Lágrimas de Uma Sucessora do Estilo Shinmei escrita por Lexas


Capítulo 5
Capítulo 5




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Não sabia o que era. O que tomava seu ser se mostrava de forma totalmente diferente ao que já estava acostumada. Longe de uma dominação, um controle ou algo parecido, estava mais próximo de uma possessão.

Era uma tola, pensaria em tal coisa se fosse dona de seus pensamentos. Coisa que já não era mais possível...

- Motoko, sua idiota! - Tsuruko esbravejava, cerrando os dentes, ao passo que olhava para Haruka. - olha só o que você fez!

- Eu? Engraçado, não me lembro de ter feito nada...

- Foi você quem deu a espada para ela!

- Ela escolheu isso, sabia?

- Você não tinha o direito de fazer isso!

- Não tinha? Engraçado... quem é que foi até a pensão Hina só para deserdá-la, heim?

- Não foi assim que aconteceu!

- Ah não, claro que não... eu te conheço, Tsuruko!

- Hunf ! Você é tão avoada quanto o Seta!

- Talvez... mas eu não sou cega.

- Tem idéia do que fez? Acabou de destruir a vida dela!

- Eu dei a ela uma escolha, coisa que você não fez.

- Eu fiz isso pensando no futuro dela!

- Ah, claro, obrigando meu sobrinho a se casar com em caso de derrota, e fazendo-a lutar com uma amargura. Sei, grande escolha...

- Sabe muito bem que ela tem uma simpatia pelo senhor Urashima, Haruka.

- Sim... assim como todas as garotas da pensão... mas daí decidir quem fica com quem, aí é uma outra história e... acho melhor ficar mais esperta.

Tsuruko ergue de lado sua arma, bloqueando um ataque total de Motoko, agora possuída pela espada Hina. A mesma recua um pouco, surpreendendo-a. Só soube de tal arma através de lendas, confrontar a mesma era algo totalmente diferente, apesar dela imaginar que uma espada que quase dizimou seu deveria ser deveras poderosa.

Mas as mãos que a controlavam não eram. Eram fracas. Inseguras. Duvidosas de seu caminho.

A mesma bloqueia a lâmina e, virando rapidamente o cabo da espada, bate com o mesmo na face de Motoko, empurrando-a.

- ESTILO SHINMEI! PRIMEIRA TALHADURA!

A diferença de técnicas era óbvia. O resultado obtido por Tsuruko com a primeira talhadura era deveras superior ao que Motoko fazia com a Segunda, de modo que o corpo dela é empurrado para trás, chocando-se violentamente contra o muro, derrubando-a.

- Fraco. Verdadeiro desperdício de tempo, Haruka. Nem para isso a espada serviu.

- E o que fará agora?

- Um casamento. - Ela guardava a arma na bainha. - Acredito que ninguém aqui irá se opor, não é mesmo? - Ela olhava para Keitarô e Motoko, ambos inconscientes. - Como imaginei.

- Espera um pouco, eu sou contra!

- Ah, havia me esquecido de você, senhorita Narusegawa.

- Isso mesmo! Você não vai casar esse paspalho de Keitarô com a pobre da Motoko, a coitada não merece isso!

- Ora, não me diga que a senhora está com ciúmes!

- Ciúmes, eu? Desse idiota? CLARO QUE NÃO!!!

- Então podemos prosseguir.

- ESPERA! Eu... eu... eu não posso permitir isso! O Keitarô não aceitaria isso!

- Bem ... já que ele veio até aqui, então estamos considerando que ele aceitou minha proposta de casar com minha irmã caso perdessem.

- É - Haruka a olhava de rabo-de-olho - Que oferta "irrecusável" você fez para ele! O coitado ficou com tanto medo que veio correndo para Kyoto!

- Bem... é uma maneira de interpretar as coisas. - ela erguia Keitarô - Vamos, senhor Urashima, acorde. O senhor ainda tem que tornar a minha irmã uma mulher, vamos.

