POV Percy Jackson

- Você só pode estar brincando... - disse Rachel olhando pra cima.

- Percy, Annabeth, Nico! - disse Grover, nos abraçando em seguida. Thalia estava quieta, apenas acenou. E a outra, a Julie, ficou meio envergonhada mas nos cumprimentou.

- O que vocês estão fazendo aqui? - perguntou Nico.

- Longa, muito longa história.

- Como sempre... - disse Thalia enquanto Annabeth abraçava ela.

- O que aconteceu? Alguém se feriu? Tem algo errado no acampamento? - perguntou Annabeth olhando para Grover. Thalia abaixou a cabeça, assim como Julie. Mas ninguém disse nada. Rachel soltou um longo suspiro, e olhou com os olhos tristes para Thalia, como se soubesse o que estava acontecendo. 

- Nada bom - sussurrou Nico para mim - Hã, que tal a gente sentar ali na praça pra conversarmos melhor? - ele perguntou. Todos concordamos e sentamos em um banco.

- O que aconteceu, exatamente? Vocês estão me deixando preocupada! - falou Annabeth.

- Bom... nós quebramos as regras e acabamos "ganhando" uma profecia. Uma profecia nada boa. E ela se cumpriu, pela metade... - disse Grover. Os olhos azulados de Thalia ficaram vermelhos e ela se virou para o outro lado. Julie ficou tensa e eu fiquei sem entender.

- E como ela se cumpriu? - perguntou Nico.

- Uma parte dela dizia que... que um não iria sobreviver por muito tempo. E Luke tinha vindo conosco. - continuou Grover.Meu deuses.Nico ainda esperava a ficha cair, eu não acreditava e Annabeth chorava. Muito. Thalia se levantou e foi até uma árvore, se encostando nela e olhando pro nada.

- Ele era como um irmão pra mim. Eu... santo Hermes! - disse Nico.

- Ele era meu irmão - disse Julie. Annabeth estava encostada no meu ombro e eu afagava seu braço. 

- Mas... como foi isso? - perguntei.

- Um tipo de monstro que eu nunca vi na vida. Cara, eu não quero nem falar nisso. - disse Grover deixando as muletas de lado e se sentando. Ficamos em silêncio por um longo tempo. Annabeth se acalmou e parou de chorar. Depois, ela foi até Thalia. As duas ficaram abraçadas, Nico tinha o rosto enterrado nas mãos, mas acho que ele não estava chorando. Annie e Thalia ficaram conversando por um tempo. O silêncio ainda predominava, e isso me incomodava.- Bom, acho que não podemos ficar por muito tempo...

- Temos que ir - falou Grover. Julie assentiu e chamou Thalia.

- Espera. Vocês vão seguir com essa profecia, tipo, depois disso tudo? - perguntou Nico.

- Nós temos que seguir. Não podemos ignorar - falou Julie.

- Eu vou com vocês. - disse Annabeth.

- Annabeth eu... - começou a Thalia, mas ela foi interrompida.

- Dane-se seus argumentos, Thalia. Eu vou, não quero nem saber. E se tiver que ser o fim, que seja... - ela disse. Todos olhamos para Annabeth assustados. Quem poderia esperar isso de Annabeth? Essa era minha garota durona... Mas como ela disse 'e se tiver que ser o fim, que seja', bom, eu não quero ter o meu fim sem ela.

- Vou junto. - falei. Grover pareceu entusiasmado, já Rachel...

- Tudo bem, eu devo me canditadar ou devo ir pegar minhas coisas? - perguntou Nico.

- Caramba Nico - protestou Rachel - Você me prometeu! Argh, eu não acredito que isso ia realmente acontecer!

- Hã... como assim, 'você me prometeu'? - perguntei.

- Não quero falar sobre isso. - falou Nico.

- Agora você não quer falar sobre isso? Poxa, Nico! - ela disse. 

- Vem cá - ele disse puxando ela pelo braço e levando ela pra longe. Os dois conversavam e nós olhavamos sem entender. Rachel parecia irritada e magoada. Ela suspirou, olhou pra gente e olhou para o Nico. Depois, eles se abraçaram, ela acenou e foi embora. Nico voltou, tenso.

- O que houve? - perguntei.

- Aquela vac... - começou Annie e Nico olhou com a minha 'fish face' pra ela. - Aquela garota vai vir com a gente?

- Não. Falei com ela e ela resolveu que isso não viria ao destino dela e blá blá, que não era o lugar dela...

- O que você prometeu? - perguntou Grover.

- Cara, esquece isso! - ele respondeu irritado - É só um pacto que fizemos, nada mais!

- Sei... - falou Julie rindo. Depois disso todos ficamos em silêncio. De novo.

- Então - disse Thalia quebrando o silêncio - Se quisermos ir embora, temos que ir logo. Não podemos esperar pra sempre. Vocês dois precisam pegar alguma coisa?

