Eu estava na minha casa, em um dos raros momentos em que eu não tinha nada para fazer. Minha agenda era muito apertada, mas valia à pena quando eu via meu nome na lista das mais bem sucedidas advogadas do país.

Ouvi a campainha tocar e fui atender. Só podiam ser duas pessoas numa hora dessas.

- Mãe! Pai! – Dei um beijo no rosto de cada um e abri caminho para eles entrarem.

- Você nunca mais apareceu lá em casa, então resolvemos te fazer uma visitinha. – Disse minha mãe dando um sorriso doce, mas que mostrava um pouco de ressentimento.

Minha mãe Renée é uma mistura incomum de imaturidade e sensibilidade. Vive perdendo tudo e fazendo coisas irresponsáveis, mas por outro lado chorava por qualquer coisa e achava que eu a estava abandonando por qualquer motivo.

- Renée, deixe a garota descansar. Não vê que ela está ocupada? – Meu pai disse.

Charlie era totalmente diferente. Ele era muito tranqüilo e quase nada o deixava preocupado. Além disso, tentava se meter o menos possível na minha vida.

O casal era realmente muito incomum, mas era feliz. Acho que a famosa frase os opostos se atraem era bem verdadeira, pelo menos nessa situação. Eles se ajudavam, e eu não conseguia ver meu pai sem os exageros da minha mãe, e nem minha mãe sem os cuidados do meu pai.

Sentamos e começamos a colocar os assuntos em dia.

- E então mãe? Como vão as coisas na escola? – Perguntei. Minha mãe era professora. Eu mesma tinha estudado com ela, na Forks High School, então eu tinha um grande carinho por aquela escola.

- Está tudo ótimo querida. Vamos ter uma competição entre escolas daqui a mais ou menos um mês. Música, dança, tudo.

- Que bom!

- Você vai, não é? – Minha mãe perguntou. Eu hesitei, não sabia se iria ter tempo, mas eu não resisti àqueles olinhos me fitando.

- Claro, mãe. Vou estar lá torcendo por vocês. – Eu só esperava conseguir cumprir minha promessa.

- Obrigada filha. – Ela disse e me abraçou.

Eu ia perguntar como a delegacia estava, mas fiquei com medo que meu pai dissesse que tava acontecendo alguma competição e pedisse para eu ir também. Tá, isso era muito improvável, mas de qualquer forma decidi deixar o assunto para lá. Continuamos conversando sobre amenidades quando vimos que já estava muito tarde.

- Vamos Renée. – Disse meu pai já se levantando. Ele me deu um beijo na bochecha e minha mãe fez a mesma coisa.

Acordei cedo no outro dia, tomei meu banho e fui pagar meu carro para ir ao escritório.

O dia foi bem monótono, estava trabalhando em um caso relativamente fácil, mas ainda havia alguns detalhes para minha certeza de vitória. A audiência final era amanhã.

Quando eu saí do trabalho resolvi ir para a casa de um dos únicos amigos que eu tinha: Jasper Hale. Ele servia no exercito, mas seus pais morreram e lhe deixaram uma gorda herança, então ele resolveu se aposentar. Eu sabia que ele tinha uma irmã que também era advogada, chamada Rosálie, mas nunca tinha visto ela.

Chequei no portão tão conhecido por mim e bati na porta. Ele me deu um grande sorriso e abriu caminho para eu entrar.

- Ei Bella! Algo novo? – Ele perguntou enquanto eu entrava na casa já bem familiar para mim.

- Nada. E você?

- Também não. – Deu de ombros.

Vi um sutiã jogado no outro lado da sala. Ah, isso é tão... Jasper.

- Noite boa. – Sorri.

- Hã? – Ele rodou a cabeça pela sala e viu o sutiã. Corou.

- Qual o nome dela?

- Maria. – Ele deu um sorrisinho.

 - Maria? Bem , to vendo que de santa essa Maria não tem nada. – Ri da minha própria piada e Jasper riu também. Quando eu estava com ele era tão fácil sorrir.

- E você senhorita Bella, quando vai achar “a tampa da sua panela”? – Ele fez aspas com as mãos.

- Eu também gostaria de saber. Mas no momento tenho coisas mais importantes para fazer.

- Tipo...? – Ele perguntou.

- Meus casos. Eu tenho um amanhã, e to bem confiante. – Disse orgulhosa.

- Você sempre está confiante, né senhorita modéstia. – Seu tom era provocante.

- Claro! Se eu não acreditar em mim, quem vai?

- Han... Eu? – A pergunta era retórica, mas tenho que admitir, a resposta dele foi fofa. Mesmo assim resolvi implicar.

- Ah, você acredita até que aquela bosta de time vai ganhar o Campeonato Brasileiro!

- Ei, seu time que é uma bosta. – Ele disse fazendo biquinho e eu ri. Era tão fácil implicar com o Jay.

Conversamos por mais um tempo e, como sempre, o tempo voou.

- Meu Deus! Já são 22h? Jasper, amanhã eu tenho um caso para resolver cedo, então até outro dia. – Disse já dando um beijo em sua bochecha.

- Tudo bem. – Ele me deu um beijo na testa, para ele era até mais fácil, já que ele era muito mais alto que eu. – Aparece mais vezes! – Disse enquanto eu já saía pela porta.

- Claro. Tchau Jay! – Gritei, porque a essa hora eu já estava um pouco longe.

- Tchau! – Ouvi ele gritando de volta.

Eu quase não conseguia acreditar em como o tempo passou rápido! Mas eu estava dirigindo de volta para casa, e nem era tão tarde assim, então tudo ficaria bem.

Passei em frente a empresa de carros C&V. Era um empresa importante, e eu tinha um cliente lá: Aro Volturi. Ele tinha um sócio muito lindo, Edward Cullen. Tenho que dizer: “Oh homem”. Mas eles não se davam bem.

As famílias Cullen e Volturi estavam brigando pela liderança da empresa já fazia algum tempo. No momento os Volturi estavam ganhando. Aro tinha a presidência.

Cheguei em casa e quando começo a me preparar para dormir o meu celular toca.

Aro Volturi. Aparecia no visor. É só pensar nele que ele aparece, impressionante. O que será que aconteceu? Os casos que eu defendia para ele geralmente eram fúteis, mas ele pagava bem, então eu não tinha do que reclamar.

- Alô.

- Bella? – Não, minha vó. Paciência.

- Sim.

- Aqui é o Aro. – Eu sei ler, seu idiota.

- Claro. O que você quer. – Falei com o tom doce. Uma grande falsidade. Como ele liga tão tarde? Eu quero dormir!

- Tenho um caso para você. – Vai processar quem por danos morais dessa vez?

- O que aconteceu?

- Assassinaram minha filha, Jane Volturi. Tenho certeza que foi o Edward, e você vai provar isso.