- CUIDADO! - Naru grita ao ver Motoko de volta a ação, de forma que Tsuruko coloca Keitarô em seu ombro, vira, saca a espada, faz um corte vertical de cima para baixo e atinge Motoko, detendo seu avanço. No instante seguinte, sua espada parecia brilhar, como se estivesse viva.

- ESTILO SHINMEI! SEGUNDA TALHADURA! ESPADA PURIFICADORA DA ALMA!!!!!

- Tsuruko, sua idiota. - O único comentário de Haruka ao tirar o cigarro da boca.

Ao contrário das demais técnicas do estilo Shinmei, a função da espada purificadora da alma era justamente de purificar o mal, de expurgá-lo sem causar danos físicos a pessoa em si. Tanto que Motoko, apesar de ser atingida com violência, nem se mexe, apenas fica totalmente imóvel, vitima do golpe.

- A grande espada Hina... pelo visto a lenda foi um tanto quanto aumentada através das gerações por causa dos... - ela se joga para o lado, escapando de uma estocada que a teria matado. Havia uma expressão diferente em seu olhar, a qual denotava surpresa.

Ela estava surpresa. Era para Motoko estar livre, se livrar do efeito da espada Hina, mas... mas...

A arma não era tão fraca quanto acabara de dizer. Se podia resistir aquilo, então era muito mais perigosa.

Ela dá um passo para o lado, fazendo um giro com a arma, bloqueando um golpe e abrindo margem para outro.

O qual sua irmã defende. Efeito da espada Hina, obviamente. Além de poderosa, aumentava as habilidades de quem a usava.

- É humilhante - ela bloqueava - ter que perder - o impacto do golpe a joga no chão - para alguém que é você mas não é você, Motoko. - O golpe lateral da espada Hina encontra a arma de Tsuruko, fazendo a mesma ser desarmada.

Fim da linha.

Motoko ergue Hina, pronta para dar o golpe fatal. Seria rápido e limpo, sua irmã não sentiria dor.

- Vá em frente - Tsuruko falava - só assim para você me vencer - a mesma observava o golpe vindo em sua direção - eu estou decepcionada, Motoko. Tremendamente. Esperava mais de você.

As palavras de Tsuruko ecoavam pela mente servil de Motoko. Em momento algum lhe passou pela cabeça que as mesmas seriam filtradas, recebidas pela irmã. Era de conhecimento da mesma, que era a mais poderosa e habilidosa combatente do mal de sua linhagem, que Hina era muitíssimo perigosa. Não fora por menos que seu estilo fora quase extinto pela mesma, quando seu clã resolveu deter seu avanço.

No entanto, eram histórias. Nunca vivenciou todos os verdadeiros poderes de Hina, tudo o que tinha era conhecimento passado de geração à geração, não teve o privilégio de presenciar aquele período sangrento.

Sendo assim, não estava a par da verdadeira natureza de Hina.

- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!

Naru dá um passo para trás, ficando bem ao lado de Haruka. Não podia, não conseguia acreditar que aquela pessoa que estava bem ali na sua frente, gritando como uma fera indomável era aquela que fora sua companheira na hospedaria Hina durante todo esse tempo.

Era inconcebível. Sabia que Motoko fazia parte de uma antiga linhagem de espadachins, mas nunca imaginou algo do tipo, algo como...

- Ela está em conflito. Está lutando contra si mesma.

- Haruka ?

- É Hina. Os conflitos internos de Motoko estão confundindo as percepções de Hina. A mesma está confusa sobre quem atacar, Tsuruko ou Motoko.

- Atacar Motoko? Mas... mas... é ela quem está segurando a espada, ela... ela não faria... não mataria a si mesma, mataria?

- Veja com seus próprios olhos. - Haruka apontava para Motoko, a qual agora apontava Hina para Haruka, mas em seguida apontava a arma para si mesma, em um jogo de troca de vitimas no qual não conseguia chegar a uma definição sobre quem deveria atacar.

- Resista, Motoko! - Gritava Tsuruko. - Não se deixe dominar! - Ela continuava, embora duvidasse que sua irmã fosse capaz. Sabia muito bem que guerreiros mais poderosos e treinados falharam no mesmo ponto que ela.