- Tenho que pegar minha cueca da mulher maravilha, acho que não tenho outra limpa... - Nico pensou alto. Todos olhamos pra ele. Me contorci para não rir.

- Que foi? - ele perguntou. Ele mal havia percebido que tinha falado aquio. Thalia xingou ele enquanto eu e Grover quase morriamos prendendo a respiração para não ter que rir. Annabeth falou para nos apressarmos, e que nos encontráriamos em vinte minutos ali mesmo. Corri pra casa. Subi as escadas do prédio correndo. Tirei os cadernos da minha mochila e enchi de roupas, comida (caso eu ficasse sem dinheiro e sentisse fome), e peguei um pouco da grana que me restava. Fui até a cozinha e achei melhor escrever um bilhete para minha mãe. Achei que algo tipo "Mãe sai em uma missão, matarei algumas criaturas e não sei se voltarei vivo" iria ser bem tenso. Então apenas escrevi: 

"Mãe, depois falo com você, estou sem tempo.

Percy."

(...)

- Olha, vocês que me desculpem mas não podemos esperar o Grover pra sempre! - disse Annabeth. Já era um pouco tarde, pouco mais de uma hora da tarde. O sol ainda estava fraco. Nada bom.

Estávamos em uma lanchonete perto de Newark, já fazia meia hora. E havia umas trocentas pessoas e o Grover estava pagando tudo. Ele disse que por ser 'deficiente físcio' ele poderia furar a fila, e que também tinha dinheiro o suficiente. E ele estava cheio da grana! Quando perguntamos aonde ele tinha arruamado tudo aquilo, ele disse que eram de fontes especiais. E foi ai que Thalia perguntou se ele estava trabalhando como prostituto. Olha, não é por nada mas eu jamais iria contratar o Grover, porque ele é metade bode. Não que eu contrate pessoas pra isso, porque eu ainda sou virg... Ah, você entendeu! 

Bom, na verdade Grover não estava demorando, Annabeth que estava ansiosa. E eu fui tentar acalmá-la e acabei levando um soco do braço. Quando ele voltou, ela quis matar ele. E continuando nossa incrível jornada andamos até um ponto de ônibus no meio do nada. Ninguém queria andar mais. Pois é, a preguiça domina. Ficamos um tempão ouvindo histórias de "terror" do Grover enquanto o ônibus não chegava, mas eu nem prestava atenção. Sim, íriamos para Newark. Não é por nada, mas eu detesto aquela cidade.

Uma vez minha mãe me arrastou para lá com ela pra ir até uma feira de não sei o que que tinha todo ano. Cara, aquilo era insuportável. Eu dei uma fugida até a cidade e me surpreendi. Só pra você ter uma noção, eu passei em frente a uma rua sem saída, tipo de 'fenda' e um mendigo perguntou se eu tinha um cigarro. Eu tenho cara de gente que fuma?

- Ai Percy, lembra do dia que eu te empurrei no banheiro das meninas? - perguntou Grover interrompendo minhas - dignas - lembranças. Fiquei roxo, azul, amarelo, rosa, vermelho de vergonha. Thalia começou a rir escandalosamente, Julie cuspiu toda a água que estava bebendo, Annabeth me olhava de uma forma estranha e Nico se matava de rir. Bom, isso aconteceu na sexta série, quando Grover chegou correndo em mim querendo me contar alguma coisa sobre alguma atriz que ele era apaixonado. Só que o desastrado acabou tropeçando em uns garotos e me empurrou, e como eu estava passando em frente ao banheiro feminino, acabei caindo lá. As meninas começaram a gritar que nem doidas, e depois saíram correndo para me bater.

- Você tinha mesmo que me lembrar disso, Grover? - perguntei.

- Qual é, foi engraçado! E foi o melhor dia da sua vida! - ele falou. Na verdade, não tinha sido. Não mesmo.

- Foi o PIOR dia da minha vida. Você não sabe como é ter todas as garotas de um lugar só te odiando por isso. - falei.

- Cara, você me disse que viu a Kristy Ford trocando de blusa! - ele falou. Ok, eu queria morrer.

- Bom saber... - disse Annabeth se virando. Thalia riu ainda mais.

- Percy, você é meu ídolo agora! - falou Nico. Isso era pra ficar entre nós!

- Se alguém ficar sabendo disso, eu mato vocês! - falei irritado. Depois disso eu não falei mais nada, nem Annabeth. Ela praticamente não olhou na minha cara! Fiquei com raiva e a evitei também. Olha, eu não queria ficar assim com ela, mas ela estava pedindo! E eu, estava cutucando a onça com vara curta, porque eu sei do que a Annabeth é capaz de fazer. Passaram alguns minutos e o ônibus finalmente chegou - é, a gente não andou - e embarcamos. Nico e eu fomos juntos, ele dormiu que nem um panaca do meu lado. Annabeth e Thalia foram do outro lado, e eu encarava Annabeth a cada cinco minutos, e ela fazia o mesmo. E quando nossos olhares se encontravam, nós desviavamos a cara. Acho que ela se cansou disso porque depois, quando olhei novamente ela estava dormindo. Ou estava fingindo. De qualquer forma, acabei dormindo também.

