My Darkness escrita por Lúcia Hill


Capítulo 3
Chapter -Kindness


Notas iniciais do capítulo

As vezes quando falamos demais acabamos entrando em uma fria, maldita hora em que Eloise resolve falar mau da familia Easton.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/134132/chapter/3

As noites de Outono apenas estavam no começo. Eloise, como sempre, se arrumava apressadamente enquanto isso seu celular tocava em meio à bagunça.

– Cadê você?! - procurava o aparelho desesperam ente em meio a bagunça de roupas sobre a cama. – Aqui! - finalmente tinha achado o aparelho – Alô? Fala Robert!

– Lise cadê você, menina? Esqueci minhas chaves em casa. - murmurou coçando a cabeça.

– Já chego ai. - falava enquanto colocava sua calça.

– Mas ande logo! Já são 19h00 e os clientes estão chegando.

– Estou indo Robert. – disse enquanto remexia sua bagunça para pegar seu relógio.

Correu para o armário pegou uma blusa cólon de gola alta, e saiu correndo pelo corredor descendo as escadas da velha pensão.

– Atrasada pequena Eloise? – a senhora Bouchard tinha um belo sorriso no rosto.

–Sim, como sempre nona. – parou entregou as chaves para a senhora – Aliás, iria pedir para que avisasse a faxineira parar de colocar aqueles benditos trequinhos de cheiro no meu guarda-roupa. Poxa, aquilo fede! - fez uma careta.

– Tudo bem. – riu da expressão do rosto da garota. – Agora vai antes que o seu patrão venha aqui pra te buscar.

Eloise apenas sorriu e com passos apresados foi para velha caminhonete, tirou a chave do bolso da calça com tamanha pressa que acabou caindo no chão.

– Droga! – praguejou alto.

Mas uma sensação de estar sendo vigiada a fez se virar para verificar se não tinha nem um maluco tentando roubá-la novamente, pegou as chaves e abriu a porta, para sua sorte, a velha Cherb não negou e pegou de primeira.

– Te amo minha Cherb. – colocou na primeira e saiu.

Damon estava encostado na janela observando a caminhonete virar a esquina, essa seria uma presa fácil para ele. Depois de uns dez minutos encostou-se ao veiculo e desceu correndo.

– Pensei em derrubar a porta, Lise. – Robert fez uma careta seguido de um belo sorriso. – Vamos ande, as chaves. - pediu enquanto a encarava.

– Falei que chegaria na hora certa seu Robert. – sorriu e entregou a chave para ele.

– Ainda bem que só tenho você como funcionária mocinha. – colocou a chave na porta e a girou abrindo o local.

– Pois é... – riu e entrou logo atrás dele.

Aquela noite seria a mais fria em St John's, pois aquele outono estava sendo bem rigoroso. Após Eloise abrir as janelas para arejar o ambiente voltou para o balcão para colocar seu avental, a movimentação estava começando fraca naquela noite de sexta, mas alguns minutos depois o movimento aumentava.

– Ei moça! – berrou um menino no fundo do bar já visivelmente bêbado.

– Droga! – praguejou baixinho, mas foi lá ver.

Estava difícil de andar com tanta gente encostada no balcão, para sua surpresa ao se aproximar da mesa reconheceu o babaca da época de colegial.

– O que vai ser? – bufou pegando o bloquinho de dentro do avental para anotar o pedido.

– Qual é! Eloise? – encarou-a deixando sem jeito, ele era o tipo de garoto que toda menina sonhava: alto, musculoso, sensual e popular. – Você trabalha aqui?

–Sim. – evitou encará-lo. Estava começando a se constranger na presença dos outros rapazes que estavam na mesa. – O que vai ser?

– Você ainda encontra aqueles inúteis do clube de livros? Ah, vocês lembram? – virou-se para os outros rapazes. – Como era mesmo o nome dos fracassados? – fazendo todos rirem.

Eloise engoliu em seco. Ah, como adoraria sentar um soco bem no meio daquele rosto perfeito e arrogante de Bryan! Arqueou uma das sobrancelhas claras e o fitou.

– Qual é a sua babaca? – se irritou de vez e destilou seu ódio na direção do rapaz – Estou cheia de ficar aqui ouvindo esses papinhos de pessoas inúteis iguais a você! E daí se você era o capitão do maldito time de rock do colégio? – todos ficaram paralisados ouvindo a garota cuspir xingamentos para Bryan, que apenas mantinha um sorriso maldito no rosto. – Aliás, você está vendo aquele cara ali? – apontou para o velho Durrel sentado enchendo a cara. – É seu futuro, cretino maldito! Fama você terá até a universidade, depois você arranja uma vadia que te deixa no fundo do poço. – arrancou a folha do bloquinho e jogou na cara dele.