Mas, mesmo assim, ela continuava incentivando-a. Não por querer dar a ela um fio de esperança, mas por ser sua irmã. Tinha o dever, não, a obrigação de garantir a felicidade de Motoko, independente do caminho que ela resolvesse seguir.

Indecisão. Medo. Insegurança. Partes da personalidade de Motoko. Facetas que se adicionaram a ela com o passar do tempo e a mesma não fora capaz de superar.

Mas ela tinha que tentar. Nem que por alguns instantes. Nem que por apenas um único momento em toda a existência. Ela nunca se perdoaria se a vida da irmã fosse desperdiçada, em todos os sentidos. A mesma optou pelo matrimônio, fez sua decisão para ser feliz. Não podia decidir para Motoko, mas podia mostrar a mesma que ela tanto quanto qualquer pessoa tinham o direito de tomarem suas decisões independente do que as demais pessoas iriam pensar.

Mas que bela forma de ajudá-la, pensava. No fim, deu tudo errado. Ela fez tudo dar errado. Podia ter chegado de mansinho, agido com mais calma mas, como sempre, preferiu resolver as coisas ao seu modo.

Motoko não resistiu. Era pressão demais para para ela. No fim, tomou a decisão que lhe garantiria o resultado mais rápido.

A quem estava querendo enganar? Motoko não queria decidir, isso sim. Confiou a Hina o rumo do seu futuro. Como sempre, estava decidindo seu futuro através de terceiros.

Não. Estava enganada.

Pode não ter sido a melhor decisão a ser tomada, se deixar possuir por Hina, mas... foi a decisão de Motoko. A decisão que ela tomou.

- MOTOKO!!! - Ela gritava, vendo no momento seguinte a irmã seguir com a lâmina de Hina em direção à sua barriga.

Tsuruko arregalou os olhos quando viu aquilo, o som de carne sendo perfurada, o sangue escorrendo livremente pelo ar, manchando seu rosto.

Não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não... não...

- NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!! MOTOKO!!!!!!

- KEITARÔ!!!! - Naru gritava, tendo um terror irracional nos olhos.

Tsuruko arregala os olhos, espantada com aquilo. Aquele rapaz que ela "incentivou" a ajudar Motoko, ele... ele estava parado bem atrás dela! Com uma das mãos ele segurava o braço dela, e com a outra, ele... ele bloqueou o golpe da espada com a mão! Na verdade, a lâmina de Hina estava encravada em sua mão, a qual jorrava sangue.

- Não faça isso - ele falava - não vale a pena morrer, Motoko-chan. Você é uma garota tão bonita... seria um desperdício jogar tudo isso fora. Eu não sei o que aconteceu com você, não sei mesmo... mas eu te conheço o suficiente para dizer que, por pior que esteja a situação, a Motoko que eu conheço jamais desistiria desse jeito. A primeira vez que nos encontramos, quando você usou aquele seu golpe contra mim... lembro-me das vezes em que você tentava mudar esse eu jeito de ser com sua espada, quando fomos para longe para você conseguir dominar seu golpe e enfrentar Seta... ahhhhh !!!! - A lâmina de Hina se encravava mais em Keitarô, mas o mesmo ao invés de recuar, empurrava a palma da mão para frente, visando impedir que a lâmina tocasse em Motoko. - Já recebi tantas vezes o seu golpe que acho que acabei desenvolvendo algum tipo de imunidade, sabe - ele dava uma gostosa risada, a qual fez a mesma se contorcer um pouco - e daquela vem em que você estava com febre e achou que estava apaixonada por mim, lembra? - A pressão na espada diminuía um pouco. - Foi engraçado, sabe... foi a primeira vez que você tentou me matar em um confronto direto, mas algo deu errado... e da vez que eu fiz a Shinobu chorar e você me atacou... de novo? Acho que perdi a conta das vezes em que isso aconteceu, né? - O pescoço de Motoko pendia para o lado. - Mas se tem uma ocasião da qual eu me lembro foi quando você me desafiou, dizendo que iria fazer eu mudar nem que fosse na marra e perdeu, daí eu escolhi como prêmio te deixar mais feminina, lembra? - Ele sussurrava no ouvido dela - Lembro-me que você ficou uma graça, Motoko-chan. - ele dizia, em meio a um sorriso. - Ops, não me mate!!!

