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Liesel começara a se arrumar. Sem muita vontade, deslizou pelos braços um vestido floral, trançou as madeixas e calçou seu melhor sapato.

Vestia seu melhor sorriso, apesar de estar despedaçada por dentro. Mas era convincente o suficiente, ninguém notaria. Ninguém se importava.

Houve uma denúncia anônima de que o prefeito seria o autor dos terríveis homicídios em série que ocorreram na vizinhança. Liesel –por ser filha adotiva dele– fora chamada pra dar um depoimento. Max deveria acompanhá-la até a delegacia. Mas antes, um jornalista iria até a casa de Max para divulgar sua campanha. Por isso o sorriso de Liesel – não podia deixar sua tristeza transparecer nas imagens.

Quando o jornalista chegou, Liesel já estava na sala –ao lado do judeu, que levantou para atender a porta.– Evitava ao máximo olhar para ele, pois se machucava ao fazê-lo. Já estava ferida, talvez não conseguisse suportar um machucado a mais.

O jornalista permaneceu na casa por exatos quarenta e cinco minutos. Fez perguntas – O que Max iria fazer pela cidade? – e tirou fotos que seriam publicadas na edição do dia seguinte. Agradeceu e despediu-se, saindo pela mesma porta que entrou.

•ASSIM QUE O HOMEM FECHOU A PORTA ATRÁS DE SÍ•
A roubadora de livros enrijeceu instantaneamente.
Afinal, agora era hora de ir à delegacia.
Ela teria coragem de contar
tudo o que sabia?

• • •

O depoimento de Liesel durou uma hora. Para sua surpresa, as perguntas eram – em sua maioria – bem simples. O delegado queria saber como era a relação deles, se ele a tratava bem, como era como pai.

—Pai. – Liesel cuspiu as palavras, já fora da delegacia. —Como o delegado ousa afirmar que o prefeito é meu pai? Hans era meu pai. E sempre será, apesar de estar morto.

Max limitou-se a assentir, sabia que era um assunto delicado e não queria intrometer-se mais do que o necessário.

Toda a quietude do Sr. Vandenbug, devia-se há um pequeno fato:
Dali à exatas 48 horas era o aniversário da pequena (não mais tão pequena assim) Liesel. Faria 15 anos, a idade de debutante, onde a menina passa a ser mulher.

•UM SIFNIFICADO•
Debutar: Apresentar-se à sociedade,
mostrando-se como apta à procriação, à arte da sedução.
Oferecer-se como objeto
de volúpia (desejo) à sociedade.