Eu falhei em tentar salvá-los. E eu me tornei um dos piores assassinos da história por isso. E eu sou nada mais que um idiota, imaturo, que não quer o peso da culpa para si.

O que eu busco? A verdade. A verdade de cem anos atrás.

Quem sou eu?

Apenas um chapeleiro que precisa responder uma pergunta.

Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

Bem, eu pretendo descobrir. Antes que minha ampulheta termine de jorrar areia.

Espere um minuto.

Espere-me terminar de lamber o meu prato de bolos.

Pronto, agora sim posso te contar a minha história.

Fora tudo por querer o que a humanidade quer: Trazer alguém de volta a vida, mudar o passado.

O que se passa na mente de quem está desesperado para conseguir o que quer? Agarrará as primeiras oportunidades que puder, tudo para conseguir novamente. Repetindo um ciclo interminável de erros.

E eu fiz dessa forma.

Sem nem me perguntar: Ei, isso não está errado?

Mas... Eu vi uma certa razão naquela loucura.

A garota de cabelos brancos, que balançavam constantemente num lugar onde nem vento havia, mas sua dança o fazia enrolar.

Aqueles olhos lilases, um sorriso fatalmente aberto. Era o sorriso de quem amava a cor vermelha de sangue.

Vê-la encarar o meu olho com aquela admiração me fez ficar arrepiado. Era quase a visão da morte. A morte em uma garota vestida de branco, com uma sede interminável por vermelho.

Will of Abyss.

Ela era elegantemente violenta.

No presente momento eu estou tentando cumprir o nosso trato. O trato que fizemos para nos livrar da nossa agonia.

Sua agonia era seu ódio e vingança... Por aqueles que mataram a coisa mais preciosa para ela.

Minha agonia era toda a minha vida, que eu perdi e perdi novamente.

Eu a odeio.

E eu estou sangrando por ela.

Se eu deveria fazer isso ou não, naquele momento não cabia a mim. Se eu baixasse a minha espada, eu estaria morto.

Era a luta final para mim. Eu não conseguia enxergar mais nada a minha frente. Eu via toda a minha força indo embora.

Mas, eu havia conseguido.

Quando eu finalmente tombei, com todo o meu sangue jorrando do meu corpo, eu não senti o chão. Eu senti o Caminho se abrir. Eu caia para o Abismo.O mais profundo dele.

Eu voltei a ver tudo a minha volta, a medida que o riso dela ecoava novamente para os meus ouvidos.

E a garota que eu mais odiava me segurou.

Ela sorriu:

“Kevin!”

Eu cuspi sangue. Éramos assistidos pelo seu gato, que estava a protegendo em silêncio. Se dependesse de mim agora, eu o mataria.

E eu estava naquele salão de novo. Pagando a promessa de quinze anos atrás.

“E então, Kevin?”

E eu contei-lhe tudo o que eu havia descoberto.

Cumpri minha promessa.

Seus olhos lilases que se transformavam lentamente em raivosos olhos escarlate ouviam tudo com atenção, um barulho incessante parecia ressoar no Abismo.

Ela estava irritada com a verdade da morte de seu amado Jack. A verdade por trás de Sabrié.

Todas as bonecas ao seu redor começaram a cantar uma melodia para acalmá-la:

“Não chore, não chore, Alyss!

Você é a Rainha Branca, Alyss!

Tem o poder de virar o jogo

Soberana Rainha, Alyss!”

“Vamos beber nosso chá, Alyss!

Esperá-lo até que ele chegue!

Vamos fazer uma festa do chá com Cheshire e Kevin!

Vamos todos ver a cor vermelha do chá derramar do bule

Para a xícara como sangue!”

Ela começou a gritar. Seu grito fez com que tudo caísse.

"IMPERDOÁVEL!"

E tudo o que havia ao nosso redor explodiu. Todas as bonecas sangravam e não entoavam mais as canções.

Todas elas estavam quebradas

E seus membros voavam.

E eu havia dito que estava tudo bem.

Que tudo voltaria ao normal.

Mas eu não odiava aquela criatura?

Aquela garotinha que me roubou o meu olho, meu orgulho, a minha vida...

Tudo aquilo que eu mais prezava.

E agora roubara o meu coração.

E fora tudo por nossa promessa.

Sem saber que era por ela, antes de tudo, que eu fiz todas aquelas coisas.

Eu sempre tinha sido o seu cavaleiro.

Para a minha soberana,

Rainha Branca Alyss,

Eu prometo dar todo o meu ser para não vê-la mais chorar com esse desespero na voz.

Porque quando ela chora, todo o mundo treme e parece ruir, assim como o meu.