No entanto, longe disso, a reação foi totalmente inesperada . Ao menos para Tsuruko.

Motoko, ela...

Estava chorando.

Lágrimas vertiam daqueles olhos sem vida, possuídos pela vontade da espada. Olhos desprovidos de vontade, desprovidos de afeto, de amor, de carinho...

Mas, acima de tudo, olhos que vertiam lágrimas.

Lágrimas de uma garota, em meio a um inferno.

Lágrimas de uma moça, perdida em meio ao seu destino.

Lágrimas de uma adolescente, insegura e confusa em relação ao seu futuro.

Lágrimas de uma sucessora do estilo Shinmei.

O som do metal é ouvido bem alto, quando Hina cai das mãos de Motoko e se choca contra o chão.

Isso por si só espanta Tsuruko, na verdade, a deixa impressionada. Aquele rapaz tinha o sangue forte da família Urashima, fora capaz de escapar dos efeitos do golpe que ela usou contra ele, o qual o imobilizaria por dias, e ainda por cima fora capaz de continuar de pé depois de ser ferido por Hina.
Quanto a usa irmã...

Motoko, ela... ela conseguiu quebrar o encanto de Hina... por si própria! Fez tal coisa através de suas próprias forças!

Com uma das mãos, ela apertava seu próprio punho, com a outra, tocava gentilmente na mão ferida de Keitarô. Aquilo devia ter doído. Muito.

Mas ele não recuou em momento algum. Na verdade, sabia o que acontecia naquele momento. Hina não apenas feria gravemente, como também sugava as energias das pessoas. Se ela fosse atingida, sua essência seria sugada por Hina. Muito provavelmente a mesma morreria.

- Keitarô...

- Que bom que você voltou a si, Motoko-chan! Fiquei preocupado. - Ele falava, ignorando a dor do ferida. - Pensei que nunca mais a veria!

- Ke-ke-Keitarô... Urashima...

- Vamos embora daqui... não precisa fazer o que sua irmã quer, você... eu... todos nós te queremos de volta. Su, Shinobu, Kitsune, Mutsumi, Naru, Haruka... todos te queremos bem . E daí o que sua irmã pensa? Não tem que definir sua vida com base no que ela decidir. Não precisa.

- U-u-Ura... shima...

- Todos nós precisamos de você... eu preciso de você... todos querem seu bem, Motoko. - Ela se aconchegava mais no abraço dele, o qual estava muito gostoso. - Mesmo que não vença sua irmã, isso não fará a menor diferença, pois para nós, será a mesma Motoko de sempre.

- O-o-obrigado, Urashima. - Ela levava a mão até o rosto e enxugava as lágrimas, quando se dá conta que usara a mão que estava tampando o ferimento de Keitarô. O mesmo a largava, dando alguns passos para trás.

- Acho que... não me sinto... muito... bem... - Ele caía, no chão. Motoko se abaixa, encostando a mão no peito do mesmo.

- Exaustão.

- O senhor Urashima é muito resistente - falava Tsuruko - teve a energia drenada por Hina e continua vivo...

- Ele é imortal - ela falava - mas seu maior poder é sua maturidade e compreensão.

- Motoko... eu sempre quis o seu bem, sempre quis te guiar para um caminho que você pudesse escolher... mas você sempre teve essa deficiência, essa sua indecisão... tal coisa começou quando eu me casei e perdurou por todos esses anos... agora é a hora, irmã. Hora de você deixar seus fantasmas para trás e começar uma nova vida, sem seus fantasmas.

- ......

- Motoko?

- ......

- Irmã?

- ......

- Motoko?

- Mesmo que isso seja verdade... eu preciso cair primeiro para depois me levantar. - Ela se abaixava rapidamente, pegando sua espada e saltando para trás, correndo na direção de Tsuruko com esta desembainhada.

