Me levantei da cama em um pulo. Olhei para o quarto do motel, e avistei um pequeno banheiro. Caminhei, e abri o chuveiro. Abri o chuveiro, e deixei a água correr pelo meu corpo. Parecia que estava voltando a ficar pura. A deixar de fazer besteiras. Mas sabia que era tudo errado. Tudo mentira.

Depois de sair do meu banho, peguei minhas roupas, e ás vesti rápido. O homem ainda estava deitado na cama, e roncava. Mais um babaca para a minha vida.

- Ei – Sussurrei, o sacudindo – São 200 doláres.

Ele abriu os olhos, e olhou para mim. Me agarrou de novo, e me deitou na cama. Começou a apertar meus peitos novamente, e me deu um beijo no pescoço. Não parecia ter mais de 20 anos esse cara.

- Olha, desculpa, mas por hoje é só – Me larguei dele – Onde está meu dinheiro?

Ele fez uma cara feia, e apontou para a sua calça jogada do outro lado do quarto. Caminhei até a calça, e tirei de lá de dentro, uma carteira. Peguei quatro notas de cinqüenta dólares, e dei um sorriso.

- Foi um prazer fazer negocio com você – Ele falou sensualmente.

- É – Botei meu casaco, revirei os olhos.

Abri a porta do quarto do motel, e desci as escadas para a recepção. Odeio motéis baratos, mas são os meus clientes que pagam. Eu vou fazer o que?

Sai do hotel rapidamente, e fui para a minha casa á pé, já que era á poucos quarteirões do motel. As pessoas passavam por mim, e era uma correria imensa nas ruas de New York. Queria ser uma dessas pessoas que tinham um trabalho fixo, uma vida fixa. Talvez até uma família, quem sabe?

Avistei minha casa de longe. Um apartamento de janelas pretas, e grandes. Balancei meu cabelo, e tirei a chave de dentro do bolso do meu casaco para abrir a portaria. Esperei o elevador chegar no meu andar, ajeitei meu cabelo no espelho do elevador. Quando chegou no meu andar, apenas sai de dentro do elevador e girei a maçaneta da porta que dava para o apartamento. A primeira coisa que vi quando cheguei no apartamento, era Chelsea fumando um cigarro, em cima do sofá preto, assistindo televisão. Era estava de pernas cruzadas, e seus cabelos pretos escuros, presos em um coque. Seu short preto minúsculo realçava suas pernas grossas, e ela usava uma blusa rosa choque.

- Oi Ellie – Ela sorriu – Como foi com o cliente?

- Normal – Dei ombros, e larguei minha bolsa preta na mesinha do lado da TV – Como sempre, um babaca.

- Ah, ele dormiu depois de vocês fazerem sexo – Ela riu alto – Deixe de ser boba. Quanto cobrou?

- Duzentos – Me sentei do lado dela, tirando meus sapatos pretos de salto alto – E você? Está movimentado aqui?

- Não muito – Ela deu ombros – Está prestes do natal, e os homens não querem saber muito de sexo, só de família.

- É verdade – Pigarreei – Mas temos que conseguir dinheiro de uma maneira ou de outra.

Do nada, ouvi gemidos no fundo do apartamento.

- É Grace com um cliente. Não entendi por que ela tinha que trazer ele pra cá. Na verdade, só sei que ela queria um ménage – Chelsea falou revirando os olhos, pondo o cigarro de novo na sua boca – Quer um? – Ela me ofereceu.

- Não obrigada – Tossi – Já te disse que não fumo.

- Eu sei que já, mais não custa tentar – Chelsea deu ombros.

Risos vieram do fundo do apartamento, e depois os ouvi chegar mais perto. Grace estava de roupão, e seus cabelos marrons claros estavam soltos e um pouco descabelados. Ela estava suada, e com um sorriso bobo na cara.

- Vejo que aproveitou bastante – Ri.

- Claro – Grace falou – Nem ouvi você chegando Elise.

- Obvio, gemia que nem uma porca – Chelsea provocou, e Grace olhou feio.

- Ok meninas, não vamos brigar – Falei, levantando um dos dedos indicadores – Grace, estava comentando com Chelsea, que precisamos ganhar dinheiro. Minha faculdade começa no inicio do ano, estou sem dinheiro.

- Calma, mas você não acabou de ter um cliente? – Ela juntou as sobrancelhas.

- Sim, mas acho que duzentos dólares não vão ajudar em muita coisa – Bufei – Passei na faculdade de New York. Mereço alguma coisa, não é?

Chelsea e Grace eram as mais velhas. Eu, Elise, tinha apenas 18 anos. Não ia conseguir muita coisa, sendo prostituta, e estudante nas horas vagas. Cansei daquela vida, queria ser algo a mais pra o mundo inteiro, e não um fardo. Grace tinha seu próprio salão, e Chelsea era maquiadora da revista vogue. Nós três, não tínhamos tanto dinheiro. Minha mãe era falecida, e meu pai me mandou para New York, morar com Chelsea, para tentar ser alguma coisa. E olha onde eu estou? Vendendo meu corpo.