Todos da mesa caíram na gargalhada.

– Qual é a graça? – observou os outros que rindo dele. – Vadia cretina! – grunhiu tomando um gole de sua cerveja.

– Ah, qual é Bryan? Deixa a garota em paz. – Don segurou no ombro do amigo. – Não liga pra essas coisas não. Vamos beber! – levantou o copo de cerveja.

Eloise entrou no balcão com uma feição nada amistosa.

– Me diga que você não falou mal o cretino do Bryan Easton? – a encarou esperando uma resposta.

Ela se virou para ele fez uma careta.

–Ah, Robert. – apertou com força a garrafa sobre a pia – Aquele desgraçado vive me enchendo a paciência.

– Eloise, esqueceu que os Easton são uma das famílias mais influentes do país? – ele falava igual o velho doido que morava na pensão. – Se ele quiser nos fechar é em um piscar e pronto.

Ela apenas ouviu calada, não suportava a ideia de ter que tratar Bryan como um rei, logo aquele cretino!

Que morra! – pensou mirando o garoto na mesa dos fundos fazendo uma zona, mal percebeu o rapaz de preto em sua frente que sorria da expressão de ódio da garota.

– Quer realmente que ele morra? – nunca tinha ouvido uma voz tão sensual quanto aquela.

Levou um susto deixando o copo se espatifar no chão, o rapaz tinha os olhos azuis fixos nela fazendo-a se sentir incomodada.

– É-é... – gaguejou. – Não, mas como...? – foi interrompida por Robert que se aproximou.

– Deixe que eu atendo o rapaz, vá limpar isso. – ele ordenou para a garota que estava completamente paralisada. – Eloise, está me ouvindo? – repetiu ele a encarando.

– T-Tô – se voltou para encarar Robert que estava de braços cruzados – Desculpa Robert! – saiu rapidamente dali.

– Vai querer o quê? – encarou o rapaz.

– Me vê um uísque mesmo. – girou no banco encarando a mesa dos garotos que faziam a farra e fez uma careta.

Estava sendo uma noite bem estranha para ela reparou que a porta dos fundos estava aberta.

– Mas quem a abriu? – se questionou e a fechou. – O Robert está ficando maluco deixando isso aberto.

Depois de fechar a porta e retornou para o salão cheio. Era uma visão deprimente. Se encaminhou até o balcão para pegar o copo quebrado, mas reparou que o tal rapaz tinha sumido, pegou os cacos com muito cuidado para não se cortar.

– Sabe que você tem razão? – Robert se aproximou dela.

– Do quê? – se levantou com o saco cheio de cacos. – Sobre os Easton? – o encarou com um sorriso de vitoriosa.

– Não. – ele encarou a porta depois se voltou para ela, já não havia o sorriso no rosto da garota.

– Então do quê?

– De começarmos estocar as bebidas para o inverno. – disse servindo um casal que estava no balcão.

– Aff, Robert! – bufou e saiu indignada dali.

Encaminhou-se para a portinha dos fundos com o saco de cacos.

– Ah, qual é desses cretinos? Até parece que o velho senhor Todd Easton é o maldito presidente! – praguejou com a voz alta.

Não sabia que estava fazendo uma grande besteira. Enfiou o saco no latão de lixo, mas acabou dando de cara com Bryan com um sorriso nada amigável encostado na parede.

– Falava do meu avô, Eloise? – desencostou da parede e foi a passos lentos na direção dela, deixando-a apavorada.

–N-Não. – sentiu seu coração gelar de medo. – Agora saia da minha frente preciso trabalhar ao contrario de você. – disse sem encará-lo.

– Não, primeiro vai me falar por que estava falando do meu avô, depois pensarei em deixar você entrar. – se aproximou, fazendo-a recuar.

– Não é da sua conta o que penso, garoto! – berrou na direção dele – Agora sai da minha frente seu babaca.

Ele se aproximou mais dela a passos rápidos, mas ela sentiu um arrepio na coluna e sua atenção foi desviada para uma voz estranha que saia do escuro.

– Qual é garoto, não ouviu a menina? – Damon saiu da escuridão deixando ambos surpresos com a presença dele ali, ele se virou para Eloise que estava igual a uma estátua de tanto medo. – Agora seja um bom garotinho do papai e cai fora daqui! – ordenou ainda encarando a garota.

– Quem é você babaca? – o garoto arqueou uma sobrancelha furiosa com a presença dele ali.

– Não te interessa quem eu seja, você não vai querer saber. – mostrou um belo sorriso aumentando a fúria de Bryan - Está esperando o quê?

– Caia fora você daqui. Meu papo é com ela. – virou-se para Eloise que ainda estava assustada.