Ela arregala os olhos novamente, ao fitar os olhos de Motoko.

Mortos. Ela... ela pegou Hina! Ela optou por empunhar a espada novamente!

- Tola! Isso tudo não adiantou de nada? Continua dando sue destino nas mãos de outras pessoas por que não consegue...

Tsuruko pega sua espada e a ergue a tempo, bloqueando seu ataque por completo.

Mas não de forma perfeita, visto que sentia um forte corte no braço esquerdo.

Enquanto isso, parada a poucos metros atrás dela, estava Motoko.

Sua pose demonstrava uma força nova emanando de seu espírito, desejosa de se libertar.

Pois, quem se aproximasse naquele momento, veria algo curioso em sua face.

Ela sorria.

Ela se abaixa, pegando sua outra espada a qual havia escapado de sua mão antes e salta para cima do muro, fitando sua irmã. Flexionando seus joelhos e colocando tudo de si ali, Motoko salta.

Tsuruko arregala os olhos. Motoko, ela...

Ela dominou a espada! Conseguiu controlar Hina!

Mas... como era possível? Guerreiros melhores falharam, como uma simples aprendiz podia...

Não, não era tempo para ficar pensando naquilo. Motoko dominou Hina, essa era a verdade. Podia simplesmente lhe dar as costas e seguir com sua vida, mas decidiu antes acertar seus compromissos com seu clã.

Foi a decisão que ela tomou.

- Meus parabéns, Motoko. - Ela embainhava a espada. - Vejo que você cresceu. E vejo que prefere continuar com o acordo, não é mesmo? Pois bem, vejamos se você está altura se de tornar a nova sucessora do estilo Shinmei. -- Tsuruko coloca a mão no cabo da espada embainhada, pressionando-o com força e sacando sua arma com uma potência tremenda- TÉCNICA SECRETA DO ESTILO SHINMEI! TERCEIRA TALHADURA: ASCENSÃO DOS DOZE SAMURAIS CELESTIAIS!!!!

Ascensão. A técnica que conseguiu selar o poder de Hina em sua última investida. As lendas falavam dessa técnica poderosa, e Motoko realmente achou que, se houvesse alguém na época atual que a detivesse, seria sua irmã.

Mas aquele era o grande momento, a hora da verdade. Agora iria decidir de uma vez seu futuro. Não, não seu futuro, mas o rumo que daria ao mesmo, o direito de decidir, de tomar suas próprias decisões.

Não fazia isso por ela, por Tsuruko ou por Urashima... não, fazia isso por si mesma. Se fosse capaz de dar sua vida pelos seus sonhos... então, era verdadeiro.

Motoko estica os braços, segurando Hina em uma mão e sua espada na outra, ao passo que rodopiava com um tornado. Era agora. O momento da verdade.

- ESTILO SHINMEI! DUPLA-SEGUNDA TALHADURA: DANÇA DA ESTRELA CADENTE PRATEADA!!!!

Durante a queda, os golpes se encontram. Ambas as técnicas eram devastadoras, de forma que Naru e um inconsciente Keitarô eram arremessados para trás. O giro de Motoko a fazia parecer um furacão prateado, enquanto se chocava contra Tsuruko, em um embate no qual a estrela enfrentava os samurais, com resultados inesperados.

A paisagem local começava a se distorcer, o choque de técnicas arrancava árvores, pedaços do chão e empurrava tudo o mais que encontrava pelo caminho. Observando tudo, Haruka apenas admirava a enorme evolução de Motoko. Comparada com a Motoko de poucos minutos atrás, está Motoko estava muito mais evoluída.

E... que talento possuía! Em verdade sabia que a técnica ancestral de Tsuruko, a qual só era passada para aqueles com talento para serem mestres, jamais seria derrotada por uma técnica adaptada de última hora, de modo que boa parte do poder do golpe vinha da espada Hina, mas Motoko tinha o mérito de ter conseguido dominar a mesma em um curto espaço de tempo. Era até um pecado dar todo o espaço ao talento, sem considerar o esforço da mesma.