- Er... oi – O cara que Grace estava ‘atentendo’ apareceu na nossa frente, de camiseta social aperta.

- É você? – Exclamei – Grace, esse cara te ama, é a quinta vez da semana que eu vejo ele aqui!

- Eu sei – Grace soou vitoriosa.

- Desculpem, mas eu não pude deixar de ouvir que vocês querem um trabalho – O homem começou – Hm... meu amigo, vai dar uma festa de despedida de solteiro. Estavamos procurando as ‘animadoras’. Se vocês se interessarem.

Olhei para as meninas. Elas estavam calmas, então significava que estava tudo certo.

- Quantas pessoas na festa? – Chelsea perguntou.

- Umas... 150... 200... por aí.

- E só nós três de animadoras? – Estranheei.

- Não! – Ele riu – Já contratamos outras pessoas também. E aí, interessadas?

- Claro! – Bati palmas.

                                                                ***

- Estou com mal pressentimento – Grace falou, esfregando creme nas suas pernas longas.

- Deixe de besteira – Falei meio insegura – Vai dar tudo certo. Espero.

Estávamos no backstage da tal festa de solteiro que aquele vagabundo amigo de Grace tinha arrumado para nós. O lugar era realmente bom,e  parecia que o homem que estava dando, tinha dinheiro. Isso era para se comemorar, afinal, só tive homens... hm, pobres.

Tinha várias bailarinas se arrumando no mesmo lugar que nós. Usávamos toda uma espécie de fantasia. No meu caso, eu era a mulher gato. Mas aquele maiô estava me incomodando demais.

- Tralalalala – Chelsea cantarolava ao arrumar sua fantasia de caubói – Estou linda e sexy, pronta para arrasar – Ela botou o dedo indicador na língua, e depois na coxa – Ah, como estou quente.

- Ok né Chels – Arregalei os olhos – Acho que isso daqui está mechendo com os ânimos de todos.

- Também acho – Grace comentou – Eu não sou dançarina. Eu faço sexo. Mas não sou dançarina!

- Mas você dança no colo dos homens, grande diferença – Chelsea brigou – Deixem de ser bobas, por favor!

- É sério Chels, eu não estou com um bom pressentimento – Repetiu Grace.

- Vamos embora? – Perguntei.

- O QUE? – Chelsea berrou – Vão nos pagar dez mil cada, só por essa festa. E vocês querem ir embora?

Olhei para Grace. Realmente, era uma grande quantia. Tínhamos que fazer isso, ou senão era pedir dinheiro no sinal.

- Meninas, todas para o palco, vão – Uma organizadora entrou no camarim, e logo depois saiu.

- Vamos logo – Bufei.

Fomos todas as meninas para o palco. A musica começou a soar, e todas começaram a dançar. Era diferente.

Comecei a dançar com o passar da musica, e os convidados estavam em mesas redondas na frente do palco. Cada um olhava para mim com uma maneira diferente. Não sabia se era de nojo, de desejo, ou sei lá. Todas as meninas desceram para baixo do palco, e os homens começaram a paquerar todas as mulheres possíveis. Bando de carentes.

Desci para baixo do palco, e tentei me manter o máximo afastada de todos. Observei uma organizadora no fundo da festa, e fui falar com ela.

- Qual é o nome do cara que está dando a festa? – Perguntei.

- Scooter Braun – Ela falou rápida – Vai lá com ele, rápido – Ela me empurrou com brutalidade e apontou para um homem.

Cheguei perto dele. Ele não era de todo mal. Era até... bonitinho.

Olhei em volta da mesa dele. Tinha um menino loiro mexendo no celular, de cabeça abaixada. Pobrezinho, nem idade para vir aqui aposto que tem.

Quando ele levantou a cabeça, e passou a mão pelos seus cabelos loiros, percebi quem era. Justin Bieber.

Arregalei meus olhos, e corri procurando Chelsea ou Grace. Achei Chelsea virando um copo de champanhe em cima de um cara na festa, com sua fantasia de caubói.

- E aí, já conseguiu quantos? - Ela virou outra taça de champanhe.

- Chels, Justin Bieber está bem ali – Apontei para ele.

Chelsea me olhou abobada no inicio, como se eu estivesse mentindo. Mas quando ela o viu, arregalou os olhos.

Ela me virou, e ajeitou minha roupa. Meu cabelo, e meu batom. Me deu um beijo na testa e sorriu.

- Se você conseguir ficar com ele, te dou 10 reais – Riu – Se conseguir pegar ele, vou fazer o que você quiser, por um mês. Feito?