O Aniversário da Marin escrita por Eres-Quigal


Capítulo 1
Capítulo 1




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Mais uma manhã quente no Santuário.

Aioria abriu os olhos sonolentos e olhou para os raios solares atravessando o vidro da janela. Espreguiçou-se feito um gato, e virou-se para dormir de novo.

Não estava animado para treinar. Queria apenas dormir, para esquecer que se completou um mês sem a presença dela. Um mês.

Desde aquele dia. O dia do piano. O dia em que ele, definitivamente, passou a amá-la.*

Marin. A Amazona de Águia. A mulher que seu coração escolhera e que o destino consentiu que entrasse em sua vida. Para ajudá-la, ampará-la, protegê-la. O amor recém-descoberto, aflorado pela música e pela beleza daquele dia.

“Por onde ela anda, afinal? Para ficar tanto tempo assim longe...”, pensou. Sentia saudade da moça. Das brincadeiras, das confissões e até dos ensinamentos dela que ainda insistia em sair de sua mente de educadora.

A claridade do dia não permitiu mais que o sono voltasse e levantou-se, enfim.

Preparou um café da manhã mirrado, com alguns pães e frutas que sobraram de uma árvore qualquer. Relutou em sair de casa, mas não podia mais continuar desse jeito. Tudo por causa de uma amazona? Não, não pode ser assim. Era preciso que o Aioria rígido e metódico voltasse à tona. E se os outros descobrem? Seria um desastre. Mais um motivo para entrar na lista dos insultos do irmão do traidor.

“Quanto drama”, censurou-se. “Ela saiu em missão. Apenas isso. Vamos treinar!”

Vestiu-se foi para a arena.

Sua mente estava longe. Não conseguia se concentrar nos treinos que lhe desafiavam. Defendia os golpes mais por reflexo do que por precaução e as vezes quando ele golpeava encontrava apenas o ar. E ficava por isso mesmo.

- O que você tem, Aioria? – Perguntou um soldado. – Está aéreo...

- Estou? – Perguntou o rapaz, inocentemente.

- Está sim. Aconteceu alguma coisa?

A pergunta ofendeu o cavaleiro. Para quem apenas treinava com ele, saber de sua vida era intromissão demais.

- Não. Não aconteceu nada.

- Mas você...

- Não aconteceu nada! Já disse!

E saiu pisando firme da arena. O rapaz engoliu em seco a resposta e continuou a treinar com os que ali estavam.

Aioria chegou em uma praia deserta, andando na beira do mar e deixando molhar os pés descalços. Olhou para o horizonte, ainda pensando nela, se estava bem, se voltaria ferida ou se ela voltaria.

Infelizmente, não conseguiu cantarolar a música dela por mais que tentasse e condenou-se por isso. “Deveria ter prestado atenção. E se ela perguntar o que entendeu? O que vai responder?”. Deu uma risada e sentou-se na areia.

Mesmo com a máscara, ele podia sentir todas as notas saindo de sua boca, e todas as expressões que fazia ao entoar cada verso daquela canção maravilhosa.

Ao olhar para a sua esquerda, viu que se aproximava uma figura. Uma figura esbelta, de cabelos ruivos. Era ela. Seu coração disparou ao vê-la andando devagar vindo em sua direção, porém não se levantou e deixou com que seu rosto não transparecesse a falta que sentia e a alegria súbita que tomara conta de si.

Marin ainda estava com sua armadura, mas segurava o elmo pela ponta dos dedos. Aproximou-se de Aioria e sentou-se ao seu lado.

- Olá! - Disse, sorrindo por trás da face de ferro.

- Olá! Quanto tempo! – Disse, demonstrando surpresa. - Não te vi mais nos treinos, saiu em missão?

- Sim. Me pegaram de surpresa. Mas não foi nada demais.

 Olharam-se. Depois desviaram o olhar para as ondas que quebravam sme para na praia.

- Hoje... É meu aniversário... - Murmurou Marin.

O rosto do rapaz se iluminou com uma alegria que nunca sentira antes.

- É mesmo? Que ótimo, Marin! Parabéns! - E passou o braço pelo ombro da moça, puxando-a para si, depois soltou. Já estava acostumada com os gestos calorosos do cavaleiro, mas o de hoje a deixou desconcertada.

- Vai ter bolo? - Brincou o rapaz, vendo que sua atitude não agradou muito.

- Não tenho que comemorar... - Resmungou - Mais um ano de sofrimentos... Desde que cheguei não vi nada de bom acontecer na minha vida. Fui apenas insultada e humilhada.

- Ora, o que é isso? Não pode pensar assim! Você é uma guerreira, amazona de Athena! Sua armadura de Águia não significa nada? E o Seiya? - “E eu?”, pensou, quase estalando a língua para desabafar.

A moça não disse mais nada. Ele tinha razão Mas ninguém conseguia tirá-la de suas lembranças. Dos momentos felizes em que passou junto com o irmão Tohma em um orfanato medíocre no Japão, até o fatídico dia em que ela partiu para a Grécia. E nunca mais tornou a vê-lo. Carregar essa tristeza no coração era um fardo, mas não queria dividi-lo com ninguém. Não queria que sentissem pena dela por causa disso.

– Acho melhor eu ir para a casa. - Disse, levantando-se. - Estou cansada...

– Espere – interrompeu Aioria - Não posso deixar o seu aniversário passar em branco. Quero que passe lá em casa à noite. Terá uma linda surpresa.

– Aioria...

– Nada disso! Você é a única amiga que eu conheço aqui. Tenho que agradá-la a  qualquer custo. Se não aparecer ficarei chateado. Por favor...

A amazona fitou os olhos verdes e suplicantes do rapaz. Aqueles olhos lindos que a deixavam sem alternativa. Assentiu com a cabeça, concordando. Em troca, o rapaz deu o sorriso mais lindo que podia fazer. Ela o admirou, encantada.

Saíram juntos da praia. A mente de Aioria estava em festa. Não deixaria que passasse essa noite.

Continua...

*Fic “Strange”, de minha autoria. Quem tiver interesse, leia também!


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Notas finais do capítulo

Fic de aniversário da Marin! (18/03). Dividi em dois capítulos por que ficou grande demais. Espero que gostem! Reviews são bem-vindos.



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