Naru se ergue a duras penas, percebendo que não era mais impulsionada. Tsuruko estava parada bem em frente a Motoko, a qual estava ajoelhada e arfando, sem as espadas, as quais estavam caídas longe dela.

- Impressionante - falava Tsuruko, contemplando aquilo - realmente foi impressionante... nossa mãe costumava falar que os guerreiros da era atual são habilidosos, mas não se comparavam com os de antigamente, na época dos grandes expurgos de demônios. Ela se orgulharia de você, Motoko. Ninguém acreditaria nisso se não visse. Eu não acreditaria. Os criadores do n osso estilo ficariam imensamente orgulhosos ao saberem disso, na verdade. - Ela dava um sorriso, olhando para o céu - Acho que estão lá encima com um sorriso de um lado ao outro do rosto, todos eles, todos os nossos antecessores, surpresos ao presenciarem o dia em que os samurais não foram capazes de ascender o suficiente para impedir a queda da estrela. - Tsuruko falava, enquanto uma rachadura se formava em sua arma, a qual se despedaçava em vários pedaços, ao passo que um corte surgia nela, fazendo-a cair violentamente, só não se machucando ainda mais por que Motoko a segurou. - Argh... nada mal, Motoko... nada mal... Dupla-talhadura... realmente eu estou impressionada... pare de chorar, isso não combina com você, não agora, minha cara sucessora do estilo Shinmei...

***

Seria um longo trajeto. Suficiente para descansar um pouco e repensar em tudo o que aconteceu.

(In)Felizmente, estava sozinha, ou melhor, quase sozinha, já que Haruka, em outra parte do vagão, a acompanhava. Keitarô acabou se desgastando tanto, que não poderia voltar para a pensão junto com ela, de modo que Naru ficou para cuidar dele. Em outro banco um pouco mais afastado dela, Haruka observava a paisagem.

Palavras não precisavam ser trocadas. Ambas sabiam, ambas compreendiam o que aconteceu naquele dia.

E Naru também. Teria coragem de olhar nos olhos dela novamente depois daquilo?

Teria que tentar. Fora justamente esse o motivo para ter vindo na frente. Se dependesse da mesma, teria ficado para cuidar de Urashima.

Urashima. Keitarô Nunca quis admitir tal coisa mas, acima de tudo... além de todas as expectativas, ela gostava dele.

Não, mais do que isso, ela o amava.

Não um Amor Adolescente, como o que Shinobu sentia, este era diferente. Amava-o por completo, até o fundo da alma, em cada célula de seu corpo.

E, acima de tudo, se sentia amada. Não da forma que queria, mas se sentia.

Ele... ele gostava dela, disso não havia dúvidas. Gostava da presença dela, de sua companhia. Isso por si só já era algo magnifico.

Mas... faltava algo. Algo mais do que isso lhe fazia falta. Sabia o que era, de modo que só tinha que se esforçar um pouco mais.

A garotinha da promessa.

Quem seria ? Nunca conseguiu imaginar.

Aquele era O Dilema de Motoko.

Melhor dizendo, aquele ERA o dilema de Motoko. O que sentia por Urashima, não, Keitarô, suplantava coisas insignificantes como promessas e...

Como podia ser capaz de pensar dessa forma? Mais importante do que uma promessa? Tola! Era tal coisa que mais a cativava, a maneira como ele levava até o fim seus compromissos.

Keitarô havia prometido entrar para a Universidade de Tóquio, aonde encontraria a garota da promessa.

Ela o ajudaria a cumprir essa promessa mas, uma vez cumprida, não estava disposta a abrir mão dele para uma desconhecida.

Mesmo que essa "desconhecida" fosse uma de suas amigas.

Havia conseguido a benção de sua irmã para partir e continuar estudando. Em seu colo, Hina repousava. Não acreditava que fora capaz de tal feito... mas sabia que devia tudo ao apoio de Urashima, não, Keitarô. O apoio que ele lhe deu, o afeto, carinho, a confiança... se não fosse por ele, nada seria possível.

