sua vez, Yuki formara-se em línguas latinas trabalhando como funcionária pública, no Ministério das Relações Exteriores. O cargo exigia que viajasse constantemente, fazendo-a deixar as relações pessoais para segundo plano, sem pretensão de casar realizava-se mimando o sobrinho. 

_ Tia Yuki! Tem chá com bolo de chocolate – a chamada de Ken trouxe-a de volta à realidade. 

_ Estou indo! – trancou o portão para segui-lo. 

Yuki entrou na cozinha e avistou a cunhada alisando a barriga protuberante. 

_ Está chutando muito? – estendeu a mão para tocar o local endurecido. 

_ Demais! Obrigada por ter ido ao parque – ela serviu duas poções de chá e bolo numa bandeja. 

_ Conte comigo, embora eu tenha de partir na quarta. 

_ Já? – Tomoyo pareceu realmente desapontada.

_ É para o Natsu? 

_ Para ambos. Ele está enfurnado no escritório desde a semana passada. 

_ Descanse um pouco. Pode deixar conversarei com ele sobre prioridades. 

_ Eu agradeceria – a cunhada lhe dirigiu um lindo sorriso ao lhe entregar a bandeja. 

Yuki bateu antes de entrar no escritório e levou a bandeja até a mesa de centro. 

_ Pode deixar “aí”. Eu me viro. – Narsuki continuou examinando os papéis em sua mesa. 

_ Só que eu não gosto de comer sozinha, lembra? 

Natsuki ergueu os olhos cansados e esfregou-os, espreguiçando o corpo. 

_ Nesse caso sou obrigado a lhe fazer companhia – ele caminhou sentando-se no sofá à sua frente. 

_ O que está examinando? 

_ Um relatório em francês de uma filial no Canadá. Minha secretária está em lua de mel e eu sou obrigado a ler na língua na qual não tenho domínio. Estou perdendo um tempo precioso, nem pude ir para o parque com o Ken.

_ Quer ajuda? – Yuki disse entregando-lhe a xícara de café. 

_ Faria isso? – Natsuki pareceu aliviado. 

_ Com absoluta certeza. 

_ Intervenção aceita. Estou desesperado para sair daqui. 

_ Você terá tudo traduzido até o final do dia. Nesse tempo porque não sai com eles? 

_ E você?

_ Eu me viro. Já não sou mais criança. – Yuki andou até a mesa e deteve-se ao encontrar um envelope escrito com uma letra bem familiar. 

_ É de Haruki, se quiser pode ler. No momento está em Milão. Por que não telefona pra ele? Quem sabe se vocês possam se ver... 

_ Talvez. Agora fora daqui. – Yuki deixou o envelope sem ler e expulsou o irmão. 

Ela voltou para a mesa, mas por mais que estivesse tentada a saber notícias sobre Haruki, ela ignorou o envelope completamente e se concentrou em ajudar na tradução do relatório.


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