E então eu acordei. Acordei rindo, pela primeira vez na minha vida. Olhei no relógio, já estava atrasada. Me troquei rapidamente, arrumei o cabelo, peguei o livro e segui para a livraria Bluberry, rezando para que a fila não tivesse tomado o quarteirão.

Eu já estava na fila, e tudo estava exatamente como no sonho: as meninas histéricas, os passos minúsculos, o apelido novo e minha grande preocupação com ele.

Ok, mais duas pessoas e seria a minha vez. Assim como no sonho, Derek se levantou para ver a quantidade de livros restantes. Involuntariamente segui seu olhar e, quando voltei, lá estava ele com seu meio sorriso me encarando. E por incrível que pareça, eu não sentia medo, eu meio que esperava ansiosa pelo que poderia acontecer.

Chegou minha vez. Ele pediu meu nome, o dei. Eu até sabia o que ele ia escrever!

– Aqui. - ele me entregou o livro, mas eu não saí da fila. Eu precisava saber o que ia acontecer depois dali.

– Posso lhe fazer uma pergunta?

– Pode. - ele disse prestando atenção em mim.

– Você é feliz? -sua expressão desfaleceu. Eu contei os dez segundos de transe.

– Claro que sou! - o mesmo sorriso falso.

– Então tá. Obrigada. - saí da fila e senti o par de olhos mel me acompanhando. Coloquei meu casaco e saí.

Desta vez, Derek não gritou meu nome, não desabafou, não desabou em lágrimas no meu colo e nem me incentivou a abrir um consultório. Mas eu gostei, do mesmo jeito. Gostei do fato de ter ajudado ele de alguma forma. Abri a contracapa do livro e fiquei vendo as palavras escritas e o lugar que seriam as novas. Ri com aquilo e segui para a minha casa, não me importando com o frio, apenas com a segurança daquele livro.