A mesma deixava escapar um leve sorriso, deliciando-se com a súbita idéia. Ele estaria de volta à pensão Hinata em alguns dias... tempo, muito tempo... tempo suficiente para ela lhe fazer uma surpresa, se preparar para ele.

Acabou vencendo sua irmã e impedindo-o de assumir um compromisso forçado. No entanto, sem que o mesmo percebesse, acabou assumindo um outro compromisso naquele momento.

O de tornar Motoko feliz até o fim de seus dias.

E ela iria se esforçar ao máximo para retribuir tal gesto.

Sabia que Naru ficaria muito brava. Shinobu choraria, as demais nem valia a pena contar... mas da parte dela, estava decidida. Iria lutar com todas as forças pelo amor de Keitarô, custe o que custar.

E ela estava disposta a dar tudo de si para conseguir o prêmio absoluto, do contrário, recusava-se a se chamar de sucessora do estilo Shinmei.

O sol entrava pela janela, tocando em seus cabelos lisos. Ela dava um sorriso maroto. Muita coisa aconteceu em poucas horas, muito foi compartilhado, muito foi descoberto, muito foi dito, muito foi escondido.

O dia seguinte seria um ótimo dia, disso ela tinha certeza.

E como seria...

Fim



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Notas finais do capítulo

Pois é, acabou. Finalmente acabou este fanfic. Para os que estavam acompanhando, peço minhas mais sinceras desculpas, mas eu havia travado, e não queria escrever um capítulo que eu consideraria ruim, sem a essência da história. Acredito que tenha conseguido atingir o objetivo da história, tendo em base o ponto no qual ela começou. Sei que muitos devem ter estranhado esse final, tendo em vista que o mangá de Love Hina já chegou ao fim no Brasil, mas gostaria de lembrá-los mais uma vez que ele tem como base os volumes 17 e 18 (tá certo, no começo só o 17, os capítulos seguintes tem como base o 18) e por isso alguns fatos relatados aqui seguem um rumo diferente do relatado na história original, portanto, não me crucifiquem . Tinham me pedido para escrever algo mais de Love Hina depois do fanfic "Amor Adolescente", daí não perdi a oportunidade depois de ler o volume 17 . A principio era uma história de um capítulo só, mas fiquei tão inspirado quando li o volume seguinte que coloquei mãos a obra e resolvi dar um final alternativo ao combate entre as irmãs Aoyama. Particularmente falando, sempre considerei o Keitarô bastante maduro, o problema dele é que ele é muito atrapalhado. Espero não ter fugido muito da essência de Love Hina, mas isso são vocês quem dirão. Por hora é só, vou aproveitar para terminar outros fanfics meus. Mas não é o fim da minha viagem por Love Hina, tenham certeza disso! Quando menos esperarem, algo novo pode estar pintando por aí...

Lexas (joaotjr@hotmail.com)

Lágrimas de uma sucessora do Estilo Shinmei

Iniciado: Nem me lembro, só sei que na época o volume 17 de Love Hina tinha acabado de sair nas bancas ^__* !!!

Data de Finalização: Dia 22 de julho de 2003, as 20:44 hs, pra ser mais preciso, enquanto eu escutava "Break up", música de digivolução de Digimon 2!!!!

Correção Gramatical : Iniciado às 20:20hs do dia 24/07/2003 e finalizado no mesmo dia às 20:50, enquanto eu escutava "Keep on Callin", música de finalização do anime Fatal Fury 2!!!

Obrigado a todos os que leram e comentaram, aos que leram e não comentaram, aos que me apoiaram, que me incentivaram a continuar escrevendo, aos que disseram que não gostaram, pois o que seria do azul se todos gostassem só do vermelho?

Valeu, gente!!!!


Ah, sim... quero agradecer ao Verythrax Draconis pela ajuda na hora de revisar a fic. Valeu, Very-kun! E também quero agradecer pela tradução que você fez da fic "O Dilema de Motoko", o fic que me inspirou a escrever sobre Love Hina.



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