O Som do Coração escrita por angelaangel


Capítulo 1
Capítulo 1 - Dor e Sofrimento


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e o meu primeiro fic.
Beijokas a todos que lerem.



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Dor e Sofrimento



Eu fitava o
aeroporto de Vancouver pela janela do avião, logo ele iria decolar e eu estava
dando adeus àquela cidade. Bem... não especificamente à cidade, mas sim ao
colégio disciplinar em que estive nos últimos três anos. Se isso tivesse
acontecido há três anos, eu provavelmente estaria comemorando. O primeiro ano que
passei naquele colégio foi o mais tortuoso desde a morte de minha mãe e agora a
dor estava me ferindo de novo. Se eu pudesse, faria qualquer coisa... qualquer
coisa mesmo pra não sair daquele lugar. Isso porque eu havia criado um refúgio
para fugir da dor, do sofrimento. Sofrimento que causei ao meu pai Charlie.



Um
sofrimento que ele não merecia, mas eu também não merecia ter perdido a minha
mãe. Por dois anos ela lutou contra a leucemia; eu a vi perdendo a batalha, dia
após dia. Era como se a cada dia um punhal fosse cravado em meu peito. E quando
ela se foi, me senti morrer junto com ela. Eu tinha só doze anos quando eu a
encontrei no seu sono profundo e eternal em sua cama. Ela já tinha se cansado
de ficar indo e vindo do hospital. Acho que no dia que ela tomou a decisão de
não se tratar mais, estava acenando a bandeira da derrota.



O avião
começou a decolar e eu apertei firme o braço da poltrona. Logo meu coração
começou a bater forte e a dor foi aumentando. “-Não era justo... será que eu
estava predestinada a perder as pessoas que eu mais amava?”. A morte outra vez
estava rondando a minha família e dessa vez o alvo era o meu pai.



Meus olhos
se encheram de lágrimas, que logo começavam a escorrer pelo meu rosto. Desde
que fui estudar naquele colégio, não havia um só dia que eu não me arrependesse
de ter causado mais um sofrimento ao meu pai: além da sua amada mulher ter
morrido, sua única filha havia se tornado uma delinquente juvenil. E o pior de
tudo é que ele se culpava pelo que eu havia me tornado.



Lembro-me
bem do dia em que ele me encontrou. Eu estava em uma cela na delegacia de polícia,
num estado deplorável (em nada lembrava aquela garota que ele sempre admirou).
Lembro-me de quando ele me encarou... em seus olhos, ao invés de raiva e
decepção havia somente tristeza.



-Perdoe-me -
ele disse com os olhos cheios de lágrimas. - Isso tudo e minha culpa. Se...se
eu estivesse mais presente e não me enterrado no trabalho, saberia que você
também está sofrendo tanto quanto eu... ou mais. Perdoe-me querida.



Eu o encarei
chocada. Apesar do meu estado mental não fazer sentido, as palavras do meu pai
começaram a me mostrar que ambos fomos egoístas; devíamos ter nos apoiado pra
juntos superarmos a perda da minha mãe Sue. Acabamos sofrendo isoladamente: meu
pai se enterrando completamente no trabalho e eu cometendo loucuras insanas
para a minha idade.



Senti uma
mão aquecer a minha que ainda estava com os dedos encravados no braço da poltrona
do avião, me fazendo voltar à realidade.



-Bella? Você
está bem? - meu tio Carlisle me fitou com tristeza no olhar. - Eu sei que essa
pergunta é imprópria pra essa ocasião... – ele deu um sorriso torto e passou a
outra mão em meu rosto enxugando as lágrimas.



-Só me diga
de novo que ele está bem, tio ... que eu não vou perder ele também... - eu
disse em prantos. - Não vou suportar. – disse, balançado a cabeça negativamente
e mordendo o lábio inferior.



-Oh querida!
- ele disse, me abraçando contra seu peito. - Seu pai é um homem forte, ele vai
se recuperar logo... você vai ver.



-Porque eu
não consigo acreditar em você, tio? - disse fitando aqueles olhos azuis tentando
buscar algo sobre o verdadeiro estado do meu pai. - não minta pra mim, tio! O
estado do meu pai é muito grave não é?



-Bom Bella...



-A verdade,
tio, é que eu não sou mais criança!! - eu falei num tom sério, interrompendo
qualquer mentira que ele pudesse elaborar rápido pra tentar não me deixar
preocupada. Ele respirou fundo e continuou.



-O estado
dele inspira cuidados... - senti uma dor em meu peito ao ouvir isso - mas ele
está bem, querida. Eu falei com ele, e ele que me pediu que viesse te buscar -
ele concluiu pegando em meu queixo e dando um sorriso com os olhos.



-Ok - soltei
num suspiro.



-Agora tente
descansar. Temos um longo caminho até Denver - ele disse, chamando a aeromoça.



Descansar? Como
ele poderia pensar que eu ia conseguir isso? Meu tio era um péssimo mentiroso.
Mas eu não poderia condená-lo por isso, afinal ele também estava sofrendo com o
acidente de carro que meu pai havia sofrido.



“-Como meu
pai foi fazer isso com a gente? Ele sempre foi tão cuidadoso ao volante. Pelo
que meu tio Carlisle me contou, meu pai havia perdido o controle do carro,
batendo de frente com outro carro que vinha na mão oposta. Mas como isso seria
possível? Se Charlie sempre foi cuidadoso com as constantes revisões que
mandava fazer em seu carro... e quando chovia ele era mais lento que um idoso
ao volante. Será que...” - Logo os motivos do acidente estavam ficando claros
em minha mente. Pressionei os lábios e as lágrimas voltaram a deslizar pelo meu
rosto.



-É minha
culpa! – disse, com um nó na garganta. - A culpa é minha...



-Bella?
Bella, querida olhe pra mim - Carlisle disse segurando meu rosto, me fazendo
abrir os olhos e o encarar. - Não diga isso! Acidentes acontecem; ninguém está
livre de sofrer um, por menor que ele seja.



-Tio você
não está entendendo! Meu pai me ligou um dia antes... - eu comecei a falar em
prantos. Respirei fundo e tentei me controlar quando percebi que algumas
pessoas no avião olhavam pra mim. - Ele queria saber se eu iria pra casa passar
as férias escolares com ele... - pausei abaixando a cabeça e pressionando os
lábios. Uma das aeromoças nos interrompeu.



-A senhorita
está bem? - ela disse num tom gentil.



-Tudo bem...
problemas de família. - meu tio disse.



-Oh! Me
desculpe. - ela disse se virando e saindo.



Meu tio me estendeu
um lenço que tirou do bolso do seu paletó. Expurguei as lágrimas, mas
percebendo que o lenço do meu tio não seria suficiente, soltei o cinto de
segurança e levantei pra ir ao banheiro.



-Você está
bem? - Carlisle disse já se colocando em pé.



-Não, mas
vou ficar. Eu só preciso ir ao banheiro. - falei pegando minha nécessaire.


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Notas finais do capítulo

Por favor,deem seus comentários sobre esse primeiro capítulo.Bjs