– Então, vamos perguntar se ela quer conversar com você. – ele aproximou-se de Eloise. – Você tem algum assunto pendente com esse inútil? – a encarou.

– N-Não – aparentava nervosismo com a presença de ambos. – Nunca tive papo com ele. – parecia estar em transe.

– Então, ouviu a garota? Saia daqui ou... – coçou o queixo e o fitou.

– O que vai fazer? – desafiou.

Era tudo que Damon precisava, uma boa surra faria com que o rapaz se afastar dali. Ele lentamente chegou ao rapaz e a moça.

– Não pense que sou um garoto como você. – ele tinha razão, um vampiro com a idade dele poderia matar um humano com apenas um soco, pela sua agilidade e força.

– O que você quer, hein? – o encarou tirando uma faca do bolso fazendo Eloise se afastar diante ameaça, mas Damon não se mexeu.

– Vai fazer o quê com isso? – apontou para o objeto afiado na mão do rapaz – Me furar?

– E por que não? – girava a faca no ar tentando se mostrar ameaçador.

– Olhe pra você rapaz, esta embriagado. – mantinha os olhos fixos nele. – Agora saia! Me dê esta faca antes que eu enfie no seu estômago. – ordenou adentrando na mente do rapaz.

Bryan se moveu deixando a faca cair no chão, estava perturbado, mas acabou sumindo pelo lado do bar. Damon se virou e reparou que a garota estava paralisada de medo.

– Irá ficar aí pra ele voltar e te atacar? – olha quem estava dizendo, um caçador nato como ele.

Eloise entrou rapidamente no bar, Damon riu da atitude da garota. Como pôde desperdiçar uma refeição tão fácil igual aquela?

– Você está bem? – Robert se aproximou ao ver como ela estava branca e trêmula sentada no banquinho da sala do fundo. – Eloise? – insistiu ele sacudindo-a pelos ombros.

–T-Tô é que.. – gaguejou.

– O que houve? – ele estava ficando assustado – Alguém tentou agarra-la? Garota, me responda vamos!

– Não. – saiu como um sussurro. – Apenas vi um lobo lá trás – mentiu.

– E você não se acostumou com esses bichos, Lise? – sentou-se ao seu lado abraçando-a – Está no Canadá, esqueceu?

–É... – se sentia protegia ali, Robert era como um pai e melhor amigo para ela.

Damon apenas observava a cena pela janela quebrada. Por fim, Robert a soltou e segurou no queixo dela fazendo encará-lo.

– Agora se recomponha e vamos trabalhar. – ordenou ele enxugou uma lágrima que escorreu pelo rosto dela.

Ela apenas concordou e voltou ao seu posto, parecia distante. Como aquele forasteiro tinha colocado medo no cretino mais brigão da cidade? Mal conseguiu se concentrar depois do que havia acontecido.

– Vai descansar deixe que eu fecho o bar. – Robert se aproximou dela horas depois. – Já é muito tarde, deixe isso aí. - apontou para as caixas no depósito.

Sem questionar Eloise tirou seu avental e saiu, ainda podia sentir o medo em suas veias. Antes de entrar na caminhonete observou a rua para ter certeza que ninguém a seguia, novamente a velha Cherb se negou a pegar, fazendo um ruído.

–Ah, por favor! – murmurou, bateu novamente a chave na ignição, após alguns ruído por fim, o motor entrou em movimento.

Estava cansada demais para ficar pensando besteira, estacionou o veiculo e seguiu rapidamente para as escadas apressada, sem dizer nada.

– Que bicho a mordeu? – a velha senhora Bouchard levantou os olhos por cima dos óculos de grau.

Estava afoita, com as mãos ágeis pegou as chaves para abrir a porta, mas antes de entrar ouviu uma voz conhecida.

– Ainda com medo? – ele a encarava encostado no batente da porta do quarto vizinho.

Eloise apenas o observou. Tinha algo de muito estranho e misterioso no olhar.

– Não, aliás... – pela primeira vez o encarou e mostrou um sorriso amigável. – Obrigada por me ajudar com aquele cretino do Easton.

– Tudo bem, não permitiria que canalhas iguais a ele perturbem uma dama. – retribuiu o sorriso.

– Bom. tenho que ir. – fez uma careta encarando a porta ainda fechada.

– Vai lá. – mantinha o belo sorriso sedutor no rosto.

Ela ia dizer mais uma coisa, mas quando voltou a fitar a porta ele já não estava. Entrou no quarto confusa.

Damon por sua vez foi até a imensa janela do quarto e observou a rua quieta, precisava de sangue, e rápido! Ele pulou pela janela atrás de novas vítimas para saciar sua fome, não podia mais esperar, sentia suas veias queimarem pela falta de sangue.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Boa Leitura !