(...)

- Ô garoto, acorda! Acorda! - escutei. Minhas pernas doíam e tinha uma luz forte na minha cara - Acorda esse ai do seu lado também! - disse o cara. Esfreguei os olhos e dei e cara com um gorducho que tinha cara de cachorro. Era o motorista. Bati em Nico e ele acordou. Pareciam ser umas oito horas, e estava tudo muito escuro do lado de fora.

- Que frio legal... - disso Nico. A maioria das pessoas estavam se levantando e saindo do ônibus - Já chegamos?

- Nem parece Newark esse lugar... - falei. Julie e Grover estavam passando do nosso lado, e Thalia e Annabeth estavam lá na frente.

- Vem gente! - falou Grover. Eu e Nico nos levantamos e saímos do ônibus.

- Aonde estamos? - perguntou Nico.

- Clifton - respondeu Annabeth.

- Wow, dormimos no ônibus até aqui? - perguntei.

- Fala baixo pra ele não cobrar! - falou Julie. Cara, Clifton. Clifton. Tem cidade pior? Não é por nada, mas é uma cidade meio... vazia. Parece mais um conjunto de pessoas em um lugar - se bem que depois de uns tempos ela tem desenvolvido muito. Mesmo assim, era uma droga. Ficamos esperando até que o ônibus fosse embora.

- E agora? - perguntou Julie, enquando começava a chuviscar. O nome disso era azar. Em plena missão, um frio do caramba, chuva que provavelmente fora gerada por uma briga lá no Olimpo e nós ali em uma rua escura. 

- Vamos andar e ver se achamos um lugar pra dormir antes que a chuva aumente... - falei. Todos concordaram e fomos andando por ai. Haviam uns postes iluminando a rua. Eu estava gostando da chuva, pra falar a verdade, exceto por alguns raios e trovões. Thalia ficava muito irritada por isso. 

- Hey, hey, vocês ai! - chamou alguém. Continuamos andando. Olhei pra trás e vi um mendigo. Roupas sujas, uma touquinha e barba rala. Andamos mais rápido e ele foi atrás, na mesma velocidade. Logo ele estava atrás de mim.

- Cara, eu não tenho cigarros! - falei. Todos me olharam confusos.

- E quem disse que eu quero cigarros? - respondeu ele.

- Tá bom, Grover, você que é rico, descola uma grana pro cara! - falou Nico.

- E pensar que eu era idiota... - o mendigo respondeu. Annabeth o encarou bem. Fez uma cara confusa e soltou:

- Eu conheço você! - ela falou. Ele levantou o rosto. O cara era jovem, uns 20 anos! E uma ondinha de calor percorreu a rua. Não que eu tenha gostado disso, mas mandou um pouco frio embora.

- Apolo... - disse Thalia balançando a cabeça e Julie estava de boca aberta. Nico e Grover estavam... Aonde eles estavam? - O que você tá fazendo aqui? E pode nos explicar o que há lá em cima?

- E ai mana... Percy, Annabeth, hm, Julie e cadê os outros dois? - perguntou ele. Um deus me conhecia, que bom...

- Hã... - falou Julie ainda o encarando. Depois ela balançou a cabeça e foi procurar eles - Grover, Nico? O que vocês estão fazendo nessa máquina? - ela disse se afastando.

- Se explique! - ordenou Thalia.

- Você chega a ser pior que Ártemis! - ele falou rolando os olhos - O fato é que estou meio que camuflado aqui, por isso sou um belo mendigo! Mas fora isso, eu não poderia sair de lá... Está uma briga danada lá em cima, Hermes está muito bravo com a morte de Luke, ainda mais por causa daqueles monstros esquisitões que vocês encontraram... E olha, com isso tudo nem o sol eu consigo colocar lá em cima! - ele reclamou.

- Mas, por que estão brigando? - perguntei.

- Longa história, não vou ter tempo de explicar agora. Mas eu trouxe uma ajudinha extra - ele falou colocando a mão dentro do casaco e tirando um pequeno saco, e entregou para Thalia.

- Dracmas? - ela perguntou abrindo o saco.

- É, vão precisar... Muito! - ele disse. Eu me lembrava dos dracmas e suas funções, Grover havia me explicado outra vez.

- E também, vão precisar tomar cuidado. Olha, tentem não fazer besteira. Quando eu puder eu venho alertar vocês sobre...

- Sobre? - perguntou Annabeth.

- Sobre qualquer coisa - falou ele. Depois um trovão enorme dominou a área - Acho melhor eu ir. A gente se vê! - ele falou e se teletransportou. Thalia bateu no saco, ficou pensativa e por fim disse:

- Vamos chamar os outros, precisamos de um lugar para dormir... Amanhã o dia vai ser longo.